Aurora passou a noite toda arrumando o alojamento, organizando algumas roupas polindo suas flechas e seu bracelete. Quando eram aproximadamente quaro horas da manhã, ela foi até a cachoeira e tomou um banho para relaxar, apesar de estar frio ela se sentiu muito mais calma. Ao sair se enrolou em uma toalha e viu sua loba se aproximando.

Os olhos de Aurora encheram-se de lágrimas, ela se agachou e começou a fazer carinho em sua loba. Lupa parecia sentir que havia algo de errado com a sua e dona e tentou ao máximo conforta-la.

(Aurora chorando)– Muito obrigada por ter ficado ao meu lado durante todos esses anos. Fique bem Lupa, você será pra sempre a minha companheira.

A loba lambeu a testa de Aurora, o que fez a Caçadora sorrir. Mas ao mesmo tempo as lágrimas teimavam em cessar.

Enquanto isso na sala do mestre, todos estavam reunidos para discutir a estratégia que iriam usar no dia de amanhã. Os cavaleiros se encontravam enfileirados dos dois lados, a cadeira do Grande Mestre estava vazia e dos lados dela se encontravam Atena e Ártemis.

(Mu) - Vocês viram a Aurora? Não a vejo desde ontem.

(Milo)– Também não a vi, estou ficando preocupado. Nos últimos dias ela me parece um pouco atordoada e sobrecarregada.

(Aldebaran)– Eu também percebi isso, mas ela é durona não vai deixar essas pequenas coisas a atrapalharem.

(Saga)– Tem razão Aldebaran, acredito que ela ficará bem.

Em um canto da sala, Shunrei estava conversando com Kiki. Então o discípulo de Mu percebe que a chinesa começou a ficar pálida. Shiryu, que também percebeu, correu e se aproximou de sua namorada.

(Shiryu preocupado)– Shunrei você está bem?

(Shunrei confusa)– Não Shiryu, uma sensação de angústia me invadiu. É como se uma coisa horrível fosse acontecer, não sei o que é isso. Mas sei que o que estou sentindo é muito forte.

(Shiryu acalmando-a)– Se acalme Shunrei, tudo vai ficar bem. Todos nós estamos preparados para essa batalha. Não precisa se preocupar.

Shunrei forçou um sorriso, mas não conseguia esconder a sensação angustiante e o pressentimento de que algo horrível iria acontecer.

O dia se passou sem muita agitação. O Santuário que ultimamente se mostrava tão alegre e descontraído, agora estava sério e com um tom sóbrio e de ansiedade. Os cavaleiros não saíram da sala do mestre e agora as Caçadoras se juntaram e ficaram ao lado de Ártemis, que aparentava estar nervosa.

(Ártemis preocupada) - Onde Aurora está, não a vejo faz tempo. Não me deixa tranquila o fato de Ares estar atrás dela e de ela não estar aqui.

(Ariel)– Por favor se acalme Minha Senhora, daqui a pouco ela aparecer. Fique tranquila.

(Ártemis atenta) - Espere.... estou sentindo o cosmo dela. Ela está se aproximando.

Não demorou muito para que as portas da sala do Mestre se abrissem, de fato era Aurora. Porém sua expressão era muito diferente da habitual, ela estava com um corpete de renda branco, uma saia longa marrom, sandálias de tiras e seu bracelete de Tenente. Seus cabelos permaneciam ondulados, porém seus olhos se encontravam vermelhos devido as lágrimas, que pareciam estar tentadas a cair.

A sala se calou, todos olhavam para a moça que parecia estar muito abalada com algo que só ela poderia saber. Aurora caminhou pelo tapete da sala do Grande Mestre e os cavaleiros que se encontravam enfileirados a olhavam com preocupação. Mas o que Aurora fez surpreendeu a todos.

A Caçadora caminhou em direção a Ártemis e quando ficou em frente a deusa, ela se ajoelhou. A expressão nos olhos de Ártemis era de choque e confusão, os demais aparentavam a mesma reação. Saori percebeu que uma lágrima pingou do rosto da Tente, apesar de não poder ver o seu rosto, que estava coberto pelos seus cabelos. Saori sabia que ela estava chorando.

(Aurora em um tom sereno) - Minha Mestra, eu não sei como agradecer por tudo o que a senhora fez por mim e por tudo que me ensinou. Eu peço que me perdoe por qualquer erro que eu tenha cometida, quero que saiba que eu tentei ser a melhor Tenente que você já teve. Eu sempre serei fiel a você. E nunca se esqueça de uma coisa, meu corpo sempre será o seu escudo.

(Ártemis em choque)– Aurora.... você, nunca fez nada de errado. Mas por que....

Aurora se levantou, seus olhos estavam úmidos devido as lágrimas. Mas esboçou um leve sorriso para sua Mestra, em seguida ela se voltou para as Caçadoras e sorriu.

(Aurora)– Foi uma honra estar ao lado de vocês em vários momentos, quero que saibam que eu me orgulho muito de vocês.

As demais Caçadoras afirmaram com a cabeça. Em seguida Aurora se aproximou de Ariel e cochichou em seu ouvido de modo que só ela poderia ouvir.

(Aurora cochichando)– Lembre-se que eu te disse que teria que ser forte? Pois bem, o momento se aproxima e eu confio em você para lidera-las. Seja corajosa, sei que é capaz.

