Let Me Go escrita por Rosalie Potter


Capítulo 16
Capítulo Dezesseis


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal!
Estou desde o começo do dia escrevendo esse capítulo para que ele ficasse pronto pra vocês o mais rápido possível.
Eu realmente espero que gostem.
A gente se encontra nos comentários.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/606203/chapter/16

Dois dias depois:

Eu estava evitando Felipe ao máximo. Ele deve ter tentado falar comigo umas cinco ou seis vezes ao longo dos dois dias que se passaram e agora era a sétima vez. Foi um terrível deja’vu na verdade. Estava esfregando o salão de bailes, sozinha. Alguém teve que fazer isso e eu me ofereci porque o trabalho me distraía.

Estava tão absorta que só percebi que tinha alguém no salão quando ouvi o som do balde caindo. Quase gritei de frustração e me inclinei para pegá-lo, mas para a graça de Deus a pessoa que o derrubou o pegou e ergueu pra mim:

–Desculpa. –Aquela voz que me arrepiava só de ouvir se fez ser ouvida e eu quase gritei com a ironia da situação. Não foi exatamente assim que nos conhecemos? Minha real vontade era sorrir e dizer “alguém aprendeu a se desculpar”,mas aquilo colocaria a gente num grau de intimidade que eu não queria.

–Não foi nada. –Murmurei, me levantei e peguei meu balde, já pronta para sair dali e dar a volta para pegar mais água. Pela primeira vez ela ter ido para o chão me fez bem.

–Atena, por favor... –Ele pediu e eu quase cedi. Era difícil não conversar com ele. A falta daquele loiro aguado doía no meu coração como uma punhalada no mesmo. Doía de verdade, quase como algo físico, mas ainda pior.

–Vossa Alteza. –Fiz uma reverência e saí do lugar com o coração aos pulos e uma imensa vontade de chorar. Meus olhos marejaram terrivelmente e eu senti as lágrimas pesarem, mas não as deixei cair.

Qual era o problema dele afinal? Encontrasse outra garota pra se divertir por aí. Tenho certeza que qualquer criada daquele castelo cairia em seus encantos sem problemas algum. Eu nem sequer conseguia entender porque ele havia escolhido logo á mim para um caso já que tínhamos aquela rixa no começo. Provavelmente para provar que conseguiria qualquer uma. E como a boba que sou, facilitei e muito o trabalho dele nisso.

Bati de frente com alguém. Ergui o olhar e dei de cara com Beatrice. Meus olhos ainda estavam cheios de água e ela sem dizer uma palavra, me abraçou. Aquele abraço confortável, gostoso. Abraço de irmão, muito parecido com os de Katrina, Iara e Gabriel.

–Ei, o que foi Tena? –Ela me perguntou ainda abraçada comigo e eu funguei. Ainda não havia chorado e não pretendia, não mais.

–Não é nada. Só estou com saudade de casa. –Menti colocando meu rosto contra o seu ombro. –Não é fácil ficar presa aqui sem contato com eles. Quero saber como está o bebê da minha mãe, minhas irmãs, meu padrasto, minha mãe...

Não deixava de ser verdade. Todos os dias eu sentia falta da minha família. Todos os dias eu me preocupava com a minha mãe e com o seu bebê. Sabia que seria uma gravidez arriscada levando em conta a idade da mesma e não estar com ela doía. O pior é que aquela criança nem me conheceria quando eu chegasse.

–Eu sinto muito ruiva.

Finalmente nos soltamos e eu abri um sorriso para espantar a tristeza. Aquela morena era um dos maiores motivos para eu ficar feliz, afinal, era uma amiga no meio de tudo aquilo e isso não podia ser desperdiçado.

–Não precisa sentir. Uma hora e vou voltar pra casa não é? Seis anos vão passar em algum momento. Tem que passar.

–Vão sim. E agora vamos lá encher esse balde que eu vou te ajudar. –Bia falou e eu acabei sorrindo com a morena.

~X~

Passei no treinamento dos soldados pra ver Gabriel. Eu tinha que passar por ali de qualquer jeito pra passar um recado de Nelly para Ian e aproveitei para ver o meu irmão depois de falar com o capitão dali. Ian me apontou ele que estava duelando. Espantei-me a ver que era com Felipe e os dois tinham um olhar congelante um ao outro, tive medo do que poderia acontecer se aquilo não fosse um treinamento. Olhei para o Capitão e ele também tinha.

–Okay meninos, não teremos uma vitória hoje. –Ian entrou no meio. –Abaixem as lâminas. Gabriel, você tem visita.

