O Relicário escrita por TWorld


Capítulo 22
Capítulo 22 - Decepção




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HELENA OLHA PARA NÍCOLAS e se surpreende com a expressão horrorizada no rosto do ex-namorado. Ela não esperava que isso acontecesse. Será que essa voz era de...

Nícolas caiu de joelhos, sem fala, sem reação. Seu maior medo se realizara. Ela que estava sempre com Elisa, ela que estava sempre ouvindo através do Relicário, ela aparecera: Ophidia Heid.

Como se atreveu a revelar meus segredos? — a voz sombria falava baixo, mas cada palavra soava clara como se a bruxa estivesse bafejando em seus ouvidos — Isso merece castigo!

Elisa continuava de pé, mas em seu rosto dava pra ver o mesmo medo de Nícolas. Cada vez mais pálida, Elisa parecia prestes a desmaiar.

— Eu não falei nada de importante. Eu juro! — disse a loira em tom de súplica.

Engana-se! Tudo que se refere a mim é importante, toda e qualquer informação.

De repente finas linhas verde saíram do Relicário e atacaram a garota. Externamente parecia eletricidade, mas para a própria Elisa deveria ser muito pior. A dor que lhe causara a fez gritar muito forte, mais alto do que um simples choque. Era uma magia cruel feita para causar uma dor excruciante, como mil agulhas sendo enfiadas na carne até os ossos.

— Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!

Apesar da dor que sentia e da vontade de desabar no chão, seu corpo continuou de pé. Elisa queria se deixar cair, mas Ophidia não ia deixar que sua tortura fosse suavizada: a garota teria que aguentar até o fim.

Nícolas percebeu o olhar desesperado de Elisa e ele voltou a sentir alguma coragem dentro de si.

— Por favor! Elisa já teve o bastante, por favor! POR FAVOR!

Ophidia soltou uma risada antes de dizer:

O bastante! Não! O crime foi grande, então ainda não foi o bastante. Elisa tem que sofrer.

Uma nova onda de raios verdes causa mais dor em Elisa, que grita mais alto que antes, as lágrimas escorrendo pelo rosto bonito.

Ah, isso foi muito divertido. Mas está começando a ficar chato. Eu me vou. O aviso fica dado.

E toda luz verde, recolhendo-se de volta ao Relicário como pó sendo aspirado, desapareceu completamente. O corpo finalmente livre, Elisa caiu no chão. Helena avança e pega uma das pedras rúnicas: a barreira se desfez num instante, como a fumaça de uma vela recém-apagada.

Nícolas se aproximou devagar, sem respirar direito. A garota parecia vítima de um pesadelo: os olhos fechados, o rosto lavado de lágrimas, o corpo todo tendo pequenos espasmos. Ele tocou muito de leve um dos braços dela e Elisa gemeu de dor. A mão de Nícolas recuou rapidamente enquanto o rapaz baixou a cabeça.

Helena estava exultante. Tudo que Nóctua lhe contara era verdade. Havia mesmo um grande mal por trás de Elisa e esse mal tinha nome: Ophidia Heid. Tudo se encaixava. Era como Nóctua dissera: Elisa era fraca e Ophidia a estava usando.

Helena se aproximou de Nícolas, ansiosa com a perspectiva de conseguir seu namorado de volta agora que provara que Elisa era maligna, mas o rapaz continuava de cabeça baixa e ajoelhado ao lado da garota. Ela não estava entendendo a atitude dele.

A verdade era que a cabeça de Nícolas estava na maior confusão de sua vida. Ele nunca fora alguém de muitas palavras então expressar o que sentia sempre foi um problema. Tinha sido por isso que ele não tinha tido coragem de se aproximar de Helena durante tanto tempo: o que ele lhe diria? Agora, era exatamente o mesmo problema: ele sabia o que sentia, mas não encontrava as palavras certas. Seu cérebro estava barulhento como uma tempestade revolta. Tudo que sabia de Helena e Elisa vieram a sua mente e uma enxurrada ensurdecedora encheu seus ouvidos.

— Finalmente acho que entendo o que é a Elisa e saber isso dói muito. Pois se ela é o que eu penso, então tudo que eu achava estava errado. Eu estou confuso ainda, mas também muito decepcionado.

A voz de Nícolas soou triste e distante, mas Helena se convenceu da vitória.

— Isso mesmo Nícolas, isso mesmo. Elisa é má! Agora você também vê isso. Mas não se sinta decepcionado consigo mesmo, não tinha como você saber.

Nícolas levou as mãos delicadamente por baixo do pescoço e das pernas de Elisa e a ergueu com cuidado.

— Quem é você? — perguntou Nícolas.

— O quê? — Helena deu um passo para trás.

— Eu estou decepcionado é com você, Helena. Elisa é tão vítima de Ophidia quanto você e eu. Elisa teve toda sua vida influenciada por Ophidia e sofreu tudo isso sozinha. Eu te amava...

Helena perdeu o sorriso muito rápido, mas continuou em silêncio.

— Eu te amava Helena. Você me ensinou muito com seus gestos. Eu me apaixonei por aquela Helena que estava sempre pronta para ajudar os outros e parar as brigas. Eu te amava tanto Helena, como você pôde fazer isso? Como pôde trair o que você era e fazer isso? Como pôde ser tão... cruel! Se você suspeitava de Ophidia, então porque seguiu em frente sabendo que Elisa poderia sofrer?

Helena tinha uma expressão séria.

— Eu fiz um sacrifício por você. Eu fiz o que achei que você faria e tentei te proteger.

Por um instante ele parou de falar. Havia uma expressão totalmente nova no rosto de Nícolas que Helena nunca vira antes: um olhar severo e ameaçador. Onde estava o Nícolas que sempre lhe oferecera um sorriso acolhedor?

— Decepção! Você não é a Helena que eu conheci.


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Notas finais do capítulo

Comentem, por favor! *-*



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