Sangue Quente - 2ª Temporada escrita por Tenneb


Capítulo 4
Viagem




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CAIUS...
Mas como ele conseguiu entrar aqui? Eu tinha posto essa casa em proteção, graças aos feitiços de Miah.
Desci correndo as escadas, já vestido e com cabelo bagunçado. Na bancada da cozinha, tinha um bilhete de tia Vivian, falando que foi ao mercado. Então tive que correr para a casa de Miah.
A garota ainda dormia quando entrei na sua residencia, e graças a minha gentileza, a mãe dela deixou eu entrar e acordar a menina.
– MIAAAAAAAAAAAAAH - gritei entrando no quarto.
– Mãe mais cinc.... Nicco?... NICCCOO! - A garota começou a ficar muito vermelha de vergonha. - Sabia que eu ainda sou uma garota?
– Miah... Ele entrou na minha casa ontem! - Falei me aproximando da cama.
– Nicco, quem foi? Thom...
– Não... Foi Caius! - Depois que pronunciei seu nome tampei minha boca com a mão o mais rápido possível. De onde eu venho, nomes são muito, muito poderosos.
A garota de vermelha ficou tão branca quanto leite de medo. Eu conhecia aquelas feições muito bem, e eram de preocupação.
– Mas, mas como?! Eu mesma fiz os feitiços de proteção naquela casa..
– Só que não deu muito certo... - Dei de ombros.
Continuamos a conversar por alguns minutos até ela ter que descer, e eu fui embora. Não sabia para onde ir, fiquei andando, vendo as vitrines das lojinhas. Eu estava com tanto medo. Tive que colocar as mãos nos bolsos, para não vê-las tremerem. Estava mais apavorado que naquela noite em que vi Thomas atacar outro vampiro. Caius parecia mais... Das trevas que qualquer outro demônio que já enfrentei. Eu não sei o por que mas com certeza era algo relacionado aquela áurea obscura e forte que ele emanava de si mesmo.
Enquanto dobrava a esquina em uma rua, meu celular vibra. Era tia Vivian me ligando, para dar a noticia que meu tio-avô morreu e eu precisava voltar para casa, pra podermos ir no velório que ficava em outra cidade. O que no caso seria ficar 4 a 5 horas sentado no carro, com tia Vivian tentando puxar assuntos.
Misfit City não mudava nunca, pelo que parecia continuava a mesma cidade caipira de sempre. Conforme parecia a tecnologia e a modernização não ultrapassava o grande local de pasto, onde vacas comiam sossegadas e da floresta de um verde intenso que ficava rondeando a cidade.
Enquanto estava no carro, me desliguei do mundo e acabei dormindo. Tive sonhos repletos de corvos, e penas negras. Bem, talvez tenham ficado bem ruins, pois minha tia teve que me acordar. Mas foi bom, pois já tínhamos entrado na cidade.
A cidade ainda tinha as lojinhas de várias coisas. Os mesmos garotos que eu tinha ficado, ainda continuavam morando na cidade, como Alex, que quando eu passei de carro, ajudava o pai na loja de ferramentas. Sem falar que asfalto não tinha chegado. Em pleno século 21! Foi quando estacionamos na mansão Wood, onde meu tio-avô morava.
Quando entrei na mansão, a família estava reunida. Bem não era toda minha família, mas sim de consideração. Já que ele e meu avô eram grandes amigos, quase como irmãos. Estavam falando do respectivo destino da mansão e da fazenda, o que no caso ficou para o filho de Tio Aloysius. Era estranho porque o caixão dele estava fechado, talvez seja porque o velho já estava em idade avançada, pois acredito que deveria ter mais de 100 anos.
Enquanto andávamos pelo morro para chegar ao mausóleo da família, começou as conversas terrivelmente entediantes sobre adultos. Eu estava ficando maluco, até que eu me afastei e comecei a andar pelos túmulos. Estava distraído e dei de cara com uma garota que acabou caindo no chão.
