Elementium - Volume 1 - A Ascensão escrita por Sophia Jackson


Capítulo 17
Abaixo de Zero


Notas iniciais do capítulo

Olá Pessoas...
Pessoas lindas do meu coração...
Não culpem a mim pelo atraso, culpem a escola. Estou em época de fechamento de nota e está um inferno.
Eu queria postar no dia 5, que foi o aniversário de um ano da fic, mas forças maiores (professor de sociologia e professora de geografia) resolveram acabar com a minha paz e fazer três trabalhos e duas provas em uma semana só. Muito legal da parte deles.
Enfim... eu tive que estudar pra caramba pra não ter que fazer recuperação, mas aqui está mais um capítulo.
Boa leitura e me desculpem pelos erros, ainda não revisei.



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Caio Zanatteli. Esse nome a muito tinha sumido da minha mente, mas quando o vi entrar na enfermaria foi inevitável lembrar do acidente mais uma vez. Ele era o garoto quieto da primeira carteira, sentava-se ao lado de sua namorada, Gabriele Moura. Me lembro de ter falado com eles uma ou duas vezes, mas as lembranças são quase inexistentes.

Ele é um Aire. Quem diria, eu não era a única elementista naquele ônibus. Ele sobreviveu por causa de uma barreira que se formou a sua volta, infelizmente, Gabriele não estava incluída nessa proteção. Caio foi levado ao hospital, onde criou uma grande confusão que foi resolvida facilmente por Martin.

Agora, ele anda pelos corredores, fazendo amigos e se adaptando, assim como eu.

Treze dias e meio. Trezentas e vinte e quatro horas. Não parece que estou aqui a todo esse tempo, é como se tudo aquilo tivesse acabo de acontecer. Com o passar dos dias, fico feliz em dizer, que agora conheço quase todos os caminhos do colégio, passo bastante tempo andando por ele antes do jantar.

Caio e eu nos tornamos próximos, talvez porque compartilhamos uma mesma tragédia ou pelo simples fato de que nós dois queremos algo familiar. Durante esse dias tenho ajudado ele a se adaptar a rotina, mas não é isso que o impede de se sentir em casa. Caio tem uma incrível dificuldade em manipular o ar, ele não consegue achar uma ancora que o ajude.

Posso dizer que tenho evoluído no quesito combate, não é mais tão complicado controlar a água, além de que as matérias começaram a fazer sentido.

   – Você está fazendo de novo. – Austin diz com um pequeno sorriso.

Estamos sentados no jardim esperando a chamada para o Alasca. Hoje faremos uma excursão e mesmo sabendo o porque de Martin mandar todos para lá, não estou com medo, vai ser a primeira experiência prática que vou ter.

   – Desculpe. – respondo retribuindo o sorriso – Acha que vamos encontrar algo lá?

   – Não sei. – responde encarando o céu – Talvez Ethan tenha matado o ultimo que tinha.

Sua voz parece confiante, mas sei que ele não acredita nisso, na verdade ninguém que sabe da verdade acredita. De acordo com as informações do livro dos Mitons, eles não vivem sozinhos, então é impossível haver só um. Se existirem apenas dois, eles não irão se separar para não correrem o risco de ficarem sozinhos.

Durante a semana passada, o estresse era visível no rosto de Martin e dos professores. A simples menção da palavra Miton é o bastante para calar uma multidão aqui.

O jardim está silencioso como o resto do campus. Os alunos resolveram se fechar em seus quartos ou sentar em pequenos grupos em cantos do colégio. As vozes são baixas, como sussurros, mesmo não tendo um motivo em especial, todos parecem saber a importância dessa excursão.

Três salas acompanharão a equipe de Ethan até o local da luta que deixou nove soldados em coma e quatro em observação. Duas do primeiro ano e uma do segundo.  Ethan foi liberado  ontem, mas alguns ferimentos ainda estão presentes em seu corpo.

O vasto campo está em seu melhor dia desde que cheguei, há vários pássaros cantando nas árvores e o céu está completamente azul, com o sol queimando acima de nós, porém, a temperatura não está nem quente nem fria. Uma das coisas que mais gosto aqui é o fato de sempre a temperatura estar mediana, nunca muito frio e nunca muito quente. Austin me disse que isso é para manter o equilíbrio entre os elementos.

