A Proposta escrita por Larissa Carvalho


Capítulo 13
Shots


Notas iniciais do capítulo

Passei rapidinho só para postar esse capitulo para vocês.
Eu vou fazer de tudo para postar o proximo logo.
Boa leitura.


Shots - Imagine Dragons



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OK.

Vou tentar ignorar a raiva que estou sentindo.

Já faz uma semana e Sonya já está me cansando. Maldita hora que escolheram um lugar com sinal para colocar o acampamento. Mas que droga!

Quanto à Dimitri... Ele não levou muito a serio a promessa que me fez. Não mesmo. Tinha mais de vinte chamadas perdidas, trinta mensagens de texto e recados na caixa postal. Isso não era o tipo de coisa que pessoas que não se importavam faziam.

Lissa... Ah, eu queria tanto atende-la. Mais ainda não estava com o psicológico bom para mentir para a única pessoa verdadeira. Todos mentiram. Dimitri, meu pai, Erick, Rhea... Todos.

Sydney tinha ido até a minha casa. Como ela namorava com Adrian e ele estava lá pelo fato de eu estar desaparecida, ela tinha que marcar presença e fingir que não sabia de nada. Assim como Sonya estava fazendo.

Ela também estava tentando me fazer voltar para casa. Disse que a policia estaria atrás de mim há essa hora, senão fosse pelo fato de eu ser maior de idade e de Dimitri ter alegado uma briga e se culpar pelo meu sumiço. Eu já fora pega pelo delegado da cidade, junto a Lissa uma vez. Estávamos bêbadas e tínhamos dezesseis anos, então ele apenas ligou para os nossos pais.

Mas de acordo com Sonya, ele alegou que eu poderia estar de birra pela briga e poderia estar em qualquer lugar. E para reforçar isso, Sydney confessou ter me visto chorando e desesperada. Ela disse que eu só queria dar um tempo e que entrei no carro e sumi. Sonya achou que foi o melhor que ela fez, mas eu não gostei de terem passado a imagem de uma garota desesperada. Por mais que eu estivesse.

E aqui estava eu. Deprimida, no canto de uma tenda enorme, em meio a um acampamento com velhos amigos, que vem me trazer o que comer às vezes. Com a música que eu mais amava dançar tocando e a noite me fazendo ficar ainda mais cansada de tudo.

Sonya tinha razão. Eles sabiam de André.

As pessoas que queriam me matar sabiam que André era o meu irmão e que se Lissa não assumisse a empresa, passaria para mim, até ter herdeiros que queiram a sua parte. Então era por isso as drogas de atentado. Era por isso. Era isso. Tinham matado meu irmão e eu era a próxima por motivos óbvios.

Ouvi algumas a música parar e depois barulho de carro. Eu mal me importei. Deve ser Sonya trazendo noticias. Ela tinha sido leal em não contar o meu paradeiro e eu agradeci por isso. Olhei mais uma vez para o caderno que Sydney me deixara, em cima da mesa de madeira no meio da enorme tenda e me levantei do amontoado de almofadas, que era a minha nova cama nessa primeira semana.

Ainda acostumando-me com o frio que aquelas roupas de cigana faziam eu andei devagar até a mesa e apoiei-me nela para folhear o caderno de anotações da Sydney sobre o herdeiro Dragomir. Ajeitei aquela pequena blusa de manga que ia até o meu umbigo e os panos que faziam uma saia longa e com um coral forte. Eu parecia mais uma indiana.

Sonya também usava aquelas roupas quando estava por aqui e Sidney mesmo sendo mais magra, tinha umas roupas que serviram em mim. Aquela só estava me fazendo sentir frio nos braços, mas eu gostava da forma como aquela roupa favorecia as minhas curvas e me deixavam confortáveis para dançar.

Tínhamos regras de convivência. Toda tenda tinha uma tocha em sua entrada. Quando estivesse acesa, não seria permitida a entrada de ninguém. Quando estivesse apagada, você poderia entrar.

Então, ainda debruçada sobre a mesa, com meus cachos caindo por cima do caderninho e analisando a forma organizada de Sydney escrever detalhes, aquilo da tocha... Pela primeira vez no acampamento não funcionou. Dimitri invadiu a minha tenda com violência e eu apenas levantei meu olhar do caderninho para encará-lo, ali parado.

