Lily e Scorpius: Proteção escrita por deludedbritney


Capítulo 1
Capítulo único




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Nos olhamos, e Scorpius sugeriu algo

Lily, vamos fazer um acordo. Eu te digo se te amo e você me diz se me ama, fechado?

"Fechado." Respondi.
Apertamos as mãos como se tivessemos concluído um grande negócio, e então perguntei sorrindo com o máximo de carinho que pude juntar em mim: Você me ama? - ele me olhou com a maior calma possível antes de responder com sua sinceridade, e eu não vi sequer um pingo de luz em seus olhos

"Não. Você, me ama?"

"Eu te amo, Scorpius. Te amo de verdade."
Não deu pra segurar. A dor e o peso das lágrimas eram mais forte do que eu poderia aguentar. Meu sorriso carinhoso se desmanchou lentamente. Comecei a sentir que ia chorar, ou pior: morrer. Não conseguia olhar em seus olhos e nem conseguia acreditar que ele disse que não me amava.

"Me desculpe. Não quis te magoar."

"Tudo bem. Mas, por favor, não fale mais comigo. Finja que eu morri, ou melhor, finja que jamais me conheceu."

"Você está bem?"

"Olhe para mim, Malfoy. Eu pareço bem? Não. Mas vou ficar." - e virei de costas pronta para fugir, mas ele me segurou pelo braço e começou a falar

"Eu cansei de você. Ainda bem que não quer mais me ver pois pra mim já deu."

Fiz que sim com a cabeça e tentei sair antes das lágrimas molharem meu rosto. Pensei em lembrá-lo todos aqueles momentos em que somente eu estive ao seu lado, dizer "mas eu achei que me amasse, eu te amo", acreditar que fosse tudo um blefe, só que não era. Discutir só tornaria tudo mais difícil para mim. Então o deixei. Senti como se perdesse o controle sobre meu corpo. Minhas pernas me levaram embora dali e eu nem me lembro como foi. Não liguei para os olhares tortos pelos corredores, nem liguei para todos julgando meu andar cambaleante e meu rosto ensopado de tristeza e lágrimas. Minha dor era grande demais para estar me importando com o mundo em torno de mim.

Claro que a culpa era minha. Amei cegamente, sem reparar que não era recíproco. Não vi que estava sendo usada. Era como se eu fosse um daqueles peões no jogo de xadrez, sendo colocada na frente de todas as peças para sofrer os danos e proteger o Rei. Sendo manipulada por ele. Podia ter sacado a varinha e matado ele ali mesmo, mas não foi assim que meus pais me criaram. Essa não sou eu.
Quando despertei da minha imersão, já tinha chegado ao Salão Comunal. "Tudo bem," comecei a dizer para mim mesma. "Vai ficar tudo bem. Você vai sair dessa. Nada é para sempre, nem a dor nem o amor." Não havia forma de pensar em nada além da vergonha e da pena de mim mesma.
Decidi ir lavar meu rosto no banheiro feminino. Me vi no espelho e meus olhos estavam tão vermelhos que senti raiva e mais vontade de chorar. Eu precisava de um abraço. Mas queria um abraço dele. Então caiu a ficha de que ele não me queria por perto. Eu estava quebrada por dentro. Aquela dor no peito era enorme e parecia um vazio sem fim. Um crucio não doeria tanto. Uma vez ele me disse "você é demais para mim." e agora vejo como ele estava certo ao falar isso.

Decidi tomar um banho escondida no Banheiro dos Monitores, no quinto andar, pensando que ajudaria a relaxar. Minhas mãos estavam geladas, e eu sentia a angústia consumir meu interior. As torneiras despejam loções e água enquanto me sento na enorme banheira. O ambiente está contornado com vapor, mas não sinto o calor. Acho que meu corpo perdeu a sensibilidade por exposição ao frio. Me deixo relaxar, e meus pensamentos me levam através de uma viagem, me fazendo aterrizar em um lugar lindo e quente, um paraíso de verão. Logo retorno ao banheiro quando ouço meu nome ecoar pelas paredes de pedra. A Murta Que Geme está tagarelando, e sinto uma vontade tremenda de mandá-la tomar no... mas não é culpa dela a raiva que tenho em mim, então me controlo. Enquanto ela continua a falar sem pausas, uma onda de suicídio me atinge e quero me afogar naquela banheira tão grande, mas lembro que acabaria por ter de dividir os banheiros com a Murta eternamente. Apenas 1 fantasma no banheiro é mais do que suficiente. Já são mais de 70 anos assombrando o banheiro feminino, e ela não cansa nunca. Ás vezes sinto pena da Murta, mas não agora. Quem iria gostar de uma murta chorona e que geme? Não eu. Não hoje.

