Capítulo 13 - Desespero

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Aya não encontrou Akemi pelo resto do dia. Nem no parque, nem em casa. Ela não estava em lugar nenhum.

Depois de conversar com Hideki, de descobrir que ele estava preocupado com Akemi e que queria ajudá-la de alguma forma, Aya disse que iria fazer de tudo para ajudar o garoto a se aproximar da amiga. Ele, tão feliz, abraçou Aya como se ela fosse sua salvação.

Agora, no entanto, esse desaparecimento de Akemi sem motivo começava a preocupar a garota - mesmo que, na visão dela, talvez não fosse nada tão sério assim. Quando o dia chegou ao fim e Aya não encontrou nenhum sinal da amiga, ela sabia que não resolveria nada continuar procurando às cegas, e então decidiu voltar para casa, imaginando que esclareceriam tudo no dia seguinte.

Mas não foi preciso esperar todo esse tempo.

Pela segunda vez Aya sonhou com o mundo destruído das garotas mágicas. No entanto, desta vez não era o mesmo sonho. Uma garota com um báculo vermelho nas mãos enfrentava uma bruxa, cuja aparência era a de uma borboleta negra. A cada ataque, lesmas se despregavam de suas asas e eram lançadas rumo à garota mágica.

Aya estava tão absorta no sonho que nem prestou atenção em quem era a garota.

Somente quando a borboleta foi destruída, a garota mágica olhou em volta e percebeu que tinha companhia. Liberando uma luz flamejante de seu báculo, ela caminhou em direção à Aya.

O olhar das duas se encontrou.

Envolvida numa capa branca coberta de sangue e manchas escuras, Akemi se aproximava de Aya.

–Akemi... - a menina não conseguia acreditar. Todos os músculos de seu corpo quiseram derrubá-la no chão - Por quê?!

Akemi a encarou.

–Eu acreditei em você, confiei em você. Por todos esses anos! Não esperava que você fosse me trair logo com... ele.

–Te trair? Do que você está falando!!? - a voz de Aya saiu coberta pela confusão e o desespero.

–Tudo bem - Akemi estava fria e distante como Aya jamais vira. - Eu não sinto mais nada agora. Você não precisa mais se preocupar comigo. Nunca mais vou voltar a aparecer na sua frente.

Akemi lançou um último olhar a Aya e começou a se afastar.

–Espere! - Aya gritou, agarrando o pulso da amiga. Akemi tinha visto Hideki e ela naquela tarde, só podia ser isso. Mas, para o desespero de Aya, ela havia interpretado errado o que aconteceu! Aya tinha que esclarecer isso antes que a amiga sumisse de sua frente.

–Não há nada entre eu e o Tadashi-kun! Hoje ele só estava falando comigo que estava preocupado com você e que queria te ajudar. Aquele abraço não foi nada!

A garota a empurrou para trás, fazendo Aya cair no chão.

–Isso não me interessa mais. Suas palavras não vão mudar o que vi.

Dizendo isto, Akemi deu-lhe as costas e caminhou até desaparecer no horizonte.

Aya foi atrás da amiga, porém, por mais que corresse e gritasse por ela, Aya não foi capaz de alcançá-la.

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Capítulo 14 - Refúgio

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Na escola, em casa ou nos sonhos de Aya. Akemi não estava mais em lugar nenhum.

Ela desaparecera da vida de Aya - exatamente como dissera.

Depois de três exaustivos dias de busca, a garota não sabia mais o que fazer. Quando a solidão tomou conta de Aya, foi ao passado que ela quis voltar. Akemi tinha entendido errado! Seria pedir demais conseguir encontrar a amiga e esclarecer tudo com ela?!

Debaixo do pessegueiro em que as duas estiveram alguns dias antes, a menina se escondeu do mundo. Ali era seu único refúgio que restava.

–Sinto a solidão tomar conta de você - uma voz surgiu de repente.

Aya foi tirada de seus pensamentos.

–Q-quem está aí?

Um leve movimento na grama revelou o dono daquela voz.

– Kyubey!

A criatura gato-coelho de aproximou da menina.

