The Legend of Surya escrita por C J Santini


Capítulo 1
Skies on Fire


Notas iniciais do capítulo

Hey! Essa é uma tentativa de fic que espero que dê certo. Boa leitura.



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O sol forte refletia por todo o jardim. Lírios vermelhos e dentes de leão balançavam com o vento no delicado jardim. O palácio se estendia ao fundo com suas torres imponente e grandioso com os estandartes vermelhos estampando a insígnia do povo do fogo. Aquela ilha era uma dos poucos lugares que mantinha intacta as tradições, livre do domínio do Império que estendia seu poder por tudo o que antes compreendia as quatro nações, instituindo uma nova ordem que se criou nos últimos 50 anos. Mas aquela ilha era uma comunidade livre, talvez a última da Nação do Fogo.

Enquanto o lobo-raposa gigante chamado Hiro tentava pegar alguns patos tartarugas na fonte que reluzia enquanto um grupo de jovens aproveitava o lindo dia de sol. Dois deles, um garoto e uma menina de aproximadamente 16 anos jogavam um jogo que consistia em lanchar bolas de fogo (literalmente falando) de um para o outro, a outra garota estava sentada um pouco afastada lendo um livro.

O menino era alto e bonito, olhos dourados e cabelos negros, ele vestia-se com um uniforme oficial que os guardas do palácio deveriam usar. A menina que jogava com ele era linda, cabelos negros arrumados em uma delicada trança que caía pelo ombro direito, olhos cor de topázio, finas feições e se vestia com roupas de delicada seda bordadas com fio de ouro com padrões que lembrava a forma de dragões. Os dois pareciam se divertir muito naquele jogo, e quando o fogo os escapava era motivo de comemoração para o adversário. A outra garota, que se parecia muito com a primeira, exceto que era um pouco mais baixa e seus cabelos estavam presos para o alto em dois coques, deixou o livro para observar os dois outros jogarem.

Por um momento tudo estava bem, era vez da menina jogar quando um barulho a distraí, de início era distante e fraco, mais ia ficando cada vez mais alto. O fogo escapou de suas mãos descontrolado, espalhando-se ao redor.

― Surya! – Ouviu um grito, mas agora estava mais focada nos aviões que sobrevoavam o palácio.

― Aviões! Eles nos viram dobrar Zhen! – Ela gritou para o menino.

No meio da confusão as chamas alcançaram a outra menina, Zhen corria até lá, parando-as no momento exato em que elas atingiam-na.

― Mei, você ta bem? – Perguntou o garoto, ajudando a menina a se levantar, notando o vermelho que se formava em seus braços.

― Nada que não me aconteceu antes. – Ela respondeu rapidamente, correndo até a irmã. – Surya, o que você viu?

Surya olhou alarmada, e mesmo o lobo raposa agora está olhando para o céu, onde os dois aviões caça ficavam bem visíveis. Um minuto depois eles somiram.

― Desculpa Mei, desculpa mesmo, não queria te machucar. – Ela pede a irmã, mas sua cabeça ainda está nos aviões.

― Tudo bem. Nada que uma daquelas pomadas da vovó não pode curar.

Não era a primeira vez que os aviões apareciam. Nas últimas semanas eles ficavam rondando a ilha, e depois iam embora. Eram aviões que estavam a serviço do Imperador, o que preocupava a todos, pois isso significava um ataque eminente. Os últimos iam sendo tomados a força, pouco a pouco, aqueles que resistiam ao domínio do tirano Imperador Chang, e ainda preservavam as antigas tradições não duravam muito. Fazia mais de 50 anos.

― Eu vou avisar ao General. Ele vai querer saber disso, se já não estiver sabendo. – Zhen fala e se retira.

Naquela noite Surya não conseguiu dormir bem. Toda vez que tentava era atormentada com sonhos com passagens subterrâneas e com aviões. Ela se sentia verdadeiramente cansada no dia seguinte quando desceu para o café da manhã.

Sua mãe, avó e sua irmã Mei já estavam a mesa quando ela chegou, sem fazer barulho se sentou ao seu lugar, servindo-se com um copo de chá quente.

― Surya, o que eu disse sobre dobra de fogo? – Sua avó perguntou a recepcionando.

― Que é para ser usada com responsabilidade e sensatez. – Ela respondeu encarando a xícara sem olhar para avó.

― Um jogo idiota me parece muito responsável e sensato. Você queimou sua irmã e poderia ser pior!

― Desculpe, eu não queria, desculpe. – Surya pediu, agora levantando a cabeça e olhando a avó suplicante.

― É claro, imagine. Você é uma das últimas firebender viva, responsável por manter o legado nessas épocas mais escuras, e o que faz, é tola e irresponsável. O mundo está perdido se depender de você. – A avó comentou, sem alterar a voz, como um fato constatado enquanto bebia seu próprio chá.

― Mãe, não seja tão dura com Surya. Com certeza ela irá aprender com os erros. – A mãe da menina pediu gentilmente.

― Não mãe, minha avó está certa. Eu sou um completo desastre para o mundo. – Surya gritou se levantando irritada de uma só vez, deixando a xícara cair e se quebrar no chão.

