Serena abriu os olhos lentamente, e se levantou devagar e viu que estava em seu quarto, olhou ao redor e viu que tudo estava do jeito que tinha deixado há quatro anos. E passada a surpresa, se sentou encolhida e chorou muito, mais do que qualquer outra vez que tivesse chorado. Foi baque muito forte saber que tinha perdido tanto seu pai quanto seu irmão que apesar de ser uma peste, ainda sim o amava muito.

Sua mãe entrou no quarto para ver se ela já tinha acordado, e viu que ela estava chorando muito e foi acolhe-la, à abraçou e chorou junto, pois também era difícil ficar sem seu marido e filho e chorou também por estar feliz de sua filha ter voltado, sentiu muito falta dela, ainda mais depois da perda que teve, tinha desejado várias vezes escrever uma carta contando tudo o que tinha acontecido, mas não o fez porque queria que ela tivesse momentos inesquecíveis e via o quanto ela estava feliz nas viagens sempre que ela escrevia, então aguentou todo esse tempo para que pudesse tê-la novamente em seus braços.

Passado a crise de choro, ambas trocaram palavras carinhosas e de saudade também. Ficaram mais um bom tempo abraçadas, Ikuko fazia carinho nos cabelos macios da filha e viu que todos esse anos fora fizeram bem para ela, não conseguiu acreditar que aquela era mesmo sua menininha, Serena estava uma mulher feita. Foi um momento tocante e emocionante para ambas.

E ambas combinaram de no dia seguinte irem nos túmulos de Kenji e Sammy, levar flores e a mãe queria saber mais sobre a filha, e Ikuko avisou que Rini tinha ligado para saber como ela estava e pediu para ir ao apartamento de Darien, queria que ela jantasse lá, se ela quisesse. Serena assentiu e pediu a mãe para que retornasse a ligação dizendo que aceitava e que estaria lá em poucos minutos, pois ela iria tomar um banho e se arrumar.

Quarenta minutos depois estava pronta, e se dirigiu para o apartamento deles, era até estranho para ela ir ao apartamento de Darien depois de tanto tempo, ainda mais depois do que tinha acontecido entre eles, divagou tanto que nem tinha percebido que já estava no prédio em que ele morava. Respirou fundo e entrou no prédio, pegou o elevador e subiu ao apartamento deles.

Quando chegou em frente a porta do apartamento, bateu duas vezes e já foi atendida por Rini, a menina ficou feliz em vê-la e pediu que entrasse e esperasse na sala, o jantar estava quase pronto e iria chamá-la quando fosse para comer.

Serena se sentou no sofá, e observou que o apartamento não tinha mudado quase nada, ainda tinha a cara de sério do dono, mas tinha alguns toques femininos por conta de Rini, e ela se virou para olhar a garota, que agora tinha 11 anos, e viu que ela tinha crescido bastante mas ainda usava seu penteado característico, e pensou no que tinha acontecido para que Rini tivesse mudado tanto na forma de tratá-la, mas ficou feliz de saber que agora poderia ajudar a menina melhor agora que estariam se dando bem.

Serena escutou um ruído e olhou para trás e viu que era Darien, tinha acabado de se arrumar, e estava bonito, pode perceber, ele sempre ficou bem de roupa social.

– Está melhor? – ele perguntou cauteloso.

– Um pouco, obrigado por me levar em casa e por me contar – ela agradeceu.

– Não tem de que – ele falou.

E o silencio se abateu, nenhum deles sabia o que falar, o clima estava muito estranho, nenhum estava conseguindo olhar diretamente ao outro, os olhos fitavam qualquer outro canto, até que Rini anunciou que o jantar estava na mesa.

– Então Rini como tem passado esses últimos quatro anos? – perguntou Serena entre uma garfada e outra.

– Tenho passado bem, tirando os ataques – a menina respondeu – sabe todos aqui sentiram sua falta, era estranho não ter você por perto e eu queria pedir desculpas pelo modo como tratei você.

– Não precisa se desculpar, você era uma criança assustada, era normal a sua reação e eu também não ajudava muito, portanto vamos esquecer isso – Serena falou fazendo carinho no rosto da rosada que apenas assentiu.

– Pra onde viajou por todos esse anos? – Rini perguntou curiosa.

– Muitas lugares, Alemanha, Espanha, Grécia, Itália, Portugal, Irlanda, fui até para a América, acho que é mais fácil perguntar aonde não fui – a loira respondeu sorrindo.

E de repente um som de celular tocou, e Serena foi atender, falou por alguns minutos e voltou sorrindo.

– Pelo visto recebeu uma notícia muito boa – comentou Darien, querendo tentar conversar com ela.

– É verdade, amanhã terei que ir ao aeroporto, buscar meu amigo Hélio – ela respondeu feliz - ele vai ficar uns tempos no Japão e eu serei a guia dele por assim dizer.

– E ele é muito bonito? – perguntou Rini, querendo fingir inocência, mas queria mesmo era provocar ciúmes em Darien, queria que ele tomasse alguma atitude.

– Ele é sim, é bem alto, loiro de olhos verdes, e morou comigo durante todo o tempo em que estive fora – ela respondeu.

Darien gelou com tal revelação, e começou a pensar em várias coisas e nenhuma delas era boa, iria tirar satisfações com o tal Hélio, não deixaria que sua princesa fosse de outro.

Rini percebeu a reação de Darien, e viu que sua ideia tinha dado certo, achou que a vinda do amigo dela veio bem a calhar, e pode ver que Serena estava alheia as reação dele e achou melhor ainda.

