A Million Faces escrita por Vingadora


Capítulo 4
Run, run, darling.


Notas iniciais do capítulo

Só pra constar: eu fiquei a-pai-xo-na-da nesse capítulo, sério.
Deu trabalho escrever, mas valeu a pena.
Espero que vocês gostem do capítulo assim como eu.

Sem mais delongas, com vocês: "Run, run, darling".



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Depois do banho, Delon apareceu na minha suíte acompanhado de uma dúzia de sacolas de lojas caras em Monte Carlo. Escolhi uma peça de roupa íntima vermelha, um vestido tubinho preto, com uma pequena fenda na coxa direita e um scarpin perolado. Adicionei um colar de pérolas ao conjunto e um par de brincos de diamantes. Prendi meu cabelo com uma trança embutida, deixando minha longa franja solta e dois cachos caírem por meu rosto na lateral. Delon havia conseguido um novo celular para mim e uma bolsa sem alça preta, neutra, que combinava com todas as roupas que ele escolhera para mim. Meus ferimentos já haviam cicatrizado e desaparecido. Ousei passar um pouco de rímel, lápis, blush e um batom vermelho cereja que aparentava ter custado bastante caro a Delon.

O pensamento fez com que eu revirasse os olhos. Ele realmente não sabia economizar.

Quando descemos para o restaurante, ele estava rodeado de fotógrafos de todos países possíveis. Delon desfilava entre eles, parecendo contente com a atenção depositada a ele. Os flashes das câmeras confundiam meus olhos quando os fotógrafos resolveram que nós éramos importantes, o que me deixou muito irritada, pois seria difícil evitar que aquelas fotos saíssem nas revistas.

Eu estava com o braço enlaçado em Delon, que trocou de roupas e agora usava um terno creme e gravata escura, e eu usando um anel de noivado que ele insistiu que eu usasse para insinuar um noivado perto do pai dele que logo chegaria.

─ Não me diga que ele já chegou? ─ perguntei a Delon sobre seu pai utilizando meu inglês.

─ Acho que sim. ─ ele parecia arfar de tanta ansiedade enquanto procurava por Tony Stark, não compreendendo o alvo de minha pergunta.

Sentamos em uma mesa próxima a janela e fomos servidos no mesmo instante por champanhe e brioches. O ar ali era de um frescor artificial proporcionado pelos ar condicionados espalhados no salão, o sol lá fora era de rachar a pele de quem ousasse sair sem um protetor sola para a praia.

No meio de uma conversa paralela e censuraras a Delon por sua euforia e falta de controle ao falar sobre o Homem de ferro, eu a avistei.

Já devia fazer um bom tempo que ela estava parada no meio de vários homens alheios a sua presença, me observando. Usando um tubinho rosa e com o cabelo ruivo maior que da última vez que nos vimos, ela acenou com a cabeça para mim em cumprimento. Seus olhos verdes quase saltavam da órbita enquanto me examinava.

Depois de nosso encontro há sete anos, invadi alguns computadores da S.H.I.E.L.D. e descobri seu nome, Natasha Romanoff. Ou, como alguns costumavam conhecê-la: Viúva negra.

─ Conhece aquela ali? ─ Delon percebeu nosso transe hipnótico e resolveu perguntar

Dei de ombros.

─ Há muito tempo eu não tinha notícias dela. ─ limitei-me a dizer.

Delon acenou para um de seus seguranças e disse algo baixo o suficiente para que eu não me importasse em ouvir.

─ Quer que eu dê um jeito nela? ─ ofertou.

Neguei rapidamente, antes que Delon começasse uma discussão idiota em minha defesa e ele dispensou seu segurança.

─ Não é um problema que eu queria lidar agora, Delon. Vamos apenas relaxar e curtir esse momento abafado em Monte Carlo. ─ dei-lhe meu melhor e mais sofisticado sorriso, na tentativa de acalma-lo.

Mas não aconteceu. Pois no mesmo instante Anthony Stark invadiu o lobby e todos a sua volta ─ incluindo, com toda a certeza, Delon ─ começaram a babar pelo homem egoísta e exibido que desfilava logo a frente acompanhado de Pepper e... Natasha?

