"1, 2, 5, 7... Não, não, espera ai, não é assim." - o menino respirou fundo, recomeçando sua contagem - " 1, 2, 3, 4..." - mas foi interrompido mais uma vez por uma vez que, mesmo não querendo admitir, era música para os seus ouvidos.

– Niko, fala comigo, por favoooor. - O cheiro de álcool era tão forte, que fazia o próprio Niko se sentir embriagado. O amigo estava bêbado, mas isso não era novidade alguma; ele estava ingerindo mais de 10 litros de bebida todas as noites, desde o término com o namorado.

– Não vou falar você, Drillbit. Você tinha me prometido que não ia beber, e olha o seu estado agora! - Se contradizendo, o moreno respondeu-o, aumentando o seu tom um pouco acima do considerado "aceitável" às três horas da manhã.

– Eu sei, eu sei - soluçou, quase caíndo para trás -, mas eu sou um alcoólatra de merda.

– E isso é desculpa? Entra pra AABR¹, se prende em um hospital, começa a ouvir a palavra de Jesus, sei lá! - Ele estava tão possesso de raiva que nem falava coisa com coisa. O ex-militar certinho, orgulho de papai, tinha ficado completamente louco... por outro homem. - De qualquer forma, você tinha prometido!

O outro o encarou com uma careta, deu uma risada (ou uma tosse, não conseguiu identificar) fraca, e disse:

– Lay, isso não faz sentido. - e deu mais risadas. O outro, por sua vez, bufou de raiva, sabendo que nada do que dissera tinha um pingo de razão. - Mas sabe o que não faz sentido também? - isso chamou a atenção de Niko, que abaixou os olhos lentamente - já que o outro estava deitado no banco em que ele estava sentado -, e começou a prestar atenção no papo de bêbado. - O fato do cara do bar ter se ofendido. Quero dizer, eu só chamei ele de gostoso, e ele ficou todo bravinho comigo. Quase me acertou com uma garrafa.

– VOCÊ O QUÊ?! - Gritou. Como assim ele tinha dado em cima de outra pessoa? Ele não estava terrívelmente triste por ter terminado o namoro?

– Calma, mas a situação melhorou, porque eu chamei um loiro de gatinho e ele me deu bola. Como ele beijava bem, cara, cê nem imagina...- Era isso, tinha acabado. Kimoywski saiu de perto do amigo com passos largos, firmes. E só sentiu as lágrimas geladas descerem o rosto quando já estava perto do portão.

– Niko, niko! Aonde você está indo, cara? O que aconteceu?

– O que aconteceu? O que aconteceu? Vou te dizer o que aconteceu: eu te dei flores no seu aniversário, cozinhei para você o ano todo, estive do seu lado em todas as situações. E eu digo todas. – Drill deu uma risada, pensando: " Tapa na bunda...." - E a única coisa que você faz é dar em cima de toda mosca morta que aparece na sua frente, literalmente! Na sua tia, na MINHA tia, o marido da minha tia e ELE ESTAVA MORTO... - Drill acenou a cabeça, considerando, com a típica face de "É, você está certo". -... Com a mulherzinha da cantina, com o bigode da mulherzinha da cantina, e mais mil seres! Cara, eu te dei uma cria! - Disse, apontando para o animal que ele tinha dado, que estava logo ao lado, comendo grama.

O Drill, ainda em seu estado "não normal", olhou para o mamífero com certa, como podemos dizer?, luxúria, dizendo:

– E que cria, hein? – Não aguentando mais, Niko gritou:

– Porra, Drillbit, até o cavalo?! - Em seu momento mais louco, Nikolay puxou ar e começou a se declarar: - Eu te amo, ta? Eu te amo desde que eu te conheci. Com esses seus cabelos loiros, olhos azuis, nome sensual... Tipo, Jackson, cara, Jackson! Jackson é sensual para cacete! Você não consegue nem imaginar quantos "Nikolay Jackson" eu escrevi no meu caderno de Naruto! Mas você nunca percebeu, nunca! Estava perguntando para aquela galinha de uma perna só se ela estava livre no fim de semana! Eu só queria que os nossos momentos ouvindo Capim Cubano significassem tanto para você quanto significam para mim... - esperou uma resposta. Que não veio. - Drill... Drill, fala alguma coisa.
O amigo estava em choque, ele podia perceber. Seus olhos arregalados, sua respiração ofegante o denunciam. Mas, mesmo assim, ele respondeu, com uma voz trêmula:

– Nikolay, eu nunca dei em cima de você porque nós somos amigos... - Friendzone. - E eu não queria estragar essa amizade com o amor que eu sentia.

– O-o quê?

– É, eu pensava que alguém tão legal, bacana e inteligente como você não iria querer nada comigo, então era melhor nem tentar, porque se tu me desse um fora, a nossa relação ficaria estranha. Mas a verdade é que... eu também te amo, Nikolay, muito.

Niko não esperou outro frase, se jogou nos braços do amado, o beijando forte. Tinha esperado tanto por aquele momento, por aquelas palavras...

Agora ele estava com ele. Agora ele estava feliz.