A Million Faces escrita por Vingadora


Capítulo 14
Don't play with my fire


Notas iniciais do capítulo

Oláaaa!
Vocês estão preparados para todo drama, ação, suspense, terror que esse capítulo reservou?

Esse é o segundo ponta-pé final da 1ª temporada.
Eu fiquei muito surpresa, porque a história toda fluiu com muita calma na minha cabeça. É claro que a ideia de base já estava formada na minha cabeça, mas os detalhes eu nem fazia ideia de como descrever.
Por isso preciso agradecer (mais uma vez) a Florence + The Machine que foi minha companheira durante todo o processo de escrita, me forçando a fazer pausas para cantar, dançar e comer (risos).

Não vou enrolar, porque eu sei que vocês querem mesmo é ler o capítulo.

Até lá em baixo.



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Resolvi me sentar nos degraus de entrada e esperar por noticias de Stark ou Natasha.

Pepper montou guarda e ficou de pé, fitando os estragos dos drones.

Recebi uma chamada desconhecida no comunicador, mas resolvi aceitar.

─ Sim?

Snow?

─ Delon?! ─ surpresa, quase gritei na rua ─ Como é que você...

Isso não importante. Não agora. ─ seu tom de voz estava estranho, parecia embriagado.

─ Você bebeu? ─ perguntei de cara.

Ele soltou uma risada desdenhosa.

Sim, claro que bebi. Bebi alguns vinhos da adega do seu apartamento. Tenho que dizer, você tem estilo.

O que?

─ O que você esta fazendo no meu apartamento? ─ grunhi ─ Eu avisei a você que...

Ah, Snow... Eu simplesmente não resisti, sabe? Eu olhei aqueles cabelos arruivados andando de um lado para o outro. Eu precisava conhecê-la. Precisava saber o porque de você escolher justo essa vida para escondê-la tão bem assim.

─ Do que você está falando? ─ minha voz saiu aos sussurros.

Ah... Precisava estar aqui para ouvir os gemidos dela, Snow... Ela implorou. Ela gritou. Ela chorou. Pedindo clemência! Dizendo que não sabia onde você estava. Ela preferiu ser torturada a me dizer onde você estava.

Por favor, não. Por favor...

Ela está aqui, quer falar com ela? ─ o outro lado ficou mudo por um segundo até que pude ouvir gemidos de dor e uma voz soar longe

Kate... por favor... ─ tosse ─ eu... apenas... fuja...

─ O que você fez com ela?! ─ era a Sophie do outro lado. Eu sabia disso desde o inicio, só não queria admitir.

Se você vier me encontrar no seu apartamento poderemos conversar sobre o que eu irei fazer com você.

E a chamada foi finalizada.

Eu nem dei-me o trabalho de dizer adeus a Pepper.

Corri pela calçada em busca de qualquer carro que funcionasse e me levasse de volta para casa.

Dessa vez tive uma atitude altruísta. Liguei para Fury.

Agente Fury, o que foi?

─ Nick... ─ eu consegui roubar um carro qualquer que estava intacto e segui por ruas secundárias até chegar ao centro de New York ─ Um homem... Ele...

Não estou compreendendo você. O que está acontecendo?

─ Delon Musc invadiu meu apartamento em Nova York. Estou ligando para pedir permissão para matá-lo.

O que? Claro que você...

─ Eu tenho quase cem porcento de certeza de que ele abusou de uma civil. O nome dela é Sophie... Ela trabalha na Bien Sûr, minha cafe....- ─ ele me cortou.

Estou enviando reforços imediatamente. ─ garantiu ─ Não o mate, Lilly. Detenha-o se for capaz, mas não o mate.

─ Tudo bem. Eu não irei matá-lo.

Quando a ligação acabou tive certeza de que acabara de mentir para Fury duas vezes: Primeiro: Não liguei para pedir permissão, liguei para informar. Segundo: Eu iria matá-lo sim.


✥✥✥

 

Não dei-me o luxo de estacionar o carro. Simplesmente parei o carro no meio da rua e corri para dentro da café-teca.

A porta estava trancada, como era de se esperar devido ao fim de expediente.

Eu não tinha tempo para procurar por uma forma opcional de chegar ao segundo andar, então simplesmente quebrei a porta de vidro com um chute e entrei, ainda às pressas.

Minha mente só conseguia pensar em uma coisa: Salvar Sophie.

