Draco baixou a cabeça e negou-se a falar. Hermione nunca o vira assim tão vulnerável e sem confiança como agora, ele parecia uma criança indefesa. A morena sentou-se ao seu lado.

–Mostra-ma - Pediu ela, sabendo que o loiro saberia ao que a morena se referia.

–Não quero que vejas isso,não quero que ninguém veja...

–Draco...Eu não tenho medo de ti só por teres algo que nem tu queres.

–Não entendes, só por ter isto eu deveria de estar a torturar-te e matar-te neste momento, Granger, só por seres...

–Uma sangue de lama?

–Granger...

–Draco...Já mo chamaste várias vezes.

–É diferente eu era apenas uma criança, uma criança que só queria ver um sorriso do seu pai...

Hermione viu uma lágrima rolar pelo seu rosto e levantou a mão para limpar a mesma, atraindo o olhar de Draco para si.

–Eu arrependo-me por te chamar aquilo, por tentar ser aquilo que o meu pai quer que eu seja...um assassino... um devorador da morte... - Disse com mágoa e desprezo, acabando por levantar a manga esquerda da camisa. A morena fixou-se na marca por alguns segundos antes de voltar a abrir a boca.

– Não é isso que tu queres?

–Claro que não! Nunca quis matar ou torturar alguém...

–Draco, sê sincero comigo de que lado estás?

–Sinceramente... em nenhum.

–Mas se pudesses escolher?

–Escolhia o que era correto, acho eu...

–E o que é que achas que é correto?

–Lutar contra ele...

–Tu sabes o que isso implica Draco...

–Eu sei,mas não é aquilo que quero...Se pudesse fugia e nem lutava...Eu sei que sou cobarde.

–Não és cobarde Draco, vou-te ser sincera, se tivesse de escolher entre combater contra a minha família ou lutar a favor da destruição do mundo mágico, eu também não sei o que faria...

–Sabes uma coisa Granger? Tu até és uma pessoa bastante simpática!

–Uau! Isso vindo de ti é surpreendente!

–Aquilo que mostro é uma máscara...Ninguém me conhece verdadeiramente... - Hermione levou a sua mão direita à manga levantada de Draco e puxou-a para baixo.

–Talvez podias dar-te a conhecer... - Hermione levou a sua mão direita à manga levantada de Draco e puxou-a para baixo como que para mostrar que ele não tinha que seguir aquele caminho imposto por aquele símbolo, que lhe corroía a alma.

–Não! Na minha equipa ninguém liga para nada disso, só querem saber do dinheiro e das coisas materiais que podem mostrar para dizerem que são grandes. Os que não o são, esses tem que esconder...

–Não é propriamente obrigatório ser da tua equipa... Pode ser um Ravenclaw ou Huffelpuff ou...

–Um Griffindor? -Questionou com um pequeno sorriso.

–É só uma sugestão, não és obrigado a nada. -Disse ela.

–Eu devo de ser odiado por quase a escola inteira, tu és a única, que não pertence aos Slytherin, que se está disposta a falar comigo.

Draco olhou nos olhos da morena a sua frente e sorriu, mas um sorriso genuíno que lhe chegou aos olhos azuis acinzentados, dando-lhes um brilho nunca antes visto. Hermione sentiu-se corada e deu um pequeno sorriso envergonhado. A morena nunca tinha admitido a ninguém, nem a si mesma, que se sentia confusa quando o Malfoy está por perto, detinha várias sensações diferentes num só momento.

–Hermione...Eu não vou conseguir ser sociável com qualquer outra pessoa, tu és a única pessoa em quem consigo confiar...

–Obrigada pela confiança, mas tenho a certeza de que vais conseguir arranjar amigos noutras equipas.

–Para já não acho que ninguém queira falar comigo.

–Queres combinar uma coisa?- Questionou ela com um tom animado, para levantar o ânimo ao loiro à sua frente.

–O quê?

–Podemos combinar uma hora de estudo na biblioteca todos os dias.

–Estudar?

–Sim, pensa só pode ter bons resultados: 1º podes subir as tuas notas todas; 2º as pessoas vão ver-nos juntos e vão pensar que mudaste e que não és essa máscara que todos vêm...

–Não tenho problemas que as pessoas nos vejam juntos, mas estudar?

–Sim Draco, estudar! Vais ver que vai ser bastante produtivo!

–Produtivo...-Reflectiu ele com um tom sugestivo.

–Produtivo em termos escolares, Malfoy, não comeces a pensar noutras coisas. - Repreendeu Hermione revirando-lhe os olhos.

–Tu é que disseste que eu pensei nisso, eu não disse nada...

– Que piada...

–Sabes que mais? Isto pode ser o início de uma boa amizade.

–Talvez seja mesmo... -Concordou Hermione sorrindo.

Ouviram o relógio dar as 11 horas da noite e a Hermione levantou-se.

–O melhor é irmos antes que decidam vir-nos procurar.

–Não queres dizer antes que o Weasley e o Potter te venham procurar?- Inquiriu ele.

–O Harry sabe que eu saí do dormitório e o Ron... Bom ele tem coisas mais interessantes a fazer do que me vir procurar. -Disse ela com cara de desprezo ao lembrar-se do que os tinha afastado. O Draco levantou-se, ficando de frente para ela.

–Estás a falar da Brown?

Hermione bufou e cruzou os braços junto ao peito.

–Eu sinceramente não sei o que o Weasley vê nela, a sério que não.

–Eu também não mas deixa lá...

–Está bem, vamos então. Também estou a ficar com sono.

Hermione pegou no manto e ambos saíram da sala das necessidades.