Ele tinha uma cara de não vai falar nada?

E eu permanecia com a feição fria e sem emoção.

Eu estava pirando por ele ter invadido a minha tenda, ninguém nunca faria isso se tivesse o mínimo de juízo, mas se ele estava ali, era por causa de Sydney ou de Sonya. E se elas tivessem dito qualquer coisa sobre o meu paradeiro, como eu tenho certeza que disseram, elas estavam bem encrencadas.

– Saí. – foi à única coisa que eu disse antes de voltar a encarar o caderninho.

Mais ele permaneceu ali. Levantei um pouco o meu olhar e ele ainda estava me encarando. Como ele ainda não tinha saído. Ele queria ficar longe de mim e me ignorar durante o meu primeiro casamento... Sim, o primeiro... Ele não duraria mais de dois anos.

Ele ia fazer da minha vida um inferno durante dois malditos anos e estava fazendo o que aqui? Ele deveria ter ficado feliz que uma garota idiota, louca, egoísta e qualquer outra coisa ruim que tenha nome por um adjetivo possa me classificar, sumiu.

– Saí agora daqui. – falei. Ele balançou a cabeça negativamente.

– Não enquanto você não vier comigo. – falou. Seu modo era rude. Parecia outra pessoa.

Eu gargalhei sem humor.

– Saí. – disse recuperando a minha antiga face. Fria. Ele hesitou por um tempo.

– Você só sabe me expulsar? – perguntou. Senti dor em suas palavras, mas não deixei ele perceber que meu coração tinha se acelerado com isso.

– Eu já mandei você sair.

– Não me pede isso, Rose. – disse se aproximando sem hesitar.

– Saí. – repeti. Mas não escutei sua resposta.

Sua boca estava ocupada... me beijando.

Eu consegui me soltar em algum momento, mas ele era mais forte que eu. E eu não consegui resistir. Lá se foi a minha carranca. Ele me apertou mais à ele e me encostou na mesa. Senti suas mãos apertando a minha cintura e descendo, e eu não ia deixar mais nada que não fosse real entrar na minha vida. E no momento. Ele não era real.

Eu o empurrei e saí da perto dele. Perambulando pela tenda, totalmente nervosa. Ele me encarava agora por completo. Inclusive a minha roupa.

– Fala para mim que só você sabe onde eu estou.

– Só eu sei onde você está. – ele se endireitou e me lançou um sorriso sínico. – Eu, Sonya e Sydney.

Eu mato aquelas duas. – pensei.

Eu fechei minhas mãos, como se fosse dar um soco em alguém e eu já sabia quem eram a vitimas.

– Elas não me contaram. – falou. – Eu ouvi quando foram fofocar na cozinha.

Eu suspirei.

– Está aliviada? – perguntou. Eu fiquei muda. – Acho melhor não. Você sabe o que eu passei durante uma semana? Sydney tinha dito que encontrou você naquele estado e então, como se não fosse nada demais, todos pararam de procurar por você.

– E você não fez o mesmo por quê? – perguntei. – Eu estou bem aqui. Sozinha. – gritei.

– Não. – gritou. – Não está.

– É isso que ciganos fazem Dimitri, nós fugimos. Nós vamos embora. E eu o fiz. – gritei.

– Não. – ele bateu na mesa e o silencio ecoou pelo lugar, até seus olhos virem até mim. E me analisar novamente. – Você é uma cigana? – perguntou.

– Sim. – disse. Engoli a seco.

– Por que não me contou?

– Não era algo que você precisava saber. – falei. Ele me olhou com tristeza.

– Você não foi embora por causa da briga, foi?

Eu senti aquela velha dor tomar conta do meu corpo. Eu não queria voltar no assunto, mas para ele ir embora e me entender era o único jeito.

– O André era o meu irmão. – Dimitri deixou o choque abater seu rosto. Eu sorri de modo seco. – Deveria ter continuado ouvindo atrás da porta.

Eu senti lágrimas nos meus olhos, mas pisquei para não deixar que ele visse. Lutando para não tropeçar nos panos que faziam a minha saia, eu comecei a caminhar pela tenda. Dimitri ainda estava em silencio e em choque analisando toda a situação.

– Rose... Eu sinto muito. – falou aos sussurros.