O que será que a S.H.I.E.L.D. queria com Tony Stark?... Que pergunta idiota. Mas é claro. Eles também devem querer a arma inteligente criada pelo Stark.

Revirei os olhos mentalmente pela pergunta estúpida que eu havia feito.
Delon pôs-se de pé quando Pepper aproximou-se e o cumprimentou.

─ Senhor Musc. Como vai?

─ Pepper. Parabéns pela promoção. ─ revirei os olhos. Ele só sabia da promoção graças a mim.

─ Muito obrigada. ─ por um instante, pensei que Delon iria derreter com o aperto de mão da Pepper.

─ Delon! ─ Tony e Delon conversaram brevemente sobre motores de carro e ele e Pepper já estavam se afastando.

─ O que o Tony disse sobre o motor? E... o que isso tem haver com você? ─ resolvi perguntar quando ele sentou-se de volta.

Delon deu de ombros e sorriu.

─ Esqueci de contar que eu voltei para o ramo automobilístico.

Revirei os olhos.

─ Aposto que isso tem haver com um certo super robô. ─ zombei e o sorriso de Delon cresceu.

─ Quando você vai aceitar que o cara é o máximo, Snow?

─ Só quando você aceitar que está se tornando tiete de uma máquina. ─ beberiquei minha champanhe e virei-me de costas para ele, focando-me e Romanoff que seguia atentamente os passos do Stark.

Hammer aproximou-se de Tony assim que ele parou no bar para cumprimentá-lo e eu acabei perdendo a vontade de segui-lo com os olhos.

Ele era um estranho, antiquado, com vontades curiosas e desejos tolos. Fora que tinha fetiche por mulheres que usam bobs no cabelo. Que homem tosco. Se lembro bem de Hammer, ele ficou muito desapontado quando descobriu que eu só estava envolvida com ele para adquirir algumas de suas armas. Lembro-me de vê-lo chorar durante horas após encher a cara em um barzinho e eu me sentir obrigada a levar o homem de volta para casa. Aquela foi a última noite em que nos vimos.

✥✥✥

Delon e eu nos acomodamos em uma sala vip para assistir a corrida e no momento em que me foi oferecido mais champanhe, Tony Stark apareceu no meio da multidão de fãs gritando se nome, usando um macacão azul com seu sobrenome estampado em diagonal nele. Ele parecia ansioso e ao mesmo tempo agitado com toda aquela eufórica torcida, mas deu-se o trabalho de autografar algumas fotos e deixar que tirassem algumas novas. Tudo pelo marketing, aposto.

O carro de fórmula 1 de Tonny já estava preparado na pista, nas cores branca e azul quando ele pulou uma das cercas de proteção.

Começou a falar algo com as câmeras e o piloto do carro lançou o capacete no chão.

─ Não acredito! ─ Delon sussurrou e um imenso sorriso abriu-se em seus lábios.

─ O que? ─ indaguei, um pouco curiosa com a atividade na pista.

Anthony Stark irá pilotar um carro de Fórmula 1! ─ Delon levantou-se do sofá e só parou de andar quando se aproximou o suficiente do parapeito logo a frente.

Fui para seu lado, disposta a observar tudo atentamente e resolvi perguntar:

─ Desde quando Tony Stark sabe pilotar um carro desses?

Eu já sabia da fama de Tony Stark por ser um colecionador devasso de carros, mas aquilo? Aquilo era demais.

Delon deu de ombros.

─ E isso importa?

Gargalhei, agora um pouco animada com a corrida. Até que vir a Mônaco não tinha, de fato, sido uma perda de tempo completa.

A corrida começou e Delon e eu nos recusamos a sentar novamente, animados com a mudança recente. Eu não fazia muito gosto pelo esporte, mas estava na torcida para que Stark passasse a maior vergonha de todos os tempos da Formula 1.

Um sorriso zombeteiro brincava em meus lábios enquanto a corrida prosseguia. O som dos carros, agora do outro lado da pista era, nada mais, nada menos que um zumbido que ia aumentando ao tempo que se aproximava de completar a primeira volta da corrida.

