Relicário Infernal escrita por exboba


Capítulo 1
De Sol a Sol


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, aqui é a Jus. E eu resolvi expandir a fic, para quem já leu no Spirit e quiser ler novamente enjoy haha.
Aproveitem ♥

Mais uma vez devo avisar que Relicário Infernal é de minha autoria e qualquer outra com conteúdo parecido será considerado plágio.



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O dia estava quente, e ele insistia para ela aproveitar mais o dia. Ele sempre pedia para ela.

-Não Lipe, já disse que nós não podemos ficar mais. Temos que ir, e se nos atrasarmos novamente a Justine vai nos matar.

-Não da para aproveitar só um pouco?

-Não. Hoje não podemos e você sabe.

Ele sorriu para ela e segurou a mão que ela entendia para ele. Ela conseguiu o que queria, ela sempre conseguia.

A areia da praia sujou suas roupas e seus cabelos estavam molhados pela água salgada. No fundo ela também queria ficar ali, o dia inteiro. Mas precisavam ir, Justine não era o tipo de pessoa que gostava de atrasos.

Da última vez que se atrasaram ficaram a tarde inteira limpando a sala de armas. Cada arma. O que para Nicole não foi tão ruim assim, já que passaram o dia inteiro juntos.

Mas, infelizmente o "juntos" não é exatamente "juntos" quando se esta na zona da amizade. Não que seja por falta de vontade dela, mas sim dele. Ele a via como uma irmã caçula. E ela estava cansada dessa imagem de irmãzinha.

Ele chamou um táxi que parou imediatamente na beirada da calçada. E narrou o endereço.

Quando chegaram em frente ao Instituto, o motorista olhou para eles com cara de vocês-só-podem-estar-brincando e perguntou.

-Vocês vão ficar aqui crianças? -ele transpirava muito por conta do calor.

-Sim, obrigada senhor. -Felipe entregou o dinheiro para o taxista que ligou o carro fazendo um sinal da Cruz.

-Mais um. -Ele riu, suas covinhas apareceram e Nicole olhou para baixo para ele não perceber que estava vermelha, e não era pelo sol.

-Acho que devemos dar um endereço mais afastados. Estou cansada desse olhar de pena. Devem achar que somos sem-teto.

Felipe olhou para cima. Seu boné azul surrado cobria seus cabelos negros cacheados. Seus olhos castanho-claro brilhavam ao contemplar o Instituto. Sua pele bronzeada pelos dias de praia. Ele era deslumbrante.

-Eu acho maravilhoso. -Nicole olhava para ele admirando as curvas de sua musculatura.

-É, eu também.

O Instituto para aqueles que não tinham a Visão era uma Igreja abandonada, suja e pichada no centro da Cidade Maravilhosa. Mas para os magníficos Caçadores das Sombras era pura beleza e encanto. Suas paredes enormes e estátuas de cobre. Era incrível.

Felipe abriu a porta e foram apostando quem dava passos mais largos pelo longo corredor. O corredor parecia de um museu, tantas fotos, pinturas e estátuas dos antigos moradores.

Quando depararam com Justine no corredor, em uniforme de batalha. Provavelmente estavam atrasados, ela estava de braços cruzados. Seus olhos cinzas fixo nos dois. Seu cabelo escuro estava preso em coque.

-Atrasados. -sua voz era firme- Seus pais não vão gostar.

-Justine, sentimos muito. Mas, nós chegamos. -Nicole tentou seu melhor sorriso persuasivo.

-Eu vejo. -ela correu os olhos pelas roupas desapropriadas dos dois. Nicole de chinelo, short jeans e regatinha por cima do biquíni florido. E Felipe, de bermuda, chinelo e regata. O chão estava sujo com areia de praia. Nicole tentou esconder as provas de areia com os pés, empurrando para baixo da sola.

-Ah, vamos lá Justine. Só hoje, por favor. -Felipe colocou seu braço em volta do ombro de Justine e sorriu. Ela arqueou as sobrancelhas.

