Questão de Honra - Livro 1 escrita por Melaine_


Capítulo 12
A Decisão


Notas iniciais do capítulo

Finalmente postei o capítulo eeee Zoz
Ele ficou grande memso, não consegui dividir mimimi
Espero que gostem!



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Após o incidente na prisão da Nação do Fogo, Zuko não havia conseguido nenhuma pista que o levasse novamente a trilha do avatar. Sem opções, ele decidiu dar um dia de descanso a tripulação, o navio seria ancorado na ilha mais próxima.

No começo do anoitecer, Kira se deitou no chão ao final da proa e olhou para o céu. Ele tinha um alaranjado bonito e forte, como se o céu estivesse em chamas. Quando se deitou havia apenas um estrela, mas passado alguns minutos mais estrelas abrilhantaram a noite que caiu escurecendo o céu.

Já estava quase na hora do jantar quando ouviu a voz do capitão.

–Chegaremos na costa ao amanhecer, Príncipe Zuko.

A garota não ouviu uma resposta.

Alguns minutos depois se levantou e esperando encontrar seu amigo na sala de jantar andou até lá, mas viu que apenas seu tio a aguardava para comerem. Triste, se sentou no chão em frente à pequena mesa.

–Achei que meu sobrinho estivesse com você. - disse ele.

–Não, eu o ouvi a pouco na proa e achei que tivesse vindo direto pra cá. - disse ela.

–Príncipe Zuko deve estar em seu quarto meditando. - disse ele sério. - Por que você não vai até lá e tenta fazer ele comer um pouco? - finalizou dando uma piscadinha para ela.

–O senhor não acha eu vou atrapalha-lo?

–Acho, mas é essa a intenção. - disse ele e então gargalhou.

Kira pegou duas cumbucas de cerâmica e as serviu de arroz, legumes e carne ensopada, sorriu para Iroh e saiu da sala de jantar indo em direção ao quarto de Zuko. Kira não teve problemas em subir as escadas segurando as duas cumbucas, mas ao chegar em frente a porta do quarto de seu amigo teve que equilibra-las em um só braço para bater a porta.

Não houve resposta, mas decidiu entrar mesmo assim. Girou a maçaneta de metal com a mão livre e então foi empurrando a pesada porta com o corpo. Zuko estava lá sentado em frente a uma mesa com várias velas, as chamas acompanhavam a respiração do príncipe. Na parede de frente a ele estava uma grande bandeira da Nação do Fogo.

Kira andou até ele e colocou as duas cumbucas na mesinha, ele concentrado nem notou, ela então parou perto dele e o olhou, teve vontade de toca-lo, bagunçar seu cabelo preto como cansou de fazer outras tantas vezes quando eram crianças. O príncipe agora tinha quase todo o cabelo raspado sobrando apenas um rabo de cavalo no meio da cabeça preso com um elástico vermelho, um penteado de guerreiro da Nação do Fogo.

Ele como se sentisse a presença da garota abriu os olhos e a olhou, ela sorriu.

–O que você faz aqui? - perguntou ele meio grosso.

Kira sentou ao seu lado e colocou a cumbuca de comida na frente dele.

–Você não apareceu para o jantar.

–Eu precisava me concentrar, preciso estar pronto para quando acharmos o avatar.

–Então resolvi vir aqui e comer com você. - disse ela sorrindo apesar do tom de voz dele.

–Eu não quero comer com você, Kira. Eu disse que preciso me concentrar! - disse ele bravo, mas ao olha-la se arrependeu de suas palavras. Ela o olhava com tristeza e ele também viu nos olhos dela decepção.

A garota se levantou sem olha-lo e foi em direção a porta do quarto tentando segurar as lágrimas.

–Kira… - disse ele se levantando, mas ela não deu ouvidos e saiu do quarto fechando a porta com força.

Magoada, a garota foi em direção ao seu quarto cabisbaixa e nem reparou quando trombrou em Gavin.

–Desculpa…

–Kira? - disse ele com a feição preocupada ao ve-la chorando. - O que aconteceu?

–Nada… Não é nada. - disse ela enxugando as lágrimas e forçando um sorriso. - Boa noite. - disse ela antes de entrar em seu quarto.

Kira deitou na cama e logo adormeceu, mas seu sono foi inquieto. Acordou e viu a pequena claridade que entrava pela janelinha, fechou os olhos novamente, quem sabe conseguiria dormir mais. Passado alguns minutos ela notou que o navio deveria estar parado uma vez que não sentia o movimento e nem ouvia o barulho do vento que costuma assolar as paredes de metal do navio.

Kira se levantou e tentou olhar pela janelinha. Eles estavam ancorados e com certeza não em uma cidade, ela só via terra e árvores. Animada, decidiu colocar um top e shorts, sua roupa normal de treino, e quem sabe correr um pouco.

–Bom dia, Kira. - disse Iroh animado segurando uma toalha.

–Bom dia… Há algum lago por aqui? - perguntou ela.

–Infelizmente não, mas eu achei uma piscina natural em meio as rochas. Com a água na temperatura certa poderei relaxar. -disse ele rindo. - Quer me acompanhar?

–Ham, não, obrigada. - disse ela imaginando que ver tio Iroh em roupas de banho provavelmente lhe custaria alguns anos de terapia.

–Diga, meu sobrinho preferido… - disse Iroh sorrindo ao ver Zuko se aproximar.

–Tio, eu sou seu único sobrinho. - disse ele irritado.

–Justamente… - respondeu Iroh gargalhando batendo as mãos em sua barriga redonda.

–Bom… - continuou Zuko ignorando o bom humor do tio. - Não temos nenhuma pista do avatar, ficaremos aqui até o meio dia e então partiremos para a colônia mais próxima.

–Hora do banho… - disse Iroh saindo do navio.

Kira observava Iroh que saia cantarolando e sentiu os olhos de Zuko nela, ela não olharia, estava magoada. Decidiu então simplesmente sair do navio quando o ouviu:

–Kira, podemos conversar?

–Desculpa, Zuko. Estou ocupada agora. - respondeu ela sem olha-lo.

A garota desceu do navio e olhou em volta, as árvores eram todas do mesmo tipo, altas com troncos grossos e folhas bem verdes, como não havia nenhuma trilha no chão ela escolheu uma direção aleatória e adentrou a vegetação.

Decidiu iniciar com um cooper, fazia tempo que não corria, se sentia sedentária naquela navio por isso tinha que ir devagar. Após se sentir aquecida com o cooper, ela começou a correr numa velocidade normal, estável, ela sentia a respiração controlada.

Após algumas minutos correndo o príncipe apareceu em seus pensamentos, talvez pela noite anterior ou talvez porque correr ali no meio das árvores trazia lembranças dela com seu amigo…

O palácio era um dos poucos locais dentro da capital da Nação do Fogo que realmente tinha alguma vegetação. Kira sempre achou que isso era obra da mãe de Zuko que sempre gostava de ficar nos jardins.

Zuko sempre a chamava ao palácio para brincarem e a brincadeira preferida de Kira era correr. O príncipe muitas vezes se cansava rapidamente, o que fazia sua mãe rir gostosamente enquanto os assistiam. Apesar de as vezes não acompanhar a garota, Zuko sempre parava e olhava Kira, admirando aquelas bochechas rosadas do calor e toda aquela energia que emanava dela.

Querendo tirar o príncipe de seus pensamentos, ela começou a correr mais e mais rápido até que um tempo depois parou sem saber o que doía mais: seu pulmão em chamas ou a saudade dos momentos com seu melhor amigo.

Ficou um tempo curvada tentando controlar sua respiração descompassada e percebeu a diferença de claridade à uns metros a frente, animada ela andou até lá esperando encontrar uma área de claridade com lago, mas o que encontrou era totalmente o oposto. Chocada ela se deixou cair ao chão, à sua frente não havia nada menos que destruição. Quilômetros e quilômetros de árvores queimadas e arrancadas, a terra abaixo de seu corpo estava avermelhada, seca. Não havia dúvidas que isso teria sido causado por sua nação.

Sem saber quanto tempo havia se passado desde que saíra do navio Kira fez o caminho de volta alternando entre a caminhada e cooper, seus pensamentos não eram mais em Zuko e sim em sua dominação, sua nação. “Seria traição minha apenas pensar que essa guerra é sem sentido?” pensou ela.

Desanimada estava quase chegando no navio quando encontrou com Zuko, ele parecia claramente aliviado por ve-la.

–Acabei de avisar meu tio que partiremos em uma hora.

–Tudo bem… Vou entrar e tomar um banho. - disse ela.

–Estava correndo? - perguntou ele sorrindo ao vê-la corada.

–Fazia tempo que não corria, achei que seria bom.

–Você encontrou alguma vila pelo caminho?

–Não… - respondeu ela e se lembrou de parte da floresta queimada. - Mas outros dobradores de fogo estiveram por aqui, tem quilômetros de floresta destruída. - contou tristemente.

