A Proposta escrita por Larissa Carvalho


Capítulo 9
All I Want


Notas iniciais do capítulo

Olá meu lindos, segue mais um capitulo.
Amei os comentários que eu recebi do capitulo anterior. O próximo é do ponto de vista do nosso Dimitri. Boa leitura.

All I Want – Kodaline



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Dois anos antes...

Abri a porta buscando por silencio. Os seguranças não tinham me visto então eu não tive problema em pular o portão de ferro da minha casa com aquele vestido cheio de panos. Era a melhor parte das danças que Karp me ensinou no acampamento, mas nunca dava tempo de colocar as minhas roupas normais e correr pra casa.

Apertei ainda mais a minha calça jeans embolada em uma de minhas mãos e pedi mentalmente para que aquela quantidade de sininhos no meu vestido não fizesse nenhum barulho capaz de fazer Janine Hathaway descer as escadas atrás de mim. Eu estaria no meu quarto, Alberta não falaria nada e meu pai nem ligava para isso. Eu tinha tudo ao meu favor para a droga de um sininho estragar tudo.

Fui na ponta dos pés até a minha sala. Ai eu poderia tirar aquele vestido e colocar minha calça, subir para o meu quarto e colocar o vestido debaixo do colchão.

Estava escuro, mas foi pior ascender às luzes e quase estragar tudo com um grito. Meu coração estava disparado e a minha calça jeans estava jogada em algum canto que eu desconhecia. Finalmente encarei a minha frente novamente e vi a face divertida de Dimitri. Ele ainda estava jogado no meu sofá com um de seus livros estúpidos de faroeste. Eu refiz a minha carranca tentando não mata-lo.

– Quer me matar? – sussurrei. Ele sorriu fechando seu livro.

– Não seria uma má ideia. – ele respirou fundo e levantou-se. – Mas seu pai vai fazer isso por mim amanha quando eu contra como encontrei a filinha dele. – disse. Eu revirei os olhos. Cruzei meus braços na frente do meu peito.

– Como você me encontrou? – perguntei irônica.

– Às três e meia da manha, relutando para não acordá-los e vestida como se viesse de uma festa a fantasia.

Droga, Rose! Ele não pode saber sobre o acampamento. – pensei. – Minta Rose, você consegue. Você é boa nisso.

– É. – confirmei ainda tremula. – Eu fui a uma festa a fantasia com a Karp. Satisfeito? – eu descruzei meus braços e tentei recuperar a minha calça jeans perto da lareira. Ele ainda me estudava.

– Está mentindo. – sussurrou. – Como ainda pode ter coragem de mentir Hathaway.

Algo em mim ferveu.

– Vai se danar. – falei. Ignorei o sorriso que se formava no seu rosto e corri até as escadas, mal me importando com os sininhos da roupa...

Atualmente...

– Isso mesmo, Rose. – disse Sonya enquanto coloca aquela luz irritante em meus olhos. – Acompanhe a luz.

– Se eu acompanhar a luz, você vai sentir minha falta. – ela revirou os olhos.

Minha cabeça estava doendo.

Meu estava corpo doendo.

Meu joelho estava ralado. Droga de vestido.

Eu tinha acabado de acordar. Sonya estava com os olhos vermelhos assim com os de Lissa e de Olena, que já tinha levado Vikka pra casa. Ela teve apenas alguns arranhões.

Meu pai saiu do quarto que eu estava, gritando com os seguranças da casa do lago por telefone. Senti pena deles. Afinal eu provoquei aquilo tudo. Dimitri estudava as minhas reações para com a luzinha de Sonya, igualmente preocupado.

Lissa assim que acordei me disse que ele não tinha saído do meu lado. Parece que eu desmaiei na estrada e Vikka ligou para Dimitri, que em minutos estava lá, com todos os seguranças possíveis. Lissa disse que ele não deixou meus pais entrarem. Ele queria estar quando eu acordasse e isso me surpreendeu depois de tudo que ele escutou.

