Stark parecia um lunático enquanto quebrava o teto com uma marreta, enquanto eu dava um jeito na parede para passar os tuneis que usaríamos para construir um acelerador de partículas.

No momento em que ele falou que construiria algo do porte, eu pense: Ele pirou. De vez. Mas estamos falando de Tony Stark, ora essas. O Homem de ferro que sobreviveu a quase todo tipo de ataque possível nesse mundo. Então eu concordei, peguei uma das marretas e comecei a criar buracos pela garagem.

─ Cuidado quem está em baixo! ─ Stark gritou do andar de cima segundos antes de lançar os cabos de energia.

─ Tem certeza que você sabe o que está fazendo? ─ levei a última caixa com os túneis para o canto, utilizando o carrinho que Stark me emprestou e resolvi perguntar a ele.

─ Relaxa, Lilly. ─ Stark surgiu da escada e me entregou a marreta. Ele, horas antes, resolvera aderir ao meu apelido, dizendo que me chamar de Fury era muito estranho, pois logo pensava no Fury e Ellizabeth era muito longo, e por isso, ele perdia muito tempo me chamando ─ Sabe, eu estou curioso. Como é que uma mulher do seu porte aguentou carregar esse carrinho pesado até aqui?

Suspirei.

─ Envolve muita física para te explicar isso, então vou resumir: Sou um tipo de meta humana. ─ revelei.

─ Uau! ─ ele soltou um suspiro em surpresa ─ Então você é tipo... super forte e tudo mais? ─ ele me encarou de cima a baixo, procurando, talvez, alguma coisa que me tornasse fisicamente diferente de um humano.

Sorri, achando graça da reação de Stark.

─ Super força, super audição, super visão... E por aí vai. ─ ele assentiu, como se concordasse.

─ Não corre rápido? ─ ele resolveu perguntar ─ Porque se corresse teria chegado rápido em Monte Carlo.

Ah, então ele realmente se lembrava de mim.

─ O que você pensou que iria fazer quando começou a atirar no homem? Achou que estava ajudando ou...

─ De nada, Stark. Me sinto honrada em saber que você se lembra da minha ajuda. Da próxima vez eu deixo você se virar sozinho. ─ sorri desdenhosa.

─ Não sou muito de agradecer, então... não espere um cartão de aniversário. ─ ele se afastou e foi abrir as caixas com os túneis. ─ Óh! Senhorita Lilly portadora da força e outras aptidões meta humanas! Poderia me fazer o favor de ajudar com esses túneis ou você tem medo de quebrar uma unha?

Bufei e fui ajudá-lo a montar o acelerador de partículas.

Estávamos terminando de montar, quando Coulson desceu e nos deu o prazer da sua visita.

─ Soube que saíram da mansão. ─ Coulson parou e nos encarou, um pouco zangado.

Deixei escapar uma risada de deboche.

Minha nossa, como ele é lerdo!

─ É. Foi. Há uns três anos. Onde é que você estava? ─ Stark deixou-me terminar de ligar alguns parafusos e se afastou em direção a Coulson.

─ Estava fazendo umas coisas. ─ Coulson deu alguns passos em direção a Tony enquanto falava.

─ É. Nós também. E deu certo. ─ ele apontou para o acelerador e olhou de volta para mim, lançando-me uma piscadela rápida.

─ Aí... Eu estou jogando pelo time da casa, ok? Por vocês e seus amiguinhos da S.H.I.E.L.D.. ─ Stark colocou o estabilizador em cima de dois dos túneis para medir o alinhamento, enquanto procurava algo de útil para estabiliza-los ─ Agora você vai nos dar licença para trabalhar ou vai ficar empacando nosso serviço? ─ Coulson ignorou Stark, parecendo muito atento às peças que estavam amontoadas a volta do acelerador.

─ O que isso tá fazendo aqui? ─ Coulson pegou o que restava de um escudo com listras em azul e vermelho e uma estrela branca no centro.

─ Isso pode ser útil! ─ apontei para o escudo, informando Stark.

─ Isso! ─ Tony concordou, parecendo maravilhado com a ideia.

─ Útil para o que? ─ Coulson olhou para mim, um pouco receoso.

─ Traz aqui. ─ Stark pediu e se aproximou novamente do túnel.

Coulson, apesar de receoso, aproximou-se de Tony e lhe entregou o escudo.

─ Sabe o que é isso? ─ senti uma pontada de adoração no tom de voz de Coulson a referir-se ao escudo.

O que era aquele escudo se não um objeto velho, destruído apto para nos ajudar no trabalho?

─ É exatamente isso que precisamos para fazer funcionar. ─ Stark, assim como eu, ignorou a adoração de Coulson, pegou o escudo e me encarou ─ Acha que vai funcionar?

Joguei minhas ferramentas na caixa, após concluir meu serviço e aproximei-me dos dois.

Ergui facilmente o túnel e esperei que ele colocasse.