A menina tinha cabelos da cor azul com pontas verdes. Era bem diferente comparado aos outros cidadãos da pacata cidade. Usava uma calça preta meio apertada demais, com um corte no joelho. Nos pés estava coturnos sujos de lamas e sua camisa era de alguma banda que eu desconhecia. Além de ter um piercing no lábio inferior do lado esquerdo.
– Então, vai me ajudar a levantar ou ficar me encarando? - disse a garota.
– Oh, me desculpe...- Falei ajudando-a
– Você não olha por onde anda não? - A garota se limpava da grama. Foi quando ela me olhou direito. - Espera aí... É você? - Pronunciei apontando um dedo para ela.
– Desculpe mas han? - A menina me olhava com uma expressão de confusão. Depois de meio segundo, seus olhos se iluminaram. - É você! Nicco Bennet, o promissor Nicco Bennet! - A garota implantou um sorriso alegre no rosto.
– Não estou entendendo - tentei fingir.
A garota revirou os olhos e tirou a camisa, mostrando o corpo sarado com um sutiã preto. Mas o que ela queria que eu visse era as cicatrizes e machucado que ela adquiriu com o tempo. Segundos depois, recolocou a roupa.
– Então, agora vai parar de ser burro ou preciso dar outra prova? - Proferiu a garota de modo zombeteiro.
– Foi mals, não dever confiar em qualquer um é a primeira regra.
– Tudo bem, sou Laura... Laura Wood. Neta do Aloysius, prazer.
– Prazer.
Laura e eu, quando voltamos do enterro, ficamos conversando a noite toda, já que eu só iria embora no dia seguinte. Ela me contou que é uma caçadora desde os 14. Me surpreendi, pois só fui descobrir esse meu lado aos 17. E me relatou que tinha algo de diferente nela. Na verdade, Laura me contou que todos da família que nascem primeiro, cujo sangue de anjo corre pelas veias tem um poder diferente dos outros. O que nos meus livros, não estava escrito!.
A menina, com esse assunto, acabou por falar que tinha o poder de prever o passado e e ler o pensamento quando tocava na pessoa e me deixou curioso. Com isso, Laura ficou em silencio. Como a casa toda já estava silenciosa, a garota se aproximou um pouco mais de mim.
– Então... Eu te toquei quando nos esbarramos... - Cobrindo as suas feições com a escuridão
– Ou seja? - Falei sem entender.
– Ou seja, cabeção, que eu vi você e Thomas... - Abaixou a cabeça por estar ruborizada. - E esse tal de Caius...
– Laura! Meu deus, você não pode contar nada pra ninguém. É sério.
– Eu sei... Nós filhos dos anjos precisamos nos proteger. - Ela olhou para o teto, até se lembrar de uma coisa - Ah! Você não sabe para onde ele foi né?
– Thomas? Aquele cretino me deixou... - Olhei para o chão, escondendo as lágrimas
– Não acho. Bem, ele parecia gostar muito de você... E sei quem pode achar um dos antigos...
– Não entendi... Você ta falando que Thomas não me deixou?
– Claro que não, ele com certeza foi obrigado. E existe uma família que pode localiza-lo.
– Como assim?
Ela por fim, me relatou que todos que eram descendentes dos anjos, formaram uma família, ou seja, existe algumas famílias espalhadas pelo mundo e cada qual passa para seus primogênitos o poder especial. Eu estava a ponto de desmaiar de tanta informação para um único dia, só que me mantive firme e continuei escutando Laura falar.
– Então, essa tal família. Bom ela pode se comunicar com os espíritos, que por esses, podem saber de tudo.
– Isso é... Fascinante! Queria saber o meu...
– Shhhh. Você vai aprender ele quando for a hora, mas agora eu preciso dormir e você também.
– Tudo bem.
Fui me deitar em um dos quartos de hospedes da casa. Laura foi pro dela. A casa era tão quieta. A cidade era tão calma que chegava a me perturbar. Então cai no sono, e tive os mesmos sonhos de antes... Amanhã eu iria tentar mais informações de Laura sobre essa família.