Deixou à sala de jantar batendo os pés, as chamas ao seu redor oscilaram furiosas movidas pela irritação da garota e ela se trancou no seu quarto.

Mei tentou convencê-la a deixar a garota entrar, batendo na porta várias vezes, mas era em vão. Surya havia se fechado em sua própria raiva. Ela não saiu do quarto pelo resto do dia.

A noite já havia caído, Surya sentava-se em frente ao espelho escovando os longos cabelos negros enquanto refletia sobre seus sonhos e sobre o modo como agira durante o café da manhã.

Os sonhos a deixavam estressada, e ela não tinha o humor mais fácil de se lidar. Eram sempre passagens subterrâneas e o que parecia ser um espírito a guiando cada vez mais fundo até que a luz do sol desaparecia completamente e seus poderes de fogo sumiam. Ela não sabia o que aquilo queria dizer e isso a frustrava, não costumava ter sonhos tão enigmáticos antes.

Sabia que devia um pedido de desculpas à avó e a mãe por ter gritado daquela forma, não era certo de uma dama fazer. Como não conseguia dormir, decidiu que não era tarde de mais para procurá-las, refez a trança e deixou o quarto, o corredor estava vazio de guardas, o que ela estranhou. Normalmente eles ficavam rondando o lugar a noite toda. Ela ignorou isso e continuou a andar até encontrar a porta dos aposentos da avó. Antes de bater ela ouviu vozes alarmadas.

― Viu só como ela age? Ela não está pronta para assumir tanta responsabilidade, o mundo suportou 50, podem suportar mais alguns. – Era a voz de sua avó.

― Ela nunca vai estar pronta se continuarmos escondendo a verdade dela. Ela precisa começar seu treinamento, se preparar, e o mundo precisa dela mais do que nunca agora. Dói-me dizer isso, pois sei o perigo que minha filha corre por ser quem é, mas é muito maior que isso. – Reconheceu a voz de sua mãe, apesar de não ver sentido nenhum nas palavras, claramente elas falavam de Surya.

― Se ela ficar sabendo logo os outros saberão, o Imperador vai capturá-la como fez com o que veio antes dela. Ela não está pronta para a verdade, temos que aguardar mais um tempo.

― Creio que o Imperador já sabe, ele está enviando seus aviões para a ilha e não é a toa. O ataque é eminente, é o que o general diz. Nesse momento seus guardas estão posicionados para receber o ataque.

A cabeça de Surya rodava com tanta informação, e sua respiração ficava pesada, ofegante. Aquilo não fazia sentido, por que o Imperador viria atrás dela, qual era essa verdade.

― O mundo precisa do seu Avatar mãe, agora mais que nunca. Surya precisa saber que ela é a Avatar, e precisa encontrar seu próprio caminho.

Surya precisa saber que ela é a Avatar.... As palavras tomavam sua mente. Aquilo não podia ser verdade. O Avatar estava perdido a mais de 50 anos, capturado, talvez morto. Ela não podia ser... Eles mentiram para ela esse tempo todo?

A fúria tomava conta do seu ser, de dentro para fora descontroladamente como chamas e ela não estava no controle de si. Sua mão apertava a maçaneta da porta entre aberta que se desfaz em chamas, o fogo a rodeia, furioso, refletindo todo seu humor, destruindo tudo a sua frente. Ela não consegue pensar direito!

― Surya meu amor, acalme-se. – A voz de sua mãe se mantinha distante, quase inaudível.

― Por que me esconderam isso! – Ela gritou, exigindo.

As chamas ficavam cada vez maiores, tomavam conta do corredor e adentravam o quarto destruindo o que quer que ficasse no seu caminho. A avó de Surya controlou as chamas para que não a machucassem nem à filha.

Os olhos de Surya estavam brilhando, e então ela não estava mais ali no palácio onde foi criada, mas novamente vagando nas passagens subterrâneas. Ela viu o relance prateado do espírito guiando-a mais profundamente. E então ouviu a primeira explosão.

Era um barulho alto e real, que a fez voltar à realidade. As chamas se acalmaram e se extinguiram e ela agora encarava os rostos assustados de sua avó e mãe. E então outra explosão, mais perto, mais alto.

― O que foi isso? – Ela perguntou, alarmada, sem se concentrar direito naquilo.

― Estamos sob ataque. – Anunciou sua mãe.

Zhen foi o primeiro guarda a chegar, acompanhado de Mei, ainda de pijamas. Ele parecia igualmente assustado, mas mantinha sua postura de soldado, firme mesmo nas situações mais desesperadoras. Zhen era jovem, mas era brilhante.

― Senhoras, me acompanhe e eu vou tirá-las daqui em segurança.

Ninguém questionou ou falou mais nada, as explosões continuaram, eles sabiam que eram bombas caindo dos céus. Zhen as guiou por passagens secretas até que estavam nos jardins.

Lá fora, os céus estavam em chamas.

As bombas caíam dos aviões e atingia o castelo destruindo tudo ao redor, incendiando os jardins, a fonte estava destruída e as chamas tomavam conta de tudo. No alto os guardas usavam a dominação de fogo para derrubar os aviões, que explodiam em pleno ar e restavam apenas o clarão das chamas, o céu estava literalmente queimando.

