Lia e Louis se viam, entre muitas outras coisas, encurralados. Membros da polícia local os prendiam em um beco, e eles não sabiam como fugir dali. Apesar de já terem 16 anos, não sabiam controlar seus próprios poderes.

Há algumas horas atrás haviam sido descobertos pelos pais; a menina estava cozinhando, e misteriosamente o fogo veio parar em sua mão, sem nem a queimar. Em seguida, quando ficou nervoso, água saiu de todos os canos da casa a um simples gesto do garoto.

Os noticiários sobre mutantes eram constantes, e todos eles diziam que matariam qualquer um que os acobertasse. Era esse um dos motivos para os pais dos meninos terem os mandado embora. Mutantes. Era assim que Lia e Louis passaram a ser chamados.

Era para ser um dia normal, mas agora se encontravam cercados por policiais; Lia nunca achou que isso pudesse acontecer. Ela sempre se autodenominou alguém com uma vida tediosa, chata.

— Coloquem as mãos para cima! — Gritou um deles, claramente com raiva. Obviamente não haviam gostado de serem tirados de casa dez horas da manhã.

Endireitando o corpo, Lia deu um sorriso sedutor, e somente torceu para que aqueles homens fossem idiotas o suficiente para caírem em seu truque.

— Olha, moço, não sei pra que isso tudo. — Começou, tentando ganhar mais tempo. — Somos só adolescentes normais.

Mostrando um aparelho que agora vibrava, o homem deu um sorriso vitorioso.

— Sabe o que esse aparelho faz? Ele vibra sempre que algum mutante está por perto.

Lia, impressionada, recuou. Não havia mais ninguém na rua, e obviamente eles eram os mutantes. Olhando para Louis, viu sua expressão, e deduziu que não tinha mais nenhuma saída. Foram pegos.

— Tudo bem, não posso dizer que está...

De repente um barulho interrompeu a menina, e eles puderam ver um carro preto entrando pelo beco. Aquele modelo havia sido lançado há pouco tempo, e Lia deduziu que fosse alguém muito rico. Mais pessoas para nos incriminar, pensou ela. Mas estava errada.

Quando a porta se abriu, de lá saiu um um homem com aparentemente uns vinte anos de idade. Sorrindo ironicamente, ele tirou os óculos de sol, e por baixo havia olhos pretos como carvão. Os cabelos, da mesma cor, estavam balançando com o vento, e Lia teria ficado impressionada se não estivesse assustada.

— Ei, o que estão fazendo? — Perguntou ele secamente.

— Saia daqui, menino, ou vai junto com eles!

— Ah, acho que não vou, não.

Abrindo o sorriso mais ainda, presas começaram a crescer em sua boca, e as unhas ficaram cada vez mais afiadas. De repente ele partiu para cima dos policiais, e Lia não teve tempo nem de gritar antes do primeiro cair morto.

Em pouco tempo todos estavam aos pés do menino, e esse sorria para Lia e Louis, que estavam espantados com a situação. O menino não era muito de falar, então sempre era a mais nova que se pronunciava nessas situações.

— Quem é você?

— Sou Josh. Creio que são mutantes, como eu.

Afirmando, a menina soltou um suspiro de alívio. Pelo menos ele era como os irmãos, e não tinha a intenção de matá-los ou capturá-los. Dando um passo à frente, a menina disse:

— Sou Lia. E esse é meu irmão, Louis.

— É um prazer conhecê-los. — Sorriu. — Entrem no carro, vou levar vocês a um lugar seguro.

Lia começou a andar, mas foi contida pelo irmão, que lhe olhava com cara de espanto. Ele não confiava em Josh, ela sabia, mas tinham que arriscar. Assentindo para Louis, o puxou junto com ela.

Talvez começassem uma nova vida agora.