Gabe e Felipe olharam ao mesmo tempo para mim e eu abracei meu irmão com cuidado. Ele sorriu pra mim:

–A que devo a honra?

–Nelly me mandou passar aqui pra dar um recado á Ian e eu aproveitei para te ver. –Sorri. –E ver se você não iria fazer nenhuma besteira. –Falo sugestivamente fazendo referência ao duelo que vi quando cheguei.

–Eu não iria machucar ele se quer saber. Mas ele mereceria. –Gabe mexeu no cachinho ruivo que escapou do coque. –Como você está?

–Levando. –Suspiro. –Agora é melhor eu ir. Boa sorte com as espadas.

–Boa sorte com a Nelly.

Nós dois rimos e eu volto para a cozinha.

~X~

Fiquei como último serviço limpar a cozinha. Todos já tinham saído, mas eu acabei enrolando porque as coisas eram muitas. Bia geralmente ficava comigo, mas me disse que estava com sono. Nelly falou para que eu agilizasse porque logo ela iria vir trancar.

Eu já estava terminando quando ouvi a porta se abrir. Provavelmente era Nelly e eu já me virei preparando pra dizer a ela que esperasse mais um pouco, quando dei de cara com um príncipe. Arfei e dei dois passos pra trás com a surpresa.

–Nós vamos conversar. –Ele disse e eu me recompus.

–Não temos nada pra falar, Vossa Alteza.

Tento desviar meus olhos daqueles olhos verdes que tanto me hipnotizavam. Se eu olhasse demais teria alguma chance de ceder. E eu não cederia. Nunca mais.

–Você sabe que temos.

–Não. Nós não temos. –Desviei dele e fui em direção á porta quando eu a ouvi ser fechada. Franzi o cenho e fui até ela, testando a maçaneta. Trancada. Arregalo os olhos e bato com os punhos fechados nela, chamando pela Nelly, mas nenhuma resposta.

A porta só seria aberta amanhã de manhã. E eu comecei a entrar em desespero. Como eu ficaria uma madrugada inteira com Felipe Augustus no mesmo recinto? Deus sabe que eu não tinha esse sangue frio. Eu não agüentaria.

–Trancaram. –Falo tentando retomar o controle. –Só vão abrir amanhã de manhã. Ou talvez meu irmão dê por minha falta quando for me procurar mais tarde. Se eu fosse senhor, arranjaria um cantinho pra dormir.

Digo indo para o extremo oposto da cozinha. Eu precisava sobreviver até alguém vir abrir aquela porta e para isso não poderia falar com ele. Não poderia sequer olhar demais pra ele. E aquilo nunca pareceu tão difícil.

–Atena Mercer, nós vamos conversar hoje.

–Já disse que não temos nada pra conversar Vossa Alteza.

Em um piscar de olhos o loiro já estava na minha frente me fazendo arfar de surpresa. Dei dois passos pra trás por segurança porque aquela proximidade costumava ser muito perigosa. E eu não podia me deixar levar em momento algum. As guardas tinham que estar altas em todo o tempo.

–Meu nome é Felipe. –Ele segura minha mão. –E você sabe disso. Sempre soube. Felipe, Lipe, Fel... Qualquer coisa, mas não me chame dessa forma. Já passamos da formalidade. E você sabe disso também.

–Não temos mais nenhuma intimidade para eu o chamar de outra forma.

–Temos. Nós temos sim. –Ele segurou minha mão e eu arfei. Os dedos subiram pelos meus braços por cima da manga e foram roçar no meu pescoço. O arrepio me denunciou completamente. O loiro ainda tinha um efeito devastante em mim. –Eu falei que tínhamos.

–Felipe, para. Vá arrumar outra “meretriz” e me deixe em paz. Pra que essa insistência? Eu não passei de nada pra você e eu entendi isso. Então pra que ficar em cima? Tem trinta trilhões de garotas nesse reino que adorariam ser seu brinquedinho. Vá atrás delas, não perca seu tempo comigo.

Virei-me de costas arfando com o esforço de ter falado aquilo tudo. Ainda acabava comigo a ideia de ter sido o brinquedo dele. Detestava ideia de ter caído na dele. Detestava a ideia de ainda sentir algo por aquela fuinha.

–Atena, consegue se ouvir? Olhe pra mim. Tena... Por favor.

