Azul Noturno - Interativa escrita por Casca de Sorvete


Capítulo 3
Chelsea Raimann


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para vocês, espero que gostem!



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P.O.V. Chelsea Raimann

Já fazia um tempo que eu saíra do lago. O céu estava meio claro e meio escuro, tinha uma lua vermelha gigante no meio dele. Eu me impressionei, óbvio, mas estava confusa de mais para processar qualquer coisa, eu só seguir em qualquer direção.

Eu estava cansada e exausta quando reparei um cheiro forte de maresia. As arvores começavam a abrir espaço para uma praia de dunas brancas. Mais adiante um mar bravo se encontrava, eu simplesmente fitei aquela cena... Mar bravo, lua de sangue, estrelas que se movem, e nem uma lembrança de quem eu possa ser.

– Que droga - meu estomago roncava, me sentei na areia e recostei-me em uma das arvores, foi quando escutei um grito.

– Ei! - eu olhei para os lados a procura da voz e vi um homem correndo em minha direção - Você, finalmente...

Eu me levantei enquanto ele se aproximava, quando ficamos frente a frente pude reparar melhor em suas feições. Ele tinha cabelos castanhos e curtos, olhos da mesma cor, só que mais escuros, e altura mediana, mesmo sendo mais velho que eu era mais baixo.

– Eu não sou o único aqui! - Ele parecia bastante aliviado.

– Que lugar é esse? - Perguntei um tanto desconfiada.

– Eu chamo de limpo, imagino que você também tenha saído do lago - ele disse e eu assenti - não tem nenhuma pessoa aqui - ele ainda estava ofegante devido a corrida.

– Você olhou do outro lado da floresta? - Perguntei, levantando uma sobrancelha. Ele fez menção de falar, mas se calou, pensou por uns estantes.

– Não - ele disse por fim - mas não tem ninguém aqui, ou teriam me encontrado - ele agora gesticulava com as mãos - eu fiquei aqui três dias seguidos, sem ninguém.

– E não procuro do outro lado? - questionei mais uma vez.

– Olha, eu estou aqui a mais tempo, consegui comida e água, vai querer me seguir ou não?! - Ele já estava ficando irritado e isso era visível.

– Eu nem sei quem você é - disse em um tom irônico.

– Nem eu - respondeu ele - mas me chamo Joshua Hertz, me chame de Josh - ele estendeu a mãe e eu a apertei.

– Me chamo Chelsea Raimamn - depois disso seguimos na direção de onde Josh havia vindo.

Eu fiz algumas perguntas como "o que é a comida", "se ele se lembrava de algo" e coisas do tipo, mas ele sempre me respondia com o mínimo de palavras possíveis "ostras e peixes marinhos", para o resto um simples "não". Deu pra perceber que eu me irritaria a qualquer momento.

Depois de um tempo andando, comecei a ver capins dourados perto de um grande rochedo que se estendia pela floresta. Não consegui ver até onde ia ou quantos metros de altura tinha já que estava escuro. No rochedo havia um buraco, uma caverna e Josh me guiou até ali. Antes de entrar caminhou até uma arvore dourada, pegou um galho, derramou um pouco de água do seu cantil... Ele tinha um cantil?! Meu pensamento mudou assim que o galho entrou em combustão.

– Como você fez isso? - Perguntei.

– Em contato com água doce o galho queima - respondeu.

Ele ascendeu mais um galho e me entregou, eu estava receosa quanto a entrar na caverna, por algum motivo não queria confiar em Josh, mas não tive escolha. Se ficasse de pé mais alguns minutos iria desmaiar.

O interior era surpreendente. Uma sala ampla com um teto muito fundo, as paredes eram cheias de lodo e o local era extremamente frio, mas o fogo do galho me aquecia. Em um canto pude ver uma fogueira apagada, do lado um monte de galhos dourados, nas paredes do fundo haviam mais três passagens e de uma delas vinha um som de correnteza.

– Água - exclamei, minha boca estava seca.

– Beba dessa - Josh foi para perto da fogueira, eu ainda não avia reparado, mas ali havia um monte de conchas fechadas e duas cabaças quebradas, uma com água e outra com uma carne branca que julguei ser peixe. Ele troce a cabaça de água até mim, me entregou e eu a fiquei fitando. Novamente a desconfiança, como se a água pudesse me matar, mas eu estava desidratada, a sede venceu o medo e eu bebi.

Foi como se minha energia estivesse voltando, mas assim que parei de ingerir o liquido voltei a me sentir cansada. Josh tinha acendido a fogueira com água de seu cantil.

– Onde você conseguiu a tatuagem? - Perguntou ele. Eu então olhei para o meu braço direito, e pela primeira vez, reparei na imagem de uma cobra que percorria todo o membro.

– Eu não sei - disse ainda admirando os traços sombreados.

Voltei meu olhar para meu novo "amigos" e me dirigi a ele, sentei a seu lado enquanto o mesmo tentava abrir uma conha com uma pedra afiada. Eu olhei para a cabaça com peixe e imaginei que não teria problema beliscar Mas assim que pus um pedaço na boca, algo se contorceu dentro de mim. Um intensa suspeita, de repente um gosto apareceu na minha boca, um gosto de nada.

Mesmo assim eu engoli o peixe e a sensação passou, comi mais um pouco e depois devorei três ostras que Josh abriu para mim.

– Amanhã você vai pescar e coletar água - disse ele entre uma ostra e outra - eu cuido das ostras e do fogo.

Eu não podia descordar, era justo ajudar, só que pescar ia ser algo novo. De repente eu soube que eu não sabia pescar e... A lembrança fugiu. Suspirei e me recostei em um canto perto da parede e antes que eu percebesse adormeci.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam... Por favor comentem e mais que tudo sejam sinceros, me digam se acharem que preciso melhorar.