Talvez Laura tenha razão, provavelmente Thomas não tenha me deixado de verdade. Bem, só saberei amanhã o que farei daqui pra frente com todas essas informações.

******

Acordo no meio da noite, graças aos meus pesadelos. Passava-se das 2 da manhã o céu ainda estava escuro, como o casarão todo. Era tão estranho, só estive naquele lugar umas 3 vezes e é como se eu vivesse ali. Fui até a cozinha para beber um pouco de água. Foi quando eu o vi.
Rodrigo, um dos meus primos que eu sempre tive uma queda. Ele ainda tinha o corpo todo sarado, e tinha alguns pelos no peito. Acho que ele não tinha me visto, pois levou um susto quando estava saindo da cozinha.
– Niccolau! - deixou cair um pouco de água no chão. - Você me assustou, como consegue andar tão silenciosamente?
– Prática. Foi mals primo. - Falei enquanto ia até a geladeira. - Não consegui dormir...
– Eu sei. - Ele tomou mais um gole de água. - Meu quarto é do lado do seu... E... Eu escutei, digamos os seus gritos. - Disse o menino um pouco atrapalhado
– M-Me desculpa - Tentei demorar um pouco virado de costas para ele, torcendo para o sangue sair do meu rosto.
– Tudo bem... Se não ta conseguindo dormir... - Falou o rapaz. um pouco devagar demais - Pode ficar comigo na minha cama, já que ela é de casal...
Como assim?! Era o que eu estava pensando ou era pura inocência de um adolescente de 19 anos?! Bem, se ele quer jogar, vamos jogar.
– Eu não sei... Você não vai conseguir dormir... - Fiz minha melhor cara de inocência.
– Primos mais velhos servem para isso. - Falou Rodrigo.
– Bem, ta... Deixa só eu terminar a água e me acalmar um pouco.
Tentei enrolar um pouco, para não ficar meio obvio. Será mesmo que ele queria ficar comigo? Nossa, já faz tempo que não tinha esses pensamentos de um adolescente normal. Claro, depois de tudo que eu já passei não poderia me considerar um adolescente normal.
Rodrigo ficava me olhando, mas desviava quando eu percebia. Terminei de beber água e eu subi com ele atrás de mim. O chão estalava a cada passo que eu dava. Sempre gostei de piso de madeira, porém hoje eu estava os odiando
A casa ainda continuava em silencio. Entrei no seu quarto, que era bem grande e o garoto entrou atrás de mim. A cama era mesmo de casal, e estava bastante desarrumada, com até travesseiros no chão. Tinha estantes com vários livros, talvez da faculdade dele. E tinha cortinas pesadas com a janela aberta. O céu noturno era tão lindo, as estrelas brilhavam tanto. E eu podia ver a lua.
– É... Desculpa pela desarrumação. - Falou o menino, coçando a cabeça. - Pode deitar...
Balancei a cabeça e ajudei ele a arrumar a cama. Era estranho, nós mal nos falávamos direito. Ele sempre estudou muito, com toda certeza queria sair daquela cidade pequena de qualquer jeito.
Rodrigo era o tipo de garoto que todos paravam para olhar. Tinha cabelos castanhos claros, ondulado, como areia, junto com os olhos cor âmbar. Seus labios eram tão bem desenhados e rosados, que parecia que ele tinha passado algum produto para deixa-los avermelhados. Tinha o corpo malhado, pelas coisas que ele ajudava o avô na fazenda. Bem, ele não é nada parecido com a família por um único sentido. Rodrigo era dotado, por isso que Anna, sua irmã tinha poderes e ele não.
O garoto se deitou na cama já arrumada e bateu no colchão para eu deitar. Bom, se entrou na chuva, é pra se molhar, pensei enquanto deitava.
– Então... Durma bem... - Falou ele me olhando.
– Obrigado... - falei com cara de inocente.
Rodrigo continuava a me encarar, e eu a ele. Os seus olhos eram tão lindos... Parecia um sonho eu estar deitado na cama dele. Ele piscou, e avançou um pouco na minha direção.
