A Million Faces escrita por Vingadora


Capítulo 10
Capítulo Especial - The capture


Notas iniciais do capítulo

Olá.
Consegui terminar esse capítulo só agora (dá pra acreditar?)
Esse final de semana está se mostrando o pior de todos.
Aconteceu uma coisa muito triste comigo hoje e eu decidi postar só dois capítulos em respeito a essa coisa (perdi um ente querido).

Porém, eu não quero deixar os agradecimentos às duas recomendações super-fofas, meigas, maravilhosas, incríveis, sensacionais que recebi.
Bella e Lohy. Vocês duas são anjos enviados para melhorar meu humor. Muito obrigada por todo carinho e dedicação. Me deixaram sem palavras, de verdade.

Obrigada MEEESMO!



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POV. narrador:

Sophie sabia que Kate tinha segredos.

Sempre soube disso, afinal, Kate não era muito de conversar, gostava de manter as coisas em ordem e nunca ─ nunca ─ deixava a porta do quarto destrancada. Até, claro, após ela voltar para Moscou.

Sophie não ia entrar no quarto, não ia mesmo, mas Alex quis fazer uma coisa diferente para comemorar os três anos que trabalhavam junto e os dois anos que completavam de namoro ─ escondido, porque Kate não permitia funcionários se relacionando.

Então ela comprou rosas, velas aromáticas e tentou comprar alguma coisa diferente para usar na noite especial. Mas não conseguiu comprar nada. Nada. Não que a enorme Nova York não possuísse sex shop, mas porque Sophie não se imaginava dentro de uma lojas dessas recheada de coisas... diferentes. Então ela decidiu improvisar. Já estava tudo pronto em sua mente. Ela ia montar sua cama tradicional no sofá da sala, encher tudo com pétalas de rosa e velas, preparar o único prato que sabia fazer ─ Strogonoff de carne ─, pegar emprestado um dos vinhos da adega de Kate e colocar uma música sensual no fundo ─ ela pensou em I put a spell on you da Annie Lennox, mas achou vulgar demais e mudou para uma música de fundo sem cantor que tocava todo fim de semana no café-teca.

Alex estava empolgado com a noite. Ela sabia disso porque a manhã inteira não parou de lançar-lhe olhares sugestivos desde que contou que eles poderiam passar a noite no apartamento de Kate.

A Kate não sabia de nada. Sophie resolveu não contar, não porque achava que a Kate não iria concordar. Mas sim, porque tinha certeza.

─ A Kate mandou uma mensagem ontem. ─ Sophie contou para Melanie, a única funcionária que, depois da cafeteria mexicana tornar-se a Bien Sûr, continuou a trabalhar ao lado de Sophie, sendo que Alex fora contratado suas semanas depois.

─ Ela foi para Miami fazer o que, afinal? ─ Melaine não gostava de Kate de forma alguma. Ela apenas aturava a chefe por falta de opção no mercado de trabalho.

As duas estavam terminando de limpar o segundo pavimento da café-teca. Estava bem sujo, por causa do movimento grande que receberam graças a nova coleção de livros trazidas da Russia, França e Pietzburgh.

─ Foi visitar uns parentes, já disse. ─ Sophie lutou contra a vontade de revirar os olhos para a amiga. Às vezes Mel irritava-a com histórias que desfavoreciam a chefe.

─ Tá. ─ Mel parou de varrer, apoiou seu peso na vassoura e encarou irritada a amiga ─ Você não acha estranho ela nunca ter comentado sobre esses parentes? Nunca vimos fotos dela na infância... Não, espera. Nunca vimos foto alguma dela. Não acha estanho?

Sophie concordou mentalmente. Realmente nunca vimos nada parecido com uma foto de Kate... Mas... Essa era a Kate. Reservada.

─ A Kate não gosta de misturar trabalho com vida pessoal, ela já deixou isso bem claro! ─ voltando a limpar as mesas, Sophie tentava respirar com facilidade, já que o cheiro do produto químico que era obrigada a passar nos móveis lhe causava alergia.

