Let Us Burn escrita por Primadonna


Capítulo 8
E: Libertatem


Notas iniciais do capítulo

OI MORES!
Aqui estou-me com o fim de Let Us Burn. É muito ~triste~ pra mim, confesso que não sei bem o que dizer sobre isso. Vou explicar muita coisa no final da fanfic, e enquanto isso, espero que gostem.
P.S.: Escrevi esse capítulo ouvindo Abracadabra, de Tuatha de Danann, e The Mytic's Dream, da Loreena McKennitt, que são super celtas. Me inspirou pakass, talvez seja legal ler ouvindo. Fica à critério!



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— O que houve com a elfa que viajava com eles? O anão e o elfo silvestre voltaram para seus lares, o homem ganhou um cargo no reino de Argorn...

— Aragorn — o elfo corrigiu.

— Isso, Aragorn. O outro elfo, Tenebrae, voltou para o seu reino... E a elfa?

— Ela ficou para proteger seus amigos e família — a voz rouca de Legolas, entregando a idade mesmo que a aparência estivesse intacta há milênios, pronunciou as palavras na língua dos Hiberianos.

— Mas os elfos não podem voltar? — O garotinho perguntou, curioso. Ele sorriu para o pequeno homem e concordou com a cabeça.

— Os Tenebrae possuíam tradições diferentes. Eterna será a morte, que na verdade, é outra vida.

— Queria ter conhecido esses elfos. Achei essa história mais interessante que a Guerra do Anel. — O garoto ao seu lado deu de ombros.

Legolas apenas sorriu, mais uma vez, admirando a inocência da criança. Os dois estavam apoiados em uma árvore, observando o rio que corria ao longe enquanto o Sol lhe beijava. Agora que os homens haviam praticamente triplicado enquanto todas as outras raças partiam para Valinor, Legolas realizava alguns feitios antes dele mesmo ir.

— Senhor Legolas... O rei Ethir não vai voltar? — A voz aguda tornou a perguntar.

— O tempo do rei Ethir aqui em Hiberia já se esgotou, meu caro. Ele cumpriu o seu dever como qualquer outro rei, deixando um legado importante para vocês, homens.

— Meu pai não está honrando bem esse legado — o pequeno fez uma careta. — Ele queria mudar o nome de Hiberia para a tradução literal dos homens, Espa, eu acho.

— Espanha — Legolas corrigiu-o outra vez. — Quando você for rei, vai poder voltar ao normal, se quiser — o elfo silvestre assegurou e um sorriso decorou o rosto do menino.

O silêncio pairou entre os dois e Legolas apenas encarou aquele pedaço de Hiberia uma última vez. Depois de anos, havia conseguido finalmente chegar àquele país e suas visitas eram frequentes enquanto Ethir ainda era vivo. Após a sua morte, determinada pelo cansaço, as viagens até o território se tornaram raras. E agora estava ali, deixando um pouco de história para o futuro rei da Hiberia, agora reinada por homens, uma vez que todos os elfos Tenebrae haviam deixado o país após a morte do adorado rei.

— Legolas, está na hora! — A voz de Gimli anunciou ao longe e o elfo virou o corpo para o anão, que um dia fora ruivo, grisalho.

— O vejo em breve, príncipe Eddard — despediu-se, não deixando de familiarizar-se com o nome.

(...)

Valinor. Aquela terra era definitivamente a mais bela que Legolas havia visto em todos os milênios de sua vida.

— Pelas barbas de Gandalf — era o que Gimli repetia desde que havia pisado ali. Era o primeiro anão que pisava naquela terra élfica, o que havia surpreendido muitos elfos que passavam por eles.

As águas eram tão claras quanto o céu; o verde do chão e das árvores era do tom mais vivo possível e os elfos que eram visíveis pareciam mais exuberantes do que eram na Terra-Média. Caminhando sem um rumo determinado, Legolas e Gimli atravessavam vários campos, sabendo que deveriam chegar ao Senhores dos Valar. Estavam um pouco atordoados demais, mas felizes, como se anos tivessem sido ejetados de suas costas.

— Atrasado mais uma vez — a voz de Thranduil causou um impacto grande em Legolas. Gimli, indiferente, fez o cumprimento de costume e continuou admirando o lugar, sem se importar com o olhar um pouco torto do antigo rei da Floresta das Trevas.