Austin está incrivelmente relaxado hoje, mas se olhar diretamente em seus olhos é possível ver sua ansiedade. Ele perdeu toda aquela aparência doentia e os hematomas não estão mais em seu corpo.

Hoje o dia está “preguiçoso” e Austin é uma representação perfeita de alguém que não quer fazer nada o dia todo. Ele está esparramado na grama, com um braço em baixo da cabeça e o outro sobre os olhos, de chinelos, bermuda e camiseta. Provavelmente nem se deu ao trabalho de pentear os cabelos, pois eles parecem mais bagunçados que o normal.

“Alunos das salas requisitadas para a excursão, por favor compareçam ao auditório principal trajados com o uniforme de combate completo.”

   – Essa é a nossa deixa, vamos? – pergunto e Austin resmunga algo indecifrável. – Austin, qual é!

Ele tira o braço do rosto e sorri, mas sem abrir os olhos.

   – Me ajude a levantar então sua chata. – diz ele erguendo a mão.

Reviro os olhos e o ajudo, ou melhor, a intenção era ajuda-lo, mas o idiota me puxa em vez de levantar. Acabo caindo na grama e ele da uma gargalhada.

   – Austin! Quantos anos você tem? – pergunto tirando a grama do cabelo.

   – Ah! Qual é Thais?! – ele faz uma careta engraçada – você está séria a semana toda, cadê a garota que discutia comigo?   

Reviro os olhos mais uma vez, mas de certa forma ele tem razão, faz alguns dias que não temos uma discussão e também não tenho me concentrado em outra coisa a não ser me adaptar.

   – Tudo bem, agora levanta que a gente tem que ir. – falo.

Ele sorri novamente e se levanta, me ajudando logo em seguida. Ele passa as mãos pelos cabelos deixando-os mais bagunçados ainda.

Seguimos para dentro do prédio e vamos para os dormitórios. Eu já tinha separado meu uniforme, então simplesmente coloco-o e prendo meus cabelos.

O corredor não está tão movimentado, já que as outras turmas iniciaram o período da tarde. Semana passada, fiz e refiz o caminho até o auditório principal mais ou menos seis vezes, para que não fosse um problema chegar ate ele. Descrever o auditório é fácil, ele é um teatro gigante.

Sento-me em uma das cadeiras cinzas mais no fundo. Aos poucos, o lugar vai ficando cheio e sou surpreendida por duas mãos em meus ombros.

   – Me atrasei ou todo esse povo está adiantado? – pergunta Caio.

   – Acho que as duas opções estão certas. – respondo sorrindo.

Ele ri e se senta ao meu lado. O uniforme dos Aires só o faz ficar mais pálido, se não fosse pelo colete preto, poderia facilmente ser confundido com um palmito. Seu cabelo loiro esta penteado até demais e desde que chegou não o vi com seu habitual topete. Outra mudança notável, são seus olhos, antes sempre alegres e agora parecem perdidos, como se ele estivesse muito longe daqui, além de o azul parecer pálido.

   – Cadê o Clarck? – ele pergunta olhando em volta.

Analiso a sala percebendo que Austin realmente não está ali. Se ele dormiu mais uma vez, juro que coloco ele dentro de um freezer.

   – Eu não sei. – respondo ainda procurando ele – Da ultima vez que o vi, ele estava indo para o dormitório.

   – Pensei que viria com ele, já que estão sempre grudados. – diz ele chamando minha atenção e exibindo um belo sorriso sacana.

   – O que está insinuando? – pergunto com os olhos semicerrados.

   – Não sei, me diga você. – responde ainda com o mesmo sorriso.

Balanço a cabeça negativamente com um sorriso irônico empurrando sua cabeça com uma mão.

   – Você é um idiota Caio. – falo ainda sorrindo.

Ele sorri mais e bagunça meus cabelos e o empurro brava, não gosto que mexam no meu cabelo.

   – Estou interrompendo? – pergunta uma voz conhecida ao meu lado.

Me viro e lá está Austin, com uma cara emburrada. Agora ele está com o uniforme completo dos Sharks, assim como eu. Os cabelos castanhos na mesma bagunça de sempre, a qual se tornou normal pra mim. Ele está com alguma coisa que não consigo identificar entre seus dedos.

   – Não mesmo, eu só estava aqui fazendo uma companhia para a moça. – Caio responde bagunçando meu cabelo mais uma vez.