-Vocês tem dez minutos para subirem e se trocarem para o treino de hoje. Sem mais, nem menos. Se passar um segundo se quer vou avisar seus atrasos diários aos seus pais. -as chantagens de Felipe sempre funcionavam melhor.

Felipe e Nicole beijaram cada lado da bochecha de Justine, que ficou com o rosto vermelho de constrangimento. E subiram correndo as escadas. A ameaça era séria.

Nicole correu para seu quarto e tomou uma ducha expressa. Vestiu sua roupa de treinamento. Ela parou em frente ao espelho no meio do seu quarto. Seu quarto era simples, alguns livros pendurados, e fotos. Muitas fotos, de qualquer coisa, das mais bobas as mais belas. Mas o melhor de tudo era a vista da janela para o Pão de Açúcar, e o Cristo.

Ela se olhou no reflexo. Tinha ganhado um pouco de massa muscular pelos pesados treinamentos diurnos e as caçadas noturnas. A blusa preta não cobriu a marca de biquíni que deixava sua pele em um tom melhor do que o costume. Sem praias, ela parecia doente e mais nova ainda. E essa não era a impressão que queria passar.

Era dificil prender seus cabelos já que eram cachos desiguais e estavam na atura do ombro. Ela cortou no último verão quando Felipe disse pra ela que cabelos curtos era o fetiche dele. Mas quando ele a viu apenas disse "legal, você vendeu seu cabelo?" e não era exatamente isso que ela esperava. Mas desde então seus cabelos negros continuaram curtos, e ela concordava que fica mais bonito assim já que seu cabelo não tinha volume. Era de cachos sem graça.

Ela buscou um rímel para passar nos olhos, para que desse um realce no azul-escuro fosco. Bom, ela sorriu para imagem praticando o melhor sorriso, o mais apresentável. Mesmo assim ainda parecia uma criança perto de Felipe, era muito baixa. E ele era forte e atlético.

Ela correu o dedo indicador pela foto dos dois fazendo caretas na prateleira. Ela se lembrava muito bem daquele dia, foi quando ela viu que não sentia apenas amizade por ele.

Nicole, havia mudado para o Instituto do Rio de Janeiro fazia três anos anos, antes morava no Instituto de São Paulo. Após a Guerra Mortal, perdeu seu tio, irmão de seu pai e diretor do antigo Instituto. Então, ela e seus pais mudaram para o Instituto do Rio de Janeiro, onde seus pais vieram a convite de seus melhores amigos; amigos que fizeram na Academia dos Caçadores das Sombras.

E então ela conheceu Felipe. No inicio seus olhares foram amigáveis, por muito tempo foi assim. Até que com o tempo ela percebeu que não queria apenas ser "amiga/irmã" dele.

Seus olhos correram por uma outra fotografia, essa era mais antiga e estava mais escondida atrás de uma porta-jóias de porcelana. Era ela quando chegou ao Instituto. Com longos cabelos trançados. E Felipe, ainda com seu boné. Em momento nenhum Nicole se sentiu intimidada, Felipe é o tipo de garoto que se você ofendesse ele, ele lhe diria o quanto isso te faz mal, e que não ofende ele. E como foi criado sozinho, praticamente a adotou como irmã caçula de imediato.

Só que ela estava mais velha, e dentro de alguns dias iria fazer dezesseis anos. Não iria ficar com tanta diferença dele. Ele tinha feito dezoito a pouco tempo e já podia participar dos assuntos da Clave.

Ela suspirou e se retirou do seu quarto pra sala de treinamento. Ela não era tão boa em manejo com a lâmina serafim mas já havia melhorado desde que Justine começou a treina-la. Justine era rígida e veio para o Instituto antes dela, o motivo foi a morte de sua irmã Madeleine em Manhattan, desde então ela mora aqui.

Encontrou Felipe no corredor com um pacote de biscoitos na mão. Parecia uma criancinha com seu doce favorito. Lindo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. (: