Corvos. Dessa vez eram corvos. E não era só um, como das outras vezes. Eram muitos. E estavam vindo em sua direção, como se ela fosse feita de carniça. Ela tentava fugir, sem sucesso, pois parecia que seus pés estavam grudados no chão.

Acordou sobressaltada. Pelo menos havia se lembrado de tapar sua própria boca com esparadrapos antes de dormir, assim não gritaria e nem acordaria as outras meninas. Afinal, ela não poderia mais ser expulsa de nenhum orfanato, e aquele já era o segundo nesse ano.

Mina pegou uma lanterna e, com cuidado e em silêncio desceu as escadas que levavam até a cozinha. Por sorte, estava vazia e ela pode se acalmar e pensar.

DIA SEGUINTE: 08h45min

- Senhorita Rosenberg, recebemos algumas reclamações a seu respeito, e, por isso, nós pedimos sua transferência para outro orfanato. Por favor, arrume suas malas e despeça-se de suas colegas. O carro virá pegá-la ás quatro horas da tarde. Obrigada.

- Sim, senhora.

Mina saiu da sala da diretora do orfanato e dirigiu-se até o quarto que dividia com nove outras garotas. Pensou em quem poderia ter reclamado dela. “Diane, com certeza. Ela deve ter me ouvido falar sobre o que vejo e ter ficado com medo.” Pensou. “Tudo bem. Vou falar com ela mais tarde. Além disso, eu nem gostava daqui! Um orfanato só pra meninas? De quem foi essa ideia de gênio?”

Ela arrumou suas malas e as deixou em cima de sua cama.

NO MESMO DIA: 16h00

O carro já havia chegado. “Ainda bem!” Mina pensou. “Já estava cansada de ficar me despedindo das meninas o tempo todo. Grace não para de chorar! Até parece que alguma delas gosta de mim!”

Entrou no carro.

Ela sabia que sua vida iria mudar dali em diante.

Sabia que o que via não era só…

Delírios.