O empurro com uma mão e ele levanta rindo, acena antes de se sentar com os novos amigos. Austin se senta ao meu lado, mas a expressão emburrada continua em seu rosto.

   – Esqueceu o bom humor no quarto? – pergunto.

   – Você esqueceu isso no jardim. – ele me entrega o medalhão da minha família, eu nem vi que estava sem ele.

   – Obrigado. – agradeço – Mas não respondeu minha pergunta.

   – Não Thais, meu bom humor ainda está aqui, sinto muito se não consegue vê-lo. – responde grosso.

   – Talvez porque ele está escondido atrás da sua parede de grosseria. – falo.

   – Ela está certa. – Diz outra voz ao meu lado.

Austin revira os olhos e eu sorrio ao reconhecer a voz.

   – Vocês tem que parar de usar isso todas as vezes que estão atrasados. – falo sem olhar para eles.

   – Thais, não dê uma de Max, nós todos sabemos que também quebra as regras. – Mari responde.

Encaro-a e percebo que ela está falando do dia em que “fugi” da aula de toxicologia. Em minha defesa, foi culpa da professora.

   – Claro, Mari. – digo com um sorriso irônico – Olá Jack.

   – Oi ruivinha. – ele responde sorrindo me fazendo ficar seria – Austin.

Austin apenas acena com a cabeça, a expressão emburrada continua em seu rosto, me fazendo encará-lo com tédio.

   – Por que ele está com cara de criança birrenta? – pergunta Blake descendo as escadas até nós.

   – Porque ele é uma. – respondo fazendo Blake e Milena rirem.

   – Oi Wind. – ele me cumprimenta com um beijo no rosto.

   – Oi. – respondo – Oi Milena.

   – Oi. – ela sorri e me abraça. – Sinceramente, não entendo como conseguem chegar no horário.

   – Quem disse que nós chegamos? – Mari diz sorrindo – Oi Mi.

   – Claro que não chegaram. – Milena responde cumprimentando Mari – Oi Jack.

   – Oi. – Jack a cumprimenta.

Ficamos conversando enquanto as pessoas chegam. Passados alguns minutos, o lugar fica lotado e o palco finalmente é iluminado. Nele se encontram todos os professores que vão nos acompanhar, Martin e também a equipe de Ethan.

   – Boa tarde. – diz Martin recebendo a resposta em uníssono – todos sabem porque estão aqui, então creio que não preciso repassar o assunto. Como vocês já aprenderam em suas aulas, Sharks são vulneráveis ao gelo, por isso, foi requisitado um Fênix para cada um. Vocês andaram juntos, para que não morram. Os condrows fênix e Shark, não precisam, mas também não devem ficar perto de um Shark que não está acompanhado, lembrem-se que vocês só possuem metade da força Fênix...

    – Como assim? – pergunto para Austin, mas ele me ignora, de novo me fazendo revirar os olhos.

    – Você é só metade Fênix e esses 50% são o bastante para te manter viva em temperaturas frias ao extremo, porém, você não pode compartilhar sua proteção com ninguém porque você estaria doando esses 50% para outra pessoa e consequentemente você morreria. – Mari responde e depois encara Austin com tédio – Legal ter tirado o dia pra ser um idiota.

Austin cruza os braços e bufa sem olhá-la e Mari revira os olhos.

   – Obrigado Mari. – digo – então um Fênix pode doar 50% da sua proteção?

    – Sim, eles protegem os Sharks quando tem missões em lugares frios, compartilhando a proteção com eles. – responde ela.

   – ... A equipe de Ethan irá acompanha-los. Aprendam o que puderem, lembrem-se que o trabalho deles, será o de vocês no futuro. – diz Martin – Ah... e mais uma coisa... Voltem todos vivos, que karyceres vos acompanhe.

Ele termina o discurso e os aplausos tomam conta do auditório. Ethan vai até o microfone e pede silêncio. Uma coisa incrível desse lugar é a forma como todos sabem respeitar um pedido, mesmo o mais simples.

   – Minha equipe vai estar esperando no portal norte, gostaria de pedir para os Sharks puros colocarem luvas também, não queremos correr o risco de falha de poder. Nos encontramos lá fora. – ele diz e todos assentem.

    – Sharks puros são os 100%, certo? – pergunto para Mari.