Eu nunca fora uma boa chefe, preciso admitir. Nunca deixei que Sophie se aproximasse, não porque ela fosse uma má pessoa, mas porque eu sabia que se deixasse ela se aproximar, colocaria sua vida em risco. E Sophie era uma das poucas pessoas nessa vida que eu gostaria de proteger do meu lado negro.

Por que o Delon está fazendo isso? Tudo bem, eu o deixei sozinho naquela manhã, mas não é motivo para tanto.

A porta do apartamento estava aberta escancaradamente e eu o invadi, pronta para atacar.

Mas não foi o que eu fiz, porque vi Sophie jogada às traças em cima do meu sofá ensanguentado.

Seu cabelo estava melado de sangue, assim como seu rosto que possuía casquinhas de sangue seco. Seus olhos semi-abertos e cortes por toda sua face. Ela usava o que restava de uma camiseta branca suja do que ─ meu olfato indicou ser ─ poeira, barro e sangue. Suas pernas desnudas e magrelas cheias de cortes indo de cima a baixo aleatórios sendo eles superficiais e profundos. A cabeça e os braços pendiam sob o corpo machucado e cansado.

─ Sophie... ─ me aproximei aos poucos de seu corpo quase sem vida ─ Eu sinto muito, Sophie... ─ algumas lágrimas escaparam de meus olhos quando me aproximei o suficiente para ser impregnada por cheio de sangue até ficar tonta.

─ Peguem-na. ─ não tive tempo para responder a ordem de Delon atrás de mim. Alguém injetara algo em minha nuca ─ uma injeção ─ com um conteúdo forte o suficiente para me dopar.

✥✥✥

 

Eu não sabia se foram horas, minutos ou segundos em que fiquei apagada. Mas eu acordei. Com uma dor de cabeça forte e amarrada de cima a baixo em uma cadeira de ferro.

─ A princesinha acordou, senhor. ─ um homem qualquer falou em francês logo atrás de mim.

─ Que bom! ─ ouvi passos não muito distante de mim.

─ Delon, o que significa isso? ─ minha voz soou embriagada. O que quer que eles tenham usado em mim... fez efeito.

─ Eu vou te responder, docinho. ─ Delon surgiu a minha frente, usando um terno preto formoso, cabelo penteado e olhos vermelhos. Ele havia bebido, com certeza ─ Mas antes... vou te contar uma história linda e emocionante. ─ tentei negar com a cabeça, mas estava tonta demais, cansada demais para reagir a qualquer coisa ─ Era uma vez... Um jovem rapaz que teve a mãe assassinada brutalmente na sua frente. Ele achou que aquele dia seria o seu fim, pois todos os que estavam naquela sala haviam sido mortos. Mas ele não. Ele foi esperto. Se escondeu dentro do armário de arquivos e assistiu a cena em que a mãe teve seu rosto desfigurado e o coração perfurado por adagas. Esse rapaz entrou em desespero. O pai o culpou pela morte, dizendo coisas terríveis a ele do tipo: Você tinha que ter morrido no lugar dela!. O que o pai não sabia era que ele realmente queria ter morrido no lugar de sua mãe. Mas não foi o que aconteceu. Ele ganhou uma chance. Uma chance para realizar o ato de justiça. De vingar a mãe e de todas as pessoas que aquela mulher tinha sido capaz de matar. ─ ele soltou um suspiro e um breve choramingo antes de continuar ─ Ele começou a fazer pesquisas, conhecer pessoas novas, novos lugares, novas línguas até que esbarrou nela novamente. E adivinha só? Para sua surpresa a mulher, na época, usava o nome Marta. O mesmo nome que um dia pertencera a sua mãe. Marta! ─ ele deixou o nome pairar no ar antes de continuar ─ Quando ele foi investigar a fundo essa mulher, ele descobriu que ela não era conhecida apenas por Marta. Haviam outros nomes. Uma infinidade de outros nomes. Mas existia um nome pelo qual era conhecida entre os piores homens do mundo. Ela era conhecida como A mulher de um milhão de faces. O rapaz deixou-se fascinar. Não acreditou, logo de inicio, que uma mulher tinha tal capacidade para ter tantas identidades diferentes por aí. E foi a partir desse pensamento que ele começou a criar uma identidade para ele. De Phillip Vasconcelus, tornou-se Delon Legrand Musc. Um riquinho, mimado, egoísta que só pensava em mulheres e carros. ─ Delon pegou a taça de champanhe que um dos homens serviu a ele e bebericou um pouco ─ Ele se apresentou para a mulher de um milhão de faces e encomendou seus serviços. Aproximou-se dela. Deixou que ela caísse no seu jogo e se envenenasse sozinha. Ele absorveu cada conversa com ela, guardou em sua memória cada objeto que ela usava e como usava. Ele tornou-se a enciclopédia ambulante da mulher de um milhão de faces. Ele a usou. A seduziu, a embebedou e dormiu com ela. Esperou paciente que ela se esquecesse de que ele poderia vir a ser um futuro problema. Mas estava cansado de esperar! Esperou longos e terríveis cinco anos. Já estava na hora de agir. Então, focado nas informações que acumulara durante os anos, resolveu atacar a pessoa que parecia ser mais próxima a ela. A doce e meiga Sophie... Ah, como ela é... esperta, ativa, suculenta.

