Acordei, e a Suh estava dormindo aconchegada em Ed. Acho que até os coelhos percebem quando homens são gatos. Sorri. Eu me levantei e pedi o café na cama. Fiz um coque no cabelo, e procurei algo pra vestir. Ed se levantou também e me abraçou por trás beijando minha nuca.

– Você não enjoa de mim - Eu digo focada em minhas roupas.

– Nunca - Ele diz. Escolhi uma calça preta e uma blusa de lã de manga comprida branca e um cachecol vermelho. Bota cano alto preto.

– Acho melhor você se vestir. - Eu digo fechando o closet.

– Será que você pode me dar um beijo decente?

– Ai meu Deus - Eu digo - Só depois que você escovar os dentinhos. Bafo de jibóia. - Ele ri.

– Sua fofa - Ele diz e sai do meu quarto. Ouço.

*Ed?! O quê esta fazendo no quarto da Skylla?!- A Melissa disse e eu corri e coloquei a orelha atrás da porta.

*Oi Melissa, dá licença que tô com pressa.

* Quando a gente namorava você nunca dormiu no meu quarto.

* Disse muito bem. Quando a gente namorava. Não namoramos mais.

* O quê estava fazendo lá?

*Se me der licença tenho mais coisa pra fazer do que cuidar da vida alheia. Você já me deu problemas demais em 2 dias! - Ele bate a porta. Eita a coisa foi feia.

Tomo um banho e me visto. O café chega, e eu espero ele chegar. Ele demorava. Saí e bati na porta dele.

– Ed! Vamos eu tô com fome! - Eu disse. Ouvi a risada dele.

– Calma vida - Ele disse. Abriu a porta e estava de camisa três quarto vermelha e calças jeans clara e cabelos bagunçados. - Pronto.

– Ótimo, venha - Puxei ele para o meu quarto e entramos para comer. Comemos em silêncio. Eu olhava pra ele às vezes e ficava olhando. Ele percebia e sorria. Eu desviava o olhar. Ele era tão lindo. Tão lindo. Olhei pra ele novamente e ele olhou.

– O que foi amor? - Ele diz.

– Nada. Não posso te olhar?

– Pode.

– É que... Que...

– Que?

– Você é tão lindo. - Eu digo e ele sorri.

– Você também. Quando eu te conheci, seus olhos me encantaram, e adorei o jeito como não me suportava. Imaginei o tipo de cara que fazia seu estilo. Tentei ser descolado. Tentei ser o excluído. Mas nada deu certo, e quando eu fui eu mesmo, acho que funcionou. - Ele diz. - Olha, trouxe uma coisa pra você. - Ele diz.

– Mais uma?

– Sim. - Ele tira uma caixinha azul do bolso - Na verdade é pra gente. - Ai senhor. Ele abre a caixinha e surgem duas alianças pratas, com as bordas todas cravejadas de cristaizinhos.

– Ai que lindo!

– Eu sei. Nossas alianças de compromisso. Estende a mão direita - Ele diz e eu estendo. Ele coloca. Depois eu coloco a dele. Ele beija a palma da minha mão. Sorrio. Açúcar cheia de ciume vem e se aconchega nele. - Calma, papai te ama também. -Ele diz e beija o pelo dela. Peguei minha bolsa gigante com tudo o que eu precisava. Arrumei comida para a Açúcar e dei um beijinho nela. Saímos. Pegamos o avião para a capital. Eu estava muito animada. Eu ia gravar 4 demos hoje e se eles gostassem eu ia assinar um CONTRATO! Dá pra imaginar?! Não dá! Tudo o que eu preciso é cantar bem. Só isso. A cidade era branca. Totalmente branca de tanto frio. Gente o Canadá é lindo mais é frio. Muito frio. A gravadora era imensa. Quando chegamos fiquei esperando na recepção e Ben entrou pra falar com o diretor. Tinha um rapaz na recepção.

– Skylla Evergreen? É você mesmo?! - Ele diz me olhando com animação. Me levantei e fui até lá. - Ai meu Deus é você mesmo?!

– Sim eu acho que sou eu - Eu digo.

– Vejo todos os seus vines na internet, e tenho certeza de que vai conseguir um contrato. - Ele disse animado.

– Se Deus quiser.