   – Sim, são os 100%. – Austin responde primeiro e o encaro séria.

   – Obrigado. – respondo seca e me levanto junto com os outros.

A saída do auditório está cheia e vai demorar para sairmos daqui. Mari e Jack estão atrás de mim com um cara entediada, assim com Blake e Milena. Provavelmente todos os Shadows presentes estão assim.

   – Chega, eu não aguento isso. – Mari diz, fazendo Jack rir. – quer carona?

   – Nós levamos ela, vocês vão ficar cansados, Mari. – Blake fala.

   – O.k. Nos encontramos lá fora. – ela diz e desaparece com Jack.

 Milena estende a mão pra mim e olho para Austin que está de costas a minha frente. Não vou chama-lo, ele não tem o direito de ficar ignorando os outros como um idiota e depois agir normalmente.

   – Por que eles ficariam cansados e vocês não? – pergunto.

   – Porque o Jack tem mais poder de teleporte e quando ele usa isso com a Mari acaba suprindo a necessidade dela, pois ela tem poder em ocultar as coisas, mas andar pelas sombras e o seu ponto fraco. Quando o Jack supri isso, ele acaba perdendo um pouco do poder dele e levar você junto, pegaria mais ainda, deixando os dois cansados. – responde Milena.

   – Nós dois temos o poder equilibrado, então não precisamos suprir nada um pro outro e te levar não nos cansa porque nosso poder vai continuar equilibrado.  – Blake completa.

Assinto e seguro a mão de Milena. Tudo ao nosso redor escurece e consigo ver apenas os dois. Eles estão de olhos fechados e parecem concentrados. Quando a claridade retorna, estamos em um lugar que não conheço.

   – Onde estamos? – pergunto.

   – Na parte norte de Wirdgewt, se andarmos mais alguns quilômetros chegaremos ao Meydran dos Lutuns. – responde Blake apontando para a direita, que acredito ser o norte.

   – Vocês vão ficar parados ai? – pergunta Jack vindo em nossa direção.

   – Já estamos indo apressadinhos. – responde Milena.

   – Então vamos todos juntos. – Diz Luiza pousando ao lado de Mari – Não faça essa cara Mari, não vou te matar por estar do seu lado.

Mari desvia o olhar envergonhada e Luiza a abraça sorrindo. É até engraçado ver Shadows perto de Lamps, eles são todos tão quietos, gostam de passar despercebidos, sempre com suas roupas pretas. Já os Lamps... bem... eles são o oposto, sempre alegres e marcando presença, “brilhando” em todos os lugares.

   – Vamos logo suas tartarugas! – Bryan grita voando acima de nós.

   – Fala sério. – resmunga Milena – vamos logo.

Vamos andando até o tal portal norte. Ele não é muito diferente do portal que passei para vir pra cá quando me encontraram. É simplesmente uma porta grande de pedra. O que mudou são os desenhos entalhados.

   – O que significam esses desenhos? – pergunto.

   – Não são desenhos. – Blake diz rindo – É o idioma mais antigo de wirdgewt. Essa língua foi criada pelos primeiros para eles poderem se comunicar sem que os monstros pudessem entender. Ninguém sabe o que está escrito nos portais, os únicos que sabiam essa língua eram eles. O que nós sabemos é que o nome é Brásrra.

    – Os monstros falam? – indago confusa.

   – Sim, eles falam o mesmo tanto de línguas que nós, ou seja, todas. – Milena responde avaliando a equipe de Ethan que está parada um pouco a frente.

   – O que foi? – pergunta Blake ao perceber que ela parece desconfiada.

   – Você também está sentindo? – Luiza questiona parando ao lado de Milena.

   – Sim. Acha que é importante? – Milena parece fazer a pergunta mais pra ela do que para Luiza.

   – Não sei, mas é forte. Devemos falar alguma coisa? – enquanto fala, Luiza franze a testa como se tentasse ver algo muito longe.  

   – Não, temos que ter certeza antes, podemos criar pânico sem motivo. – Milena responde ainda encarando a equipe de Ethan.

Luiza assente e também encara eles. Blake parece entender mais do que eu a situação. É realmente incrível, quando eu peso que estou encontrando as respostas, as perguntas mudam. Fala sério!

   – Vocês duas podem dividir o assunto? – Blake pergunta sério recebendo um olhar repreendedor de Milena.