Foi então que eu o vi.

E tudo parou.

Um dos funcionários abriu a grade de segurança e invadiu a pista de corrida. Por pouco alguns corredores não bateram nele. Havia algo errado. Algo muito errado. O homem começou a caminhar pela pista e desabotoar a camisa abóbora ali mesmo. Meu coração pulsava ao ponto em que ele removia cada botão. Foquei minha audição no homem e ouvi um barulho elétrico estranho vindo dele. O que era aquele homem? E então ele, rapidamente, despiu seu peitoral e apresentou ao mundo algo que só fora visto uma vez, e no peito de outro homem.

O reator de Stark.

O que aquele homem ia fazer?

No mesmo instante, dois chicotes eletrizados apareceram em suas mãos e começaram a se debater no asfalto. A camisa do homem pegou fogo e, em questão de segundos, desfez-se no chão, deixando o peitoral e as costas desnuda. Foi então que ele realizou o primeiro ato de loucura. Um carro de corrida da Ferrari aproximava-se, quando ele ergueu o chicote direito e cortou a frente do carro, fazendo-o capotar ali mesmo.

Eu precisava fazer alguma coisa. Meu coração bombeava meu sangue sobrecarregado de adrenalina, mas meus pés estavam travados no chão, me impedindo de locomover-me e deixando-me a mercê daquela cena terrível que se formava a minha frente.

E então foi o carro de Stark.

A cena não durou mais de três segundos.

O carro veio, o homem ergueu o chicote e esfatiou a frente do carro, fazendo o carro de Stark voar pelos ares, assim como carro da Ferrari. Ele capotou até bater na grade de proteção. Uma pequena fumaça começou a evaporar do motor do carro.

Um humano comum não conseguiria visualizar direito a cena sem o auxilio de um binóculos, porém eu e minha visão periférica estávamos a par de toda a situação.

Tony removeu o capacete enquanto o louco dos chicotes se aproximava. Três carros vinham logo atrás a toda velocidade e tentaram desviar do louco, porém sem sucesso. Os três carros explodiram. No fim, era uma pista rodeada de fogo, pneus, destroços de carros, um louco com dois chicotes eletrizados e Tony Stark lutando para sair de dentro de seu carro. A correria começou. Vários bombeiros se aproximaram, tentando neutralizar todo o fogo e socorrer os feridos enquanto o louco aproximava-se de Tony bem lentamente. E, por fim, mais uma investida do maníaco. Com um só golpe, partiu ao meio o carro de Tony. Fechei meus olhos por um segundo. Tony estava morto. Delon gritou, desesperado.

─ Tony está morto? Não é possível!

Não, não estava.

Pensei isso no instante que abri meus olhos novamente a ajustei minha visão. Tony aproximou-se por trás do homem e jogou em sua cabeça um destroço qualquer do carro da Ferrari, que foi rebatido pelo chicote do homem irritado no mesmo segundo. Stark caiu no chão por conta da chicotada e eu pudia ouvir seus batimentos cardíacos acelerados. O maníaco dos chicotes começou a atacar, atacar e atacar Tony que rolava no chão, desviando-se rapidamente das chicotadas elétricas. Levantou-se, porém foi atingido nas pernas, fazendo seu corpo voar de encontro a outro carro de corrida. Stark, caído no chão parecia uma alegria sem fim para o homem eletrizado, este começou a rodopiar seus chicotes dando ainda mais efeito àquele show de horrores. Quando aproximou-se o suficiente de Stark e o carro, lançou o chicote.

Meu coração parou pela segunda vez, imaginando que Stark teria sido atingido. Porém fui enganada, afinal Tony conseguiu escapar e o chicote do louco entrou em atrito com a gasolina que era dispersada do carro de corrida e explodiu. E então a loucura tomou conta total do asfalto ─ mais ainda ─. Um carro preto que invadira a pista começou a buzinar e atropelou o homem dos chicotes.