E Legolas cumprimentou o pai.

— O que o anão faz aqui? — Thranduil perguntou, mesmo após o cumprimento. Os dois encararam o anão, já longe, saudando outros elfos que o olhavam curioso. Legolas abriu a boca para responder mas fora interrompido:

— O que ele não faria aqui? — Ouviu uma voz doce que encheu seu coração com calor e felicidade. Seus olhos arderam como se tivesse acabado de lavá-los com álcool. E o sorriso de sua mãe era o mais bonito que já vira até aquele momento.

Não cumprimentou como os elfos normalmente fariam, e sim, se entregou ao abraço da elfa de cabelos cumpridos e dourados. Ela retribuiu o gesto com tanta leveza que Legolas desejou ter ido para Valinor há eras.

— Você está lindo — ela sussurrou quando se afastaram. — E bem mais alto que antes — riu para o filho, sentindo a mesma ponta de felicidade que ele. Thranduil, ao lado, sorriu internamente com o reencontro. O rei frio estava incrivelmente feliz com a situação: os Greenleaf estavam juntos novamente.

Legolas mal continha a felicidade. Não sabia o que era estar completo há anos, desde que perdera o último laço íntimo que tivera desde a morte da mãe e a partida do pai. Agora, estava com os dois novamente, mesmo que enfrentando problemas guardados dentro de si. Tudo passaria.

— Legolas! — O elfo ouviu de longe a voz do velho anão. Ele estava rodeado por vários outros elfos conhecidos, conversando e rindo.

— Estarei de volta logo — disse aos pais e saiu na direção do amigo. Após alguns minutos, chegou até ele, encontrando antigos amigos que haviam partido para Valinor bem antes. Trocaram algumas palavras, mas o que chamou a atenção de Legolas brilhava ao longe.

Um castelo com bandeiras negras, embora extremamente calorosas, atraía seu olhar de uma forma até estranha. Ele deixou todos para trás, correndo até o monumento. Gimli gritou alguma coisa mas ele não conseguira ouvir, apenas seguiu reto, passando por algumas pedras e muita terra.

Ao chegar no portão de ferro, o elfo que usava um elmo e parecia proteger o castlo, liberou a passagem para Legolas quase sem olhar na face.

— É um prazer recebê-lo, senhor Greenleaf. Estiveram esperando por você — a voz mecânica dissera.

— Estiveram? — O elfo silvestre perguntou baixo, mas seguiu sem esperar resposta. Atravessou uma grande ponte, chegando finalmente à entrada principal.

Dic nobis mos satus ad populum mane proelia — ouviu uma voz extremamente conhecida ecoar. Caminhou na direção dela, encontrando um Ethir completamente sujo com um outro elfo. O desconhecido saiu da sala em que se encontravam, deixando os dois sozinhos. — Bem na hora, silvestris. Os torneios já vão começar, aposto que não vai derrubar os nossos arqueiros.

Mas Legolas não soube o que dizer. Estava apenas maravilhado com o fato de que estava ali, com Ethir, quando há pouco estivera no lugar que fora seu lar por milênios. O elfo Tenebrae, por sua vez, fez o cumprimento de costume para o loiro, que apenas retribuiu.

— É bom ver você também — disse, por fim.

— Me fale mais desse torneio! — Gimli apareceu atrás de Legolas, surpreendendo Ethir. — Esses elfos não conseguirão abater um anão em mil anos!

— Meu velho amigo! É bom ver você por aqui — Ethir disse, sorrindo.

— Espero que esse velho não tenha um duplo sentido — Gimli murmurou, referindo-se à barba branca que decorava o rosto.

Ethir apenas riu em resposta e explicou sobre o torneio anual que faziam entre os elfos. Sem mortes, apenas esporte — o que desapontou muito Gimli — e com muita comida. Era como se tivessem se visto um dia antes e nenhum ano tivesse se passado desde a última vez em que se viram, pouco antes de Ethir viajar para Valinor. O Tenebrae fez questão de perguntar sobre o seu lar, parecendo ficar chateado com o domínio dos homens, mas no fundo sabia que a Hiberia estaria em boas mãos.

