Newt x Thomas Newtmas Nós temos uma escolha escrita por Theo


Capítulo 10
Capítulo 10




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POV’S THOMAS

– TOMEEEEEEEHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!

Newt pula nas minhas costas e entrelaça as pernas na minha cintura.

– PUTA VIDA! – exclamo, cambaleando para frente.

– SEGURAAAA PEÃO! – a voz é de uma felicidade incompreensível.

– Newt! – Começo a rir, enquanto tento me equilibrar.

Ele abraça meu pescoço, o riso dele ecoa como uma música nos meus ouvidos. Separo as pernas e dobro os joelhos, firmando os pés no chão. Ele me aperta ainda mais, escondendo o rosto no meu ombro enquanto continua sorrindo sem parar. Não pergunto o porquê, nem preciso. É bom vê-lo daquele jeito. Demora algum tempo pra ele se soltar. Me viro e ele me abraça novamente, dessa vez mais forte.

– Eu lembrei. Eu lembrei, Tommy. – sussurra ele em meu ouvido, em meio a um riso cortado.

– O quê?!

Ele volta a rir, se afastando e segurando meu rosto com as duas mãos.

– Eu tenho uma irmã. Uma irmã caçula!

– Newt, isso é... – Não continuo a frase. Apenas o abraço novamente. – Qual o nome dela?

Ele para.

– Eu... não sei. Não me lembro disso.

– Então do que você se lembra?

– Sei lá! Eu estava na enfermaria e de repente as memórias me atropelaram.

– Me diga ao menos como ela é.

– Ah... – ele ri novamente, seus olhos brilham como diamantes. – Ela é bem baixinha. Uns cinco anos, mais ou menos. Os cabelos dela são de um loiro bem claro, e os olhos dela... – ele faz outra pausa, mais longa. – São tão lindos como pedras preciosas.

Newt abre outro sorriso.

– Eu só... não consigo me lembrar do nome. O nome, bendito nome!

– Você vai se lembrar uma hora ou outra. – Garanto.

Ele me tasca um beijo estalado na boca. Em seguida sai correndo para dentro da estufa. Balanço a cabeça rindo, em seguida me volto para o meu trabalho. É só então que percebo todos os clareanos que estavam por perto me encarando, meio espantados.

– Que foi? Não se pode mais demonstrar carinho por aqui? – indago.

Eles continuam me encarando, mas logo se voltam pras suas tarefas. Me viro para a porta da enfermaria e hesito antes de seguir. Gally chega por trás de mim.

– Você acha que devemos ir lá? – pergunto.

– Não vejo mal algum. – ele cruza os braços. – Mas acho que você devia ir sozinho primeiro.

– Por quê?

– Porque – ele dá um leve tapa no meu traseiro. – Eu tenho que cuidar das coisas aqui. Anda, te dou dez minutos.

Ainda meio embaraçado pelo tapa, me viro e caminho até chegar a porta entreaberta. Empurro a maçaneta e entro cautelosamente, passando os olhos pelas prateleiras e pelas camas. Minho está um pouco mais adiante, de pé, virado de costas para mim. Ele se apoia sobre a pia, cabisbaixo. Vou me aproximando devagar, e estendo a mão para tocar seu ombro.

– Minho...?

Demora algum tempo para ele responder.

– Foi você, não foi? – pergunta ele.

Paro. Olho para ele, mas não respondo nada.

– Você fez isso. – a voz de Minho soa com uma certa aspereza, combinada com um tom de raiva. – Isso é tudo culpa sua.

– O quê? – indago.

Lentamente, ele se vira para mim. Seus olhos avermelhados lacrimejam, o ferimento no ombro dele pulsa. Sua respiração está mais ofegante que o normal.

– Por quê, Thomas? – a voz dele falha, iniciando um choro. – Por quê você?

Quero dizer algo, mas não consigo. Abro a boca pra falar, mas as palavras entalaram na garganta.