Zuko notou a tristeza na voz da amiga, e ela notou que ele deu um passo para frente como se fosse confortá-la, mas parecia lutar contra isso também.

–Kira, são só árvores. - disse ele por fim.

–Posso perguntar algo à você? - perguntou Kira receosa ficando bem próxima dele.

–Hãn… sim, claro…

–Você realmente acha que toda a loucura que essa guerra trouxe realmente compensa a guerra em si?

–O que você quer dizer com loucura?

–Quero dizer toda a destruição… - disse ela baixinho omitindo a pergunta mais importante que seria sobre a soberania da nação do fogo.

–Não é como se eu tivesse muita escolha, ou tempo, para pensar nisso. - respondeu ele irritado.

–É… na verdade nem sei porque perguntei. - disse ela e então subiu no navio.

Kira aproveitou que seu corpo ainda estava quente e foi logo para banho, ela bem sabia que em poucas horas os músculos de seu corpo reclamariam da corrida então deixou a água quente relaxar seus ombros. Agradeceu mentalmente poder usar o banheiro superior, mesmo ela tendo que dividi-lo com Zuko e Iroh, era melhor que dividi-lo com mais 20 homens!
Após colocar uma calça e blusa soltinha, ela sentou na cama tentando secar seus longos cabelos quando ouviu uma batida na porta.

–Pode entrar…

Era Zuko. Ele parou rente a porta, ficou observando-a de cabelos molhados e se esqueceu do que ia falar.

–Algum problema? - perguntou ela sem jeito.

–Não, na verdade queria pedir sua ajuda. Meu tio não voltou ainda, gostaria que fosse até lá comigo, quem sabe ele ouça você…

–Tudo bem. - respondeu ela se levantando.

Os dois desceram do navio e caminharam calados, Zuko estava sempre em um conflito interno sem saber como ou o que falar e mesmo assim sempre acabava tratando a amiga mal.

–Tio? - gritou Zuko chegando perto do local.

Não houve resposta, só se ouvia o barulho da própria floresta. Quando eles entraram na área de claridade, não viram tio Iroh e também não viram a piscina natural. Zuko chegou mais perto para observar.

–Essa rochas estão com um formato estranho. - disse ele sério.

–Isso não é bom… - disse Kira ao constatar a mesma coisa.

–Isso foi feito por dobradores de terra. Eles estão com tio Iroh.

–Vou voltar ao navio e pegar os rinocerontes. Assim alcançaremos eles. - disse Kira.

–Vou ficar e tentar achar mais alguma pista.

Kira voltou correndo ao navio e desceu direto para onde os animais estavam. Com ajuda de um soldado, a garota amarrou um dos rinocerontes numa corda e seguiu levando-o montada em outro. Rapidamente chegou ao local e Zuko montou no animal para começarem as buscas.

–Havia algumas pegadas nessa direção, acredito que não devem estar muito longe.

Os dois caminharam novamente calados, mas agora atentos a qualquer movimento ou pista do tio. Após quase meia hora, uma nova pista apareceu, eles estavam no caminho certo.

–Esse chinelo é dele? - perguntou Kira apontando para o chinelo no chão.

Zuko desceu do rinoceronte e o pegou, quando a garota achou que ele verificaria o tamanho do chinelo ou talvez a marca, o príncipe o cheirou ficando automaticamente verde.

–É do tio, com certeza. - disse ele ainda verde do cheiro do chinelo.

–Acho que devemos nos apressar então… - disse Kira.

A garota seguia atenta, mas não deixava de notar a paisagem. Eles estavam indo na direção oposta da onde ela havia corrido pela manhã, ali a vegetação era escassa, a terra era seca e a geografia rochosa. De longe se podia ver vales e vales de terra alaranjada.

Zuko seguia olhando para os lados e para o chão, ele não perderia nenhuma pista, até que algo tirou sua atenção e o fez parar. Kira olhou na direção que o príncipe olhava e viu o grande bisão voador indo na direção deles. Ela viu a dúvida cobrir o rosto do amigo quando o bisão voou sobre eles e então ele virou o rinoceronte em direção ao bisão. Kira se irritou.

–Seu tio está em perigo! - gritou ela.

Zuko abaixou a cabeça e pressionou os olhos, pensativo e então deu um passo para frente em direção ao animal.

–Isso, Zuzu! Vá em direção ao seu precioso avatar! - gritou ela irritada usando o apelido que ela sabia que ele odiava. - Eu vou salvar a única família que você tem agora.

