Uma Stark, Um Lannister escrita por Izzy Hojou


Capítulo 7
Lyannia


Notas iniciais do capítulo

A interatividade dos jovens das grandes casas aumenta. Teremos alguns problemas a partir de agora...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/607581/chapter/7

A manhã viera como tantas outras. O Longo Inverno havia trazido neve até Porto Real. Enfiou-se num vestido quente debruado de arminho com mangas bem presas ao corpo para que o calor não escapasse. Puxou o manto de pele de gato-das-sombras e enrolou-se nele como se fosse uma de suas peles de dormir. Foi quebrar o jejum no salão comum da Fortaleza de Sangue, onde encontrou Velimyr, Pyers, Matt e Daeon. Serviu-se de um mingau de aveia com mel e passas e sentou-se de frente para o grupo em uma das mesas de montar. Ainda estavam focados na conversa sobre dragões, até notarem uma loba gigante de pelo cor de fogo pular sobre o banco e sentar-se ao lado de Lyannia.

– Então esta é a famosa... qual é mesmo seu nome? – Velimyr foi o primeiro a perguntar.

– É Nymeria, em homenagem à loba de minha avó – disse em resposta, fitando os poços de ouro derretido que eram os olhos da companheira – A minha Nymeria é totalmente distinta da Nymeria de minha avó Arya – e sorriu para a loba, agarrando-se ao pescoço peludo da loba e a abraçando.

O grupo acabou se esquecendo do que quer que teriam a fazer durante o dia. Montaram todos a cavalo e saíram pela mataderrei à procura de foras da lei, mas apenas encontraram algumas lebres e raposas, muitas delas engolidas em uma bocada ou duas por Nymeria. Durante a caçada, Lyannia notou algo extremamente incômodo: Daeon a estava sempre observando, fosse de longe, fosse de perto. Ajudou-a a montar e selar o cavalo, correu com sua loba no encalço de um veado, preparou uma lebre para um almoço à moda de acampamento e foi sentar-se bem ao lado de Lyannia.

– Logo se vê que os Stark não guardam mágoa – Pyers riu com a própria piada ao ver Daeon Lannister e Lyannia Stark lado a lado durante o almoço, mas logo notara seu terrível erro.

– Os Stark não guardam mágoa, guardam ressentimento – disse Lyannia em tom amargo – assassinaram meu bisavô para esconder dos Sete Reinos um incesto, mataram meus tios-avôs para terminar a guerra que os Lannister começaram, sangraram Dorne com a morte de Oberyn Martell e tantos outros que sequer tenho a capacidade de enumerar. Graças a vocês – dirigiu um olhar gélido para Daeon -, Winterfell nunca mais foi o mesmo, e todo o Norte ainda está se curando das profundas feridas abertas há quase três gerações.

Lyannia se levantou bruscamente, girou nos calcanhares e montou na égua negra, saindo a galope rápido através das árvores. Sabia que não precisava ter se irritado com o comentário, mas os Lannister sempre estragavam tudo. Era apenas questão de tocar em seus nomes para uma negra nuvem de neve começar a chorar suas lágrimas alvas. E assim se fez. Quando estava prestes a alcançar o portão da Floresta, uma nevasca chegou, brusca e violenta.

Não costumava nevar em Porto Real, embora nos últimos tempos isso tivesse se tornado quase diário. E as nevascas do sul eram estranhamente mais fortes do que as costumeiras nevascas que vira em Winterfell. O vento tratou de se encarregar das tendas erguidas e fogueiras acesas, bem como levou consigo estandartes de todas as cores e alguns telhados de colmo. A neve rodopiava e assoviava forte em torno do cavalo de Lyannia, e seu manto turbilhonava com tamanha força que chegou a pensar que alguém a queria derrubar da égua.

Entrou no estábulo ainda montada e bateu a cabeça em uma viga de madeira. Deixou a égua negra aos cuidados do cavalariço e seguiu para seu quarto, onde pediu às aias água quente para um banho. Como não estava preparada para uma nevasca, acabou com flocos de neve por dentro do vestido, o que fazia parecer que iria congelar.

Correu então para o quarto de torre e pediu água para um demorado banho quente. Quando a banheira estava pronta, a água fumegava, escaldante. Mesmo assim, Lyannia estava contente em ter se livrado dos olhares do Lannister, apesar de tê-lo achado até gracioso.

Por fim, a reunião das Casas acabou sendo novamente adiada devido à nevasca. Era o quinto adiamento. Depois do banho, novamente envolta em mantos e mais mantos de peles variadas, a Stark decidiu ir até as ameias das muralhas da Fortaleza de Sangue. Cumprimentou alguns homens e sorriu a outros. Deu a volta no castelo até o Portão da Floresta, de onde viera enfurecida. Sentiu uma pontada no estômago quando notou que havia alguém semicongelado perante os portões.

– Guardas, guardas! Abram os portões da Floresta, temos um homem lá embaixo! – ela exclamou, mesmo que quase metade de suas palavras não pudesse ser entendida. Desceu então até a base das muralhas e fez as sentinelas abrirem as portas, e pessoalmente retirou o corpo do meio da neve. O carmesim das vestes e os cabelos negros e longos eram inconfundíveis:

– Daeon Lannister... – murmurou algo sobre o homem ser um imbecil e mandou que levassem Daeon até seu respectivo quarto. Chamou o Grande Meistre Rymun e pediu água quente para um banho às criadas. Acompanhou o Lannister em todo o processo. Ele não tinha família, e não se tinha notícias dos amigos desde que os deixara na mataderrei.

As aias despiram-no e o enfiaram ainda desmaiado na água. Um rubor subiu pelo rosto de Lyannia. O Rapaz Lannister era realmente bonito, afinal. Corpo esguio, pele clara, cintura afilada. Moveu a cabeça para os lados tentando se livrar dos pensamentos; mordeu o lábio e mandou as aias embora.

Cuidou pessoalmente de Daeon. O Lannister despertou no instante em que a Stark o tentava puxar da água que estava esfriando. Murmurou algo inaudível e conseguiu se levantar; ainda tinha gotículas escorrendo pelo corpo quando se deitou sob as peles na cama.

– Daeon, está tudo bem? Não tem frio? – ela estava suficientemente perto para sentir o calor do hálito dele.

– Obrigada... – ele parecia fraco demais para se mover – Nya, é você? Sinto tanta falta de seu corpo, de seu carinho...

Está delirando, pensou Lyannia. Quando tentou se levantar, foi segurada fortemente pelo pulso e caiu sentada sobre as peles novamente.

– Daeon, me solt... – mas antes que pudesse terminar de falar, sentiu o Lannister morder seu pescoço.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Uma Stark, Um Lannister" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.