Decido que já é hora de terminar meu banho e encerrar a conversa (onde só ela fala) e voltar pro dormitório.
Acabei por mudar meu rumo e fui parar na cozinha. Pedi para um dos elfos me fazer um chocolate quente com canela, e isso realmente me fez relaxar. O frio do inverno estava acabando com minhas mãos, nem luvas ajudavam, mas aquela caneca quentinha me serviu muito bem. Terminando de tomar meu chocolate, fui logo me deitar. Não era hora de dormir ainda, mas eu não queria papo com ninguém naquele momento, e não sabia maneira melhor de escapar além de dormir. O quarto estava vazio, exceto pelos mascotes que estavam se aquecendo nas camas de suas donas. Comecei a sentir a garganta arranhar. Tomei banho e saí no frio, devia estar adoecendo àquela altura. Morar num castelo, com essas paredes geladas de pedra, é uma tortura nesse inverno tão rigoroso. Eu estava me distanciando do sofrimento que Scorpius Malfoy me fez passar. Tudo parecia uma distração, e eu comecei a aceitá-las para escapar da dor que ele me causou. Estava me sentindo quase como de costume, só que com um pouco de angústia. Reparei que o amor é como um bom agasalho em um forte inverno. Enquanto é você quem usa está tudo bem, mas quando são outros usando... então você sente o impacto. Por que as palavras machucam tanto?
Adormeci. E estava tão cansada que nem tive sonhos. Mas foi uma noite péssima. Eu me sentia perdida num espaço completamente sem luz e sem fim, como um buraco negro, onde o silêncio era profundo e perturbador, tão poderoso e ensurdecedor que me deixou sem saber se realmente dormi ou estive acordada o tempo todo. Meu cérebro esqueceu de descansar.

Quando acordei era sábado, mas não qualquer sábado. Véspera de Natal. Pois é, com toda aquela coisa de Scorpius eu esqueci completamente que meu feriado favorito era nesse final de semana. Focar nisso seria uma boa maneira de fugir da memória daquele garoto. Levantei mais animada (na medida do possível) do que fui me deitar, me vesti e fui direto tomar café da manhã. Mas que porcaria, a primeira coisa que vejo ao entrar no Salão Principal é...? Sim, Scorpius. Conversando com uma garota da Sonserina daquele mesmo jeito que ele fazia comigo. Com os olhos semicerrados, sendo atencioso e completamente sexy, falando com um sorrisinho nos lábios. Argh. Sentei de costas para não ver mais nada. Afinal, estou bem, certo?
Comecei a olhar para a lareira. Estava iluminada por um laranja vivo do fogo que queimava pinho, a madeira cheirava forte. Será que Scorpius estava com perfume? Não, isso não me importa. Sobe uma fumaça acinzentada do fogo, me lembrando a cor dos olhos do Scorp... O QUE ESTÁ ACONTECENDO COMIGO AFINAL? Caramba. A atenção que estava totalmente focada na lareira se desviou quando percebi Robert Sharp se aproximar. Minha atenção foi toda pra ele. Ele é bem bonito pra falar a verdade. Cabelos castanhos, olhos cor de mel, lábios rosados de frio. Bom aluno, é da Corvinal.

"Bom dia, Lilys!"

"Olá, Robs. Bom dia!"

"Eh... vou logo ao ponto Lily."

"Pode falar."

"Quer sair para tomar uma cerveja amanteigada no Três Vassouras comigo hoje?"

"Ah... ué, claro. Porquê não? Eu adoraria."

"Legal, te encontro lá pelas 3 da tarde?"

"Sim. Estarei lá."

"Beleza."
Ele me deu um beijo na bochecha e sorriu olhando pra mim antes de voltar para a mesa da Corvinal. E eu adorei. Espero que o Scorpius tenha visto. Terminei de comer e fugi do salão.

Fui para as estufas de Herbologia. O prof. Longbottom sempre gostava de bater um papo sobre as plantas. Adoro ouvir aquela história de quando estavam no 4º ano e ele ajudou papai no Torneio Tribruxo, dando a ele Guelricho em um dos Desafios. Brilhante.
Ele me mostrou algumas plantas estranhas que se mexiam sozinhas, e que se escondiam na luz do sol. Falamos basicamente sobre a participação das plantas nas aventuras do papai.