– Não é para sentir. – disse de costas para ele. Eu não tinha coragem de olhar naqueles olhos chocolate que tanto me aqueciam. Não agora. – Sonya me contou depois da nossa briga. Parece que ele é o filho do meu pai e da Rhea.

Eu dei uma risadinha enquanto Dimitri continuava silencioso. Eu não podia ver sua cara agora, mas algo me dizia que estava bem mais chocada do que antes.

– Por isso fugiu? – perguntou. Sua voz era um sussurro. Eu esperei o silencio para deixa-lo ainda mais ansioso. Mais eu acabei ficando ansiosa.

– Sabe quando você brinca de verdade ou consequência? – ele permaneceu em silencio, mas eu não queria resposta. Então continuei. – Eu nunca brinquei disso, mas eu tinha uma brincadeira, quase igual. Real e não real. – senti a respiração de Dimitri pesada, mas continuei. – Eu parei de brincar, quando eu vi, que tudo que eu tinha e que eu ia ter não é real. Nunca foi. Nem será. O André era só a cereja do bolo. – eu respirei fundo. – Um bolo que eu fiz questão de desmoronar.

Virei-me para encará-lo. Ele permanecia atento a mim. Atento a cada palavra.

– Eu sou real, Roza.

Eu sorri.

– Não é não. – falei. Ele ainda estava analisando-me. – Nada é. Nossos pais nos criaram para sermos unidos e fortes, mas o que eles são? Hipócritas que fingem amar uns aos outros? Nos reprimiram pelas nossas brigas por míseros dezesseis anos, Dimitri e ai elas fazem uma briga maior entre si. – eu hesitei para deixar lágrimas caírem por meu rosto. – É louco. É imprudente.

Dimitri saiu de trás da mesa e caminhou calmamente até à minha frente. Seus olhos também estavam pedindo algo que nos explicasse.

– Foi cruel, Rose. – falou. – Mas você precisa voltar. Precisa nos proteger.

– Não posso proteger quando sou eu quem faz mal.

– Quer falar sobre hipocrisia, Roza? Então lá vai a minha vez. Eu menti para você quando disse que seria frio e não te tocaria. Eu não aguentaria. Eu não consigo ficar longe de você.

– Consegue. Você consegue. – sem pensar levei minhas mãos ao seu rosto. Ele colocou as suas na minha cintura e ficamos assim, nos encarando. Um tocando o outro.

– Não. Não consigo. – ele apoiou sua testa na minha. – Por que você não veio até mim? Por que fugiu? Por que não me contou?

– Eu achei que você não fosse fazer uma recepção agradável. – funguei e então retirei minhas mãos de seu rosto, afastando-me dele.

Dei-lhe as costas e senti seu olhar queimando-me. Assim como o desejo de beijá-lo como nunca na minha vida quis beijar alguém. Era horrível ficar perto dele assim. Senti seu silencio também.

E então, quase que dez segundos depois, senti suas mãos na minha cintura, subindo pelo meu corpo, do modo que só ele sabia fazer. Causando-me a eletricidade que Luke não soube causar. Ele colocou seu rosto no meu pescoço e eu senti seus lábios ali.

Subindo em uma trilha de beijos carinhosos. Deixei-me ser puxada para seu corpo, ainda de costas para ele. Eu queria interromper aquilo, mas eu não podia. Eu não conseguia.

– Não sai de perto de mim. – sussurrou em meu ouvido. – Eu não consigo mais ficar um dia sem olhar para você e saber que está bem e segura. Eu quero você comigo. Eu te amo.

Eu te amo.

Abri meus olhos, quase que instantaneamente e me soltei dele, procurando por alguma coisa para me equilibrar. Fui de encontro com a mesa ainda me recuperando, de seu toque.

– Não posso voltar.

Ele deixou o silencio cair em nós.

– Então volte pelo Josh. – meu coração se apertou. – É a única coisa real que você tem? Ótimo, volte por ele. – eu o encarei. Virando-me. – Mas vem comigo.

Eu o analisei por poucos segundos e assenti.

– Eu volto. – ele respirou aliviado. – Mas com uma condição.

Ele me encarou com medo.

– Qual?