Sonya também não tocou no assunto urgente que tanto queria que eu soubesse o que me preocupou ainda mais. Ela não diria nada até saber que eu estava devidamente recuperada. Meu pai estava definitivamente raivoso. Ele me olhou com raiva e com alivio. Eu ter saído da casa do lago àquela hora não foi um bom negocio e ter arrastado Vikka comigo, foi pior ainda.

– Está tudo bem, Rose. – falou Sonya guardando a sua luzinha. Eu suspirei de alivio e Dimitri fez o mesmo, sentando-se na cadeira ao lado da cama onde eu estava sentada. – Se lembra do dia do seu aniversário? – perguntou ainda me analisando.

– Claro que eu sei. – disse. – Eu fui a paciente mais gostosa desse hospital por dois meses e vocês simplesmente perderam a minha ficha? – Sonya gargalhou junto a Dimitri.

– Não Rose. – disse rolando os olhos enquanto eu ainda parecia indignada. – Só quero que fique de repouso. Sua cabeça deve estar doendo bastante.

Eu assenti e ela apenas colocou a mão no meu ombro.

– Obrigada por tudo Sonya. – disse Dimitri.

– Não tem o que agradecer. – falou. – Eu tenho outros pacientes. Eu volto amanha de manha. Agora descanse. – eu assenti e ela rapidamente foi até a porta, abriu-a, me estendeu mais um sorriso e foi embora. Deixando apenas eu, Dimitri e a culpa.

Eu fitei-o. Ele me estudava atentamente. Cheguei para trás e me encostei ao travesseiro posicionando-me melhor para uma conversa exaustiva. Eu tinha levado três pontos perto da minha sobrancelha, por um médico que me daria alta pela manha e que eu ainda não conhecia já que eu cheguei apagada no hospital e estava com sono, o que não era agradável, levando em consideração que odeio hospitais. E Dimitri sabia disso.

Encarei Dimitri.

– Tem noção de como eu fiquei quando cheguei naquela estrada e te vi desmaiada e com sangue no rosto? – sua pergunta parecia calma. – Eu pensei que tinha perdido você. Quando olhei aquele carro daquele jeito bem longe de vocês foi como um tiro Rose. Você ou a Vikka poderiam estar naquele carro...

– Mas eu não estava. – interrompi-o. – Nem ela.

Ele assentiu ainda tentando parecer calmo.

– Rose eu não posso perder você. – falou. Ele parecia desesperado e só agora eu pude repará-lo melhor. Ele tinha olheiras abaixo dos olhos. Eu senti meu coração apertar.

– Não vai. – menti. Ele ia me perder. Eu sentia isso.

– Se você continuar dando oportunidade ao destino acho meio difícil. – eu arfei.

– Dimitri eu não tinha o freio e também tinha um cheiro estranho. O carro estava estranho. Dessa vez não foi culpa minha.

– Eu sei. – falou. – Vikka contou tudo. Disse que se você não tivesse tido a ideia de pularem estariam mortas.

– Olena deve estar querendo me matar. – falei. Meu coração se apertou de novo.

– Na verdade, não. – falou. Eu me surpreendi. Eu fitei-o. – Obrigada. Por ter salvado a Vikka. – murmurou ainda encarando-me.

– É a minha nova meta. – retruquei brincando com meus dedos. – Salvar a todos que eu puder.

Eu o vi sorrir mais ainda tentava não encara-lo. Até suas mãos aparecerem no meu campo de visão e entrelaçar nossos dedos. Eu olhei para a minha aliança e pude ver a sua. Não era igual a minha, pois a minha era da mãe da Yeva, mas era de ouro. Ele disse que tinha as nossas iniciais, mas eu não me importei de ver.

Não dava para ser indiferente com Dimitri. Não quando eu ainda era completamente apaixonada por ele.