─ Fique longe da Sophie. ─ forcei o que restava de energia para dizer ─ Fique longe dela...

Delon, ou Phillip, soltou uma longa e amedrontadora gargalhada.

─ Não interrompa minha história, docinho. ─ e estapeou minha face ─ Me fez perder o rumo... Onde é que estávamos? Ah, é mesmo. Sophie! Bom... Eu não preciso mais falar na terceira pessoa, não é mesmo? ─ ele bufou ─ Você acabou com todo o clima da coisa... Hm... Bem. Eu ataque a Sophie, que, preciso dizer, estava em um local muito apropriado. Seu apartamento estava todo moldado em um clima romântico. Acho que ela estava esperando o namorado... Que eu tenho que dizer: eu tive que matar. ─ ele começou a andar de um lado para o outro e falar: ─ É que ele atrapalhou todo o meu plano, sabe? Ele estava lá, subindo para seu apartamento, conferindo uma cartela de... camisinhas ─ ele gargalhou bastante depois de dizer a última palavra ─ Enfim... ─ suspirou ─ E ele era um alvo tão fácil... Eu comecei a pensar na tristeza que seria para você se tivesse mais um de seus funcionários mortos... ─ ele percebeu minha exaltação quando ele disse mais um ─ Ah... Eu não contei? Matei aquela outra também. Aquela de cabelo preto, sabe? Como é o nome dela mesmo? Melissa, Maria... Ma... Me... Enfim. Ficará contente quando perceber que eu eliminei aquela lá. Eu peguei ela te chamando de biskate acredita? ─ ele bufou, irritado ─ E eu não admiti isso, claro! Não queria dividir o prazer que é odiar você com mais ninguém.

─ O que você quer de mim? ─ minha voz soou fraca, cansada. Eu estava sem forças e não compreendia o porquê. Não era normal meu corpo demorar tanto para se adaptar e responder a remédios.

─ Não é obvio ainda? ─ ele me olhou intrigado ─ Quer fazer você sofrer. O suficiente para você implorar por sua morte. O suficiente para que você desista da vida... Desista de tudo. Quero que você perca tudo. Assim como eu perdi.

Ele era louco...

─ Tragam a outra garota. ─ Delon pediu a um dos seus guardas.

Eu estava nos fundos da café-teca, era a parte onde possuía menos luz em todo o prédio. Era a única área isolada, sem ventilação ou janelas. Só havia uma porta de entrada e, mesmo assim, não era lá tão grande assim. Eu que não era tão alta precisava abaixar para passar pela entrada. As paredes eram revestidas de madeira escura assim como o chão. Eu gostava de usar aquela parte para guardar livros antigos e qualquer outra coisa sensível que precisasse ficar fora de vista da Sophie. Ela era ótima em destruir as coisas. Me repreendi no mesmo momento em que tive o pensamento. A Sophie era ótima mesmo em ser uma boa amiga.

Quando a trouxeram e a jogaram no chão, eu percebi que ela estava acordada, apesar de muito fraca.

─ Por favor... ─ algumas lágrimas escaparam ─ Delon... Phillip. Por favor. Faça o que quiser comigo. O que quiser... Mas já chega de maltratar a Sophie. Ela não faz parte disso. Ela não conhece a mulher de um milhão de faces. Ela nem mesmo conhece a Kate. É só uma garota que estava no lugar errado, na hora errad- ─ Delon me interrompeu com um soco.

─ Cale a boca, sua puta. Estou de saco cheio de te ouvir. ─ ele limpou a mão que foi suja de sangue em um lenço e voltou-se para Sophie por um momento ─ Acho que vou estuprá-la na sua frente... É. Uma boa opção.