– Eu vou achar quem tramou o acidente, vou achar o irmão da Lissa e depois disso você vai me deixar ir embora. Nem seja para St. Vladimir.

Ele respirou de modo pesado e por fim assentiu.

– Nós vamos, Roza.

– Nós? – perguntei. Ele assentiu.

– Faltam dois meses para o casamento e nós vamos para Nova York. Eu vou ter que voltar atrás no que eu falei sobre ficar longe de você. Uma semana já foi o suficiente.

Eu lhe dei o meu melhor sorriso matador de homens.

– Percebi, camarada.

E então, como se não bastasse mais nada para me mostrar que eu o amava, ele sorriu. Ele sorriu daquele jeito que quase me fez agarrá-lo. Para o bem da minha sanidade, eu quase o agarrei.

***

O carro era silencioso por opção minha. Eu já tinha recuperado meus jeans com uma senhora do acampamento que os tinha lavado. Eu estava com a minha roupa de uma semana atrás e pronta para voltar e ouvir o quanto a minha família estava preocupada comigo.

Lissa era a única pela qual eu acreditaria nas lágrimas, junto a Alberta e Olena. Minha mãe... Como eu ia encará-la depois de tudo isso? Se ela soubesse...

Dimitri parou o carro na frente da minha casa e o silencio entre nós que um dia foi confortável, piorou tudo. Ele virou-se para mim, mas eu tinha que falar algumas coisas então o interrompi.

– Por que foi atrás de mim? – perguntei aos sussurros.

– São muitos por quês. – disse. Eu lhe dei um leve sorriso.

– Tudo bem então.

– Eu fui porque te amo. – disse quebrando o silencio de alguns segundos. Eu o encarei. – Esse é único por quê pelo qual você terá certeza.

– E se eu não tiver?

– Então teremos que resolver isso. – falou. Ele aproximou seu rosto do meu. – Pode não acreditar no meu amor ou nas minhas promessas, mas acreditaria na minha amizade, certo?

– Certo. – eu sorri para ele. Ele também estava sorrindo. Eu me aproximei mais dele e sorri maliciosamente. – Eu curto amizade colorida. – ele gargalhou.

– Eu também. – ele hesitou. – Quer que eu entre com você? – perguntou. Eu respirei fundo focalizando a minha casa.

– Quero. – e assim nós saímos do carro.

Caminhamos até a entrada da minha casa e ele abriu a porta enquanto seguíamos para a minha sala de estar. Quando cheguei lá, Dimitri estava ao meu encalço e a lareira estava acesa. Meu pai, Lissa, minha mãe e Alberta, todos parecendo preocupados e mais pálidos que o normal. Minha mãe foi quem me viu primeiro e não se importou do incomodo de levantar tão rápido com aquela barriga toda. Ah... Joshua.

Ela correu até mim, já com lágrimas e deixei que ela me apertasse à ela. A barriga dificultou um pouco, mas foi o suficiente para que nós duas mostrássemos o quanto sentíamos a falta uma da outra. Eu a amava, mesmo com as brigas.

Lissa foi a próxima. Ela tinha olheiras. Eu me bati por ter feito isso com ela durante uma semana e só então eu pensei que poderia ter ligado. Alberta me sufocou também, mas nada demorado. E então, meu pai. Ele também tinha olheiras mais nada que eu acreditasse. Ele permaneceu longe de mim, perto da lareira ainda me encarando. O silencio ainda matando cada um devagar. E finalmente, seus olhos foram em direção à Dimitri.

– Onde ela estava? – perguntou. Eu olhei para Dimitri, apelando para um olhar que dizia para ele não dizer nada.

– Em um hotel. – falou. – Eu consegui localizá-la.

– Que hotel? – insistiu Abe. Minha raiva transbordou. Não poderia mais apenas olhá-lo como se não tivesse feito nada.

– Não interessa. – todos me encararam. Eu não tinha dito nada até então. Abe me olhou de modo agressivo.

– O que? – perguntou com uma aparência ofendida.

– Não importa onde eu estava, o que importa é seu passado, papai. – ele me olhou assustado. Não pela frieza das palavras, mas porque eu nunca o chamava de papai. Era sempre Baba ou Abe e nunca papai.