– Nós precisamos conversar. – eu disse. Fitando-o.

– Sim. – concordou. – Dissemos coisas que possam ter machucado demais um ao outro.

– Sim. – concordei. Eu disse.

– E você se importa que eu passe a noite aqui com você? – perguntou. Ele me encarou com seus olhos chocolate.

– Não. – respondi sem pensar. Seus olhos brilharam.

– Se importa de ser na mesma cama? – perguntou. Eu corei por alguns instantes e eu percebi seu sorriso cafajeste. Mas eu era Rose Hathaway e agora, depois de mais uma experiência de quase morte eu não ligava para mais nada. Eu o queria comigo e no sofá ao meu lado não era suficiente.

– Não. – ele se surpreendeu.

Eu me ajeitei para chegar para o lado e dar espaço pra aquele homem enorme deitar naquela cama de hospital comigo. Ela ia parecer o paraíso a noite toda. Tínhamos a promessa de ninguém entrar no quarto durante o resto da noite. Sonya tinha se encarregado disso, então Dimitri apenas tirou os sapatos e em poucos segundos já estava deitado ao meu lado aconchegando-me.

– Boa noite, Roza. – sussurrou alisando meus cabelos.

– Rose. – corrigi-o quase pegando no sono.

– Boa noite, Rose. – falou.

– Boa noite, camarada. – então a ultima coisa que ouvi foi o som de sua gargalhada.

Eu abri os olhos e aquela luz invadiu minha visão. Dimitri não estava mais ao meu lado e não sei há quanto tempo estava sozinha no quarto. Logo a enfermeira entrou me trazendo roupas limpas e me mostrando o banheiro.

Tomei um longo banho e quase chorei quando me lembrei da alta que levaria agora. Eu estava louca pela minha casa e não queria mais ficar aqui. Vesti aquela calça jeans e uma blusa de manga amarela. Procurei pelo meu casaco e só encontrei a jaqueta de Dimitri em cima do sofá. Peguei-a e a vesti.

O cheiro estava nela e logo estaria em mim. Eu suspirei ao sentar-me na cama novamente e pensar em como dormi com ele essa noite sem brigarmos ou termos uma conversa infantil. Eram só a Rose e o Dimitri. E algo dentro de mim pedia para que fosse sempre assim.

Estava quase sorrindo quando a porta foi aberta por alguém e eu voltei para a realidade. Apertei a minha mão no lençol quando finalmente visualizei o rosto que sorria para mim e fechava a porta do meu quarto de hospital. Mordi a boca para reprimir qualquer comentário indecente.

– Você deve ser a Srtª. Mazur. Certo? – perguntou. Eu apenas assenti. Estava completamente sem voz. Ele apenas sorriu aproximando-se de mim, estendendo a sua mão livre da prancheta. – Sou o Dr. Lorenzi. Mas gosto que me chamem de Luke.

– Também gosto que me tratem apenas por Rose. – ele gargalhou. Nossa, ele tem um sorriso lindo.

– Tudo bem, Rose. – falou. – Me deixa ver o que temos. – ele se aproximou de mim colocando a prancheta ao meu lado na cama e levantando meu rosto para analisar o corte na minha testa. A sensação de suas mãos no meu rosto era boa.

Eu consegui observá-lo nesse curto período. Ele tinha cabelos castanhos e curtos, seus olhos eram verdes e sua pele branca. Algo nele me deixou hipnotizada. Algo nele me chamou tanta atenção como jamais chamara em Jesse.

Ele terminou de analisar meu corte e se afastou pegando novamente a prancheta.

– Eu a atendi ontem. – falou. – Também dei os seus pontos. Está tudo sobre controle se quiser ir para casa, Rose. Só precisa fazer um pouco de repouso e voltar na semana que vem. – ele parou suas anotações e me encarou. Eu ainda parecia uma idiota olhando-o como uma garotinha de 15 anos vendo seu primeiro amor.

