Três doses de tequila, por favor escrita por Sweet Serial Killer


Capítulo 1
Prólogo




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Eu poderia ficar olhando nos olhos dele até o sol voltar a aparecer, pela manhã. Todos os dias do ano por alguns anos. Uma vida toda, se déssemos sorte. Com a típica sensação de estar sem fôlego, eu sentiria minhas pupilas se dilatarem enquanto ele, por sua vez, pensa que garota nenhuma o fez se sentir assim antes. Um olhar diferente, no quarto escuro, e então temos a prova: estamos apaixonados. É amor verdadeiro.

E assim vai. É quarta, e ele precisa trabalhar. Eu acabo queimando as torradas enquanto ele se veste, mas como ele não é, graças a Deus, o meu último namorado, não abre a boca para reclamar horrores por eu não ser capaz de, sequer, vigiar um pão na torradeira. Na verdade, ele até ri. E eu rio também, não só da situação, mas do fato de ele ser tão diferente dos outros. Então ele entra na cozinha, o relógio marcando sete da manhã, ao som das buzinas nova-iorquinas lá embaixo, e, tirando uma foto minha de dentro de um porta-retrato da sala, a coloca dentro da carteira. Eu finjo querer a foto de volta, mas a verdade é que não poderia ter achado o gesto mais meigo.

Ele é assim. A gente é assim.

Só que não no momento.

Tá legal… a verdade é que, por enquanto, repito, por enquanto, as minhas palavras são apenas uma projeção do que está por vir. As cenas descritas ainda não aconteceram, mas é só uma questão de tempo até ele perceber que eu sou mais do que a garota com quem ele passa a sexta-feira à noite de um feriado e só liga de volta 15 dias depois. E quando ele perceber, vai pegar um táxi amarelo até o meu apartamento, trazendo um buquê na mão direita. Ele vai ter se informar quanto ao meu gosto excepcionalmente particular em relação a flores, então virá trazer, na porta, minhas tão sonhadas rosas brancas de pétalas macias. E antes de me beijar… ele vai me olhar. Mas não é um olhar qualquer, não é disso que estamos falando. O olhar dele será em câmera-lenta. Do tipo que faz o mundo parar de girar, e tudo ao seu redor se torna embaçado, o foco dele se mantém na sua boca por cinco longos segundos. Com a boca a um milímetro da minha, ele vai sussurrar palavras doces e então me beijar.

Outro dia, no metrô, pensei em planejar as palavras que ele vai dizer. Entretanto, decidi deixar essa parte com ele. Porque qualquer coisa que eu pense nunca vai à altura da ideia dele. Ele é sensível e sabe escolher bem as palavras. Ele vai me surpreender.

Hoje é o dia em que o processo vai começar. Pontualmente às quatro e vinte e sete da tarde, quando seu avião pousar em solo americano. Eu vou ser atenciosa e esperá-lo desembarcar, trazendo comigo o donut que ele mais gosta. E quando ele olhar pra mim… lá vamos nós em direção ao final feliz. Que de final, pra ser honesta, não vai ter nada.


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