— Ela está esperando por você, lá em cima — Ethir disse após alguns minutos em que ficaram em silêncio. Sabia que Legolas estava inquieto porque queria vê-la, acima de tudo. Havia chegado até ali só por causa dela! Sem nem pensar, correu sala afora para a escadaria espiral que levava ao andar superior do castelo. Passou por vários elfos nos corredores, como se já soubesse para onde deveria ir.

E foi numa última porta, entreaberta, que ele sentiu a brisa do mar que ficava do lado oposto esquentar o rosto. Ele conhecia aquele calor, ele sabia onde estava. Abriu a porta, se vendo em uma varanda larga. À frente estava ela, com os cabelos negros voando com o vento, assim como o longo vestido escuro.

— Você demorou. — Sua voz estava mais suave que da última vez, transmitia mais segurança e paz. — Cada dia sem sua presença estúpida me queimava mais que aquela floresta — suspirou, se virando para ele, finalmente.

Legolas perdeu o ar por alguns segundos antes de ir em direção a Wren. Diferente da última vez, ela estava limpa, parecia ter ficado mais jovem e os traços estavam mais delicados.

Ele levantou a mão em sua direção, acariciando a face da elfa como se ela fosse de vidro. Desenhou todo o seu rosto, dos olhos aos lábios, sentindo uma sensação estranha no fundo do estômago. Segurou o rosto de Wren, aproximando-o mais do seu.

— Da última vez que fez isso explodimos em chamas — ela riu pelo nariz, recordando-se da Floresta dos Alces.

— E quem nos garante que não iremos explodir novamente? — Ele murmurou antes de selar os lábios, fundindo-se num beijo que estava perdido no meio de cinzas dissipadas pelo vento.

E explodiram, internamente, nas mais puras chamas que poderiam existir em todo o mundo. Valinor era o paraíso onde, ao longe, Sinos do Encanto voavam.


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Notas finais do capítulo

¹: Avise ao povo que iniciaremos os torneios pela manhã.

Olá, amores. Finalmente, encerrei Let Us Burn, com muita dor no coração. Odeio encerrar fanfics, mas anyway, antes finalizar do que deixar incompleta pra sempre.
Gostaria de explicar algumas coisinhas por aqui, se me permitirem rs:
1 - Hiberia seria o que hoje conhecemos como Espanha. Como vocês sabem (ou não), tudo o que acontece no universo de LOTR/Hobbit, se passava na atual Grã-Bretanha. Pelo menos é o que dizem, de acordo com as descrições dos locais do tio Tolkien. Pensando nisso, eu criei a minha Hiberia, paralela à história original. Por lá, atualmente, se fala o espanhol, uma das línguas derivadas do latim, que foi a língua que usei para os meus Tenebrae. Tentei fazer uma ligação entre tudo isso e espero que tenha dado certo;
2 - Eu pesquisei MUITO antes de fazer esse final, porque de alguma forma queria que fosse perfeito, pelo menos ao meu ver. Legolas finalmente partiu com Gimli para o "paraíso", deixando a Terra-Média, sendo um dos últimos de sua raça. Infelizmente, aquele lugar é élfico mesmo, o que não me deu quebra pra incluir outros personagens. Até onde sei, Gimli foi um dos poucos de outra espécie que conseguiu entrar ali. Após isso, os dois têm que ir até os senhores de Valinor para pedir a permissão da permanência dele ali;
3 - Os Tenebrae foram os elfos da Escuridão porque nunca vi nada parecido com isso. Os elfos sempre foram tão 'mimimis brilho raio de sol' que quis fazer algo menos gracioso, afinal, nenhuma linhagem é inteiramente perfeita;

Eu queria agradecer, do fundo do meu coração, todos que acompanharam Let Us Burn até o fim. Eu sei que faltei com a responsabilidade por algum tempo, mas nem todos os dias fazem sol e isso é uma coisa que não posso controlar. Let Us Burn está pronta desde abril, pra ser mais exata, mas mudei muitas coisas com o decorrer.
A todas as pessoas que me deixaram continuar isso, que não me deram motivo pra desistir com comentários lindos: obrigada e obrigada, eu amo vocês. Isso foi tudo pra vocês! Foi muito bom escrever com esses elfos por algum momento, e pretendo fazer mais fanfics em breve, mas é segredinho rsrs.
Obrigada por tudo. Até a próxima!



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