If escrita por Casty Maat


Capítulo 5
Akai Ito




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If

05 – Akai Ito

Milo corria sentindo uma estranha agonia no peito. Parou no topo da escadaria que descia e depois continuava em subida até a área da estátua. Via como os longos cabelos prateados flutuavam no ar e aquela garota de costas para si, olhando a estátua.

O cosmo da princesa era cálido, gentil e poderoso. Como conseguira guardar aquilo por tanto tempo era um mistério para Milo. Assim como por que aquele cosmo lhe atraia tanto quanto ele se atraiu pela tristeza silenciosa de Hana.

Começou a descer as escadas, devagar, sempre olhando para a figura da platina. Ela parecia tão absorta em seus pensamentos, que não o vira, ou ao menos não julgou necessário o ver chegando. Já estava nas escadarias que subiam rumo ao pátio da escada quando sentiu o cosmo o envolver de uma forma diferente.

Então olhou para suas mãos, parando de andar. Elas pareciam diferentes, assim como a roupa que vestia, folgada, com detalhes bordados. Estranhou aquilo, como estranhou não ver a estranha transformação. Era como se seu celular e outros objetos que estavam no bolso da calça que anteriormente vestia tivessem sumido também.

Continuou subindo as escadas até chegar no topo, um pequeno pátio antes de mais um pequeno lance de espadas até alcança-la. Havia um espelho d’agua, onde se dirigiu e olhou seu reflexo.

Não reconheceu a figura refletida, com cabelos cor de mel e olhos verdes. Eram cabelos ondulados, longos como o seu também era, mas presos e com um corte diferente. Tinha uma aparência mais suave e jovial, parecendo um adolescente, mas pequenos traços diziam que só aparentava, pois a figura que via já era um homem adulto.

Por que daquela aparência? Deu passo para trás, sentindo a cabeça doer e o coração bater acelerado. Quando achou que perderia forças, sentiu alguém lhe apoiar. Hana, travestida de Joan o segurava com um olhar doce.

—De alguma forma, “ele” está respondendo ao chamado do meu cosmo. – ela falou com um sorriso triste.

—“Ele”? De quem está falando? – ate sua voz parecia diferente aos seus ouvidos, isso assustava a Milo.

—Havia uma pessoa que eu amava. Encontrei por acaso do destino na área plebeia de Platí e a ajudei. Descobri que nos apaixonamos e isso despertou a ira de meu irmão e o levou a ruína. Meu irmão deveria ter ascendido ao trono, mas encontrou a morte. Eu me casei com o plebeu que tanto amava e nos tornamos reis de Platí. – disse a garota, ajoelhando-se e apoiando a cabeça de Milo nas pernas. – Tivemos uma vida feliz e cercada de felicidade e amor.

—Sente falta dessa pessoa?

—Cada casca muda algumas coisas, mas o essencial continua, Milo. Acaso deixaria sua essência desaparecer se o fogo lhe desfigurasse? – ela o olhou.

—Não.

Joan olhou nos olhos de Milo, o azul e o verde estavam brigando para se apossar das orbes. Ela acariciou os cabelos.

—Como ele se chamava? – indagou Milo.

—Andrew...

Novamente Milo sentiu algo se agitar em si, querendo se irradiar por cada célula em seu corpo, sequer notara quando seus lábios tomaram a ação sozinha e sua voz saira.

—Diga de novo.

—Andrew...

Tudo veio num fluxo imenso de informações, foi impossível não sentir a cabeça doer, aquela sensação estranha se agitando de forma mais intensa. Ao abrir os olhos viu a menina segurar suas mãos e notou um elo vermelho quase transparente envolver suas mãos. Flashs de lembranças da pessoa chamada Andrew invadiram sua mente, entendia por que o cosmo lhe atraia, por que desejava estar ali perto de Joan tanto quanto de Hana.

Ergueu a mão e tocou o rosto da garota com carinho e um sorriso gentil. Não precisava dizer mais nada, porém foi dito.

—E no final, eu me apaixonei por você de novo, Joan...

