O que eu escrevi sobre você. escrita por meudescontraste


Capítulo 1
O que você nunca vai ler.




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Desculpe-me, eu sinto muito por isso.

Eu sei que eu não tenho motivos para me desculpar, mas existe algo em mim, que sempre que eu deixo uma pessoa triste, eu me sinto culpada. Não é como se eu não soubesse que o culpado de tudo isso fosse você, mas eu me sinto errada por estar abrindo mão de tudo assim, tão fácil.

A verdade é que eu sei que você é um erro. Eu sei que é um problema, como na música I knew you were touble de Taylor Swfit. Só que estou fugindo, estou fugindo antes que possa fazer parte desses seus joguinhos e mergulhar em um mar de incertezas que é me apaixonar por você.

É incrível quando eu sei que está mentindo, porque você não olha para os meus olhos. Mas também sei quando está sentindo, e é no momento que me encara e aquelas órbitas negras parecem um céu em negritude ao invés do buraco negro que suga todo vestígio de sua luz, dos momentos que você não sente nada. E se você está sentindo algo, é porque tem alguma coisa a esconder.

O que me mata é que eu pergunto o que está acontecendo, o que está passando pela sua cabeça, e você nega, diz que não é nada. Eu não tenho condições de me abrir para alguém que é praticamente um estranho. Quem é você?

Como é que uma pessoa um dia me olha como se eu fosse sua vida, e no dia seguinte mal me dá um bom dia? O que eu faço com a facada que levo toda vez que te espero na hora da saída e você passa por mim indo em direção ao portão? E aqueles palavrões! Meu Deus, para de xingar perto de mim, para de falar tanta merda. Eu queria poder entender porque até ontem você estava de joelhos recebendo meu cafuné e no dia seguinte eu te envolvo com meus braços e você permanece estático.

Rodrigo Andrade, eu sempre gostei do seu nome, por isso sempre o pronunciava para as pessoas próximas: "Eu não posso, vou ali com Rodrigo Andrade"

Andrade.

Eu nunca imaginaria que estaria aqui, escrevendo isso, para entender o que está passando dentro de mim. Porque, de alguma forma, terminar contigo está me matando. Acho que é alguma parte minha, alguma parte de mim da sexta feira retrasada, que continua viva, reprimida na minha alma cheia de cicatrizes. Na sexta feira em que mesmo você querendo me afogar na sua precipitação, conseguiu fazer com que eu me apaixonasse de novo. Quando eu estava deitada contigo, esfregando minha meia em seu pé, e seu rosto estava abaixado sentindo meu perfume.

"Você é linda" eu ouvi você sussurrar e senti, o que eu senti pela primeira vez que havia me apaixonado por você, há um ano atrás. Senti como se seu sorriso fosse a escapatória de todas as minhas dores. E eu toquei em sua boca, invencível, porque se eu quisesse me erguer, em qualquer momento eu sentira a textura de seus lábios. E eu o fiz, o beijei várias vezes. E ao sentir seu corpo quente próximo ao meu, notei que a quentura reascendia uma chama já apagada em meu peito.

Eu lembro o quanto eu estava radiante no ponto de ônibus, com você brincando comigo, e eu tentando te forçar a sentir o gosto do pirulito de cereja. Nos beijamos e eu nem sabia que era uma das últimas vezes, seus lábios nos meus, com o gosto doce da bala.

Eu subi no ônibus, mal olhei para trás e pensei que há alguns segundos tínhamos nos beijados sem saber que o ônibus passaria em breve e aquele seria o último beijo. Como a vida é imprevisível. Tão imprevisível, que de fato, se não fosse os dois breves selinhos dados na escola, aquele seria o último beijos de nossas vidas.

Uma parte dentro de mim chora porque eu sei que existe uma parte boa em você, o Andrade que eu dei a chance no dia que veio à minha casa. Uma parte de mim chora por causa desse cara que colocou minha mão sobre o peito dele para eu ver o efeito que fazia em seu corpo. Mas nada é mais gritante do que meu lado racional. E eu sei, Rodrigo, que eu não posso arriscar. Não posso alimentar esse sentimento com mais pirulitos com sabor de fruta.

Meu coração já foi machucado demais em outros tempos, e eu não posso entregar de bandeja para alguém como você.

Alguém tão incerto.

Eu sinto muito, eu sinto por você, por mim, pelo o que seria de nós dois.

Mas eu estou certa no que quero.

E eu quero me proteger, ainda enquanto posso.


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