Questão de Honra - Livro 1 escrita por Melaine_


Capítulo 16
A Calmaria


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas voltei e finalmente estou de férias!!
O próximo capítulo não será postado com atraso, podem ficar tranquilos. kkkkk
Aos amantes de ação, me desculpem, espero que gostem do capítulo mesmo assim.
Só tenho uma coisa a dizer: é muito bom ser fangirl :3 haha



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Zuko já se preparava para se jogar no mar atrás de Kira quando foi segurado por Iroh e Gavin.

–Príncipe Zuko, o navio está indo em direção ao olho da tempestade. Se você se jogar no mar agora sem saber onde Kira está, podemos perder vocês dois. - disse Iroh sério.

O príncipe se apoiou na borda da proa apertando-a com força.

–Se algo acontecer à ela eu nunca vou me perdoar. - disse ele entre os dentes.

Após a água preencher os pulmões de Kira, seu corpo começou afundar cada vez mais. De onde ela se encontrava ela não conseguiria ver o navio, nem se pudesse, e também não poderia ver uma estranha luz azulada se aproximando dela.

Envoltos numa bolha de ar, o bisão voador carregava o avatar e seus amigos. Aang já direcionava o bisão para a superfície quando viu o corpo de Kira. Rápido ele a envolveu na sua grande bola de ar e a segurou notando que ela estava fria e desacordada.

–É a garota que ajuda o Zuko. - disse ele num sussuro.

Em poucos segundos o grande bisão voador saiu da superfície em direção ao céu, bem ao lado do navio de Zuko. Quando alcançou uma altura considerável ele fez uma especie de cama de ar para Kira e dobrou o ar para que ela descesse lentamente até o navio. Antes de partir, Aang viu o olhar de Zuko. Ele não se esqueceria.

–Kira! - gritou ele se aproximando da garota.

Ela estava gelada e não respirava, desesperado o garoto se colocou por cima dela e começou a fazer a massagem cardíaca, expirando ar na boca de Kira.

–Volte, por favor… - dizia Zuko - Vamos, Kira!

Após alguns segundos de pânico, ela tossiu cuspindo água. Zuko a virou de lado para que não se engasgasse, ela sentia seu pulmão queimar e ele sentia seu coração doer de alívio.

O navio se aproximava cada vez mais do olho da tempestade, as ondas já não batiam no navio com violência. Eles estavam salvos. “Ela está salva.” pensou ele.

–Precisamos leva-la para dentro. - disse Iroh vendo-a se sentar - Ela precisa se esquentar.

–Kira? - chamou Zuko.

Ela olhou mais não respondeu, sua garganta ardia e sua mente ainda não parecia conseguir formar uma linha de raciocínio. Ele então a pegou no colo e a levou para dentro da cabine, em direção ao quarto dela. Como ela ainda estava com as roupas molhadas, Zuko a colocou sentada na cadeira do quarto e se agachou à sua frente para poder olha-la.

–Você precisa tirar essas roupas molhadas. - disse ele e ela acenou com a cabeça. - Você… você precisa de ajuda? - perguntou ele sentindo as bochechas ficarem vermelhas.

–Não, está tudo bem. respondeu ela com uma voz rouca.

–Estarei lá fora se precisar. - disse ele e então saiu do quarto.

Kira se levantou e caminhou até seu báu, pegando uma muda de roupa seca. Após se trocar ela se sentou na cama e tentou secar seu cabelo com uma toalha. Ela não pensava, seus movimentos eram mecânicos, sentia sua mente aérea.

–Kira? - perguntou Zuko batendo à porta antes de entrar.

Com o corpo cansado, a garota deitou em sua cama e se cobriu, mas o frio que ela sentia parecia vir de dentro para fora.

–Vou deixar você descansar. - disse ele antes de sair.

Kira nem percebeu quando adormeceu, tremendo de frio ela tentou se enrolar o máximo que podia na colcha que a cobria, mas sem muitos resultados, o frio interno dela parecia a dominar.