─ Só há um jeito de descobrir. ─ ele deixou escapar um rápido sorriso ao me ouvir dizer aquilo.

Sem demora, ele colocou o estabilizador a cima do túnel e soltou um suspiro de alívio.

─ Nivelou legal. ─ voltou-se para Coulson após tirar o estabilizador e perguntou: ─ O que que você quer? Estamos ocupados.

─ Nada. ─ percebi um leve tremor no tom de voz de Coulson. Acho que nossa criação deixou-o um pouco intimidado. ─ Me despedir. Fui redesignado. Diretor Fury me quer no Novo México (*).

─ Maravilha! ─ Tony ironizou e me encarou ─ Você também foi redesignada, Lilly?

Endireitei minha postura antes de falar.

─ Não recebi nenhum comunicado do Diretor. ─ encarei Coulson um pouco confusa, mas nada foi dito da parte dele em relação a minha confusão.

─ Ótimo. Porque eu ainda preciso de você aqui para fazer esse lance todo funcionar. ─ Tony fitou-me por um instante, mas logo voltou-se para Coulson

─ Boa viagem, cara.

Coulson estendeu a mão para um aperto breve e foi retribuído por Stark.

─ Tchau. ─ nós 3 dissemos em uníssono.

─ Precisamos de você. ─ Coulson disse antes de partir.

─ Mais do que pensam. ─ Stark tornou a ironizar.

─ Não tanto assim. ─ Phill rebateu e lançou-nos um quase sorriso de deboche.

Quando Coulson saiu, Tony me olhou e comentou:

─ Não gosto desse cara.

Deixei escapar uma risada e voltamos ao trabalho.

Óculos a postos, a peça que receberia a carga estava em posição, os espelhos que lançariam a carga também.

Stark suspirou, me encarou ansioso e resolveu dizer:

─ Acho melhor eu fazer isso. Você parece ser mulherzinha demais para encarar isso aqui. Será barra pesada.

Revirei os olhos e dei um empurrão de leve em Tony.

─ Vamos acabar logo com isso, Stark. Eu ainda tenho coisas a fazer.

─ Tipo o que? Sair com seu namorado? ─ ele ergueu a sobrancelha e me olhou irônico.

─ Vamos realmente entrar no quesito de namoro? Não sabia que nossa amizade tinha adquirido status tão importante assim.

─ Ué? Agora somos amigos? É isso o que somos, Lilly? ─ Stark estava tentando me seduzir? É. De fato ele estava.

─ Como vai a Pepper, Stark? ─ lancei a frase e deixei-o absorver meu olhar acusador.

─ O que tem a Potts?

─ Não sei. Me diz você. ─ sorri debochada e percebi que ele revirava os olhos ─ Vamos acabar logo com isso, Tony ─ repeti e esperei que ele desse inicio ao processo.

Fui ao computador e engatei a chave no computador que estava ligado ao acelerador.

─ Inicializando acelerador clismático. ─ Jarvis informou.

─ Vamos lá, querida. Não me decepcione. ─ Tony aproximou-se da alavanca e começou a tentar girá-la para dar inicio ao processo enquanto o túnel era ativado e luzes em azul piscavam em torno dele

─ Próximo do nível máximo de energia ─ Jarvis informou novamente.

─ Algum problema aí, Stark? ─ resolvi perguntar visto que ele se quer havia conseguido girar os espelhos dentro do túnel que levariam o laser azul para o triângulo que aguardava do outro lado da sala.

─ Cala a boca. ─ ele disse entre suspiros, tentando fazer força para girá-la.

Senti que o nível havia chegado ao máximo e resolvi agir.

Empurrei Stark para o lado, segurei a alavanca e comecei a girá-la eu mesma.

O laser escapou para fora do vidro e começou a cortar os objetos da sala até chegar na parede.

─ Olha só o que você está fazendo! ─ ele gritou em desespero.

─ Cala a boca, Tony! ─ gritei de volta enquanto tentava fazer o laser chegar a peça que nos aguardava.

O laser cortou tudo. Indo de colunas à armários, estantes, quadros... Partiu tudo até que eu conseguisse chegar ao triângulo.

E lá ele chegou.

Um som agudo fundiu-se do objeto em contato com o laser e de prata, ele passou a ter tonalidade azul.

─ Tá funcionando! ─ Stark gritou, animado com o sucesso.

Quando a luz atingiu seu tom máximo, Stark desativou o acelerador e ambos paramos por alguns segundos para respirar eufóricos com o que acabara de acontecer.

─ Será que funcionou? ─ perguntei depois de alguns minutos em silêncio.

─ Molezinha. ─ Stark me ignorou e caminhou até o triângulo azul reluzente.

Soltei um arfar e revirei os olhos.

Só havia um jeito de saber se funcionara.

Retirei meus óculos e segui Tony até o triângulo.

Ele sentou-se de frente para o objeto e o admirou por um curto segundo. Com o auxílio de uma pinça retirou o triângulo da placa que o sustentava.