Depois de conversar bastante, segui até o lago negro. Eram 11 horas. Eu estava ansiosa pra sair com Robert. Ansiosa pra tirar alguém da cabeça. Não havia como sentar à margem do lago com toda aquela neve, a não ser que eu quisesse morrer congelada. Então fiquei observando a paisagem. Hogwarts é um lugar maravilhoso. Lindos cenários naturais ao redor do castelo, lindas flores na primavera, lindos dias de sol no verão, lindas árvores perdendo suas folhas no outono. Lindas curvas brancas no inverno. O inverno. A estação favorita do Malfoy. É. Ainda não consegui ignorar o fato de que amo aquele garoto tão cruel. Eu não sei o que é pior, ele por ter me rejeitado e me jogado na sarjeta ou eu, por pensar tanto nele e desejá-lo dessa maneira tão intensa após tudo. Caminhei um pouco em torno do lago, pensando em como me sentiria melhor se fosse verão, pois poderia sentar em qualquer lugar nos terrenos da escola e ler algum dos contos de Beedle o bardo. É engraçado como meus pensamentos sempre me levam à mesma coisa. Malfoy. A cada duas coisas que penso, três tem a ver com ele. Mas, meu pai passou por coisas piores e sobreviveu. Teve que morrer e voltar para estar livre do Lorde das Trevas. Eu posso vencer isso. Eu vou vencer isso. O que me faz sentir atração no Robert é a simplicidade. Tudo é muito fácil. As conversas são descomplicadas e ele é gentil sempre. Não sinto como se tudo fosse um jogo quando estou com ele. Robert me traz um sentimento de segurança.

Depois de perambular sozinha pelos lugares mais agradáveis (e solitários) que conhecia e estragar o que poderia ser um momento de relaxamento pensando naquele-loiro-que-não-deve-ser-nomeado, percebi que já eram quase duas e meia da tarde e corri para me arrumar melhor. Penteei bem os cabelos, dei uma polida nas botas de neve e até passei um perfume sutil com aroma de cereja e âmbar. Minha amiga, Sarah Gun Rey da Corvinal, me disse que esse aroma era quase como uma poção do amor. Estava pronta. Caminhei por mais de meia-hora até o povoado vizinho à escola. Em Hogsmeade, tudo parecia muito vivo. Anões cantando músicas natalinas, gente rindo e conversando alegremente com copos de chocolate quente nas mãos, os alunos mais novos brincando e esperando os pais chegarem no castelo para passar o natal em suas casas. Avistei o pub mais conhecido da região e entrei. O Três Vassouras parecia um formigueiro, estava apinhado de alunos tomando cerveja amanteigada e conversando alto, mas logo vi quem eu estava procurando. Lá atrás, conversando com alguém estava o Robert. E quem estava com ele era o Malfoy.

Eles estavam juntos no balcão! O Robbie não sabia que eu estava brigada com o Scorpius, e eu não queria deixar transparecer isso. Então fui me aproximando como se nada no mundo pudesse estragar aquele "encontro" com meu amigo Sharp. Mas algo estragou. Eu escutei o Malfoy sibilar pra ele "então continua perto dela e segue nosso plano até o fim. Ela precisa se apaixonar por você custe o que custar!". É claro que eu nem me dei ao trabalho de perguntar o que estava acontecendo. Girei nos calcanhares e fiz o caminho inverso até Hogwarts o mais depressa que consegui. Não acredito que o Robert se deixou corromper pelo Scorpius! Ele veio atrás de mim, mas só me alcançou quando cheguei aos portões do castelo.

"Lily, não é isso que você está pensando..."

"Você não tem ideia sobre o que estou pensando de você nesse exato momento, mas te garanto que envolve a sua mãe."

"LILY! CALMA! Eu posso explicar tudo se você me der uma chance..."

"Não tenho que dar nenhuma chance pra você Sharp, eu escutei muito bem quando Malfoy mandou você se manter por perto e me conquistar. Não precisa dizer mais nada pra mim. Eu quero dizer, literalmente. Não fale NUNCA MAIS comigo. Adeus."

"Lily, espera!"

É claro que não esperei para ouvir mais nada, saí correndo e ele ficou chamando por mim. Passei o restante do dia fugindo dele, até que por fim nos esbarramos no salão principal na hora do jantar. Ele me segurou e começou a cochichar:

"Lily, olha, isso que eu fiz de me juntar ao Scorpius... eu não posso justificar isso. Mas..."

"Não mesmo."