– Ah... Claro... Obrigada. – gaguejei. Ele sorriu.

– Sabe Rose, você teve bastante sorte. O carro explodiu depois que vocês saltaram.

– Eu sei. Eu consegui ver.

– Por que não toma um café comigo um dia desses? Soube que a Karp é a sua prima. – falou. Claro que eu tomo o café com você.

– Sim. – respondi depois de muito tempo observando-o. – Quer dizer, sim a Sonya é a minha prima. Mas sim se você quiser tomar o café. Não que o primeiro sim fosse uma esnobada para a sua primeira pergunta... É que... – eu me interrompi antes de concluir o raciocínio confuso. Ele gargalhou.

– Confusão mental pós-acidente. – ele gargalhou novamente. – Eu entendo completamente. – eu assenti aliviada.

– Eu tenho seu telefone de qualquer jeito. – falou. – Eu te ligo. – eu o encarei confusa e ele apenas sorriu andando até a porta. – Fichas de hospital são ótimas. – entendimento passou por mim e eu finalmente sorri.

– Eu vou esperar. – murmurei.

Ele sorriu mais uma vez e fechou a porta. Mal me dei conta, mas tinha levado alta e flertado com o medico ao mesmo tempo. Eu amei tudo isso. Definitivamente amei.

Dimitri, Rose. Dimitri. – pensei.

Eu poderia tomar um café com um amigo. Afinal, era um amigo. Ele não tinha reparado que eu tinha uma aliança no meu dedo então não via nada demais. Dimitri flertava com a ex o tempo todo. Eu também podia.

Depois disso foi tudo a mesma coisa. Dimitri me levou para casa e meu pai pegou o exame sobre o carro. O freio tinha sido cortado e tinham sabotado muito mais coisas nele. Ia explodir de qualquer jeito.

Eu e Dimitri não deixamos de pensar que Natasha e Jesse tinham algo haver com aquilo, mas ainda não tínhamos provas para conseguir expulsá-los do jogo. Cristian e Lissa estavam do nosso lado e era isso o importante. Pelo menos agora.

Depois de uma semana eu voltei ao hospital para tirar os pontos, mas foi Sonya quem tirou. Luke tinha ido a uma reunião em Nova York e eu me senti triste por não vê-lo.

Não contei a ninguém sobre ele, nem mesmo Lissa, mas nos falamos sempre agora que eu passava mais tempo em casa sem fazer nada. Meu celular só tinha chamada de Luke.

Dimitri estava ocupado com algumas coisas da faculdade e do estágio na empresa e minha mãe, Olena e Tatiana com as coisas do meu casamento. Não agradou muito a ideia e fazer tudo no galpão da casa do lago, que estava reformado, mas elas me ouviram finalmente.

O vestido de Lissa estava em construção com uma das melhores costureiras de Montana e as joias que eu ia usar, estavam nas mãos de Kirova. Eu só tinha que me preocupar em dizer sim. Lissa me fazia companhia direto, mas sempre que chegava da escola, se animava quando via fotos de penteados e lugares para a lua de mel.

Eu não via Dimitri desde o dia em que ele me trouxe do hospital para casa. Vikka às vezes vinha com Olena e me deixava a par da situação dele. Ela dizia que Dimitri estava focado trabalho da empresa e da faculdade. Ele ficaria três meses longe de Nova York por causa do casamento e tinha que fazer por onde para que a faculdade continuasse deixando-o estudar a distancia durante todo esse tempo.

A minha formatura tinha se antecipado um mês e meu aniversário era daqui a dois dias. Eu ia fazer 18 e meu pai ia me dar de presente todo o seu império. Como eu estava todos esses dias no meu quarto, ninguém tentou me matar, o que não era ruim. Ficar viva é muito bom.

