Mentiras. Até que ponto elas são capazes de corromper alguém? De as tornarem diferentes do que costumavam ser? Ryan havia chegado a um ponto em que nem ele mesmo podia se reconhecer. Os últimos anos haviam sido os mais difíceis de sua vida. A todo momento ele esperava pelo pior, ser feliz e levar uma vida normal nunca foi uma opção para ele. Agora, Ryan sabia perfeitamente o porquê disso, ele não nasceu para viver como uma pessoa normal.

Quando enfim, pensasse que encontrou seu lugar no mundo, um lugar onde poderia viver tranquilamente e amar e ser amado, um furacão surgiria e arrancaria tudo aquilo que ele construiu. Mas neste caso ele mesmo tinha se tornado este furacão, ele destruiu com suas próprias mãos aquilo que construiu.

Enganando as pessoas mais próximas, inclusive a mulher que amava. Ele sempre pediu para que Kate confiasse nele, mas ele nunca se permitiu confiar nela. Vivendo como um lobo solitário, confiava unicamente nele, esse havia sido seu maior erro.

A brisa fria de inverno movia vagarosamente seus cabelos, enquanto o céu tornava-se cada vez mais cinzento. Ryan deixou que a arma que carregava caísse no chão, sob o sangue das dezenas de corpos espalhados na velha e deserta estrada. Seu coração estava tão vazio quanto antes, porém ele só encontrava paz quando tirava uma vida, por muito tempo ele tentou fugir e se esconder do que ele realmente era. Por mais que ele quisesse não podia se enganar, ele sempre foi e sempre será um assassino. Kate havia sido uma tola de o considerar um herói.

A mulher de longos cabelos negros e pele alva aproximou-se dele, com um sorriso de satisfação estampado nos lábios vermelhos. Ela deslizou sua mão sob o rosto de Ryan que ainda mantinha o olhar para os cadáveres diante dele, fazer aquilo não era tão fácil quanto antes mas era mais forte que ele.

— Muito bem, querido! Com o tempo se tornará mais fácil. — murmurou ela com contentamento.

— Até quando isso vai durar? — indagou ele a olhando com rancor. A mulher deu um amplo sorriso ao ver a irritação no rosto do rapaz e o tocou no queixo o fazendo encará-la.

— Até você morrer, queridinho! Não há escapatória. Você é amaldiçoado e todos que se aproximam de vocês acabam morrendo, Walker. — Ryan afastou-se dela e fitou por uma última vez suas mais recentes vítimas. Ele passou a mão pelos cabelos, ansiando poder dar um tiro em sua cabeça e acabar de uma vez por todas com aquilo mas se ele o fizesse, provocaria a morte de mais pessoas. Lágrimas vieram aos seus olhos mas ele não se permitiria chorar, agora ele era um monstro. E monstros não possuem coração.