Eu disse que minha vida voltaria ao que era sempre, mas estava errado, até porque eu minha irmã e um garoto Aranha chamado Tyler estávamos dentro da casa de um humano.

–- Como as coisas acabaram assim? – Tyler perguntava enquanto escutávamos passos se aproximando.

Ela sabia o porque das coisas acabaram assim, tanto ela quanto o resto de nós...

Eu já estava no The End a quatro dias sem sair, precisava de um descanso do mundo humano por enquanto. E depois desses quatro dias eu não aguentava mais ficar parado. Por fim resolvi ir fazer o meu trabalho, e também rever meus amigos.

–- Nós vamos juntos dessa vez – Avisou minha irmã – Assim você não desaparece novamente.

E foi o que fizemos, mas como as coisas acabaram dando errado assim? Simples. Estávamos em uma floresta, clima agradável, as arvores não deixavam a luz da lua passr o que deixava o lugar escuro e sombrio. Eu e minha irmã estávamos discutindo algo um tanto quanto sem sentido.

–- Sim, Hyesung, mas você sabe que nós não conseguimos fazer isso.

–- É, eu sei, porem seria legal se fizéssemos.

–- Endermans não conseguem teletransportar outras pessoas, pelo menos é isso que me disseram, nunca tentei algo parecido – Dizia ela.

–- E gostaria de tentar? – Eu como sempre era um Enderman aventureiro, gostava de me arriscar.

Ela estava prestes a responder quando um barulho de farfalhar de folhas chamou nossa atenção. E de repente, havia um garoto pendurado de cabeça para baixo em uma arvore. Cabelos pretos e olhos vermelhos, ele vestia roupas de coloração cinza escuro. Apesar de estar de cabeça para baixo ainda sim mantinha os braços cruzados, e uma expressão rebelde, pequenas presas apareciam em sua boca, mesmo mantendo ela fechada.

–- Vocês poderiam fazer silencio? – Disse ele – Cara, Endermans são sempre tão barulhentos?

Eu não havia me importado, mas minha irmã parecia levemente irritada.

–- Mas que atrevimento...

–- Ei – Ela a cortou – Você não é o garoto daquela vez? Achei que você havia morrido quando saiu correndo feito um idiota...

–- Eu também achei que você tinha morrido por não ter corrido feito um idiota... – Rebati.

Ele soltou as pernas das arvores e caiu em pé na nossa frente, como sempre era menor que eu, e bem menor que Hyeshin.

–- Hyesung, você conhece ele? – Ela perguntou.

–- Não – Respondi – Só vi ele uma vez, no dia em que perdi meus poderes.

–- Hum... – Minha irmã levou as mãos para as costas e curvou levemente sua cabeça para o lado com um sorriso meigo no rosto. Pode parecer fofo, para qualquer um, mas para mim, era psicotico – Ei, Hyesung, ele pode ser a nossa cobaia.

Tanto eu quanto ele olhamos para ela com uma expressão de duvida.

–- Digo, você queria tentar teletransportar uma pessoa não é? Vamos tentar com ele, se der errado o máximo que pode ocorrer com ele é ser desintegrado no processo...

–- O-Oque? Eu não ver cobaia de algo como isso?!

–- Qual seu nome?

Eu resolvi ficar de fora, somente observar a cena enquanto minha irmã tinha seu estado psicopata ativo.

–- S-sou Tyler, mas porque quer saber? – O garoto já parecia estar apavorado. Eu o considerava ainda com sorte por ele não ter me confundido com uma garota na frente dela.

–- Para escrever em sua lapide caso as coisas derem errado... – Ela segurou seu braço antes que ele pudesse correr – Ei Hyesung, você me ajuda?

Dei de ombros, também estava curioso para saber qual seria o resultado disso, segurei seu outro braço, nós contamos até três, e em meio aos gritos aterrorizados de Tyler nós desaparecemos.

Minha visão retornou, estávamos em outro lugar, e eu ainda algo em minha mão, que no caso seria o braço de Tyler, ele estava inteiro, parecia tonto, mas não foi desintegrado.

–- Deu certo! – Anunciou minha irmã – Eu achei que não daria.

–- Vocês são loucos – Disse o garoto tentando se manter em pé – Poderiam ter me matado... Isso foi divertido... Mas poderiam ter me matado.