—É o que os orientais chama de akai ito... Estamos ligados e destinados a nos encontrar e nos amar sempre, Andrew... – ela se inclinou e deixou suas testas juntas. – Então não deixe de me buscar e não me deixe sair de perto de você.

—Eu não vou deixar, eu prometo... Assim como prometi sempre amar você.

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Os cavaleiros permaneciam ao lado de sua deusa que ainda lamentava a cena ocorrida, de saber que era um adeus definitivo ao povo de Platí. Camus e Aldebaran estavam ainda sobre o efeito do choque em saber que Milo fora um rei em outra vida, rei de um povo que fora aliado ao Santuário.

Camus seguiu para o fundo, onde se encontrava os dois, encontrando-os na mesma posição, de mãos dadas. Porém ele não reconheceu a aparência diferente que Milo tinha. Só o reconheceu quando o cosmo potente da princesa se desfez, os fazendo retornar a suas reais aparências e Hana desmaiar. Avisou Aldebaran por cosmo para que ele ajudasse a carregar um dos visitantes.

Retornaram para o templo onde a deusa esperava com a caixa selada em mãos. Tiveram permissão de recolhê-los em Escorpião, casa que Milo deveria herdar de seu mestre e que tanto recusava.

—Camus, avise-me quando eles despertarem, em especial a Milo.

—Sim, senhorita...

Reverenciaram a deusa e se digiram a oitava casa onde ficariam esperando o despertar dos dois. Algo que, por sinal, demorou deveras.

Milo demorou a reconhecer que estava no templo que pertencera a seu mestre, confuso com as memórias de Andrew que ainda lhe atacavam. Olhou para o lado e viu o ruivo, que parecia aguardar o grego despertar.

—Atena deseja lhe falar. Assim que estiver podendo sair da cama, iremos ao templo de Atena.

Milo procurou por Hana, algo que Camus prontamente entendeu.

—Aldebaran está com ela. Ela está viva e bem. – disse o aquariano.

—Obrigado... – Milo se sentou na cama. – Estou bem. Posso ir ao templo.

Camus apoiou Milo para o mesmo para se levantar e até que sentisse firmeza e juntos foram até ao encontro da deusa. Ajoelharam-se diante da jovem e a pedido da deusa, o cavaleiro de Aquário se retirou, deixando o grego sozinho. Atena sorriu de forma maternal.

—Imagino que ela despertou as memórias de Andrew, certo?

Milo afirmou tímido.

—Então sabe que de algum modo está destinado a esta armadura.

—Eu me lembro sobre o rei Rascos dizer que minha alma está ligada a constelação de Escorpião, assim como de meu mestre e outras almas. Imagino que alguma vida que eu não lembro eu tenha servido a senhorita.

—Sim, você teve vidas que me serviu com a mesma dedicação que Andrew devotou seu coração a Joan e ao povo platino. Eu não vou forçar, como Joan lhe disse, faça quando seu coração dizer.

—Mas a senhorita no momento está sem proteção da oitava casa também... Eu... estou um pouco confuso sobre o que fazer.

—Sua prioridade agora é a jovem em quem Joan encarnou. Fazê-la ver que a ama nesta vida como Milo antes que a perca de vista. – disse a deusa. – Este Santuário está de portas abertas para você e a jovem, e sua família também quando desejar.

Milo fechou os olhos com força, abaixando a cabeça.

—Muito obrigado, Atena...

—Vá cuidar de sua princesa, recuperem-se e fiquem o tempo que precisarem. De todo modo, a oitava casa é sua. Assuma o posto quando puder, Milo de Escorpião.

Milo se levantou. Já sentia-se mais forte para caminhar e saiu sozinho, encontrando Camus o aguardando do lado de fora.

—Vou esperar Hana se recuperar e vamos embora.

—O que ficou decidido? – indagou o aquariano.

—Tenho uma missão importante para completar antes de qualquer coisa que envolva este Santuário. Vai demorar um bocado, mas vou assumir sim o posto.


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