***

Meu celular foi o próximo atentado contra mim, mas especificamente, contra meu maravilhoso sono com um modelo gostoso passando protetor solar nas minhas costas. E nossa, ele estava descendo aquela mão.

Abri meus olhos, pronta para matar alguém, mas o nome no visor me fez abrir um sorriso e jogar as coberta para longe. Nunca fiquei tão feliz por alguém me acordar. Nem mesmo Dimitri e sua mania irritante de fazer ligações em meio à madrugada para saber se eu estava respirando. Se continuasse assim, ele seria quem pararia de respirar.

Toquei na tela e sorri ainda mais ao escutar aquela voz que me fez esquecer de tudo. Do atentado, do casamento, de Dimitri...

Espero que sua voz seja mais linda de manha. – falou. Eu suspirei sentando-me na cama.

– Ficaria decepcionado se não fosse? – perguntei. Ele sorriu do outro lado. E caramba... Ele tinha um som lindo com aquele sorriso.

Você nunca me deixaria decepcionado Hathaway. – eu sorri.

– Então, ligou por quê? – perguntei com a voz mais doce que eu consegui.

Porque eu espero que ainda não tenha almoçado. – falou. – Quero te convidar para almoçar comigo.

Não teria que ser um jantar? Assim ficaria bem mais atrevida para fazê-lo babar.

– Não gostaria de um jantar? – perguntei. Ele ficou mudo por um tempo.

Sinto muito. Eu também pensei nisso, mas eu tenho um plantão hoje.

Eu fiz carranca.

– Podemos almoçar. Você passa aqui em casa.

Fechado. Passo em uma hora. Até lá. – falou.

– Até. – disse antes de desligar.

Eu só tinha uma hora. Uma hora para deixa-lo babando.

O almoço com Luke foi maravilhoso. Eu nunca estive com uma pessoa tão engraçada, inteligente e tão quente ao ponto de ser proibido para menores de 18 anos. Opa. Acho que descrevi Dimitri.

Luke me deixou em casa depois de quase cumprir sua promessa de jantar comigo. Ficamos todo o tempo conversando, tomando sorvete e nos divertindo. Eu queria ficar mais tempo com ele. Luke foi à única coisa verdadeira que aconteceu na minha vida até agora.

Eu pensava que o amor de Dimitri era. E acredite eu quase acreditava às vezes. Mais eu queria outras opções e quando aquele cara entrou no meu quarto de hospital, vestido de branco e com uma beleza diferente da que meu olhar estava habituado eu senti um recomeço para a minha sanidade.

Dimitri nunca ia me deixar em paz, mas talvez eu não precise de paz. Só precise da esperança de ter alguém me amando sem que meu coração desconfie. Eu ainda amava Dimitri mais que tudo. Porém Luke era o caminho para daqui à um ano ou mais, quando eu e Dimitri nos divorciarmos. Ele era a minha opção.

Abri a porta da minha casa e fui até a sala. Minha mãe estava lá, com dois panos em cada uma de suas mãos, observando-os. Olhei para a lareira acesa e me aproximei com a intenção de chamar a atenção dela.

– Sabe... – começou. – Dimitri estava em casa hoje e Lissa com Cristian.

Eu me senti impotente por alguns minutos. Ela estava perguntando de uma maneira educada e sem contato visual onde eu estava?

– Pergunta logo. – ela suspirou, levando as amostras de panos até o colo e se reconfortando melhor no sofá com toda a sua barriga.

– Você estava sozinha? – ela parecia receosa, enquanto eu permanecia calma.

– Não. – falei. Ela arregalou os olhos. – Estava com um amigo. – ela se mostrou mais tensa.

– Rose, Dimitri e você estão noivos, não pode fazer isso com ele.

– Mãe. – ela me encarou. – Amigo. – repeti. Ela pareceu mais calma.

– Não faça nada estúpido. – rosnou.