"Me ouça, não me interrompa. Ele disse não poder me contar tudo, mas ele queria te manter comigo para que ficasse longe dele, disse que isso te protegeria. Eu aceitei ajudar porque eu gosto de você. Muito. Ele sabia disso, por essa razão recorreu à mim, Lily. O Malfoy vai te explicar tudo. Ele percebeu que seguir o plano não dará mais certo á partir de agora. Encontre com ele à meia-noite, durante a ceia, na torre de astronomia. Me desculpa se te deixei chateada ou se te magoei de alguma maneira."

"Espero que a explicação dele seja muito convincente. Caso contrário, eu não vou mais falar com você, Robert. Fingir que queria sair comigo para me conquistar...?"

"Não fingi que queria sair com você. Eu queria mesmo sair com você. Eu quero. Se você puder me perdoar.

"Vamos conversar sobre isso depois que eu descobrir o que o Malfoy pensa que está fazendo me manipulando desse jeito."

"Tudo bem. Espero que se entendam. Eu sei que você gosta dele, o jeito que vocês se olham..."

"Tchau, Sharp."

"Feliz natal, Lily."

Eu fui sentar, estava com o sangue fervendo de ansiedade, nervosismo, raiva e tudo mais que se possa sentir nessas situações. Minhas bochechas deviam estar mais coradas que cerejas na primavera. Vi o Malfoy chegando visivelmente alterado. Parecia estar tão nervoso quanto eu e à partir daí as horas começam a se arrastar como lesmas carnívoras. Na minha ansiedade, cada 1 minuto durava 5. Estavam cantando músicas de natal para animar a noite, mas eu estava totalmente sem clima. Nem estava ouvindo nada, na verdade. Por fim, começou a ceia, e o com o alvoroço para comer os mais deliciosos pratos que os elfos puderam preparar, achei a minha deixa para vestir a capa da invisibilidade e espreitar-me pelo castelo até chegar a torre de astronomia. Já era meia-noite.

Chegando na torre de astronomia faltando pouco pras 12 da noite, notei um aroma no ar. O Malfoy já estava na torre, o perfume dele estava lá. Então despi minha capa e esperei. Ele andando rápido na minha direção, me segurou pelos ombros e começou a falar:

"Eu pensei que seria o melhor pra gente, mas você acabou escutando o que não deveria. Algumas famílias, Lily, ainda não aceitam pessoas que apóiam o contato com os trouxas. E a sua família convive com trouxas o tempo inteiro, e isso inclui você. Eles não acham que famílias de sangue puro devam interagir com famílias mestiças."

"Malfoy, antes eu olhava em seus olhos e via um garoto perdido, o garoto que eu tentava ajudar a encontrar seu caminho. O garoto que eu amava. Agora vejo alguém que não se importa em passar por cima dos outros por valores medievais e completamente estúpidos.

"Lily, eu fiz tudo isso por amor! Esses caras são da minha casa, da Sonserina, e eles me disseram que se eu continuasse com você, eles te fariam mal. À você e a sua família. Ameaçaram até seus amigos. Eu não podia permitir. Eu preferi ver você me odiar sã e salva à te ver me amar em perigo. Eu quis te proteger."

"Malfoy... Você não entende que eu nunca me sentiria protegida, sã ou salva sem você comigo?"

"Eu queria te magoar pra você se afastar de mim e não correr mais riscos. Se você pudesse ouvir o meu coração, saberia que ele chama o seu nome o tempo todo."

"Então fica comigo. Vamos enfrentar isso juntos, você e eu. Te amo! E sentia vontade de gritar isso todas as vezes que te via, Scorpius."

"Eu senti tanta falta de nós. Você tem os olhos mais brilhantes que eu já vi, e eu estava com saudade de os ver brilhando pra mim."

"Eu te amo, Malfoy."

"E eu te amo muito, muito mais. Me abraça, por favor."

"Estou com medo."

"Medo de quê? Eu estou com você agora."

"Eu estou com medo de te soltar e você me deixar outra vez."

"Se é assim, não me solte nunca. Eu juro que não vou te deixar."

"Feliz natal, Malfoy."

"Lily, antes de voltarmos para o salão principal, preciso te saber de uma coisa."

"Pode perguntar..."

"E se eu te pedisse namorar comigo. Você aceitaria?"

"Absolutamente sim. Eu quero você. Eu amo você."

"Então volte comigo para a ceia e juntos mostraremos à eles que não temos medo de nada nem de ninguém. Agora somos você e eu contra o mundo."

"Agora e sempre."


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