– Nós confiamos em você. Nós acolhemos você e... – Sua feição se transforma, revelando um rosto enraivecido. – Era você o tempo todo.

Minho se aproxima de mim, seus olhos me fuzilam.

– Por quê, huh? Por quê fazer isso conosco? O que nós fizemos pra você?

– Minho, eu...

Ele continua me encarando, esperando que eu continue. Mas não entendo nada do que ele fala. Se bem que não é a primeira vez que me dizem isso. Primeiro Ben, depois o Minho. Aquilo não é mera coincidência.

– Minho, você está fora de si. Por favor, me deixe te ajudar... – me aproximo dele. Porém, ele dá um safanão no meu braço.

– Não me toque. Não chegue perto de mim. Você é a mértila de um monstro. Você é pior que os verdugos!

– Pare! – exclamo. – Não fale desse jeito. Você foi picado, só pode! Vem cá, temos que mostrar isso ao Gally.

– Eu não vou a lugar nenhum com você. – ele se encolhe perto da prateleira. – Vá embora.

– Escuta... Você precisa de ajuda. Se lembra do labirinto? Eu só quero falar com você, entender por que você estava daquele jeito.

Ele me encara, as lágrimas escorrem pelo seu rosto avermelhado.

– Vá embora, Thomas.

Penso em tentar convencê-lo a me ouvir, mas não quero deixa-lo bravo. Obedeço a vontade dele saio sem olhar para trás. Fecho a porta e me recosto sobre ela, um tanto atordoado. Gally se aproxima de mim, limpando o suor na camisa.

– E aí, como foi?

– Ele... ele não quer me ver.

– O quê? Por quê?

Dou de ombros. Ele se aproxima mais, virando a cabeça.

– Você está bem?

– É. Mas é que ele me disse algumas coisas que mexeram comigo. Ele estava tão... bravo.

– Uh? Bravo? E que coisas ele te disse?

– A mesma coisa que Ben. – cruzo os braços. – Que eu sou o culpado.

– Talvez ele tenha sido picado. Talvez não, com certeza. Atordoado do jeito que ele está é evidente o que aconteceu no labirinto. Mas pense, eles só disseram isso pois foram picados. Isso pode ser só uma coincidência.

– Coincidências não existem, Gally. Há algo de errado.

***

POV’S NEWT

– Newt? – Gally entra na estufa. – Posso falar contigo?

– Claro.

– Eu queria te pedir um favor.

– Pode dizer.

– É... você poderia se virar para mim ao menos?

– Ah, desculpe. – largo o alicate na mesa e me viro, limpando as mãos sujas de terra na calça.

– Thomas foi falar com o Minho agora a pouco. E não foi muito legal.

– Por quê? Por acaso ele surtou?

– Perto disso. Bem, eu vim te pedir uma coisa. Não sei se vai funcionar, mas eu gostaria se você tentasse falar com o Minho. Você é mais próximo dele do que eu, e pelo visto, ele quer ver o Thomas bem longe dele. Você pode fazer isso por mim?

***

Abro a porta devagar, e entro na enfermaria cautelosamente. Minho está abraçado aos joelhos de cabeça baixa, como no labirinto. Me assento ao lado dele na cama, e fico em silêncio por alguns minutos. Crio coragem apenas para envolve-lo com meu braço direito e deitá-lo no meu ombro. O silêncio continua até que ele o interrompe com uma voz melancólica.

– Eles iam me deixar... não iam?

Respiro fundo.

– Gally não quis dizer aquilo. E Caçarola tentou te ajudar, mas ele não conseguiu.

– Como é que... Você não me deixou?

Suspiro novamente, apertando-o mais forte.

– Somos amigos. E eu não podia simplesmente te deixar pra trás.

– Eu nunca conseguiria ser um amigo tão bom... – ele suspira, afundando o queixo nos joelhos.