Foi nesse instante que meus pés se desgrudaram do chão e eu percebi que precisava agir. Tony respirou fundo, parecia aliviado e sentindo que havia ganhado a batalha. Roubei a arma de um dos seguranças de Delon e pulei a sacada no meio da plateia. Pulei de cadeira em cadeira, pisando em pés, mãos, coxas e às vezes até mesmo cabeças para alcançar a grade de proteção. E enquanto eu tento atravessar a multidão o homem dos chicotes desperta e começa a fatiar o carro preto. T

ive de correr ainda mais rápido e pular por cima de um homem para alcançar a grade e pular com segurança do outro lado da pista. Os raios confundiam a minha visão, mas não hesitei ao começar a disparar a arma, tentando distraí-lo enquanto Stark tentava pegar uma maleta vermelha ─ vulgo roupa do homem de ferro ─ com a Pepper dentro do carro. O homem dos chicotes percebeu minhas investidas e lançou um deles até mim, quase conseguindo me alcançar.

─ Andem logo com isso! ─ berrei para Stark enquanto ele e Pepper discutiam sobre a posse da maleta.

─ Me dá a maleta! ─Tony berrava tentando manter a calma enquanto o homem do chicote despedaçava o carro.

─ Joga a maleta para ele! ─ gritava o motorista do carro.

─ Dá logo a merda da maleta pra ele! ─ eu berrava enquanto atirava no maníaco e desviava dos raios que tentavam me atingir. A munição acabou e minhas ultimas investidas foram atirar a arma na cabeça do homem e lançar a adaga que eu mantinha escondida na coxa que acabou acertando seu rosto e causando um leve ferimento.

Minhas investidas não foram necessárias, pois Stark havia tomado posse de sua maleta e já estava vestido da armadura vermelha e dourada. Chutou o carro e afastou-os do homem.

Uma luta iniciou-se ali enquanto eu aproveitava a distração para alcançar o carro e tentar tirar Pepper e Happy, o motorista, de lá. Acabei perdendo o foco quando o maníaco conseguiu prender o braço e pescoço do homem de ferro e lançando-o para o chão, erguendo-o novamente e jogando-o em cima do capô do carro.

─ Tony! ─ Happy gritou despertando-me do transe e fazendo com que eu voltasse a focar em meus objetivos.

A porta a minha frente estava destruída, o que facilitou meu acesso até Pepper. Entrei no carro e comecei a gritar para que ela saísse do carro.

─ Mas e o Tony? ─ ela gritava desesperada.

─ Você precisa sair daqui! ─ era a única coisa que conseguia pensar no momento ─ Preciso tirar você daqui. Agora! ─ o cinto de segurança não queria soltar-se com facilidade, mas isso não foi problema para minha força sobre-humana que entrou em ação.

─ Tony! ─ Pepper gritou novamente e revirei os olhos.

Foi então que percebi a resistência de Stark.

Ele havia levantado e agora puxava o homem, através do chicote que estava enlaçado em seu pescoço, para mais perto. Proferiu alguns socos no louco e desviou de outros. Lançou o homem no chão e removeu o reator no mesmo segundo.

Com um pouco de dificuldade, consegui retirar Happy e Pepper de dentro do carro.

Olhei em volta e vi uma multidão gritar pelo Homem de ferro. Câmeras disparavam flashes rápidos em nossa direção. Era bem óbvio que a plateia estava contente com a atitude do herói, mas eu naquele momento, enquanto olhava para minhas próprias mãos, observava o trapo que se tornou meu vestido, só conseguia pensar em uma coisa: O que eu estava fazendo ali?


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Notas finais do capítulo

Como não pensar em Highway the hell quando se trata desse capítulo?

"Sem sinais de "pare", limites de velocidade
Ninguém vai me fazer reduzir a velocidade
Como uma roda, vou girar
Ninguém vai se meter comigo"

link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=gEPmA3USJdI

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Resolvi não colocar as imagens das roupas, pois fica a critério de vocês imaginarem cada personagem (uma dica? Veja/reveja o filme Homem de ferro 2)

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Até o próximo capítulo õ/