– Porque todos adoram me falar isso? – perguntei. Ela retrucou alguma coisa, mas eu apenas dei as costas e sai dali.

Subi as escadas e fui até meu quarto. Tirei meu celular do bolso e mandei uma mensagem rápida para Lissa.

Lissa?

Ela não demorou a responder e eu me joguei na cama.

Rose?

Hum. Mensagem enviada rápida e de uma maneira curta. Parece que tem alguém sendo empata foda, Rose Hathaway.

Está ocupada demais transando com o lado negro ou pode vir para casa e fazer companhia para sua amiga mais gostosa de Montana?

Ela não demorou nem um minuto.

Não vou para casa. Cristian achou algumas coisas sobre o nosso plano e eu vou ajuda-lo. E não Rose. Ainda não estou ocupada transando com o lado negro.

Eu sorri. “Ainda não”.

Ainda não significa que vai. Hum Lissa... Manda a ver.

Eu gargalhei.

OH Rose, fique calada. Boa noite.

Eu voltei a digitar.

OH Lissa, boa transa.

Ela demorou alguns segundos para responder, mais quando finalmente sua mensagem chegou foi interrompida por uma foto muito louca de Mason que eu tinha tirado no dia da ultima apresentação de dança. Eu atendi quase que na mesma hora já que ele quase nunca me ligava e preferia as mensagens de texto.

– Mase? – perguntei assustada.

Rose eu sinto muito.

– Sente o que? – perguntei. Ele bufou na linha.

Sou seu amigo, Rose. Pode contar comigo para tudo que quiser. – falou. Eu comecei a relaxar já que provavelmente ele tinha se perdido em uma garrafa de tequila.

– Você bebeu? – perguntei quase em uma gargalhada.

Claro que não. Eu sei o que você esta passando.

– Mason, fala logo. – disse já impaciente.

Eu sinto muito pela Tasha e o Dimitri. – algo em mim travou.

– O que? Como assim?

Como assim o que? Não se faça de desentendida.

– Eu estou desentendida. O que houve? – perguntei.

Eles voltaram. – murmurou. Meu coração parou. Minha boca se abriu. Foi como um soco no estomago.

– Você está bêbado. – constatei.

Eu e metade da escola vimos quando eles se beijaram hoje. – ele parou por alguns segundos. – Vocês não terminaram? Eles não voltaram?

Eu mordi minha boca para prender aquelas malditas lágrimas.

– Não. – e então a fúria me invadiu.

Ok.

Quando você é traída a raiva é inevitável.

Mais quando você é traída pela segunda vez, a raiva é só um sentimento em meio aos seus pensamentos do que você vai fazer se ver aquele pessoa na sua frente. E bom, o destino não me favoreceu nada aquela noite.

Eu tinha tudo contra mim.

Eu tinha a Lissa na casa de Cristian, o que deixava meu mínimo lado que pensa longe de se manifestar. Eu tinha Luke em uma droga de plantão, quando na verdade eu era para estar num restaurante, com um vestido arrasador, pensando em uma noite romântica com aquele gato, talvez eu nem atendesse ao telefone e escurasse um Mase preocupado e louco para me consolar.

Mais eu não tinha nenhuma daquelas pessoas comigo. Eu não tinha ninguém além da minha raiva adormecida e a vontade louca de colocar aquele anel na minha mão direita goela abaixo da Natasha Ozera, que ia engasgar e depois parar de respirar. Eu ia me sentir vingada e também ia para o inferno, mas quem liga quando se tem menos uma piranha no universo.

Estacionei o carro de uma maneira nada agradável. Levando em consideração que eu quase quebrei o portão de ferro da casa de Olena, o jeito que eu estacionei não foi nada. Bati a porta quase quebrando o novo carro que meu pai me dera e andei em passos largos até a porta.