― Temos que deixar a ilha, há um barco no porto preparado para a fuga. – Zhen informou.

Surya estava perdida e meio tonta, vagamente consciente do que estava acontecendo ao seu redor. Ela sentiu a pelagem de um animal roçar sua perna e viu que Hiro estava ao seu lado. Ela olha para o seu animal de estimação assustada.

― Onde você estava Hiro, pensei que tinha te perdido.

Os cinco então se movem rapidamente pelos jardins onde a batalha se armava, os soldados do Império agora já entravam no palácio e batalhavam lado a lado com os guardas. Eles esquivaram-se, e Mei quase foi atingida por uma arma, mas finalmente eles conseguiram chegar aos portões.

Mas sair do palácio não seria tão fácil. Os portões estavam sendo bloqueados por um exército do Império, em modernos tanques de guerra. A frente vinha o General Kao.

― Ora, ora, se não é exatamente quem eu estava procurando. – Disse ele olhando fixamente para Surya.

Ele sabe. Ela teve certeza. Nem mesmo ela sabia e o General do Exército Imperial sabia que ela era o Avatar.

Ela quis gritar, mas não tinha força para isso. Ao seu lado Hiro rosnou.

― Deixe ela em paz! – A mãe de Surya gritou para o General.

Ele pareceu não se incomodar, rindo daquela tentativa.

― Ou o que? Não seja boba. Vocês estão em completa desvantagem. – Ele riu, então se voltou para um de seus homens. – Capture a menina de tranças, os outros podem matar. Você bonitinha, vai apodrecer nas masmorras igual a sua outra vida.

Surya estava abalada de mais para pensar em outra reação, então fez a única coisa que conseguia fazer, atacou o General Kao utilizando a dobra de fogo, as chamas furiosas saíram da palma de suas mãos indo em direção ao general.

Isso pareceu deixar o exército confuso, dando tempo para que os outros lutassem. Khen e os outros guardam lutavam e até mesmo sua mãe e sua avó mantinham-se firme usando a dobra de fogo para se defender e atacar. Surya derrubou mais dois ou três soldados, mas eles vinham mais, atravessavam os portões e eles claramente estavam em desvantagem. Ela olhava para o lado procurando por ajuda, mas todos estavam ocupados demais, até Mei se defendia como podia. Então viu que sua mãe iria ser atingida por um soldado, e a defendeu bem a tempo.

― Você tem que fugir Surya. O Mundo precisa de você, procure seu caminho. – A mãe pediu suplicante, antes de começar uma nova batalha com outro soldado.

Ela viu que Mei estava sendo cercada. Ela não podia agüentar mais, quando Hiro surgiu, atacando os soldados que lutavam com sua irmã.

― Mei, vamos embora! Pro barco! – Ela chamou, alcançando a irmã e o lobo-raposa.

― Mas e a mamãe, a vovó. Khen. – Ela contestou.

― Eles estão atrás de mim, quando perceberem que eu fugi vão deixá-los em paz. – Ela falou.

Ela esperava que tivesse certa, que eles deixassem sua família e seus amigos em paz, e no momento tinha que acreditar nisso. As duas meninas correram pela mata que cercava o palácio, atravessando a ilha escondida nas sombras da noite, se esquivando dos soldados da forma que podia. A ilha inteira estava um caos, as chamas as explosões, não paravam. Surya não tinha tempo para pensar nisso.

Não demorou muito para encontrar o barco preparado para a fuga, era menor e o mais discreto da frota e havia um velho pescador pronto para zarpar. Ele não fez perguntas e as duas meninas entravam, acompanhadas por Hiro de perto.

Aos poucos a ilha em chamas ia ficando para trás, enquanto o barco rumava para longe dali. Surya tinha seu olhar fixado nas chamas cada vez mais distante, a culpa tomando conta dela por ter abandonado sua família, e as palavras de sua mãe invadiam sua mente.

O mundo precisa de você, encontre seu caminho. Era o que ela disse. Surya não conseguia acreditar que ela era o Avatar, em toda sua vida não dominara outro elemento sequer, apenas o fogo. Mas depois do que tinha acontecido no quarto da avó não era difícil acreditar. E os sonhos estranhos, a visão que tinha dos subterrâneos, seria uma mensagem. Era tanta coisa para pensar.

Um clarão surgiu no céu, iluminando a frota do General Kao que perseguia seu barco! Eram muitos e enormes navios de Guerra do Império.

― Mei! Hiro! Mei! Estamos sendo atacados!

A irmã e o lobo-raposa chegaram a proa correndo, Mei estava ofegante.

Um segundo clarão e um barulho ensurdecedor. O Barco estava se rompendo em chamas, uma bomba estava explodindo. Um grito que poderia ser dela mesma, e tudo em volta ficou escuro, ela podia sentir a água em volta de tudo, o gelado, e as luzes pintando a superfície. A água invadia seu corpo, ela estava se afogando.

E tudo se apagou.


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Notas finais do capítulo

Se merecer comentários, estarei esperando.



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