Ele sabia que eu não resistiria a um “por favor” daqueles. Olhei pra ele e ficamos naquilo por algum tempo até que meus olhos começaram a marejar e as lágrimas começaram á cair sem a minha permissão. Desceram, mas eu não desviei o olhar. Só queria entender porque ele estava ali e não me deixava em paz de uma vez por todas.

–Tena... –Ele limpou minhas lágrimas com toda a delicadeza do mundo o que só me fez chorar mais. Á esse ponto eu já estava quase aos soluços. –Eu amo você fedelha ruiva.

Arregalei os meus olhos azuis ao máximo que consegui e engasguei:

–Como é que é?

–Eu amo você. Eu amo você tanto que não acreditaria se eu falasse. Na verdade eu não conseguiria colocar em palavras. Eu não consigo mais viver sem a sua voz. Não consigo mais viver sem seus beijos, sem suas palavras, sem conversar com você. Sem estar junto, sem saber que está bem. –Ele se aproxima e acaricia meu rosto. –Você nunca seria um brinquedo pra mim tampouco uma meretriz.

–Não... –Respiro fundo tentando controlar meus pensamentos, tentando manter minhas guardas em alta desesperadamente. –Não brinque comigo dessa maneira. Eu sei o que ouvi Felipe Augustus.

–Você ouviu uma tentativa de defesa. Eu dei um murro nele. Eu quis matar ele por ter tocado em você. Aquele nariz sangrando era por isso. Mas ele logo viu o que estava acontecendo entre a gente e eu tive que mentir, dizer que não significava nada para que ele não nos encontrasse, para que você não corresse perigo. Mas não é a verdade. –Ele segurou meu rosto. –A verdade é que eu te amo e não tem um minuto do meu dia que eu não pense em você.

Minha cabeça rodava e eu não sabia no que acreditar. Eu não sabia o que pensar.

–Eu não sei no que acreditar.

–Acredite nisso. –Então ele colou os lábios no meu. No primeiro segundo eu tentei não retribuir, mas quando ele delicadamente infiltrou a língua pelos meus lábios não teve como. Eu estava maluca por aquilo. Ficar longe dele, ficar sem seus beijos, era a tortura maior da minha vida.

Quando nos afastamos eu não sabia direito o que fazer. Estava apavorada, com medo de me machucar de novo, mas Deus, eu o amava. E de alguma forma, tinha certeza que ele não estava mentindo.

–Eu amo você Atena. –Ele sussurrou. –Por qual motivo mais estaria correndo atrás de você? Não consigo viver sem a sua presença.

–Eu amo você Felipe. –Murmurei com a voz embargada. –Eu amo você. –Confessar fazia muito bem, me aliviava do fundo do peito. Estava admitindo pra mim mesma finalmente o que havia rejeitado desde o principio. –Ainda dói tanto ter ouvido aquilo.

–Eu sinto muito. Eu sinto muito por ter dito aquilo. Jamais diria se não fosse necessário. Nada mais vai te machucar Atena, prometo.

Mais uma vez ele me beija, mas dessa vez nós dois estamos com um desejo intenso. O beijo é fogoso, cheio de saudades e desespero. As línguas travavam uma batalha furiosa que não haveria vencedor enquanto eu puxava levemente seus cabelos e ele apertava minha cintura.

Andamos até uma mesa e ele me sentou na mesma, sem que os nossos lábios descolassem. E quando eles finalmente se separaram em busca de ar, o príncipe não perdeu tempo em descer para o meu pescoço distribuindo leves beijos e mordidinhas. Eu suspirava baixinho e arrepiava da cabeça aos pés, enquanto ainda puxava levemente seus cabelos loiros.

Não sei quando dois botões do vestido foram tirados e não me importava. Os beijos desceram para o ombro e para o colo enquanto as mãos dele subiam perigosamente pelas pernas, acariciando, deixando um rastro de fogo que me incendiava por dentro.

–Não. –Ele murmurou para que nós dois voltássemos á ter auto controle.

Respirei fundo e ele colocou os botões de volta na casa enquanto nos afastávamos. Olhamos um para o outro e sorrimos. Eu sentia meus cabelos bagunçados igual aos deles e não consegui não sorrir. Aquilo havia me feito falta.

–Quero me casar com você. –Ele murmurou.

–Como? –Engasguei.

–Diga que sim. –Ele segurou me rosto com cuidado. –Diga sim e daremos um jeito. É com você que quero passar o resto dos meus dias. É com você que eu quero acordar todos os dias. Você é a minha rainha e nenhuma outra. Diga sim.

–Sim. –Murmurei. –Eu quero me casar com você.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Let Me Go" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.