Eu passei por ele e o encarei antes de correr para as escadas. Lissa vinha atrás de mim, mas eu escutei a voz de Dimitri intercedendo. Já ia lembrar de agradece-lo depois por isso, mas ai, eu ouvi passos nas escadas e já sabia quem era.

Entrei no meu quarto e deixei que a minha porta ficasse aberta. Abe entrou logo depois de mim e fechou-a. Eu ainda estava de costas para ele e quando me virei para enfim observar sua face, ele parecia confuso.

– O que foi aquilo, Rose? Por que foi embora? Você está louca? – ele me bombardeou de perguntas, mas eu não fiquei atordoada. Eu permaneci fria.

– Porque você me matou com seus segredos. – cuspi. Ele ainda me encarava confuso. – Achou que eu nunca ia descobrir? O que você sentiu quando seu filho morreu sem ao menos chamar você de pai? Por isso ficou tão eufórico quando a Anne engravidou?

Ele estacou. Como se tivesse visto algo horrível, mas não viu. Ele ouviu. Ele piscou algumas vezes tentando esconder algo, mas eu logo percebi. Eram lágrimas. Nós éramos iguais nesse quesito.

– É isso ai, Baba. – falei. – Eu descobri seu segredo e fiquei longe para saber o que mais tinha de mentira na minha vida e acredita se eu te contar que tudo é mentira? Você, o André, Dimitri... Tudo. – eu ainda permanecia com o meu tom. Tinha medo de alguém escutar. Não poderia sacrificar minha mãe por causa dele.

– Kiz, me escuta.

– Não. – gritei. Eu não consegui resistir. – Me escuta você... Eu passei uma semana lamentando ter um irmão, ele ser mais velho e por tanto não ser da mamãe também, ele ter dado o último sorriso ao meu lado e só então morrer.

Ele me olhou como se tivesse levado um soco.

– Você não tem direito de fala. – falei.

– Rose... – eu o interrompi.

– Saí daqui. – falei, ríspida. Ele me encarou com horror. –­ Você é na última pessoa que eu quero ver hoje. Foi você que matou o André e vai me matar também, é só a sorte sair do meu lado.

Ele me encarou pela ultima vez e então respirando fundo e voltando à sua pose inicial de macho alfa, ele saiu do meu quarto e naquele momento eu soube... Eu tinha acabado com qualquer coisa real biológica na minha vida.

***

Coloquei a calça de moletom e depois os tênis e a blusa preta regata. O sutiã aparecia, mas era o menor dos meus problemas naquele momento. Eu peguei meus fone e meu mp3 e já desci as escadas no pique de correr até o parque de Montana. Era bonito para se olhar. Tinha um enorme lago, cisne e pessoas.

Pedi para que o segurança abrisse o portão e corri para fora da minha propriedade. Enquanto meus pés revezavam o chão e faziam meu corpo ter a velocidade que minha mente precisava, eu lembrava das palavras de Dimitri, da nossa briga do bar, do André e seu último sorriso ao meu lado e do quanto eu estava bêbada para dizer que o amava.

Ele era o meu irmão e eu não consegui dizer que o amava. Não porque eu estava em coma, mas porque ele morreu rápido demais para que eu dissesse qualquer coisa. Será que ele esta me observando agora? Será que ele sabe a verdade?

Eu não acreditava em fantasma, mas eu sabia que um dia eu poderia vê-lo novamente e eu queria. Não antes de proteger a todos, mas eu queria. Eu precisava. Eu mal tinha saído de uma semana difícil e já o amava em dobro. E se fosse Lissa? – pensei. E se fosse ela a ser sua irmã?

Bom, se o destino quis que ela ficasse viva, é porque estava me dando mais uma chance de ter o irmão que eu perderia no acidente. Eu amava a Lissa, como minha irmã de verdade. A que eu nunca tive. Então eu ia agarrar essa oportunidade. Eu ia ver na Lissa, não só a minha amiga, mas o irmão que eu perdi e não ia cometer o mesmo erro. Não ia deixa-la partir, sem que ela soubesse o quanto era importante.

Cheguei em casa uma hora depois, suando como um porco pronto para o abate. Eu nunca mais tinha corrido assim depois do acidente e isso me fazia bem, eu confesso. Subi as escadas ainda com meus fones e acredite quando eu estava com eles, eu não via, nem escutava mais anda ao meu redor.