–Você quer ver Akemi, não é?

–Sim... - a menina sussurrou, baixando os olhos.

–Se você se tornar uma garota mágica poderá vê-la.

Aya prendeu a respiração. Uma parte dela ficou encantada com aquelas palavras, mas a outra permanecia presa numa indecisão sem resposta.

–Quanto mais você demorar a responder, mais sua amiga se esquecerá de você.

–Se esquecer de mim? - Aya sentiu que iria desabar ali - Não... Akemi não faria isso.

“Eu quero vê-la”, seu coração dizia. Era hora de fazer sua escolha, antes que o fim finalmente chegasse.

–Muito bem - a menina levantou-se. Aya enfim percebeu que escolha tinha que seguir - Me torne uma garota mágica.

–Qual seu desejo mais profundo? - os olhos de Kyubey ganharam um vermelho tão vivo quanto o sangue.

– Akemi sofreu e se sentiu enganada por minha causa. Quero consertar isso. Vou voltar a ser amiga dela, e não é um mal entendido que vai acabar com tudo. Kyubey, meu desejo é ser aquela capaz de devolver a felicidade para Akemi.

Dito isso, Aya sentiu uma sensação estranha no peito - era como se algo fosse arrancado dela. Diante da súbita dor, a garota fechou os olhos.

“Akemi, eu estou chegando.”

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Capítulo 15 - Sentimentos

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Quando abriu os olhos novamente, Aya estava numa praia deserta, onde o pôr-do-sol tomava conta do horizonte. Ela caminhou sobre a areia e sentiu seus pés serem aquecidos por aqueles finos grãos. O som do mar soava como uma música doce em seus ouvidos.

Perto de algumas pedras ao longe, a garota viu um movimento atrair seus olhos. Ela não pensou duas vezes antes de correr até lá.

–Akemi! - Aya gritou, num misto de alegria e saudade.

Akemi, encostada nas pedras, encolheu-se ainda mais ao ouvir seu nome.

Aya ajoelhou-se ao seu lado.

–O que aconteceu com você? - ela disse, com lágrimas lhe cobrindo os olhos.

–Só uma bruxa um pouco irritante demais.

Aya abriu um pequeno sorriso e esfregou os olhos. Mesmo naquele estado e depois de tudo que acontecera, Akemi não tinha perdido seu senso de humor.

Olhando para a amiga, Aya via que o corpo dela estava esgotado.

–Quantas bruxas você enfrentou desde que se tornou uma garota mágica?

–Muitas. - Akemi fechou os olhos, como se começasse a lembrar dos detalhes de cada batalha.

–Você parece estar exausta.

Akemi virou levemente a cabeça em direção a amiga e abriu os olhos. Uma escuridão tomou conta daquele olhar.

–Exausta?

Aya mordeu o lábio, sem saber o que dizer

– Dor, sofrimento, alegria, tristeza, saudade... eu não sinto mais isso. Não sinto mais nada.

Aya piscou sem entender.

–Como assim...?

–Sabe qual foi meu pedido para o Kyubey, Aya? - A garota perguntou, encarando-a.

Ela sacudiu negativamente a cabeça.

–Não ter mais sentimentos, não sentir mais nada. Foi isso que pedi. Uma batalha não me machuca, uma ferida não dói. Eu quase já me esqueci por completo o que é sentir essas coisas.

–Mas isso é muito... cruel - a voz de Aya saiu refletindo o assombro e o medo.

–Isso também não significa nada para mim agora.

–Por que você fez isso, Akemi!!? - Aya gritou liberando toda a fúria que estava escondida dentro dela. Jamais ela pensaria que a amiga teria escolhido um desejo tão terrível assim.

Vendo que não teria nenhuma resposta, Aya baixou os olhos para o chão. Mesmo tendo se tornado uma garota mágica, diante daquelas palavras, ela se sentia inútil.

–E a nossa amizade, ainda significa algo pra você?

–Como eu disse - Akemi já parecia cansada de ficar repetindo sempre a mesma coisa - Esse sentimento não faz parte mais do meu mundo. Uma amizade não significa mais nada para mim.