– Se vocês não se importam eu vou dormir, foi um dia cansativo hoje – Rini comentou, fingindo um bocejo – Serena temos que marcar de sairmos juntas, só nós duas, boa noite aos dois – finalizou, depois deu um abraço apertado na loira e um beijo em sue rosto, e apenas acenou para Darien, dando uma piscadela que passou despercebida da loira.

Quando viram que tinham ficado sozinhos novamente, ficaram quietos e não sabiam o que fazer o desconforto era visível. Serena se levantou para colocar os pratos na pia e se ofereceu para lava-los, queria ter alguma coisa para fazer, mas Darien a impediu pegando em seu pulso de leve, e uma descarga elétrica passou pelos dois com aquele simples toque.

Ambos sentirem o desejo aumentando, os sentimentos deles não tinham mudado, muito pelo contrário, tinha aumentado e agora de pois de tantos anos estava maduro e já não era mais aquele amor tão idealizador, era mais carnal.

Serena não suportando mais as batidas aceleradas que seu coração dava, se soltou do toque dele e levou os pratos até a pia e os deixou lá, tinha que sair dali antes que acabasse acontecendo qualquer coisa que não devia.

Darien por outro lado, não queria se afastar dela, sentiu seu desejo por ela aumentar, não que no passado não sentisse, mas na época ela era uma menina inocente, e não queria que ela perdesse isso, queria que as coisas entre eles acontecessem naturalmente e sem pressa e em todos esse quatro anos nunca sentiu nada por outra mulher e achou que tinha que contar para ela o mais rápido possível sobre o motivo dele ter terminado com ela, pois queria abraçá-la e beijá-la até matar toda a saudade que sentia dela.

Darien estava tendo todos esses pensamentos muito rapidamente e quando viu, Serena estava saindo da cozinha e ia para a sala pegar suas coisas e ir embora, então a impediu segurando-a pelo braço.

– Não precisa ir agora, ainda é cedo – ele falou, encostando seu peito nas costas dela.

– Desculpa, mas não posso, tenho que acordar cedo amanhã. Tenho um compromisso – ela falou – e já está tarde.

– Esse Hélio é tão importante assim pra você? – ele perguntou, sabia que não tinha que perguntar aquilo, mas seu ciúme venceu dessa vez.

– Mais do que você imagina – ela respondeu se soltando.

Isso foi um soco para ele, não imaginava uma resposta daquelas e deixou que suas emoções falassem mais alto, coisa que era muito rara para ele, e segurou-a pelo braço mais uma vez e a virou, e pode contemplá-la de perto pela primeira vez, as feições dela eram mais maduras, de mulher mas ainda tinha alguns traços de menina, principalmente nos olhos, e não se segurando mais a beijou, beijou como nunca a tinha beijado antes, um beijo cheio de desejo, amor e saudade e abraçou fortemente, não queria soltá-la tão cedo e simplesmente aproveitou o momento.

Serena ficou imensamente surpresa, não tinha imaginado que ele iria tomar uma atitude daquelas, ele sempre foi muito controlado, raras vezes o tinha visto ser emotivo, mas não pode discordar que o beijo era bom, nunca tinham se beijado assim, era uma sensação nova, intensa, mal conseguia explicar direito, mas as duras palavras que ele tinha falado ainda pesavam muito em seu coração e por mais que quisesse continuar, usou toda a pouca sanidade que tinha e o empurrou e em seguida deu-lhe uma bofetada na cara.

– O que pensa que está fazendo?! Não tinha nenhum direito de fazer isso! – ela falou brava.

– Fiz o que queria fazer a muito tempo – ele respondeu ainda atordoado por causa do tapa, nunca imaginou que levaria um tapa na cara e justamente dela – e não se esqueça, nós estamos destinados a ficarmos juntos.

– Então deveria ter se lembrado disso há quatro anos portanto não somos nada um do outro, não use nossas vidas passadas ao seu favor, nós temos uma outra vida agora e nós podemos tomar qualquer decisão, não precisamos repetir e nem somos obrigados a nada – ela advertiu muito puta, pegou suas coisas e saiu feito um furação, deixando Darien atônito e pensativo.

Ele ficou assustado com a reação dela, e viu que o que ela tinha falado estava certo, eles não eram obrigados a seguirem o mesmo caminho de suas vidas passadas, mas já tinha feito sua escolha a muito tempo, iria reconquista-la, de certo ela tinha se lembrado das malditas palavras que tinha tido, por isso a reação dela fora daquele jeito. Iria tê-la como sua esposa, e não tinha nenhuma dúvida disso, e foi com um sorriso para o seu quarto, deixaria a louça para o dia seguinte.

Rini ficou escondida, vendo toda a cena, teve que se segurar para não gritar de felicidade, mas depois viu a reação dela, e não entendeu o por que ela tinha feito aquilo e teria que perguntar a Darien sobre o que ela estava falando, mas ficou feliz em ver que ele estava sorrindo, isso significava que ele não tinha se intimidado, muito pelo contrário parecia que estava mais motivado.

Serena andou muito rápido para sua casa, quase correndo, queria chegar logo e cair na cama, não estava acreditando que ele se atrevera a beijá-la daquele jeito depois de tudo o que tinha falado, e por mais que tenha gostado do beijo, tinha que esquecer a sensação, ou pelo menos tentar ao máximo, tinha voltado para ser líder e tomar seu lugar no trono, não poderia machucar seu coração novamente, uma vez já tinha sido bastante. E quando chegou em casa e finalmente entrou em seu quarto e se preparou para dormir, seu traiçoeiro coração não permitiu que ela pensasse ou sonhasse com outra coisa que se não com o seu príncipe.