O Senhor dos Anéis - O Abismo dos Magos escrita por Nina


Capítulo 6
O Olho do Inimigo


Notas iniciais do capítulo

Saudações mortais! Venho depois de muito, muito tempo retomar a escrita dessa fanfic. Lamento tê-los feito esperar.
Divirtam-se



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"Nem todos que vagam estão perdidos"

                                                                      Galadriel

 

Tum, tum, tum...

As passadas lentas e precisas do ent em nada se assemelhavam ao ritmo descompassado do coração de Callya que por sua vez, parecia querer sair pela boca. A caminhada se prolongava por muito mais tempo que ela previra e a escuridão ao seu redor era tão grande que saber se estavam realmente avançando ou simplesmente andando em círculos era quase impossível. Apesar disso, Ddig parecia muito confiante quanto ao seu destino e Gandalf muito confiante no conhecimento do ent, então tudo que restava a ela era acreditar no bom senso do mago. E não que isso não tornasse a tarefa menos árdua. Seus pés começavam a reclamar dentro das botas de couro e a brisa noturna parecia invadir-lhe as entranhas como pequenas agulhas invisíveis. Mas o frio, o cansaço e as dores nos membros eram quase nada perto da sensação de aterradora que se impregnara em Callya desde o primeiro momento em que colocara os pés naquela floresta; a sensação de estava sendo constantemente vigiada. Como se uma sombra pairasse sobre ela sussurrando-lhe algo incompreensível.

 A jovem lançou um olhar para os três homens que vinham logo atrás dela. Eynar caminhava rígido e silencioso, sua mão segurando a bainha da espada com mais força do que o necessário. A apreensão em seus olhos era visível; ela observou. Os outros dois soldados estavam igualmente silenciosos, porém inquietos e em postura de combate como se temessem que, a qualquer momento, algo fosse sair do meio das árvores e atacá-los.

—Hum...Gandalf — Callya puxou o velho mago para cochichar — quanto falta para chegarmos em Gondor?

Mas, ao invés do mago foi o Ent quem respondeu.

—Essa criança de cabelos queimados é muito apressada. Ainda falta muito para chegar em Gondor menina. Vocês precisam seguir muito ao sul, para além de Rohan. Dias de viagem, se estiver a cavalo. Além disso, é perigoso.

A jovem não pode evitar uma careta frustrada. Dias? Quantos dias exatamente? Como chegariam em Gondor sem cavalos? Será que Haldir sobrevivera ao ataque? Será que eles sobreviveriam a uma viagem como aquela? Todas aquelas perguntas sobrevoavam sua mente deixando-a tonta. Ser a discípula do grande mago branco se mostrara uma tarefa muito mais complicada da que parecia e ela mal havia começado. Em sua primeira missão já conhecera cavaleiros de verdade, fora atacada por orcs e conhecera um ent de Fangorn. Ela sequer poderia dizer que outras coisas desconhecidas surgiriam até que essa viagem terminasse.

Enquanto Callya matutava, Eynar parecia mais interessado nas últimas palavras do ent.

—Perigoso? O que quer dizer?

—Eu ouço coisas — resmungou a criatura —andando de lá para cá e cuidando da floresta eu fico sabendo de muitas coisas e vejo muitas coisas também. Algo de estranho tem deixado as árvores muito agitadas.

O enorme cavaleiro trocou olhares com seus companheiros antes de falar.

—Por favor, explique.

—Coisas ruins. Eu reflito muito sobre o que vejo. Muito, muito tempo refletindo. Mas ainda não cheguei a uma conclusão realmente — a árvore agitou suas folhas levemente antes de lançar uma olhar de reprimenda para Callya — ents não fazem nada apressado.

Callya lutou contra a vontade de rolar os olhos. É claro que ents não são apressados. Porque seriam afinal? Eles vivem centenas de anos enquanto os humanos, pobres e frágeis humanos tinham uma existência tão curta que em comparação seria a vida de uma mosca.  Ela estava prestes a exteriorizar seus pensamentos quando um barulho incomum a fez parar.

—O que foi isso? – perguntou assustada.

Sua reação provocou um rápido sacar de armas dos três cavaleiros, mas Gandalf e Ddig apenas a olharam curiosos.

—Do que você está falando Callya? – o velho mago indagou.

—Ninguém ouviu isso? – disse a jovem – não sei explicar bem, mas sei que ouvi um barulho estranho.

—Que tipo de barulho? – disse Eynar preocupado. De repente todos a olhavam de modo estranho.

Callya hesitou em responder. Como explicar uma coisa assim? Ela tinha ouvido alguma coisa, tinha quase certeza, mas não sabia explicar bem o que era. Estava arrependida de ter falado.

Segurou o colar com uma das mãos buscando algum conforto no calor incomum que parecia emanar dele antes de responder.

—Devo ter me enganado. Estou cansada e minha mente começa a pregar-me peças.

O líder dos cavaleiros acenou concordando.

—A moça tem razão. Estamos andando há muito tempo sem provisões. Precisamos recobrar as forças se quisermos chegar vivos em Gondor.

—Sendo assim – Gandalf assentiu – descansaremos. Ddig se importa de continuarmos a viagem depois de um descanso?

—Façam isso. Irei patrulhar a floresta enquanto repousam seus galhos. Vão encontrar frutas por aqui também, se estiverem com fome – e dizendo isso a imensa árvore se foi deixando os viajantes sozinhos.

O arqueiro, que agora Callya descobrira que se chamava  Nyord andou em torno do acampamento e recolheu algumas frutas que dividiu com todos. Não houve muita conversa depois disso apenas os cavaleiros combinando de se revezarem para vigiar durante o descanso, Eynar decidindo que seria o primeiro. Logo, estavam todos entregues ao sono e o improvisado acampamento jazia em silêncio.

                                                                                       ********************************

Callya abriu os olhos, mas os fechou quase de imediato quando a ofuscante luz branca os atingiu. Ela sabia que aquilo não era Fangorn. Desde que chegara ao abismo a jovem vinha tendo sonhos estranhos onde era transportada para lugares longínquos que ela jamais pudera sequer imaginar, cada sonho uma paisagem diferente. Apenas uma coisa não mudava: a mulher sorridente que lhe chamava e sussurrava coisas estranhas e incompreensíveis.  

Deixando que os olhos se adaptassem a luz, a jovem sentou e observou a paisagem desse sonho. Não havia árvores, lagos, cachoeiras gigantes ou outras paisagens naturais como nos sonhos anteriores. Trata-se de um salão cujas paredes que se estendiam até as alturas eram feitas do mais branco mármore, emitindo uma luz intensa. Mais ao centro, uma escadaria de pedras também brancas, porém opacas conduziam até um trono negro. O lugar estava vazio e silencioso provocando em Callya uma profunda sensação de angústia. Onde estava a mulher?

Passos atrás dela fizeram com que Callya virasse bruscamente a tempo de ver a mulher a figura já conhecida de seus sonhos entrando pelo grande portal do salão. Estava muito machucada e suja, seu rosto contorcido numa expressão aterrorizada.

—Ele encontrou você Callya. Fuja! Fuja agora!

Um rosnado poderoso abafou os gritos da mulher que olhou para trás e depois correu na direção de Callya que estava petrificada. Quando a estranha lhe tocou o mundo ficou escuro novamente.


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Notas finais do capítulo

Um beijo e até a próxima!!



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