Félix pegou Niko em casa de carro. Foram ao cinema e depois jantar em um outro restaurante que não fosse o japonês.

Terminado o programa, Félix dirigiu até a casa de Niko e, ao invés de entrar direto na garagem conforme já era o hábito, ou estacionar ali em frente mesmo, pois Félix dormia noite sim, noite também na casa do Carneirinho, ele nem desligou o carro, Apenas parou e, com o motor ligado, destrancou as portas.

– Pronto já chegamos. Vai. Você vai dormir na sua cama hoje, e eu na minha.
– Não vai me dar nem um beijinho?
– Não. Vai, vai pra sua casa.
– Deixa de ser chato, Félix!
– Anda Niko, vai. Daqui uns dois dias a gente se fala.
– Não faz isso...
– Bicha burra... não tenho paciência.
– Para Félix! Quando você vai parar de me chamar de bicha burra?!
– Chamo sim! Onde já se viu... fazer a barba logo quando vai me encontrar! É o apocalipse!
– Não acredito, isso tudo por causa de uma barba?
– Eu falei pra você não tirar.
– Ai, Félix... você é tão... que coisa, eu quis fazer uma supresa, ficar diferente!
– Pintasse o cabelo de preto, colocasse uma lente azul, mas tirar a barba... ah nao, Niko...
– Félix, você parece uma criança birrenta!
– Daqui uns dois dias, quando crescer de novo você me procura.
– Quer saber? Pois não te procuro mais. Acabou. Fim.
– há há há, duvido criatura. Você não vive mais sem mim.
– Quer apostar? Ou melhor, quer apostar que quem não vive sem mim é você?
– Não me desafia, Niko, você vai ver o que eu faço e vai se espantar!
– Vem cá, eu vou te mostrar quem não vive sem quem aqui.
– Para Niko. Não vou te beijar.
– Vai sim, vem cá.
– Não quero, sem barba não.
– Vem Félix me beija...
– Não fala com essa voz Niko, é golpe baixo.
– Vem.. Félix... me... beija...humm..vem...
– Ah Niko... não... não quero...
– Olha como ta lisinho meu rosto, sente... é só uns dias Félix...
Niko foi aproximando-se até encostar o rosto no namorado.
– Tá lisinho mesmo... ...
Félix não mais oferecia resistência, então o Carneirinho o beijou.
– Ai, Niko... isso é... é covardia....
Niko aprofundou o beijo e continuou beijando-o por longos segundos apaixonadamente. Até que, sensualmente, disse:
– Gostou?
– Tá, confesso... gostei. - Félix, totalmente rendido, admitiu.
– Então boa noite, tou indo dormir na minha cama.
Niko então afastou-se de uma vez só e ameaçou sair do carro. Mas antes que conseguisse abrir a porta, Félix o agarrou pelo braço.
– Ei, não... fica mais um pouquinho.
– Agora voce quer que eu fique, né?
– Carneirinho...
– Hã?
– Posso dormir aqui hoje?
– Tem certeza, que quer dormir comigo sem barba? Agora você quer?
– Desculpe...
– Venhamos e convenhamos, Félix, você ficou quase a noite toda emburrado por causa de uma bobagem!
– Bobagem não... eu gosto da sua barba.
– Chato! Você é um chato.
– Eu sou assim né... sou chato mesmo... mas vai, deixa eu ficar? Hein? Diz que sim? Olha, eu faço até biquinho. Carinha de pidão que aprendi com você... hein, deixa? kkk
– Ai, Félix... o que eu faço com você hein?
– Você sabe o que fazer... e sabe fazer direitinho...
Então trocaram mais um beijo, enquanto mãos atrevidas foram buscar os lugares os quais já estavam acostumadas a visitar. Finalmente aconteceu o que ambos já sabiam que ia acontecer: foi decretado que Félix ia sim dormir ali naquela casa naquela noite.
– Tá bom! Entra aí na garagem. Vem dormir comigo.
– Entro sim, primeiro na garagem... depois...
– Félix!
– E vamos combinar que não é bem pra dormir que você me quer...
– Claro que não. Essa é a maior prova de que eu não sou bicha burra, tá?
– Você ganhou a aposta, Niko. Eu não vivo mesmo sem você.
– Não Félix, não ganhei nem perdi. Porque a verdade é que nenhum de nós vive sem o outro.
Trocaram mais um beijo ali dentro do carro.
– Carneirinho... para ficar tudo mais perfeito ainda... não tira mais a barba, tá?
– Tá bom Félix.
– Promete?
– Prometo.
– Mete?
– Oi?
Félix não disse nada, apenas riu. Deu tempo para o Carneirinho entender o que ele queria dizer. Claro que Niko entendeu.
– Meto, Félix.
– Adoooroooo
– Meto, também! Que fique claro isso, hein! Anda, vamos que tá frio. - Niko finalmente abriu a porta do carro.
Os dois deixaram o veículo e foram pra dentro da casa. Enquanto o diálogo prosseguia.
– Tá sentindo frio porque fez a barba, se não tivesse tirado, estava mais quentinho...
– Ai, Félix nada a ver...
– Tudo a ver... bicha burra...
– Para Félix!
– bééé bééé
– Paraaa!
– Não grita, olha as crianças dormindo!
– Ai, Félix... você...
– Anda, anda, Niko... anda que tou pegando fogo...
– Félix...

Finalmente chegaram no quarto e trancaram a porta.

.... Fim da cena.......