Zuko acordou muito antes do amanhecer, preocupado ele saiu do quarto apenas com seu calção habitual de dormir e foi até o quarto de Kira. Ele abriu a porta do quarto e viu Kira na cama, coberta, mas mesmo assim decidiu entrar para vê-la melhor. Se ajoelhando ao lado da cama ele a olhou docemente e, como que por impulso, tirou uma mecha de cabelo do rosto dela, mas ele sentiu seu rosto muito frio. Assustado, ele pegou a mão da garota notando que também estava gelada.

Ele a olhou mais atentamente e reparou com terror que ela não parecia nem respirar.

–Kira. - chamou ele alto e então a sacudiu. - Kira!

Apavorado ele saiu correndo do quarto da garota e entrou no quarto do tio o chamando e então voltou ao quarto dela.

–O que houve, príncipe Zuko? - perguntou ele preocupado.

–Ela está fria, quase não está respirando. O que está acontecendo?

Iroh se aproximou da garota e colocou os dedos em seu pulso.

–Ela não está…? - perguntou Zuko sem conseguir terminar a pergunta.

–Sua pulsação está muito fraca, por causa de sua temperatura.

–Eu não entendo, ela é uma dobradora, manter a temperatura deveria ser uma coisa natural. - disse Zuko confuso colocando a cadeira ao lado da cama dela.

–Príncipe Zuko, você a conhece desde de sempre e nunca reparou? - perguntou Iroh sorrindo para o sobrinho.

–Reparei no que, tio? - disse Zuko se sentando na cadeira e colocando a cabeça entre as mãos.

–Você nunca se perguntou porque a dobra de Kira é tão poderosa mesmo ela sabendo apenas técnicas simples? - perguntou Iroh.

–Sim, mas o que isso tem a ver? - perguntou Zuko irritado com as filosofias do tio.

–Kira é uma das raras pessoas que dominam naturalmente através da chama interior.

–Chama interior? - perguntou Zuko.

–Eu sempre lhe disse que a dominação tirada da raiva não é a mais poderosa. Apenas grandes mestres tiram suas dobras da chama interior.

–Então por que ela não usa isso para manter sua temperatura? - perguntou ele triste.

–De alguma forma, a chama interior dela está ligada ao que ela sente por você. Talvez porque você foi tudo o restou, mas eu acredito que sempre foi assim.

Zuko passou a mão no rosto da garota, entrelaçando seus dedos nos cabelos grosso de Kira e a olhando com admiração.

–Não desista dela, príncipe Zuko, pois ela certamente nunca desistiria de você. - disse Iroh calmamente e então saiu do quarto.

Ela precisava se aquecer e Zuko ficou alguns minutos pensando em como ajuda-la até que teve uma idéia. Foi rapidamente até seu quarto e pegou uma coberta mais grossa e estendeu sobre a garota e então decidiu usar uma das técnicas do tio.

Delicadamente ele se deitou na cama ao lado dela colocando um braço por baixo da cabeça dela e a puxou para mais perto com o outro a ajeitando sobre seu peito nu, e então soltou vapor quente de seu nariz para aquecer dentro do cobertor, como o tio fez tantas vezes para aquecer seu chá.

Ali tão próximo dela, Zuko adormeceu rapidamente, sua mente se desligou como se realmente estivesse descansando pela primeira vez em muito tempo e nem notou quando a temperatura de Kira se normalizou.

Quando Kira recobrou sua consciência a primeira coisa que sentiu foi os braços quentes de Zuko ao seu redor, ainda de olhos fechados ela passou os dedos no peitoral nu dele sentindo sua pele e ouviu o ritmo de sua respiração tranquila. Ela abriu os olhos e o viu tão próximo dela, automaticamente passou sua mão no rosto sereno do príncipe fazendo-o acordar.

–Acho que estou sonhando com você de novo. - disse ela.

–Oh, Kira… - disse ele num sussurro carregado de afeto.

–Eu com certeza estou sonhando. - disse ela passando a mão no rosto do príncipe, tocando em sua cicatriz.