– E ele quer tenho certeza. - Ele diz

– Obrigada. - Eu digo. Meu primeiro fã. Ai Jesus. Ed voltou e eu entrei com ele. Entramos numa sala grande e muito bem arejada e branca e me sentei em frente ao empresário José Lisoannel.

– Olha só quem eu vejo. Um talento nato - Ele diz.

– Pois é.

– Lembra que eu disse que você tem ginga? Muito bom. Hoje iremos gravar suas quatro demos que trouxe e depois veremos o resto.

– Tudo bem.

– Já esta pronta?

– Eu já nasci pronta!- Eu digo animada e ele ri. Saímos da sala e pegamos um elevador. Subimos dois andares e chegamos no estúdio. Peguei a partitura.

– Moça? - Um homem pergunta. Era alto e magro e era ruivo. Tinha olhos azuis. - Skylla Evergreen?

– Sim, sou eu.

– Você é bonita. - Fiquei olhando.

– Obrigada. Anh o que ia falar?

– Ah sim. Piano ou violão?

– Base piano, mas também sei tocar violão.

– Beleza, vamos dar o violão porque o piano esta no outro estúdio.

– Tudo bem.

– Venha comigo - Ele diz me levando até a sala de gravação. Colocou os fones em mim e arrumou meu microfone. Ajustou o meu violão.

– Obrigada anh...

– Júlio.

– Júlio. Obrigada. - Eu agradeço. Ele sai e fecha a porta. Ben, Lisoannel e Júlio estavam do outro lado. Ele me fez um sinal e eu comecei a tocar e a cantar. Cantei as quatro musicas. Eu estava nervosa mais fui relaxando aos poucos. Eles me aplaudiram e eu saio.

– Cantou muitíssimo bem. - Júlio me parabeniza.

– Obrigada. - Eu digo.

– Vamos até a minha sala. - Lisoannel diz. Fomos e ele me ofereceu as clausulas do contrato. Consegui um contrato! Assinei e fiquei super feliz. Liguei pra minha mãe e ela sorriu animada. Pulou e gritou com meu pai no telefone. Eu consegui. Meu grande sonho. Ben disse que me levaria para jantar. Eu me despedi de todos na gravadora e viajamos de volta para Whitehorse. Chegamos no aeroporto e ele foi ao banheiro. Fiquei esperando no desembarque. Garotas loucas gritaram.

– Aaaaah! É ela! - E vieram correndo me cortando. Eu vou morrer! - Skylla Evergreen autógrafo! - Elas tentavam me pegar ou encostar em mim.

– Ahn oi, é... Eu conheço vocês?

– Somos suas fãs! - Elas disseram me jogando ursinhos de pelúcia e chocolates.

– Ah, sim claro minhas fãs. - Eu disse. De onde? Minhas fãs?! Estão loucas! Só pode. Ben volta.

– Aaaaah! Ben Danniel! - Elas vão até ele.

– Sky! Corre! - Ele diz e eu pego minha bolsa e saímos correndo esbarrando em muitas pessoas. Entramos num taxi. E partimos para o Set. Me aconcheguei nele e dormi. Quando chegamos todo mundo me parabenizou e eu fiquei com uma cara de tonta. Acontece que eles tinham lançado a minha musica numa versão acústica e já tinha pegado um top 10 no Canadá. E ainda estava na decima quinta posição na billboard hot de lançamento. Pulei animada. Minha MUSICA TA NA BILLBOARD! AH! Daqui uns dias eu tô na MTV.

– Olhe só, como já esta famosa! - Ben me abraça por trás. Sorrio - Que tal sairmos para jantar? - Ele diz - Num restaurante muito caro com direito a champanhe? - Ele diz e eu sorrio sentindo um vento gelado na minha face.

– Tudo bem. Com vestido de gala?

– Mais é claro! - Ele diz. Eu ri.

– Mas eu não tenho roupa!

– Claro que tem, vou mandar meu estilista te mandar uns vestidos e ai você escolhe o que te agrada mais. - Ele diz. Sorri.

– Bom, vou indo então. Vá gravar! - Eu digo dando um beijo rápido em sua bochecha. Ele sorriu. Avistei Marcelo. - Marcelo! - Chamei ele e me afastei do Ed.

– Oi gatinha parabéns! Você canta muito bem! - Ele diz.

– Não seja modesto. Sou razoável.

– Você que esta sendo modesta.

– Preciso de seus serviços já que você é meu confidente - Eu digo e ele ri.