Abri a porta do meu quarto ainda concentrada na música e tirei os tênis ainda virada para a minha penteadeira, depois as meias e logo em seguida com um pouco de dificuldade por causa dos fones, tirei a minha blusa, ficando apenas com o sutiã preto de renda. Enrolei meu cabelo em coque frouxo com o próprio cabelo e virei-me para a minha cama, para só então quase pular e sair correndo.

– Quer me matar? – gritei. Ele gargalhou. Era risada que só ele tinha e que me deixava maluca.

– Ainda não, Hathaway. – disse Dimitri. Ele tinha o peso do corpo sustentado por suas mãos para trás. Estava sentado de modo desleixado na minha cama, perfeitamente alinhada. Coisas de Alberta.

Eu revirei os olhos e me joguei ao seu lado. Ele já tinha me visto de sutiã e eu mal me importei. Eu já tinha tirado os fones a essa altura e senti seu olhar em mim, que estava deitada ao seu lado.

– Já te falei que você fica totalmente sexy de sutiã? – eu o encarei com meu sorriso.

– Não. Mas é bom saber que eu tenho uma vantagem para seduzir você. – ele bufou. Eu me sentei. – Sério que vai negar que eu não consigo seduzir você?

– Vou. – disse. Convencido.

– Sério? – perguntei. Ele assentiu.

– Ainda mantenho a minha palavra quando digo que você não seduz nem uma mosca, Rose.

– Vamos ver então.

Ele me encarou confuso, mas não teve tempo para mais nada. Eu já estava em cima dele, atacando a sua boca de modo feroz. Ele não demorou muito para retribuir. Agradeci pela porta fechada e continuei. Eu sabia quando parar, mas Dimitri era um furacão e não se pode parar um furacão sem ele já ter causado algum estrago.

Eu tentei tirar o casaco dele devagar, mas ele foi mais selvagem o jogando em alguma parte do quarto e voltando a minha boca. Eu só queria provoca-lo, mas estar daquele jeito com ele na minha cama, não seria tão interessante se eu não tivesse autocontrole.

Abri os botões da camisa dele o mais rápido que eu podia e joguei-a longe também. Ele apertou minha bunda e me puxou ainda mais para ele. Mas não era o suficiente, então ele me jogou na cama, ficando por cima de mim agora.

Seu beijo era tão bom. Principalmente quando estava sendo distribuído pelo meu corpo. E então ele parou e meu corpo todo reclamou. Mas suas mãos ainda estavam em mim, agora... Tirando a minha calça de moletom e jogando-a em alguma parte do quarto.

Tudo bem... Eu estava quase nua com um cara muito gostoso em cima de mim, porém com o pensamento de parar. Ele estava afoito e admito que eu também, se eu o parasse agora eu ia ter um Dimitri muito chateado.

Então deixei que ele continuasse. Ele queria aquilo e por mais que seja difícil admitir, eu também queria.

Mas eu já tinha posto na minha cabeça, deixa-lo me conquistar e por consequência conseguir dizer as palavras...

– Rose! – escutei um grito. Eu e Dimitri paramos. Droga!

Eu olhei para a porta e depois para Dimitri que murmurava um palavrão em russo. Olena tinha prometido me ensinar, mas depois do acidente eu só pretendia me distanciar de tudo que lembrasse Dimitri.

Pisquei algumas vezes para a minha mãe e depois para Tatiana que nos olhava com um sorriso debochado que dizia: Eu sabia que não estavam fingindo. A minha mãe só me olhava com aquele olhar... O que dizia: conversamos depois.

Dimitri pegou um dos meus travesseiros na minha cama desarrumada e colocou na minha frente, depois pegou outro e colocou em cima de seu colo. Eu procurei não gargalhar com aquilo. Minha mãe e seu vestidinho branco, destacando a sua barriga. Tatiana com seu terninho rosa claro, apenas nos olhando.

Eu corei.

– Bom, eu só vim... – ela hesitou por algum tempo. – Lhe dizer Oi. – eu assenti.

– Obrigada. – gaguejei. Dimitri ainda se mantinha rígido. Com a respiração acelerada.

– E olá para você também, menino Belikov.

– Oi. – disse Dimitri. Ele estava claramente envergonhado. Como se Olena nunca tivesse visto uma cena dessas.