─ É isso que você diz a si mesma todas as vezes que a Biskate fala de forma grosseira com você. ─ Mel usou o apelido que ela e Alex criaram para referirem-se a chefe quando ela não estava.

─ Ei! A Kate não é grosseira comigo. Eu já disse! Ela é reservada, só isso. ─ Sophie jogou o pano umedecido no balde e saiu empurrando-o para uma outra mesa.

Mel bufou, mas não disse nada. Não precisava dizer, pois Sophie já havia entendido o que ela pensava há muito tempo. Sophie era uma iludida por tentar criar laços com a Kate. E no fundo, era isso que a própria Sophie pensava. Mas lutava contra esse pensamento, enchendo seu peito de esperanças. Kate, um dia, seria amiga de Sophie.

Faltavam quase meia hora para Alex chegar no apartamento e ela não sabia o que vestir.

Mandy, uma prima de Alex, resolveu lhe emprestar alguns vestidos da irmã mais nova, mas nenhum conseguia causar a aparência que ela desejava. Sophie desejava ser sexy, sensual, predadora. Ela queria surpreender o namorado e deixar que ele conhecesse aquele lado que decidira criar para o momento.

Mas não tinha a roupa perfeita.

Eu devia ter ido até a sex shop. Repreendeu-se em pensamentos enquanto guardava as roupas da irmã de Mandy na mochila.

Decidiu esquecer-se da roupa por um minuto para focar-se no lugar em si. Estava tudo quase pronto. As velas já estavam acesas, as pétalas esparramadas pelo sofá que se transformara em uma cama, o ipod conectado a caixa de som tocava The big bang e Sophie... Ah, Sophie. Estava usando calça de moletom preta, uma camiseta branca com uma mancha antiga de café e o cabelo alaranjado preso em um rabo de cavalo. Resolveu, no mínimo, passar um brilho labial. Abriu a mochila e encontrou seu tão comum e utilizável brilho de mental.

Eu bem que podia pegar emprestado um batom da Kate. Falou mentalmente. Será que ela esqueceu a porta aberta?

Era ridículo pensar nisso. Kate nunca esquecia a porta do quarto destrancada. Era como se ela escondesse um dragão raro lá dentro que ninguém podia saber da existência ─ essa era uma das teorias de Alex.

Sophie revirou os olhos, cedeu a tentação e caminhou até a porta do quarto. Agora parecia três vezes maior do que pensara, a tintura branca reluzia de forma brilhante naquele momento e ela sentiu uma gota de suor pingar de sua testa.

A porta estava destrancada.

É claro que ela já havia estado naquele quarto antes.

Sempre acompanhada de Kate e só tendo permissão para sentar-se na cama e nunca mexer em nada. Principalmente na estante solitária preta que ela dizia guardar suas peças de roupas íntimas.

Será que Kate guardava lingerie ali?

Não ia mexer nas coisas da chefe. Do jeito que Kate era e pelo tempo que Sophie havia ficado ali, quase parecia que a chefe iria saber cada movimento realizado pela garota lá dentro.

Resolveu dar passos largos até a estante, abrir a primeira gaveta ─ que ela já havia visto Kate usar ─, retirar o batom vermelho e sair do quarto. Tudo em menos de trinta segundos.

Usou o espelho do apartamento para passar o batom vermelho sangue.

Teria ficado lindo, mas Sophie era pálida demais, usava seu óculos e seu cabelo não estava arrumado. Sentiu uma pontada de inveja por lembrar-se que Kate, nas mesmas condições que Sophie, ficara linda com aquele batom.

Deixou o batom sobre a pia e resolveu fazer uma mudanças rápidas no visual.

Primeiro soltou o cabelo, deixando aquele monte de fios lisos e loiro alaranjado caírem em seus ombros e costas. Pensou em um minuto em tirar o óculos, mas sabia que enxergaria tudo embasado e acabaria derrubando alguma coisa. Ah, que se dane. Alex merece isso!. E retirou o óculos. Por ser míope, Sophie teve dificuldades de se olhar no espelho, por isso deu alguns passos para trás e visualizou-se da cintura para baixo com mais facilidade.

