Eva escrita por Annie Soldier


Capítulo 14
Cap. 13


Notas iniciais do capítulo

Salve meu povo ! Gostaria de pedir mil desculpas pela demora na postagem . Estive doente por alguns dias , mas agora estou me recuperando ! Aqui vai mais um capítulo. Este é o antepenúltimo !



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Não entendi o porquê de ter sido amarrada com cordas fortes e atadas a um dos cavalos de um dos oficiais, mas este ignorou-me totalmente quando fiz essa pergunta Ao olhar para trás para tentar me despedir de Walton, fiquei assombrada ao ver que ele sorrira para mim com seus dentes tortos e amarelados e simplesmente...desaparecera no ar, como fumaça! ''Será mesmo possível que um ser de outro mundo tenha se comunicado comigo de fato ou é a minha mente já começando a ficar insana?'' Mas o avançar brusco do cavalo despertou-me de meus pensamentos e fui obrigada a marchar atrás dos 30 oficiais presentes e seus cavalos,todos dispostos em fila.
A medida que seguíamos por uma estradinha de terra cercada por uma vegetação baixa , não pude deixar de reparar na conversa que os oficiais mais próximos de mim estavam tendo. Um deles dizia que uma mulher muito alta para o padrão local, alva e de cabelos longos e loiros invadira a cidade principal furiosa clamando por ''Lucinda Leonheartz'' e quebrando tudo em seu caminho e assustando as pessoas. Em um de seus ataques de histeria, a tal mulher arremessara uma carruagem que acabara por atravessar um dos muros da ''Prisão de Bruxelas'', destruindo-o e libertando todos os presos, que estavam fazendo alvoroço e aproveitando para invadir lojas ou cometer furtos. Meu coração começou a bater descompassado pois eu sabia que estavam se referido a Anna. Oh , Deus, agora a cidade inteira saberá do que fiz !
Após duas horas de caminhada que para mim pareciam ter durado mais de cem anos, chegamos à cidade e de fato tudo estava um caos. Vários oficiais estavam espalhados, recapturando os presos fugitivos e devolvendo os pertences roubados das pessoas. Quando a população me avistou sendo escoltada , começaram a gritar insultos e palavras de ódio contra mim e por pouco uma garrafa de vidro não atingiu a minha cabeça.
Após descerem dos cavalos, os homens me conduziram ainda amarrada pelos punhos ao Palácio da Justiça, uma construção gótica que lembrava uma igreja , funcionando como uma espécie de tribunal para onde os presos eram julgados. O lugar era bem espaçoso e haviam longos bancos de madeira para aqueles que quisessem assistir ao julgamento ,ao redor de um altar onde o governador ficava, para julgar o prisioneiro. Todos os bancos de madeira estavam completamente lotados e algumas pessoas se acotovelavam nos portões numa tentativa de ver o que iria acontecer. Aquele parecia ser o julgamento mais singular da história de Genebra, e surpreendi-me ao ver que Anna estava fazendo o governador de refém, passando um dos braços ao redor de seu pescoço enquanto o outro apontava uma adaga para o seu pescoço.Ao me ver , todos se levantaram e começaram a proferir mais adjetivos sujos para mim, mas Anna soltou um urro assustador como de um monstro fazendo as vidraças vibrarem e todos se calaram, com muito medo.
''Até que enfim minha criadora resolveu atender ao meu chamado e comparecer a esta bela reunião.'' -- Anna riu em tom de sarcasmo e ainda prendendo o gorducho governador com uma de seus braços, apontou com a adaga para a área oeste dos bancos . ''Já viu sua família por ali, Lucinda?''
E quando virei-me para olhar, lá estavam todos da minha família. A mãe de minha sobrinha falecida chorava e era consolada por meu irmão e o resto de minha família olhava-me com frieza. Meu pai balançou a cabeça para os lados, enquanto fitava o chão , sem ao menos olhar para mim. Senti-me com vontade de chorar, como se fosse uma criança novamente.
''Agora que estamos todos aqui,gostaria de mostrar a todos algo curioso.'' -- E rasgou com força as tiras de pele que cobriam suas escuras, grossas e horrendas costuras e cicatrizes que eu disfarçara com esmero.Todos soltaram gritos de pavor e meu pai me olhou com tristeza profunda, mas ao mesmo tempo incrédulo.