Eu olhei para minha mãe, que ainda estava totalmente confusa com tudo aquilo.

– Se troquem. – falou Janine. – Agora.

Eu assenti e depois de um aceno rápido de Tatiana, ela fechou a porta. Eu olhei para Dimitri e joguei o travesseiro de lado. Ele respirou fundo e depois olhou para mim, com aquele ar cafajeste que só ele sabia fazer.

– Tem uma vantagem nisso tudo. – falou. Eu o encarei.

– Que vantagem? – perguntei, mal humorada.

– Ela nunca vai achar que estamos fingindo.

Eu revirei os olhos. Ele tentou vir para cima de mim de novo, mas eu peguei o primeiro travesseiro na minha frente e joguei em cima dele. Não surtiu tanto efeito como eu queria, mas foi o suficiente para que eu conseguisse ficar de pé.

Seus olhos me examinaram por completo e eu mal tinha me dado conta que estava apenas de sutiã e calcinha. Ele tinha um olhar faminto. Como se fosse me arrastar para a cama a qualquer momento.

– Vê algo que gosta? – perguntei.

– Muitas coisas. – respondeu, ainda encarando-me. Eu me abaixei para ficar com o rosto próximo do dele e sorri.

– Da próxima vez que disser que eu não seduzo nem uma mosca, vou fazer bem pior do que te deixar na vontade. – e então eu fui para o banho. Escutando enquanto ele bufava.

Depois disso eu e Dimitri almoçamos com a minha mãe e Tatiana. Não foi algo confortável. Minha mãe pensava no fato de Dimitri estar naquela condição com a sua garotinha. E ele ficava tremulo ao meu lado todas as vezes que ela o encarava. O que não foram poucas.

Tatiana apenas nos comunicou de um jantar para os herdeiros, sem nossos pais e o quanto estava ansiosa para o meu casamento com Dimitri. Minha mãe ficou com uma carranca nada agradável, mas eu ignorei.

Depois do almoço eu e Dimitri seguimos para o carro dele. Tínhamos marcado com Sonya por mensagem no apartamento da Sydney e precisávamos de mais informações. Pelo que eu tinha lido no caderninho, os irmãos de Lissa estavam mais próximos do que antes e agora que eu soube que André era o herdeiro dos Mazur e não dos Dragomir, a minha situação ficou pior.

Eu era a próxima na linha de eliminação e quanto a Dimitri... Ele não ia deixar que eu me envolvesse sozinha nisso tudo, então fez questão de confirmar presença nesse encontro. Nós entramos no apartamento de Sydney, que era enorme apenas em sua sala.

Sentamos à mesa de vidro e começamos a escutá-la. Ela tinha pesquisado absolutamente tudo. Nomes, endereços, lugares que eles frequentavam, fotos por satélite... Eu não consegui deixar de me sentir surpresa com a qualidade de seu trabalho.

– E então foi isso que eu consegui. – disse-nos depois de nos conceder as informações.

– Fale-me do garoto. – indagou Dimitri. Ela assentiu. Sonya permanecia com seus olhos na foto da menina Mastrano.

– Ele é parente de um garoto que trabalha no hospital... – ela parou para lembrar de algo e depois sorriu. – Luke Lorenzi.

Dimitri olhou para mim, com um olhar selvagem, mas eu fingi estar interessada no diário de Sydney. Eu não queria outra briga e nem mostrar o quanto esse assunto tinha me deixado nervosa.

– E o que mais?

– Os sobrenomes são diferentes porque Christopher Lazar foi adotado quando tinha dez anos, ainda na Itália. Luke é o primo de terceiro grau, o que dificulta um pouco a nossa vida. – eu examinei a carranca de Sydney.

– Espera, você disse dificulta? – ela assentiu. Dimitri se remexeu na cadeira e Sonya apenas me encarou.

– Ele mora na Itália ainda. Nunca saiu de lá. – eu abri a boca e Dimitri se jogou na cadeira. – Não tem telefone.

– E o que vamos fazer? – perguntou Sonya.

E foi ai... Foi ai que eu tive a ideia mais louca na minha vida. Eu encarei um Dimitri confuso.

– Arrume as malas, camarada. Nós dois vamos para a Itália.


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Notas finais do capítulo

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