Encontros e Desencontros escrita por Krika Haruno


Capítulo 2
Capítulo 2




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/60654/chapter/2

Elevador

Paris era um convite naqueles dias, o sol na temperatura certa, o cheiro das flores pelo ar, os rostos alegres e risonhos com a chegada da primavera. Todos pareciam felizes aos pés da torre Eifel. Todos menos um. O nariz levemente arrebitado, sobrancelhas grossas, os cabelos azuis e os olhos da mesma cor, mas tão frios que pareciam duas safiras congeladas. Nem o frescor daquele dia era capaz de suavizar a expressão austera daquele parisiense de nascimento, mas russo de coração.

Deu mais uma olhada para o monumento mais famoso de sua terra antes de voltar para o hotel. Havia ido ate o país resolver alguns problemas e ansiava por voltar para a Grécia apesar de achar que a temperatura de lá não era normal.

Atravessou a rua rapidamente e com um leve aceno cumprimentou o porteiro do hotel.

Passou direito pelo saguão repleto de turistas achando incomodo tamanho falatório.

- “Turistas.” – pensou, apertando o botão para chamar o elevador.

Não teve que esperar muito e para seu alivio ninguém subiria com ele. Gostava de se isolar. Entrou e apertando o décimo esperou a porta fechar.

- Segura!

Assustou com o grito e ainda mais ao ver uma mão feminina segurar a porta do elevador.

- Sobe?

- Sim. – respondeu de maneira ríspida.

A mulher entrou. Segurava algumas sacolas e conversava ao celular. Kamus deu um longo suspiro ao ver que não tinha apertado botão algum, significando que também pararia no mesmo andar que ele.

A conversa parecia animada, pois ela ria numa língua que identificou como alemão.

O cavaleiro não era de notar os outros, não era da sua conta, entretanto não pode deixar que ela possuía olhos bicolores, ônix e azul.

O elevador já estava no quinto andar quando houve um barulho muito forte e segundos depois ele parou.

- O que houve? – sua voz saiu, num perfeito francês, fitando-o.

- Parou. – respondeu, apertando o botão de emergência.

- Ai meu Deus! Ele vai cair. – jogou o celular não bolsa.

Kamus ignorou o comentário, era só o que lhe faltava, o elevador parado e uma maluca.

- Já chamou a emergência? E se ele cair? Eu vou ficar sem ar.

O cavaleiro rolou os olhos.

- Ai moço. – a moça abriu a bolsa tirando um cigarro.

- Você é louca? – Kamus sem cerimônia alguma o tomou. – não pensa em fumar aqui!

- Estou com falta de ar.

- E vai fumar? Não enquanto eu estiver aqui. – guardou o objeto no bolso da calça.

- Grosso! – fechou a cara.

- Maluca!

Ela virou a cara.

- Socorro! Socorro! – começou a gritar.

- Eu já acionei a emergência. – disse impaciente.

- Como pode ser tão frio! Estamos presos.

- Só podemos esperar.

A garota o fitou, pelo porte e roupas deveria ser empresário ou filho de algum.

- Alais. – estendeu a mão.

- Kamyu.

Foi a ultima palavra que ela conseguiu arrancar dele e ficaram nesse profundo silencio por três horas ate que a equipe de resgate, conseguiu abrir a porta.

- Graças a Deus. – suspirou aliviada.

- Desculpem a demora. – pediu o funcionário do hotel. – vocês estão bem?

- Pensei que morreria aqui.

- Exagerada.... – murmurou o aquariano. – já posso sair?

- Claro. – o funcionário deu passagem.

O cavaleiro não disse mais nada.

- Tchau Kamyu.

A voz de Alais o parou. Ele virou-se para ela, Alais estremeceu com o olhar frio dele.

- Isso vai te matar. – devolveu lhe o cigarro. – Adeus Alais.

Deu as costas seguindo o corredor a esquerda, a garota não disse nada, colocou o cigarro na bolsa e seguiu o trajeto à direita.

Kamus voltaria para o santuário a tarde e um ano depois morreria nas mãos de seu pupilo, Alais seguiu para Berlim e na outra manha partia para Vilnius.



Trem

Um vento cortante desafiava as pessoas que se atreviam a sair naquela final de tarde. A temperatura estava perto do zero grau, mas a sensação térmica era de alguns graus negativos. Trajando um casaco de lã negro, um homem aguardava a chegada do trem.