   – É só uma sensação, nada demais. – ela responde encarando-o.

   – Tem mais pessoas chegando. Vamos logo. – Luiza diz nos puxando.

Ethan está parado na frente de sua equipe com o uniforme completo dos Sharks, a única coisa que o diferencia dos outros, é a braçadeira azul com as letras “EES”. Tenho que me lembrar de perguntar o que elas significam mais tarde.

   – Olá. – ele cumprimenta e olha direto pra mim – Me lembro de você.

Ele me analisa da cabeça aos pés, como se mesmo lembrando de mim, eu não fosse a mesma pessoa, o que provavelmente é verdade.

   – Muito bem, vocês irão ser divididos em equipes de 16 pessoas e também vão usar duas braçadeiras, uma representando seu elemento e a outro sua equipe. – ele fala e aponta para algumas pessoas atrás dele – vão pegá-las ali. Podem ir.

 Vamos até o grupo e uma garota para em minha frente, observa o uniforme, coloca uma braçadeira transparente um pouco acima do meu cotovelo direito e depois pressiona a mão sobre ela. Sinto um formigamento e quando olho a braçadeira se tornou azul escura com o símbolo dos Sharks.

   – Vá até aquele grupo ali, para saber qual fênix vai te escoltar. – ela diz apontando para o resto da equipe.

   – Ela não precisa. – James H para ao meu lado e sorri irônico para a garota que revira os olhos – Ela é uma Condrow.

   – Ótimo. – ela diz e se vira para os eu grupo – Ed!

   – Que falta de educação Emily, não vai nem dizer oi? – pergunta James fingindo uma cara de indignado.

   – Vaza Hausenback. – fala um garoto parando ao lado de Emily.

   – Gomes, educado como sempre. – diz James encarando “Gomes” sério.

   – Eu não vou falar uma segunda vez. – “Gomes” avisa e James vai embora batendo em seu ombro – Qual o problema Em?

   – Ela é uma condrow.- Emily responde me indicando com a cabeça.

   – O.K. – Gomes coloca a mão sobre a braçadeira e dessa vez meu braço fica quente, quando ele se afasta, a braçadeira está vermelha e azul, com os símbolos fundidos no meio. – Pronto.

Ele sorri e volta para o resto do grupo. Emily retribui o sorriso dele e o segue com os olhos, depois disfarça quando percebe o que fez.

   – Você vai ficar na minha equipe, a Verde. – ela pega uma braçadeira de dentro do bolso da calça e coloca acima da primeira – Agora é só esperar.

Me afasto dela e vou até os outros. Luiza está com duas braçadeiras amarelas. Blake com uma azul e uma preta, assim como Milena. Jack está com uma branca e a preta. Mari com uma verde e uma preta. Os dois não parecem felizes com as equipes diferentes. Enquanto esperamos, James e Bryan se juntam a nós. O terceiro mosqueteiro (Luide) não faz parte da sala escalada.

Aos poucos todos colocam as braçadeiras e se juntam em grupos. Quando todos estão prontos, as equipes se reúnem. Cada uma é liderada por duas pessoas. A verde é liderada por Emily e um garoto ruivo que se chama Gustavo. Que eu conheço, apenas Mari e Bryan estão na minha equipe.

Austin está na equipe vermelha, liderada por Micael e Ethan. As equipes fazem duas filas cada e começam atravessar o portal. A sensação de atravessa-lo é a mesma de teleportar, o ar simplesmente muda e pronto.

Assim que atravesso um vento muito frio me atinge, realmente gelado e começo a duvidar da minha proteção. Quando meu corpo se acostuma com a temperatura, consigo parar de tremer e olhar em volta. Cada Shark está acompanhado de um Fênix e o engraçado é que eles estão com um luminosidade a sua volta, parecem lâmpadas ambulantes.

O céu está nublado e o vento é forte. Me junto ao resto da equipe e esperamos as outras. Estamos próximos ao mar que está turbulento e escuro. O longo terreno tomado pela neve, parece deserto, sem uma alma viva, mas acho que Milena não pensa assim. Ela está inquieta e olha para os lados apreensiva como se a qualquer minuto algo terrível fosse acontecer. Luiza não esta muito diferente, mas ela disfarça melhor.