Aurora se afastou de Ariel, que sentia seu coração acelerar. A Tenente por fim voltou-se para Atena e seus cavaleiros e não conseguiu esconder um sorriso.

(Aurora)– Eu aprendi muito com vocês e cada um de vocês tem valores incríveis. A coragem que existe dentro de seus corações me inspira. Os momentos em que passei ajudando vocês foram muito prazerosos. Muito obrigada por tudo.

Aurora então olhou uma última vez para as pessoas presentes e começou a caminhar em direção a saída do templo, mas quando pisou no primeiro degrau, sentiu alguém segurando seu pulso. Quando se virou viu que era Shaka.

(Shaka preocupado)– Aurora o que está acontecendo? O que foi aquilo lá dentro?

Porém Aurora apenas sorriu, segurou nas mãos do Cavaleiro de Virgem e depositou um beijo em sua testa. Shaka percebeu que as mãos delas estavam frias e o rosto molhado pelas lágrimas. Ele tocou com delicadeza o rosto de Aurora para enxugar suas lágrimas e depositou o dedo em cima da cicatriz, ocasionada em um dos passeios pela floresta.

(Aurora sorrindo)– Quando eu olho pra você, eu não vejo o Homem mais próximo de Deus, eu vejo o meu amigo e o meu companheiro. Eu vejo em seus olhos as lembranças que tive com você, vejo a serenidade, a paz...

Aurora não conseguiu terminar de falar pois começou a chorar. Shaka que já estava preocupado, tentou saber o que estava acontecendo.

(Shaka)– Por favor Aurora, me conte o que está acontecendo. Por que está me dizendo essas coisas?

Aurora separou suas mãos e se afastou. Secou sua lágrimas com as costas das mãos e por fim disse.

(Aurora séria)– Pois tenho medo de não ter outra oportunidade de lhe dizer isso.

Ela então começou a descer as escadas sem olhar para trás. Apenas olhou para o céu e percebeu que o por do sol se aproximava. Tinha que estar no bosque daqui a pouco.

Na sala do mestre todos estavam confusos com o que acabou de acontecer.

(Afrodite confuso)– O que foi que acabou de acontecer aqui?

(Camus) - A sua voz era serena, mas ao mesmo tempo parecia angustiante.

Ikki que estava calado de repente se pronunciou.

(Ikki)– Já estive no inferno muitas vezes e de uma coisa eu tenho certeza. Aurora estava se despedindo.

Isso fez com que um arrepio subisse na espinha de todos.

(Mirella) - Mas se despedir de que? Como assim?

(Ikki) - Do que eu realmente não sei. Mas ela falava de um jeito que parecia que não iria nos ver por muito tempo.

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Enquanto isso no bosque, Aurora tinha acabado de chegar perto da cachoeira e se deparou com uma mulher. Ela estava vestindo um vestido longo preto, possuía a pele muito branca, os olhos cinzentos que estavam emoldurados em uma maquiagem pesada e estava segura uma foice.

– Olá Aurora, é bom finalmente conhecer você. Eu sou a Morte.

Aurora arregalou os olhos e sentiu seu coração acelerar. Como assim essa mulher era a Morte?

(Morte)– Se acalme, eu não estou aqui para te fazer mal algum. Na verdade, estou aqui para te ajudar.

(Aurora hesitante) - Como você vai poder me ajudar?

(Morte) - Aconselho você a se sentar, pois temos muito o que conversar.

Aurora meio relutante obedeceu a mulher que dizia ser a Morte e sentou - se a seu lado.

(Morte)– Eu sou um dos Guardiões, mais precisamente sou a sexta. Mas não estou a mando de Ares, estou aqui para te contar o que você está causando em nós Guardiões.

(Aurora confusa)– Como assim?

(Morte)– Nós estamos preso a Ares, não queremos servi-lo, mas somos obrigados. Porém você vem causando em nós um desejo de esperança e de paz. Você fez Ira pedir perdão perante a você e fez o Sofrimento ter o desejo de sorrir. Mas Ares não está gostando disso, quando percebeu que Sofrimento estava se voltando contra ele, o matou sem piedade.

(Aurora em choque)– O que? O Sofrimento está morto?

(Morte)– Eu estava lá quando isso aconteceu e em seu leito de morte, suas últimas palavras foram o seu nome e a palavra '' Esperança ''. Estou acorrentada a ele e não posso me libertar a menos que ela o vença.

(Aurora)– Ela quem?

(Morte)– A Vitória, Nike. Ela é a sétima Guardiã, aquela que Ares nunca possuiu pois sempre esteve na posse de Atena. Ela precisa derrotar Ares e dessa forma eu poderei me libertar e poderá trazer paz a alma daqueles que se foram.

Aurora permaneceu quieta, agora o que a Ira havia lhe dito em seu leito de morte tinha sentido.

(Morte se levantando)– Você já tem todas as peças, com exceção de uma e esta eu irei lhe dar. Para ser mais precisa você já a tem, pois é uma lembrança. Mas ela está esquecida em sua mente e eu irei relembra-la.

A Morte estendeu seu braço e depositou na cabeça de Aurora. E foi como se uma luz muito forte a impedisse de enxergar.

Continua...