- “Esse frio esta acabando com a minha pele.” – pensou. Estava irritado, detestava sair às pressas, mas eram ordens do grande mestre e as cumpria. Era o mais forte e terrível entre os cavaleiros de ouro e como tal tinha uma imagem a zelar. Tirando-o de seus pensamentos uma criança esbarrou nele.

- Desculpa moço.

- Seu projeto de gente. – seu olhar era de deboche. – como se atreve a encostar em mim! Seu sujo.

O garoto o fitava assustado.

- Desapareça, sua aparência me enjoa.

O trem parou. O formoso cavaleiro de Peixes entrou, havia pedido que lhe fosse comprado dois bilhetes para não ter o desprazer de ter alguém do lado.

Depositou a bagagem de mão na outra poltrona e colocando fones fechou os olhos. Não queria ter o desagrado de conversar com alguém.

Uma moça entrara apressada no trem, procurava por um lugar vazio, mas o meio de transporte estava lotado, olhando para o fundo viu um suposto lugar. Timidamente aproximou notando que o lugar era ocupado por uma mala. Olhou para o dono, este parecia dormir. Abaixou o olhar, procuraria em outro vagão mas não houve tempo, o trem deu uma freada fazendo com ela caísse sobre a mala.

- Seu louco! – gritou Afrodite retirando os fones.

Desviou o olhar para uma figura caída perto dele, os cabelos desciam em uma cascata rubra, a pele branca destacava sobre o casaco preto.

- Sua desastrada. Derrubou minha mala. – disse puxando a bagagem que estava em baixo da moça.

- Me desculpe.... – saiu num sussurro que nem ele ouvira.

- Presta atenção.

Ela levantou, mas mal o olhou completamente envergonhada. Ficou parada fitando o chão.

Afrodite voltou a por mala na poltrona, mas fitou a garota.

- Inferno. – murmurou pegando o objeto colocando no colo. – senta. – disse ríspido.

Sem dizer nada sentou ao lado dele.

- “Senhores passageiros, devido a forte nevasca, sofreremos um pequeno atraso. O trem seguirá com velocidade reduzida. Obrigada pela compreensão.”

- Era só o que me faltava. – bufou. – preso nesse fim de mundo, vai estragar a minha pele.

Desde a freada brusca o trem não tinha andado um metro sequer, permanecendo assim por meia hora. Totalmente mal humorado já havia tirado do sério a agente de bordo com um pedido a cada cinco minutos. A moça que estava ao seu lado, contudo não abrira a boca uma única vez, mal erguendo o rosto para fita-lo.

- Vou reclamar com o Mestre. – disse baixinho. – quero a primeira classe da próxima vez. – olhava a neve cair de forma incessante do lado de fora.

- Quantas horas...? – indagou num fiapo de voz.

Afrodite escutou, mas ignorou.

- Tem horas? – indagou novamente pensando que ele não tinha ouvido.

- Nove. – disse seco. – “voz irritante.” – pensou pegando uma revista.

- Obrigada.

Seguiu um novo silencio, o trem agora começava a se mover de maneira lenta, contudo dez minutos depois parou novamente.

- De novo....

A garota abriu a pequena bolsa retirando uma barra de chocolate, com o movimento deixou alguns papeis caírem. Afrodite viu um deles rolar para debaixo da poltrona da frente, não diria nada, não era da sua conta, mas num surto de humanidade o que lhe era raro, abaixou pegando o papel. Antes de entregá-la leu: “Gabrielle Lecter”

- “Pelo menos tem nome de gente.” Deixou cair. – entregou sem olhá-la.

- Obrigada, Gustavv. – disse.

Ele a olhou imediatamente.

- Como sabe meu nome?

Apontou para a mala nas mãos dele. Trazia o nome dele.

- Hum... é por isso.

- Gabrielle.

- Prazer.

Disse por educação, voltando a por os fones.

A viagem que normalmente duraria uma hora tinha sido feita em cinco horas. Afrodite foi o primeiro a sair parando na plataforma para consultar as horas.

- Vou perder o vôo.

Gabrielle apareceu logo depois.

O cavaleiro colocou as luvas tomando o rumo da esquerda, Gabrielle envolveu-se no seu cachecol tomando o rumo contrario.

Estavam em Vilnius.

Ele estava em missão e partiria para Grécia naquela madrugada, um ano mais tarde morreria em meio as rosas na batalha das doze casas.

Ela estava indo em direção ao principal hotel da cidade transformar numa das acompanhantes da máfia.

---

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Próximo capitulo Aioria x Íris, Shura x Ingrid e Shaka x Farah



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Encontros e Desencontros" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.