''Lucinda , certa manhã, resolvera brincar de Deus.''-- O sarcasmo de Anna enquanto me fitava com seus olhos de gato e falava em alto e bom som eram de fato assustadores, mas tentei manter a calma, contendo a tremedeira que se espalhava pelo meu corpo.''--Ela encontrou um antigo diário cujo autor que já caiu no esquecimento ensina os... procedimentos por assim dizer de como criar um ser humano a partir de corpos de cadáveres. Lucinda seguiu estas instruções passo a passo, invadindo túmulos, cortando pedaços de corpos e órgãos inclusive MATANDO UMA GAROTA INDEFESA PARA USAR SUA CABEÇA! '' -- Ela gritou, largando o governador com violência e fazendo-o rolar pelo chão.Ela andava pelo salão, com a raiva estampada em seu semblante. Ninguém ajudou o governador a se levantar , pois estavam assombrados demais com tudo o que ouviam.
''Ela cortou a cabeça de uma pobre menina para usar em suas perversidades com o único e exclusivo objetivo de se divertir. De ser uma mulher de prestigio, tirando os sonhos de uma jovem que certamente tinha uma família que amava. E se não acreditam no monstro que vos fala, e que descobriu tudo por si só, analisem isto. '' E jogou o velho diário no pátio, produzindo um grande baque.Algumas pessoas lentamente se aproximaram do diário e o pegaram, soltando múrmuros de pavor como ''Meu Deus'', '' O monstro diz a verdade'' , ''Abominação! ''. Lentamente meu pai se aproximou e analisou o diário . Ao terminar sua leitura, ele o jogou ao chão e me disse algo que machucou profundamente meu coração : '' Você não é mais minha filha. Sinto vergonha de você . Por causa de sua inconsequência meu filho está morto. Afastem-se da minha casa, assassinas. Principalmente você, Lucinda''.
Aquelas duras palavras foram o suficiente para mim e não pude conter as lágrimas. Todos da minha família abaixaram suas cabeças para não me encarar, sentindo tanta vergonha quanto o meu pai. A esposa de meu irmão cuja filha Anna assassinara desmaiou e foi amparada por ele.
''Chega, eu já ouvi o suficiente e todos aqui no Palácio inclusive'' -- O governador gorducho , ajeitando sua peruca branca e se levantando com dificuldade declarou. ''--Guardas, prendam essas duas mulheres. Não há necessidade de julgamento, uma vez que não há duvidas de que ambas merecem a forca! Em nome da rainha ! ''
'' Como governador é a sua obrigação a me ajudar a encontrar minha verdadeira família ! Será que não entende, velho idiota ? Lucinda é a verdadeira vilã, mate a ela ! Sempre fui inocente !''
'' Não seja insensata, Anna !'' -- Gritei . ''-- Foi graças às suas mãos que meu irmão e o homem que eu amava estão mortos!''
''MAS NÃO PEDI PARA SER CRIADA ! NÃO PEDI E POR TER ME CRIADO, VOCÊ DEVE ASSUMIR A RESPONSABILIDADE SOBRE MIM, SUA CADELA ! ''-- Anna cuspiu aquelas palavras e agindo com uma mistura de raiva e loucura, agarrou-me com as duas mãos e colocando-me em seus ombros, arrombou uma das portas de madeira do Palácio da Justiça com um pontapé e subiu um longo corredor em caracol com escadas de pedra que levava para a sacada à céu aberto. Todos ficaram surpresos com aquela ação inusitada e ao mesmo tempo em que o governador gritava pelos guardas, todos os que estavam presentes e o oficiais subiram correndo as escadas em que Anna subira para ver o que se passaria lá em cima. Eu me debatia para soltar-me de seus braços, porém ela era 10 vezes mais forte que qualquer um.
Quando chegamos à sacada, cujos telhados pontiagudos agora pareciam enormes vistos daquele ângulo. Ela me colocou no chão com força e deu um forte tapa em meu rosto.
'' Desça agora mesmo e se entregue , desgraçada e assassina ! Se o velho idiota não quer me ajudar, farei eu mesma, nem que eu mate todos os que atravessarem o meu caminho ! '' -- Ela gritou, espumando de raiva. Todos pararam para acompanhar nossa briga e o oficial fez sinal com um dos braços para que todos não dessem mais nenhum passo.
'' A única desgraçada aqui é você ! Maldito seja o dia em que te criei , quem deve ir para o inferno é você ! -- E naquele instante, tudo o que trocávamos uma para outra eram tapas, socos e puxões de cabelo.
'' AGORA! PRENDAM-NAS ! '' -- O governador gritou o comando para seus homens, mas não chegaram a tempo. Anna, percebendo que ambas seríamos pegas, se atirou dos telhados juntamente comigo. Acabamos por cair em grande velocidade em uma carroça cheia de palha. Devido ao choque e às dores, certa de que tinha quebrado algum osso, percebi que minha visão estava turva e sem foco . Tudo girava. Olhando para cima com dificuldade e ainda deitada, avistei guardas que se amontoavam ao meu redor, mas eu não conseguia distinguir os detalhes seus rostos. E bastante zonza, desmaiei.


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