–Você não está sonhando, Kira. - disse ele achando graça. - Por que está dizendo isso?

Kira levantou sua cabeça do peito dele e o olhou profundamente e então o pegando de surpresa, o beijou amorosamente.

–Você aceitou meu carinho e meu beijo, mesmo depois do que eu fiz com você na proa do navio. - disse ela se lembrando do tapa que deu no príncipe. - Pra você estar aqui ao meu lado depois disso, só pode ser um sonho.

–Você não se lembra? - perguntou ele.

–De que exatamente? - perguntou ela. - Me lembro da briga, do jantar com os soldados, me lembro da tempestade, mas não me lembro de como saímos dela.

Zuko virou seu corpo de lado fazendo com que Kira deitasse sua cabeça em seu braço e então contou à ela o que havia acontecido.

–Só hoje eu te perdi três vezes, na proa, no mar e aqui. E tudo por minha culpa. Eu mereci aquele tapa, e sei que foi pouco considerando como eu tenho te magoado. Kira olhou naqueles olhos dourados de Zuko e viu culpa, arrependimento, mas também viu paixão.

–Me desculpe, Kira. Coloquei todo mundo em risco, você… - Dessa vez sem hesitar ele colocou sua mão no rosto da garota e o acariciou. - Você poderia ter morr… Eu nunca me perdoaria se algo te acontecesse.

Ele a havia magoado muito, talvez até ali mesmo sentindo sua pele na dele ela ainda sentia a mágoa, mas não pode deixar de se sentir emocionada ao ouvir a voz dele embargada de emoção, ao olhar dentro daqueles olhos atentos que agora transmitiam tanto sentimento. Ela sempre soube que nele ainda havia partes do antigo Zuko e agora ela tinha certeza. Ela estava novamente segura nos braços de seu amigo e confidente.

–Zuko… - disse ela tocando a mão dele que estava em seu rosto.

–Eu realmente sinto muito. Sei que a caça ao avatar é um fardo meu, mas não quero caça-lo sozinho. - disse ele e então se lembrou.

“Duas semanas haviam se passado após o misterioso sumiço de Ursa, mãe de Zuko. Kira acompanhou a dor do amigo e não o deixou sozinho, mesmo quando era o que ele mais queria. Após o almoço, Kira foi até o esconderijo deles se encontrar com o príncipe. Quando chegou lá, em meio as pedras estava um Zuko com o rosto molhado de lágrimas.

Ao ve-lo tão triste ela automaticamente o abraçou. Ela quis ser capaz de tomar as dores de seu melhor amigo, mas não conseguiu. Zuko se desvencilhou do abraço e se sentou um das pedras mais altas, dali se conseguia ver boa parte de Praça Real, Kira o seguiu e se deitou ao lado do garoto.

–Por que todos estão me deixando? - perguntou Zuko em um sussurro.

–Não fale assim. Você tem seu tio que tem te apoiado tant… - começou Kira, mas Zuko a cortou.

–Ele também está me deixando. Disse que precisa ficar um tempo sozinho.

–Ele perdeu um filho, Zuko. - disse Kira séria.

–E eu perdi uma mãe. - finalizou ele.

–Você tem a mim. Você sabe que sempre pode contar comigo.

Ele a olhou demoradamente, seus cabelos longos e pretos estavam posicionados em cima da pedra como se tivessem em uma pintura. Os olhos amendoados de Kira pareciam ainda mais vivos com a claridade do sol. Ele quis acariciar seu rosto, mas hesitou.

–Um dia você também não vai estar mais aqui. - disse ele sério.

–O que quer dizer com isso?

–Você é a melhor aluna da turma, melhor até que minha irmã. Você com certeza será mandada pros melhores grupos. - disse Zuko tristemente.

–Zuko, por favor, é mais fácil você me deixar aqui sozinha. Você é o príncipe. - rebateu Kira.

–Não vou querer ficar longe de você. - confessou ele.

–Eu não sei qual vai ser meu futuro depois do colégio, mas sei que eu não vou escolher ficar longe de você.