– Tudo bem madame. Estou à disposição - Ele diz e eu arrasto ele comigo até o saguão do hotel.

O estilista já tinha chegado e tinha varias araras de roupas. Vestidos belíssimos. Fiquei encantada. O nome dele era John e ele não parecia ser gay. Eu sei que todo estilista por mais homem que fosse sempre tinha uma pitadinha de feminismo. Mas ele não era homem em tudo. Até nos detalhes. E o pior é que tudo o que fazia ficava lindo.

– Você deve ser a tão falada Skylla Evergreen - Ele diz. Sorriu. Vestia um terno esporte fino com sapatênis marrom. Seu terno era azul escuro e seus cabelos escuros com muito laquê.

– A tão falada? - Questiono.

– Sim. Danniel fala muito de ti. Mas vamos ao trabalho. Suas sobrancelhas estão me assustando - Ele tinha uma voz grave divertida.

– Mas fui ao salão semana passada. Nem deu tempo de crescer! - Eu digo olhando num espelho.

– Aqui olha - Ele me mostra e só uma pessoa muito detalhista para notar. Alguém como John ou Nicola.

– Você é perfeccionista ou sofre de T.O.C? - Eu pergunto e ele ri

– Perfeccionista. - Ele responde. Depois de tirar minha sobrancelha, experimentei o primeiro vestido. Era verde com escamas. Muito chamativo.

– E então Marcelo, gostou? - Pergunto e ele ri.

– Não esta parecendo um peixe. - Ele diz. Depois vesti um laranjado de cetim. - Não esta parecendo uma cenoura! - Voltei e vesti um marrom claro de cetim com umas bolinhas marrom escuro. - Nem pensar ta parecendo uma paçoca. - Eu ri - Acabei de lembrar que estou com fome. - Eu percebi, só me comparou com comida - Eu disse. Escolhi um vestido vermelho, tomara que caia, que tinha um decote que mostrava um pouco meus seios. Era apertado e modelava meu corpo. Quando chegou no joelho se abria em dois rachados mostrando minhas duas cochas e ia até o pé. Me olhei no espelho e sorri. - E agora?

– Meu senhor Jesus! - Ele se levantou de onde estava sentado. - Esta linda. Quase tive um ataque cardíaco. Se não der certo com o Ed me liga - Ele diz e eu soltei uma risada.

– Vou pensar. - Ri da proposta. Subi tomei um banho e John me arrumou. Deixou-me encantadora. Sorri diante da minha aparência. Olhei a Açúcar e ela estava ótima. Quando deram oito horas Ed bateu a porta. Sorri e passei um perfume. Abri a porta. Ele estava lindo. Vestia um terno de linho preto e gravata borboleta. Achei fofo. Ele sorriu. Me olhou calorosamente de baixo em cima e eu senti um calor subir. Meu coração palpitava só de ele sorrir.

– Você esta mais linda do que nunca! - Ele diz baixo. Ele se aproxima e beija a ponta do meu nariz - Sem beijo. Deixaremos o melhor para o final. - Ele diz e mordi o ar. - Vamos. Quero me exibir com minha namorada gata. - Ele diz - Eu não sabia que você tinha... Anh seios tão fartos - Ele diz e eu corei.

– Edward! - Eu disse tampando meu decote.

– Desculpa. Agi por extinto - Ele diz. Saímos do hotel e fomos de taxi até o restaurante. Era muito chique. Eu sinceramente preferia ir a uma lanchonete e comer um hambúrguer com muita mostarda. Mas fazer o quê. Entramos e eu logo me vi obcecada Por todas as luzes. Tinha violino ao vivo. Nos sentamos perto de uma janela. O garçom chegou e nos serviu champanhe. Encima de nós tinha um lustre.

– Esse lugar é lindo.

– Sim eu sei. - Ele diz e eu contorço minhas mãos nervosas. E se eu me comportasse mal? - Esta tudo bem? - Ele pergunta.

– Você não tem medo? - Eu pergunto

– Medo? Medo de quê?

– Desse lustre cair na nossa cabeça? - Eu digo um pouco alto. O casal ao lado olhou. Em cima deles também tinha um lustre. Eles olharam para cima. Se levantaram e sentaram em outra mesa. Sem lustre. Ben riu. Soltou uma gargalhada.

– Sky não vai cair.