O que eu faço? , pensei. Eu me aproximei dele também e o rapaz encostou seus labios rosados nos meus. A pressão que ele fazia era delicada.
O beijo foi calmo no começo para depois ficar mais intenso. Ele colocou sua mão na minha nuca para me fazer chegar mais perto. Seu corpo era quente. Suas mãos asperas começaram a passar pelo meu corpo. Como se estivesse querendo fazer isso a tempos, e eu estava gostando. Se era estranho beijar meu primo? Um pouco, mas era um beijo que não me fazia sentir eletricidade passar pelo meu corpo, era como se fosse a calmaria de um oceano. Nossos corpos estavam colados um no outro, era como se eu fosse uma droga que ele era dependente.
Rodrigo me olhava com aqueles olhos calmos, enquanto descia pelo meu abdômen, me beijando. Quando chegou na mina cueca ele mordiscava por cima do tecido meu pau por cima do tecido, me fazendo gemer de leve. O garoto tirou minha cueca e começou a chupar a cabeça do meu pau. Ele ficava subindo e descendo, dia do meu saco a cabeça. eu estava delirando.
Foi quando uma imagem venho na minha mente. Thomas e eu, no gramado da escola. Eu rindo de alguma piada sem graça dele e ele me olhando com aqueles olhos cinzas que me lembrava a neve.
Eu não podia fazer isso!
Empurrei Rodrigo de cima de mim. Ele me olhou sem entender nada.
– De... Desculpa mas eu não posso fazer isso - Falei.
– Eu que peço desculpas nick, eu não deveria beijar meu próprio primo. - Falou ele constrangido
–É melhor eu sair - Pronunciei fugindo dos seus braços e saindo da cama.
– Não! - O menino segurou meu pulço. - Fica...
Eu acabei ficando. Não consegui resistir aqueles olhos de cachorro abandonado dele. Decidi deitar do seu lado. Encarando o teto.
– Desculpa... É que... Eu não sabia que você era gay - falei depois de um minuto
– Bem... eu sempre fui afim de você. - Aquele garoto, de 19 anos, estava se assumindo para mim?
– Oi? - Olhei para ele
–É... - Se aproximou mais um pouco. - Eu sempre quis ficar com você Nicco.
Com essas ultimas palavras na minha mente e com uma lagrima saindo dos meus olhos eu dormi e meu primo me abraçou enquanto dormíamos. Eu acordei varias vezes a noite com pesadelos e Rodrigo esteve lá para me acalmar. Ele era tão doce, eu queria muito poder gostar dele. Eu me odiava por ainda sentir algo por aquele vampiro. Rodrigo parecia um príncipe pra mim!
Na manhã seguinte, eu acordei com meu primo me balançando e me informando que precisávamos descer, com a maior calma do mundo.
Na mesa, tinha algumas pessoas comendo, uma delas era Laura, que ficou olhando do irmão dela para mim, com uma cara de "hmm". Olhei para Rodrigo que fez uma careta, e eu rezando por dentro para não ter ficado vermelho.
Depois do café da manhã, eu tinha menos de 2 horas para falar com Laura sobre o endereço daquela família. O desespero começou a bater no meu estomago que começou a embrulhar. A menina me informou que ia descobrir o mais rápido possível e me falaria depois.
No fim, me despedi de todos. Rodrigo me deu um abraço e agradeci pela noite passada. Laura veio me abraçando e beijando minha bochecha com felicidade, e ela sussurrou umas palavras no meu ouvido e olhou no fundo dos meus olhos e assentiu.
Quando eu estava indo embora, Rodrigo veio correndo e falou no meu ouvido que algum dia eu queira ficar com ele, eu sempre teria chance e beijou minha bochecha. Me deixando muito vermelho.
Entrei no carro, com minha tia dando a partida no automóvel para podermos partir. Porém as palavras de Laura ecoaram na minha mente. "Nicco, você conseguirá tudo o que quiser, se você desejar mesmo isso..."
Bem, eu fiquei olhando para as fazendas se distanciando e pensando comigo mesmo.


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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado de mais um capitulo n_n deixem seus comentários



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