–Promete? - sussurrou ele.

–Não vou a lugar algum sem você. - disse ela olhando-o profundamente.”

Zuko não sabia, mas suas palavras também haviam trazido a mesma memória para a mente da garota.

–Você não precisa fazer isso sozinho. - respondeu ela por fim.

–Por favor, diga que você não vai sumir quando pararmos? - perguntou ele temeroso.

–Não vou a lugar nenhum sem você. - repetiu ela.

Zuko a olhou admirando-a e deitou seu corpo sobre o dela acariciando seu rosto. Após olha-la demoradamente, ele aproximou seu rosto do dela e a beijou. Um beijo terno, amoroso. Kira ergueu seus braços entrelaçando-os nas costas do príncipe e o trazendo para ainda mais perto dela.

O toque de Kira em suas costas nuas fez crescer um desejo em Zuko e ele o demonstrou em seu beijo que se tornou quente, rápido, apaixonado. Os lábios de Zuko buscavam incessantemente os de Kira enquanto as mãos dela percorriam suas costas deixando um rastro de fogo em sua pele.

Ofegantes, os dois se separaram. Zuko rolou para o lado da garota e a olhou.

–Você precisa descansar mais. - disse ele.

–É o que eu vou fazer. - disse ela encostando a cabeça novamente no peito do príncipe.

Em silêncio, eles adormeceram rapidamente e só acordaram com o barulho do navio atracando.

–Onde estamos? - perguntou Kira preocupada ao ver Zuko se levantando.

–Em umas das maiores colônias da Nação do Fogo no Reino da Terra. Como o raio destruiu algumas partes do navio pedi para pararem aqui antes de seguirmos de uma vez para o norte. - explicou ele.

Kira acentiu.

–Tenho que verificar algumas coisas. Eu volto logo com algo para você comer. - disse ele e beijou a testa da garota antes de sair.

Kira aproveitou e se levantou para tomar um banho quente. Seu pulmão não ardia mais, apenas sua garganta parecia a incomodar assim como o cansaço que sentia em seus músculos. Acabou adormecendo novamente e foi acordada por Zuko horas depois.

–Trouxe seu almoço. - disse ele.

Kira sorriu agradecendo e viu quando ele apertou os olhos com as mãos pensativo.

–O que houve? - perguntou ela.

–Zhao. Os soldados falaram que ele marcou uma reunião com o Coronel Shinu aqui na Grande Fortaleza. Pensei em investigar, mas não sei se vale a pena. - disse Zuko.

–Eu acho que vale. - disse Kira séria. - Se Zhao conseguir o que eu estou pensando, nós vamos ter que mudar de tática.

–Conseguir o que? - perguntou o príncipe.

–Você sabe o que tem na Grande Fortaleza, certo? - perguntou ela.

–Soldados, o que Zhao já tem em grande número. - respondeu.

–Francamente, o que você fazia nas aulas? - perguntou Kira. - É na Grande Fortaleza onde os arqueiros Yu Yan são treinados. Acho que você sabe quem são.

Zuko sabia. As histórias sobre esses arqueiros e suas habilidades especiais eram mais que reconhecidas.

–Você deveria ir disfarçado. - disse Kira animadamente.

–Disfarçado? - perguntou ele achando graça.

–Sim. Uma máscara, não sei. Assim ninguém te reconheceria, caso o vissem. - finalizou ela sorrindo.

–Uma máscara… - pensou ele.

Zuko saiu rapidamente do quarto e retornou depois de alguns minutos com algo enrolado em um pano vermelho de camurça.

–Tio Iroh comprou isso a um ano atrás. Estava lá em baixo junto com o resto das tralhas que ele compra. - disse ele.

Kira desenrolou o pano mostrando uma bonita e sofisticada máscara. Ela era azul com os detalhes em branco. Os olhos brancos desenhados de forma a parecer astutos e um grande sorriso com dentes a mostra fazia a máscara parecer sombria.

–Perfeito. - disse ela. - O espírito azul.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do desenrolar? :3



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