─ Não! ─ eu grunhi e comecei a me remexer na cadeira. Foi então que senti. Senti uma fina agulha fincada em meu pulso transportando algum tipo de líquido para dentro de meu organismo. Era por isso que eu não conseguia melhorar. Eu estava sendo sedada o tempo inteiro. Aumentando a dose da química no meu organismo, atrasando meu desenvolvimento.

Uma risada maléfica ficou presa na minha garganta.

Ele não fazia ideia do que estava fazendo com meu organismo. Não fazia ideia de quem eu realmente era.

─ Ah... você finalmente encontrou o sedativo? ─ Delon percebeu minha aflição e tentativa de retirar a agulha do pulso ─ Ah... Eu sabia que uma dosezinha de nada não seria o suficiente para controlar minha garota. Porque... Bom. Eu pesquisei sobre você, Snow. O suficiente para saber que você não é uma humana comum.

Ah é idiota? Quer um prêmio por isso? Chegue mais perto que eu irei premiá-lo com algo especial.

─ Uma humana comum não quebra todas as costelas de um homem com um simples chute. Uma humana comum não consegue quebrar ao meio o crânio de um homem... ─ ele ficou discursando sobre coisas que uma humana comum não faria enquanto eu tentava realizar a maior quantidade de movimentos que conseguia.

Havia uma coisa, em particular, que só eu sabia sobre meu organismo.

Humanos comuns só conseguem ativar a adrenalina em momentos de muita necessidade. Quase sempre em momentos de perigo. E a adrenalina baixava logo em seguida. Era apenas um hormônio qualquer que te deixava mais alerta.

O meu caso sempre foi diferente.

A adrenalina era a peça-chave para qualquer parte do meu ser. Era o hormônio que estimulava todas minhas habilidades. Minha força triplicava quando eu a ativava, meu olfato, minha audição e visão? Tornavam-se perfeitas. Minhas células de reconhecimento? Elas eram imbatíveis. Tornavam-se armas poderosas contra qualquer ser estranho que invadisse meu organismo, modificando o DNA ou RNA desses indivíduos e transformavam-os em algo útil para meu corpo. No caso do sedativo... Bom... Digamos que ao invés de me sedar, quando a adrenalina fosse ativada, o sedativo iria despertar ainda mais rápido todo o meu sistema de ataque. Me transformando em uma arma biológica em ação. E era isso o que eu precisava agora.

Delon estava dando passos curtos para o corpo quase que sem vida de Sophie. Se não fosse por minha audição apurada que focava-se em sua respiração, eu constataria sua morte de imediato.

Ele abaixou-se sobre o corpo dela e a virou bruscamente, fazendo suas costas ficarem de encontro ao chão frio.

─ Se você tocar nela eu juro que... ─ não fui capaz de terminar a frase, porque Delon lançou-me seu copo, fazendo-o partir em minha testa e me silenciar.

Isso mesmo, seu grande merda! Me bata mais! Me deixe irada! Por favor.

Delon começou a abrir o zíper da calça e a abrir um a um os botões da camisa social. Tirou seu blazer, jogando-o para longe, e não demorou muito a fazer o mesmo com a camisa.

Como é que eu podia ter achado esse corpo bonito um dia? Sabe o que eu vou fazer com essa sua tatuagem? Eu vou arrancá-la! Vou fazer você engolir a própria pele!

Eu sentia que estava quase . A adrenalina estava começando a percorrer meu corpo, infiltrar-se em meu coração, desfilar por entre minhas veias e partir diretamente para o sedativo que estava passeando por meu ser.

Delon abaixou sua calça, deixando a mostra sua cueca box.

Eu podia sentir a adrenalina identificar o organismo intruso no meu ser. Da mesma forma que sentia ele alterando o RNA do mesmo.

Um fogo surpreendente tomou conta de todo meu ser.

Eu simplesmente perdi o controle do meu corpo, minha visão ficou turva e eu me perdi nos instintos que me controlavam. Ataquei. Não conseguia ver quem ou o que, mas ataquei loucamente usando todas as armas a minha volta ao meu dispor. Eu já estava liberta da cadeira, rasgando algum tipo de tecido fino, mole e molhado. Alguma coisa escorria entre meus dedos, mas nada impediu que eu continuasse a fatiar o tecido. O fogo queimava dentro de mim, fazendo com que eu proferisse golpes rápidos e bem articulados.