Brava, Kira fez o rinoceronte correr, mas de forma que ela ainda conseguisse enxergar os passos no chão. Após alguns minutos ela observou que as pegadas haviam se concentrado num ponto formando um amontoado de poeira no chão. Desceu do rinoceronte para olhar mais de perto e viu que além das pegadas que iam em direção à uma depressão ao lado da estrada, havia traços de dobra de fogo no chão.

Olhando para baixo ela viu uma grande quantidade de pedras disformes que com certeza foram dobradas para agilizar a descida dos dobradores. Seguindo sua intuição, Kira desceu com cuidado e uma vez lá embaixo ouviu vozes.

–Ele é muito perigoso.

–Nós deveriamos leva-lo para Ba SIn Se.

–Ele escaparia antes mesmo de chegarmos a metade do caminho.

Kira se aproximou seguindo as vozes e viu quatro homens vestindo trajes do Reino da Terra. Eles estavam envolta de Iroh que estava quase todo coberto por rochas.

–Nós vamos ter que resolver isso aqui mesmo, antes que ele fuja de novo.

Com dobra de terra, eles tiraram Iroh das rochas e o colocaram de frente a uma rocha, com as mãos dele sobre ela.

–Essas mãos devem ser esmagadas. - disse um dos dobradores levantando uma grande rocha a cima das mãos de Iroh.

Não havia muito tempo para estratégias, ela precisava agir.

Kira saiu correndo em direção a eles e pulou chutando para longe a pesada pedra. Percebendo o ataque, eles começaram a cercá-la em formação de ataque. Um deles dobrou outra pedra na direção da garota que desviou e rapidamente revidou com dobra de fogo. Tentando se aproximar de Iroh, Kira foi desviando das dobras de terra e nem viu quando o príncipe chegou para lutar. Ele foi rapidamente em direção ao tio e quebrou a corrente que o mantinha preso.

–Príncipe Zuko! Você está em ótima forma! - disse tio Iroh atraindo a atenção de Kira que estava de costas para eles.

–Eu tive um bom professor. - respondeu ele.

Aproveitando a falta de concentração da garota, o dobrador mandou um grande rocha em direção à Kira, mas Zuko atirou uma dobra de fogo contra a rocha defendendo-a.

–Somos quatro contra vocês - disse um deles. - Não há como ganharem.

–Você estão enganados. - disse Kira sorrindo maldosamente.

Sem perder tempo, os quatro dobradores de terra começaram a avançar sobre eles atacando. Kira se desviava e tentava se aproximar deles, o dobrador ergueu uma parede de rocha a sua frente, mas a garota deu um chute quebrando-a e avançando sobre ele. Com golpes rápidos de luta ele parecia vacilar e então ela aplicou o bloqueio de chi.

Com um a menos dobrando terra em cima deles, Kira viu que um deles estava lançando um rocha contra Zuko e antes que pudesse fazer algo, Iroh pegou as algemas soltas e amarrou-as na pedra e aproveitando a velocidade ele jogou a pedra em cima do dobrador.

Zuko então atacou o dobrador mais próximo com uma rasteira com dobra de fogo fazendo-o recuar e então lançou várias dobras seguidas até que o dobrador por fim foi lançado contra o paredão rochoso que os cercavam. Percebendo que algo fazia sombra sobre ele, o príncipe se virou e olhou para uma grande parede composta por várias pedras, pronto para cair sobre ele.

Rápida, Kira correu até o dobrador e enquanto ela lhe aplicava o bloqueio de chi, Iroh enrolava as algemas na perna dele e então o puxou, fazendo com que a pilha de rochas caisse sobre ele, quase o soterrando.

Iroh então sorriu para o sobrinho que rebateu:

–Você pode colocar uma roupa?

Com a ação Kira nem reparou que ele estava apenas com uma tanguinha. “Isso é traumatizante” pensou ela.

–Kira, você poderia me ajudar? - perguntou Iroh levantando as mãos com as correntes penduras pela algema presa em seus pulsos.

–Claro.

Kira se aproximou do tio e criou chamas em suas duas mãos e então as fechou sobre as algemas, quando a garota tirou suas mãos as algemas se quebraram, libertando completamente tio Iroh.

Zuko sorriu para eles e então percebeu o olhar da amiga nele. Era engraçado como conhecia Kira tão bem, conhecia bem aquele olhar, foi por causa daquele olhar que seu coração vacilou ao ver o bisão voador. Aquele olhar de orgulho por ele era tudo o que Zuko queria ver novamente.


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