   – Vocês vão se separar e conhecer o terreno. Cada equipe vai estar com um professor como auxiliar, se algo acontecer façam alguma coisa que sinalize para os outros. – Ethan fala e sua voz faz eco – Podem ir.

Minha equipe segue pela direita e depois de alguns minutos perdemos os outros de vista. Fico ao lado de Mari  que se encolhe as vezes, mas parece estar bem. Enquanto andamos começa cair um pouco de neve. Não me lembro qual foi a ultima vez que vi isso acontecer, provavelmente foi quando eu tinha uns seis anos. Depois que nos mudamos, nunca mais vi neve pessoalmente.

   – Emily, você tem que ver isso. – Gustavo fala parado com mais três alunos.

Seguimos até onde ele está. No chão tem uma marca, mas o estranho é que ela é preta, como se tivesse sido queimada ali, o que é impossível, a neve já teria coberto.

   – É só uma marca qualquer, pode ter sido um morador. – diz uma aluna Lamp.

   – Não foi um morador. – Emily responde e encara Gustavo.

   – Acho que devemos... – o professor começa a falar, mas é interrompido por uma linha de luz indo em direção ao céu,  vinda de trás de uma montanha.

   – Droga! Vamos. – Emily alça voo e os outros a seguem, tirando os Shadows que se teleportam.

Estou pronta para segui-los quando algo chama a minha atenção. Um grunhido de dor as minhas costas. Primeiro penso que é um bicho machucado ou coisa do tipo, mas ao escutar uma segunda vez tenho certeza de que não é um animal. Começo a seguir na direção do barulho, mas a neve não ajuda muito, ela está forte agora dificultando minha visão.

O som vai aumentando enquanto me aproximo, mas estão cessa. Paro de andar e olho em volta, mas só o que vejo é neve. Escuto barulhos de luta as minhas costas, vem do lugar onde vimos a luz e me incomoda eu não estar lá.

Fico mais uns segundos parada para tentar escutar o som novamente, mas só consigo ouvir o som de metal contra metal das espadas. Me preparo para voar na direção deles quando escuto uma voz fraca e quase inaudível. Parece ser de criança, de alguém com dor.

“Frio”

É a única coisa que a vozinha diz. Me viro novamente em direção ao som e empunho minha espada. Se tem uma coisa que eu aprendi com filmes de terror é: nunca siga a voz de criança sem nenhuma arma, geralmente elas são as vilãs.

“Está frio”

 Diz a voz novamente. Ando a passos lentos e tento enxergar através da cortina de neve. Ouço mais um grunhido, dessa vez perto até demais. Queria muito poder controlar o gelo agora, não teria tanta dificuldade pra ver.

“Frio”

Cada vez que escuto, a voz parece estar mais fraca. Finalmente consigo ver alguma coisa no meio de toda aquela neve. Tem “algo” ou “alguém” encolhido sobre o gelo. Me aproximo com cautela e realmente não é nada do que eu esperava encontrar.

Afundado em um pouco de neve, com as roupas rasgadas, encolhido em posição fetal, está um garotinho. Ele tem cabelos negros e está muito pálido.

   – Ei! – me aproximo mais, me livrando da minha espada.

   – Frio... es-está frio. – sua voz parece mais fraca pessoalmente e agora percebo que ele treme incontrolavelmente.

   – Calma. – toco em seu braço, mas afasto imediatamente com um grito.

Tocá-lo foi como tomar um tiro, uma dor lancinante subiu pelo meu braço que ficou pálido por alguns segundos. Então as palavras de Mari voltam a minha mente, “...Você é só metade Fênix e esses 50% são o bastante para te manter viva em temperaturas frias ao extremo, porém, você não pode compartilhar sua proteção com ninguém...” É isso, eu não posso compartilhar minha proteção. Eu não sei quem esse garotinho é, mas sei que ele não é humano e não posso deixa-lo morrer.

Encaro-o por alguns segundos e tomo minha decisão. Em um movimento rápido, o abraço sentindo todo o meu corpo arder. Meus músculos gritam em protesto, mas não o solto. Ele se encolhe em meus braços. A dor excruciante toma todo o meu corpo e pontos pretos aparecem em minha visão. Não me lembro quando, mas me rendo a dor.


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Notas finais do capítulo

Bem Pessoas...
Até o próximo capitulo, se o mundo não acabar e o universo não resolver brincar com a minha vida, será postado no dia 30.
Até logo...



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