Eu não toquei a campainha como qualquer outra pessoa faria. Eu chutei a porta torcendo para os seguranças não reconsiderarem a ideia de ter deixado uma mulher louca passar pelo portão. Uma das governantas de Olena rapidamente me atendeu e eu a empurrei torcendo para que ela não tenha caído.

Não sei como subi aquelas escadas tão rápido, mas quando dei por mim já estava socando a porta do quarto de Dimitri pouco me lixando se ia acordar a casa toda. Afinal, quem iria dormir às oito e meia da noite? – pensei.

Cansada de usar as minhas mãos para socar a porta de Dimitri, comecei a chutá-la e depois de três chutes, ele a abriu. Estava com olheiras e parecia cansado. Os cabelos, agora curtos, estavam desgrenhados. Ele me encarou surpreso. Só não tenho certeza se é por causa da hora, pelo modo como eu entrei naquela casa ou pela minha fúria sendo resumida em um olhar.

– Rose, o que... – ele não conseguiu terminar. Eu soquei a porta e o fiz cambalear para trás. Ele arregalou os olhos ainda tentando entender a minha atitude.

– Você a beijou? – eu peguei qualquer coisa perto de mim. Eu precisava descarregar a minha raiva. Então peguei um livro em sua escrivaninha e joguei nele. Droga! Ele esquivou.

– Rose, eu posso explicar. – falou. Então era verdade.

– Você não vai explicar, Belikov. Porque se você abrir essa boca para respirar, eu sou capaz de matar você. – gritei, enquanto jogava mais um livro nele, pelo qual ele esquivou novamente.

– Rose foi ela que me beijou. – gritou. Eu parei de jogar livros e almofadas nele quando escutei o que ele disse. A minha raiva duplicou.

– Você. Deixou. Ela. Beijar. Você? – falei cada palavra pausadamente, louca atrás de algo mais pesado e que fosse realmente machuca-lo. Então, peguei o maior livro e dessa vez eu acertei sua perna enquanto ele tentava desviar.

– Não. – falou. – Ela me agarrou.

Eu gargalhei sem humor. Ele respirou quando eu parei para fazer o meu deboche.

– Faça-me rir, camarada. Você desse tamanho sendo forçado à alguma coisa? – ele me encarou. Tentou se aproximar, mas eu levantei meu dedo para mantê-lo longe.

– Rose para. – gritou. Ele gritou? – Me escuta, eu não tenho motivo para beijar alguém como ela. Eu não a amo. Eu amo você.

Aquelas palavras foram a deixa para que eu pegasse seu travesseiro em sua cama desarrumada e me aproximasse dele o suficiente para descontar minha raiva, batendo nele. Ele tentou se defender, mas eu não ia parar de fazer isso até aquela fúria desaparecer.

– Não ama nada. Você a beijou. Você quis beijá-la. É isso que você sempre quer. Você sempre a quer. Você é um cretino, idiota, brutamontes... – eu não terminei aqueles xingamentos.

Quando Dimitri pegou minha cintura e depois tirou o travesseiro da minha mão, forçando-me contra a parede ao lado de sua livreira, eu constatei. Ele estava de bom grado, me deixando bater nele. Porque a qualquer minuto ele poderia me parar, e o fez. Eu me debati um pouco, mas quando parei, deixei seus olhos me encararem, eu acreditaria que eles estavam suplicantes se não fosse por imaginá-lo beijando outra.

– Eu juro que não a quero. Rose acredita em mim. – implorou. Ele aproximou seu rosto do meu, passando a ponta de seu nariz em cada parte do meu rosto. Enfim, beijando minha boca.

Eu relutei. Não ia beijá-lo quando ele a beijou. Mas logo que ele aprofundou o beijo, eu não resisti. Eu nunca resistia à Dimitri e era essa a minha fraqueza. Eu tinha que resistir à ele. Eu tinha que resistir aquele amor que só me matava. Eu não podia, eu não podia... Mas não sabia como resisti.