– E por que eles saíram daqui? - Eu pergunto.

– Sky, ai você é hilária. - Ele diz e eu olho confusa. Tomo um gole do meu champanhe. Tossi

– Essa coisa é horrível. Parece barata! - Eu sussurro.

– Quer um vinho?

– Não, eu posso me acostumar...

– Garçom vinho tinto e branco. 1976- Ele diz.

– Não precisava.

– Precisava. Só quero te ver feliz.

– Você me faz feliz. - Eu digo - Nossa hoje a gente ta doce hein? - Eu comento e ele ri.

– Você é meu docinho. - Ele diz - Já te falei que quanto te conheci me encantei por você?

– Você diz isso a todas - Eu digo e ele ri.

– Não é verdade.

– Então me conte o que disse à Nicola quando namorava com ela?

– Sky...

– Não se sinta mal. Só quero saber mais de você. - Eu digo pegando em sua mão.

– Eu me encantei com as mãos de Nicola. Ela tricota. Precisa ver as mãos dela trabalhando. Eu pensava que estava apaixonado. Mas não estava. Quando ela parou de tricotar meu amor foi sumindo e quase se esvaziando como um balão. Depois terminamos. E voltamos. E terminamos e voltamos e terminamos. Ela queria casar e eu não me sentia pronto para um compromisso assim.

– E você se sente agora? - Pergunto dobrando um guardanapo.

– Mais é claro. Se você pedir hoje eu caso. - Ele diz e eu coro - Não precisa ficar vermelha, estou sendo sincero. - Ele diz.

– Hum. Então, o que vai pedir? - Eu digo desviando de assunto.

– Ah, frutos do mar. E você?

– Ah, deixe me ver - Digo olhando num cardápio - Acho que mexicana.

– Achei que ia pedir comida italiana. Você ama.

– Verdade. - Eu digo.

Logo nossos pedidos chegaram e comemos em paz. Ed estava sendo muito gentil e educado e eu estava calma e passiva. Eu estava muitas feliz e queria viver assim para sempre. Mas um pressentimento ruim estava me rondando e eu sentia que logo minha felicidade iria se acabar. Fomos para o hotel e eu entrei no meu quarto e me joguei na cama. Tomei um banho quente e vesti um pijama. Ouvi passos no corredor. Ed estava vindo.

– Posso entrar? - Ele pergunta.

– Sim, pode. - Eu digo. Nos sentamos no chão e colocamos um filme. A vovozona 2. Adoro esse filme mais é zoado. Ele se sentou ao meu lado.

– Sabe Sky, nunca me senti assim. - Ele diz.

– Assim como?

– Feliz. Desde que meu avô morreu, me sentia deprimido, como se faltasse algo em mim e você preencheu esse lado. - Ele diz acariciando minha bochecha.

– Nossa. Já vi que sou importante - Eu digo e ri.

– Como eu disse no restaurante, quando te vi, algo me atraiu. O seu jeito de ser. Seu olhar mortal pra mim. Seu rosto sem maquiagem e o jeito que falava 'O quê deseja? ou posso ajudar? ' - Ele disse.

– Jura?

– Sim. - Ele diz segurando minha mão. - O dia todo quando não penso em o quê você esta fazendo ou em o quê esta pensando ou esta com quem ou se esta com fome é por que estou pensando em como sorri - Ele diz e eu sorrio - Tipo assim - Olho em seus olhos. Encosto sua testa na minha e seguro seu pescoço com as mãos.

– Você sabia que eu te amo? - Eu digo - Mais que tudo, é mais forte do que eu, me corrói. Estar com você é tudo o que eu quero - Eu olho novamente em seus olhos. Ele passa o nariz em minha bochecha e eu fecho os olhos.

– Eu também amo você. Muito! Minha só minha - Ele diz.

– Só sua. Eternamente. - Eu digo e ele me beija. Delicadamente. Diferente de todos os beijos que ele já me deu. Era como se fossemos confidentes, únicos. Sozinhos no universo. Aquele pressentimento me rondava. Comecei a chorar. Ele se separou lentamente e limpou minhas lágrimas.

– O quê foi amor?

– Nada. Só não quero te perder - Eu digo abraçando ele forte.

– Nunca. Sou só teu - Ele diz. Acabamos dormindo ali abraçados. Acontece que eu o perdi. Se alguém me roubou? Não. Eu mesma o renunciei.