Voltei ao meu ser quando alguém me puxou para longe sussurrando em meu ouvido.

─ Ele já se foi, Lilly. Já está morto. Já acabou. ─ um tom doce e suave tentava me acalmar.

O que estava acontecendo?

Precisei piscar algumas vezes para aprimorar minha visão.

E realmente. Tudo já havia acabado.

A S.H.I.E.L.D. invadiu o quarto e rodeou a sala com três corpos deformados e fatiados no chão. Todo o lugar ─ inclusive eu ─ estava completamente escorrendo sangue.

─ Onde está a Sophie? ─ olhei em volta em busca da menina arruivada.

─ Ela está aqui. ─ Fury estava sustentando todo meu peso em seus braços quando me virou para o corpo da minha amiga.

Seu corpo não estava nada melhor. E, para piorar, minha audição não captou sua respiração.

Cai de joelhos em cima de seu corpo e comecei a chorar sem conseguir me controlar.

─ Sophie... Por favor. ─ eu soluçava, lutando para formular uma frase descente ─ Eu preciso que você viva... ─ o corpo dela já não parecia muito afim de sobreviver. Os machucados expostos, o sangue derramado e toda a sujeira não facilitavam muito a aparência da menina... e sua respiração... era uma linha fina, quase que não podia ouvir. Ela precisava lutar! Eu não ia deixá-la morrer. ─ Sophie eu preciso de você... Não posso deixar que vá... Por favor. ─ abracei seu corpo e puxei-a para meu colo, pressionando meu braço em volta dela e minha cabeça no topo da cascata alaranjada que era seu cabelo. Deixei que minhas lágrimas escapassem de sua cadeia e mergulhassem no mar alaranjado ─ Eu preciso mesmo que você fique, Sophie. ─ solucei ─ Não vou conseguir... Não vou conseguir cuidar do Bien sem você... Não sei fazer capuccino. ─ admiti algo que sempre discutia com ela ─ Eu não sei limpar uma mesa de verdade... Não sei ser gentil com os fregueses... Não sei como se usa um avental... Muito menos como fazer uma panqueca ou Strogonoff de carne... Eu desculpo você por ter quebrado minha TV, reclamado da minha limonada e manchado meu tapete africano... Eu te dou de presente aquele vestido marfim que eu sei que você gostou. Eu deixo você mexer nas minhas coisas e fazer perguntas sobre mim. Eu vou contar tudo a você. Só preciso que você viva... Não vou suportar, Sophie... Você é minha... é a única... é tudo o que eu tenho de normal. Preciso de... ─ fui interrompida por fracos sussurros que soavam abaixo de mim.

─ Kate... você está apertando meus peitos. ─ Sophie empurrou meus braços para longe só para me olhar. Seus olhos estavam cheios de lágrimas, parecia comovida com alguma coisa.

─ Ah minha nossa... você está viva! ─ apertei-a até ouvir seus protestos agonizantes.

─ Por fa... por fav.. or... favor. Eu est... quebra...da, Kate... Preciso de ar... ─ soltei-a deixando-a escapar de meu abraço de urso ─ Caramba... não sabia que você era tão forte.

Ouvi uma risada breve vinda de Fury, mas não quis encará-lo.

Tudo o que eu queria naquele momento era ver minha amiga bem.


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Notas finais do capítulo

Tá. Nem vou comentar nada. Quero guardar minhas risadas maléficas para os comentários de vocês.
Só uma coisa: Alguém esperava algo do tipo do Delon? (risada super-ultra-mega-power maléfica)

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Música (muito mais que apenas uma inspiração): Breath of life - Florence + The machine

{eu copiaria a música completa se pudesse (risos)}

"Eu procurava por um sopro de vida
Por um pequeno toque de luz celestial
Mas todos os coros da minha cabeça cantaram "não"

[...]

E a febre começou a se alastrar
Do meu coração até as pernas
Mas o quarto está tão silencioso

[...]

É um caminho mais difícil e veio para levá-la
E eu sempre digo, nós deveríamos estar juntos
Eu posso ver abaixo porque há algo aqui
E se você for embora, eu não irei durar"

Link do vídeo (e vai a indicação do filme também): https://www.youtube.com/watch?v=pSILPD7TlWs

...............

Não irei conseguir postar os últimos capítulos hoje. Eu tenho que resolver mil e uma coisas agora, então... Fiquem com meu abraço e até o próximo capítulo.