Porém como eu disse o celular era algo magnifico e imperdoável. Se quisesse não ser interrompido, não leve o celular consigo. Eu estava quase me rendendo, quase mandando Dimitri fechar aquela porta e me levar para a sua cama. Mas aí, algo apitou no meu bolso e eu o empurrei para longe de mim. Saindo da sua proteção.

Andei ainda irritada até perto da sua escrivaninha, e puxei meu celular do meu bolso. Era uma mensagem. De Lissa.

Estou no galpão da aula de dança sozinha. Briguei com Cristian e não sei o fazer. Encontre-me em meia hora.

L.

Algo no meu coração se apertou, mas eu teria que matar Cristian depois. Minha amiga sempre vinha primeiro. Encarei Dimitri, recolocando o celular no meu bolso e o olhei fixamente.

Eu não sabia mais de nada e não queria mais a angustia de tê-lo para mim e ao mesmo tempo não tê-lo na minha vida. Eu precisava da certeza de alguém concreto. Nem mesmo salvar a minha família valia sofrer por Dimitri pela segunda vez.

– Eu queria que você fosse real. – murmurei ainda encarando-o.

– Eu sou real, Roza.

– Não é. – falei. Levei meus dedos à minha mão com o anel de família que ele tinha me dado e que eu tanto tinha gostado. – Você nunca foi. – terminei de puxar o anel e o coloquei calmamente sobre a escrivaninha, agora sem livros.

– Rose... – eu o interrompi quando voltei meus olhos para ele.

– Vou nos dar livramento. – apontei para o anel e ele voltou a me encarar. – Acabou. – disse antes de lhe dar as costas.

Corri pelas escadas.

Eu ouvi seus passos atrás de mim, mas era inútil saber que ele viria atrás de mim. Ele nunca viria atrás de mim. Aquela sensação foi pior do que a da primeira vez. Eu nunca achei que tirar aquele anel fosse ser tão ruim, do que apenas manda-lo para o inferno.

Arranquei com o carro, mas consegui ver Dimitri correr atrás dele. Depois de alguns minutos totalmente sozinha no carro, em direção ao galpão, eu me deixei soltar algumas lágrimas silenciosas.

Eu deveria ter me auto escutado. Não era perigoso que descobrisse sobre o nosso noivado falso. Era perigoso para o meu coração remendado.

Cheguei ao galpão antes que me desse conta. Estava escuro e totalmente perigoso. Parecia inofensivo durante o dia. Procurei ainda do carro por Lissa e então constatei a porta do galpão aberta. Revirei os olhos, desligando o carro e saltando do próprio.

Andei o mais rápido que pude até a entrada do galpão e os cadeados estavam arrebentados. Como Lissa tinha feito aquilo?

Entrei ainda confusa e então as luzes foram acesas. Parecia tão calmo sem nenhum aluno e as conversas paralelas que davam todo o som ao lugar. Eu estremeci com o pensamento de estar totalmente sozinha.

Um barulho de algo caindo me atingiu e eu corri para ver o que era. A porta da sala no fundo do galpão estava aberta. Quando entrei era uma sala que eu nunca tinha visto. Tinha espelho por ela toda, mas somente isso. Pareceu vazia e assustadora para mim. O que Lissa estava aprontando?

E então aconteceu.

A porta foi fechada de uma maneira grossa e assustadora. Eu pulei com o barulho. Pensei ter sido o vento e então corri até ela na intensão de tentar abri-la, mas foi inútil.

– Lissa. – gritei, batendo na porta. – Lissa, abre essa porta.

Continuei batendo até senti minhas mãos escorregadias e ao observar a porta melhor, constatei que ela estava molhada com algo que não identifiquei e então me afastei da própria foi a melhor coisa, porque em algum momento começou a ficar quente, fumaça começou a passar por ela e foi ai que eu entendi. O galpão estava pegando fogo. Comigo dentro.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Comente, comentem! :)