Seus enormes olhos azuis estavam mais reluzentes do que nunca. Seus lábios que quase nunca tinham forma, naquele momento estavam esbanjando beleza graças ao batom da Kate. Seu cabelo, apesar de liso e opaco, tentava destacar-se também deixando seu tom alaranjado sobressair-se.

Sophie olhou suas roupas e resmungou. Como é que ela conseguiria seduzir o namorado usando moletom e camiseta?

Ela devia ter comprado alguma coisa.

Voltou para o quarto da Kate só para devolver o batom, mas acabou vagamente abrindo o guarda-roupas para dar uma olhada nas coisas da chefe. O que eu estou fazendo? A Kate vai me matar se souber que eu estive aqui. Ah, que seja. Já estou aqui mesmo. Que mal tem?

Puxou alguns cabides para o lado carregando as peças de roupas junto até deparar-se com uma roupa incomum. Era um macacão de couro totalmente preto que deveria ficar completamente colado no corpo da Kate. Como é que ela consegue usar uma coisa tão vulgar assim? Sophie não conseguia tirar a imagem de Kate ─ cabelos loiros, olhos castanho mel, óculos de grau, pele clara, camisa xadrez. calça jeans e all star ─ usando uma roupa daquelas.

Continuou a empurrar mais cabides e foi se surpreendendo a cada peça de roupas. Uma variação incrível de vestidos tubinho, de festa, sociais, calças jeans de marca famosa... Foi para o compartimento de calçados e se surpreendeu mais ainda. A maioria ali eram saltos altos. Haviam pouquíssimas sapatilhas e um par de all star apenas. De quem era aquele guarda-roupas?. Porque não podia ser da Kate. Não a Kate que ela conhecia muito bem. Não a Kate que usava camisas largas, chinelos velhos e seu cabelo mal-arrumado pra trabalhar. Muito menos a Kate que não gostava de levar cantadas de clientes ou qualquer homem que venha a encontrar ela na rua. Não podia ser da Kate. Ou podia?

Ouviu, de longe, a batida na porta e corri pra abri-la. Mas antes de atender a porta, jogou o cabelo para o lado e puxou a camiseta na tentativa de mostrar um pequeno decote que se formada a partir de seus seios e tirou o batom dos dentes.

Alex havia chegado. Finalmente.

Era o que ela pensava, afinal. Porém se enganou.

Quando abriu a porta, com um sorriso escancarador nos lábios, deu de cara com dois homens vestidos de preto. Teve de forçar um pouco a vista para enxergar melhor os homens a sua frente. Um deles era negro, tinha o cabelo aparado e cheio de gel, enquanto o outro era branquelo e careca. Pareciam dois agentes super-secretos usando óculos de sol à noite e com a cara fechada.

─ Pois não? ─ Sophie puxou a camisa de volta, escondendo os seios e olhou sem graça para os dois homens.

─ Sophie Laurent? ─ o homem careca brandou, deixando seu tom de voz esvaziar-se por todo o apartamento e fazer o corpo de Sophie tremer.

Ela recobrou os sentidos depois de uns minutos em silêncio e assentiu com a cabeça.

─ Sim? ─ indagou, deixando seu medo fugir entre seu tom de voz.

─ Ótimo. Finalmente encontramos você.

Um saco preto surgiu e, de repente, Sophie não conseguia ver, ouvir o se quer sentir qualquer coisa.

Ela havia apagado.


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Notas finais do capítulo

Eu estava louca pra escrever esse capítulo hahaha
O próximo então? Será bombástico!

Posso dar um spoiler? Ah, que se dane, posso sim! Será a partir dessa "captura" que a amizade de Sophie e Lilly irá se aprofundar.
Porque, no fim das contas, Lilly não é tão "fria" assim. Há um motivo para ela afastar Sophie com sua arrogância e ignorância.

HOHOHOHO

Irei escrever o próximo capítulo (não vai demorar, acreditem) e já já posto aqui.

Antes de finalizar: Obrigada Bella e Lohy again. Eu estou muito feliz com a recomendação de vocês :')

Até o próximo capítulo õ/