O lugar em que estávamos agora parecia ser uma planície, não havia arvores e a grama era alta, a luz da lua agora nos alcançava, também mostrava a localização de outros mobs hostis que estavam vagando nas redondezas.

–- Vamos tentar novamente? – Hyeshin parecia animada.

Dessa vez os três estavam de acordo, nós ficamos nos teletransportando dos mais variados lugares, até nos cansarmos.

–- Chega... – Hyeshin se sentou – Ainda preciso de energia para poder voltar para casa.

–- Isso é legal! Cara, eu queria ter nascido como um Enderman! – Tyler apesar de ainda parecer estar um pouco tonto dizia em alto e claro som.

–- Mas, assim você não seria uma criatura barulhenta? – Perguntou minha irmã ainda com seu sorriso no rosto.

Tyler levou a mão a nuca descontraidamente.

–- Você ainda não esqueceu isso... E qual é a desse sorriso assustador? Mas pensando bem... Eu não sei onde estou, e nem como vou voltar para casa...

–- Você sabe qual a localização correta de sua casa? Em um sistema de coordenadas? – Ela perguntou

Ele assentiu, eu como sempre permanecia calado, observando o horizonte, isso foi até minha irmã me chamar para levarmos ele para casa, seguindo o simples sistema de coordenadas.

Aparecemos em um lugar, uma construção de madeira, e pedras, parecia ser uma mina abandonada, somente por um único detalhe, havia janelas. E não havia janelas em uma mina abandonada.

–- Aqui é sua casa? – Perguntei, finalmente havia aberto a minha boca para falar.

–- Er... Não... – Ele começou a contar números nos dedos – Ah! Eu... eu inverti as coordenadas!

E foi assim que as coisas acabaram desse jeito.

–- Isso é uma casa humana – Disse eu.

–- Como as coisas acabaram assim? – Tyler perguntava enquanto escutávamos passos se aproximando.

Teletransportar, poderia ter sido bem fácil sair dali, porem, as coisa tinham que ser complicadas...

–- Hyesung, nós temos que sair, agora...

–- Sim...

–- Mas, eu não consigo usar meus poderes, áreas fechadas restringe o nosso poder...

–- Podemos usar a porta? – Tyler sugeriu.

O humano apareceu a nossa frente. Ele então deu um grito de susto, e abaixou a cabeça passando a olhar para o chão. Parece não ter percebido Tyler, e também não pretendia olhar nos olhos de um Enderman. Ele também não estava equipado com nenhuma peça de armadura, nem uma espada.

–- Bem, acho que vou mata-lo agora – Tyler afirmou

O sol já estava nascendo, a luz entrando pela janela. Tyler caminhava vagarosamente em direção ao humano que não se movia de medo. Então subitamente Tyler parou de caminhar.

Nós fomos até ele, Tyler virou a nossa direção, ele parecia bem, a não ser pela sua expressão rebelde que agora estava, bem...

–- Fofo... – Sussurou minha irmã, seus olhos cintilavam em um brilho extremamente anormal, aquele que eu via quase todas as manhas.

Aranhas não atacam durante o dia, e eu havia acabado de descobrir o porque. Sai pela porta, não fiquei para presenciar, respirei fundo já do lado de fora. Escutei o grito de medo de Tyler do lado de dentro. Me teletransportei para longe dali.

Apareci na entrada de uma caverna, onde escutava vozes vindas de dentro, uma no entanto bem familiar.

–- Chase?

–- Hyesung? – Ele disse lá de dentro – Faz o que aqui?

–- Acabei vindo parar aqui aleatoriamente...

–- Você diz – Disse uma voz feminina – Em um teletransporte aleatoriamente aleatório?

–- Marion? – Eu e Chase falamos ao mesmo tempo.

–- Quanto tempo... Bem, depois que meu pai ficou sabendo que eu fui para o Nether ele não me deixou sair de casa por alguns dias... E vocês, o que aconteceu depois de nos separarmos?

Chase alisava a ponta de uma flecha com os dedos

–- Nada, eu continuei fazendo o que faço sempre? E você Hyesung?

Suspirei

–- Bem... Muitas e muitas coisas aconteceram...