O silêncio se coloca sobre nós outra vez. Me viro para ele seguro sua mão.

– Escuta, Minho. Eu fiz aquilo não só por causa da nossa amizade; mas porque eu acredito em você. Eu acredito que você é mais do que isso.

–...

Me calo novamente, me preparando para levantar.

– Sinto falta do Alby. – murmura Minho.

– Eu sei... Todos nós.

Ele afunda a cabeça nos joelhos novamente, e entendo que isso é tudo o que ele pode suportar por agora. Deixo a enfermaria e vou para o dormitório. Me deito na rede e espero. Não sei pelo que, mas espero. Preciso de algum tempo para mim. Entro num devaneio, e começo a pensar em Thomas e na maneira de como temos tido pouco tempo para nós dois. Lembro-me do nosso primeiro beijo, na floresta, depois da nossa primeira transa, e enfim da nossa promessa. Acho que estamos namorando... se é que essa palavra faz algum sentido no nosso contexto. Acabo adormecendo, perdido nessa bagunça que é a minha imaginação.

***

– Quem são eles, Newt?

– Eu não sei. Só fique abaixada.

– Eu estou com medo...

– Hey... está tudo bem. Somos mais espertos. Só precisamos nos esconder.

Ouço um estrondo vindo do lado de fora do alçapão. Ela grita, e eu tapo sua boca.

– Shhhhh! Não faça barulho! – sussurro.

– Eu quero a mamãe! Newt, eu quero nossa mãe!

Sinto uma pontada no peito, e as lágrimas brotam em meus olhos.

– Por favor. Só faça silêncio.

Ela se encolhe num canto, e a perco de vista devido a pouca iluminação. Continuo abaixado até que ela volta a falar.

– Newt? Newt!

– Shhhhhh!!!! O que foi? – sussurro outra vez.

– Tem alguém pisando aqui em cima!

O medo me consome, e me encolho no chão, abraçando meus joelhos. Não leva dez segundos pra porta do alçapão ser violentamente chutada. Ouvimos algumas vozes vindas do andar de cima.

– Aqui, embaixo do tapete!

Minha irmã começa a chorar, e eu entro em pânico. Tento chegar até ela, mas a porta do alçapão cai em cima de mim antes. Dois soldados pulam por cima de mim, e ela grita apavorada enquanto os dois me seguram pelos braços e me levantam bruscamente.

– NEWT!!! – grita ela.

– CORRA! – grito em desespero.

Outros dois soldados pulam dentro do porão, passam por mim e vão em direção a minha irmã. O olhar apavorado dela se levanta para os dois, enquanto eles a encurralam, e ela solta um grito agudo.

– SARAH!!! – Grito em desespero.

Sinto algo perfurar meu pescoço. Minha visão escurece, e eu caio com a face esquerda no chão. Em seguida, apago.

***

Acordo gritando enquanto alguém me segura pelos braços. Começo a me contorcer, sem parar de gritar.

– NEWT! NEWT, ACORDA! – uma voz me faz gelar a espinha.

– NÃO! ME SOLTA! – Grito desesperadamente, tentando me soltar.

– NEWT, PARA COM ISSO!

Não sei quem está gritando, está tudo escuro ainda. Continuo gritando e me contorcendo em pânico total, até que uma mão pesada estapeia minha face direita, fazendo-a arder instantaneamente.

– GAH! – exclamo.

Boto a mão no rosto e abro os olhos. Ainda estou deitado na rede, e Thomas está em cima de mim. Sua respiração ofegante e o medo estampado em seu rosto logo se transformam numa face preocupada.

– Desculpa. Desculpa, desculpa, desculpa! Meu Deus, você está bem? – Tommy segura meu rosto com as duas mãos, enquanto passa os olhos assustados por mim. Começo a chorar, e o abraço forte, deitando-o sobre mim. Sem maldade, sem segundas intenções. Eu estou apavorado.

***


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