─ Parabéns, senhores. Vocês criaram um novo elemento. ─ Jarvis proferiu as palavras.

Stark adicionou o triângulo a uma nova base e esperou ela se firmar no novo reator.

─ O reator aceitou o núcleo modificado. ─ Jarvis disse e eu soltei um suspiro de alívio ─ Vou começar a fazer o diagnóstico.

✥✥✥

Eu havia feito uma pausa com Stark para comer donnuts e tomar café, mas assim que terminamos, começamos a tentar limpar a garagem.

─ Coisinha, limpa essa bagunça... Assim você me enlouquece. ─ Stark resmungava com o androide que havia desenvolvido para ser seu auxiliar.

─ Chamada com um número restrito, senhor. ─ Jarvis falou no mesmo instante que o computador de Stark informou a chamada.

─ Hm... Liberaram o telefone. ─ Stark falou irônico e resolveu aceitar a chamada.

Espera... eles haviam, de fato, liberado chamadas?

Uma das coisas que Fury fez quando nos entregou o baú de Howard Stark foi cortar nossas comunicações, com o intuito de nos manter focado no trabalho.

E agora ele libera o telefone?

O computador identificou o número como bloqueado.

─ Coulson como está a terra dos encantos? ─ Stark ironizou, pensando ser o agente.

─ Oi Tony. Como vai?─ uma voz pouco conhecida surgiu do outro lado da linha.

Ah merda, ah merda, ah merda!

Uma risada rouca e a voz voltou a falar:

─ Dobrei as rotações.

─ O que? ─ foi a única coisa que Tony conseguiu perguntar.

─ Você me disse que dobrar as rotações me daria mais energia. Bom conselho.

─ É muito espirituoso para um cara morto.

O homem que falava com Tony era Ivan Vanko. E ele estava morto... Ao menos era para estar. Afinal de contas, mortos não falam.

Stark deixou a chamada por um instante apenas para pedir a Jarvis que rastreasse a chamada.

─ Agora a verdadeira história do nome Stark será escrita. ─ Ivan continuou a falar.

─ Onde ele está Jarvis? ─ comecei a procurar por informações pelas telas do computador enquanto perguntava a Jarvis.

─ Acessando rede Oracle. ─ Jarvis começou a nos mandar imagens do globo ─ Costa leste. ─ E aquela foi a primeira apuração de informações.

─ O que seu pai fez com a minha família durante quarenta anos, eu farei com você em quarenta minutos. ─ Ivan ameaçou.

─ Legal, vamos conversar pessoalmente? ─ apesar do telefone ainda estar no mudo, Tony rebateu Ivan.

─ Área dos três estados. ─ informou Jarvis. Aproximou-se ainda mais e falou: ─ Manhattan e redondezas.

─ Espero que esteja pronto. ─ dito isso, Ivan terminou a chamada.

─ Rastreamento incompleto. ─ Jarvis falou depois de mais algumas tentativas de rastrear a chamada.

─ Ele vai atacar Manhattan! ─ gritei, abismada.

─ Não. A ExpoStark. ─ Tony recalculou meus pensamentos e apontou para a notícia de um site online que continha a foto de Hammer e os dizeres: Em defesa da paz"

─ Hammer! Ele vai atacar a apresentação de Hammer! ─ compreendia agora.

Stark levantou-se e deu passos firmes em direção ao novo reator.

─ O diagnóstico ainda não foi concluído. ─ contei a Stark no momento em que deslizei minha cadeira para perto do computador ao lado do reator.

─ Precisamos ir para a ExpoStark. ─ ele retirou o antigo reator e encaixou o novo.

─ Senhor... ─ Tony cortou Jarvis.

─ Quer fazer testes, pode fazer, Jarvis. E aproveita para montar a armadura.

─ Não sabemos com certeza...

─ Eu não quero ouvir, Jarvis. ─ Tony começou a grunhir ao passo que a luz do reator começara a vibrar e brilhar mais forte.

─ O que eu posso fazer? ─ gritei, na tentativa de sobressair o os gritos de Tony.

─ Pegue... moto... vá... Expo... ─ ele tentou dizer entre grunhidos, mas fui capaz de captar a mensagem.

Não esperei por um adeus.

Montei em minha moto, coloquei o capacete e corri.

Sabia que seria um longo trecho de Miami até New York, por esse motivo resolvi tentar outra tática. Eu iria pegar emprestado um dos jatos da S.H.I.E.L.D.

Durante todo o trajeto, meu lado moral pensou na possibilidade de alertar a Fury sobre os planos de Ivan, mas toda a adrenalina que percorria meu corpo dizia o contrário: Corra, Ellizabeth! Corra!

E, no fim das contas, não liguei para Fury, não alertei a S.H.I.E.L.D. Simplesmente adentrei ao terreno do galpão, mostrei minha identificação, pedi um jato para uma missão de emergência e corri. O mais rápido que pude em direção a ExpoStark.