Após almoçarem August acompanhou Emma ate a biblioteca. Havia faltado a faculdade para buscá-lo, mas não conseguira folga no trabalho.

— Então é aqui que trabalha? – Perguntou August enquanto entravam na grande biblioteca.

— Sim, ate que é legal...

— Hey Emma!- Cumprimentou Tinker assim que viu a amiga.

— Oi! Bem, August, Tinkerbell. Tinkerbell, August – Apresentou-os sorrindo.

— Finalmente te conheço. Emma fala muito sobre vocês. Sinto que já a conheço – Brincou August.

— Posso dizer o mesmo – Riu.

— Tinker, Killian te ligou? – Perguntou Emma. O rapaz ligava pra todas antes de partir.

— Sim. Por que?

— Ele não me ligou...

— Ah, já estava esquecendo. Ele me pediu para me despedir de você por ele, mandou um beijo, disse que volta logo e pediu para se cuidar.

Franziu as sobrancelhas - E porque ele mesmo não me ligou?– Perguntou confusa.

— Isso eu não sei Emma... – Desculpo-se – Aconteceu alguma coisa?

— Não que eu saiba...

— Bem, então não se preocupe com isso – Tranquilizou-a com um sorriso.  

— Boa tarde gente! – Saudou Ruby entrando interrompendo-as – Opa, gente nova- Comentou assim que viu August.

— Hey Ruby! Este é August, amigo de Emma – Disse Tinker vendo que Emma estava com o olhar distante. Alheia a tudo.

— Olá, sou Ruby! – Cumprimentou-o sorrindo - Não me disse que ele era tão bonito Emma – Brincou olhando para amiga que encarava um ponto qualquer – Emma?- Chamou sem obter resposta – Emma?! - Um pouco mais alto.

— Hã, sim? – Perguntou sendo tirada de seus devaneios.

— Tudo bem? – Perguntou Ruby franzindo as sobrancelhas.

— Sim... – Espero que sim. Completou mentalmente.

— Okay... – Disse estreitando os olhos nem um pouco convencida – Acho que devíamos sair pra comemorar a chegada de August – Sugeriu ao grupo suavizando a expressão.

— Ruby, pra você tudo é motivo pra sair e comemorar – Comentou Tinker revirando os olhos – Sem ofensas August.

— Sem problemas- Riu.

— Eu gosto de sair, desculpe se isso te ofende Tinker... Bell – Ironizou.

— Se ficar me zoando vou dar uma voadora em você – Ameaçou.

— De voar você entende né – Riu alto.

— Emma, a faça parar ou eu faço.

— Okay, chega as duas! – Interveio Emma tentando parecer seria e falhando miseravelmente rindo – Ruby pare, e Tinker não vai bater em ninguém, entendido? – Esperou ate que ambas concordassem – Okay. E dessa vez concordo com Ruby, isso merece comemoração – Comentou fazendo Ruby olhar para Tinker e levantar a sobrancelha sendo retribuída com um revirar de olhos.

— E aonde vamos? - Perguntou Tinker.

— Elas são sempre assim? – Sussurrou August para Emma enquanto Ruby e Tinker discutiam em qual lugar iriam.

— Piores – Respondeu rindo.

— Okay – Começou Ruby minutos depois - Concordamos que Emma não aguenta mais nada com essa barriga então...

— Nossa, muito obrigada – Disse sarcástica.

— Emma, por favor, não interrompa. Continuando, como Emma esta quase invalida, resolvemos ir ao Patsy’s jantar. Todo mundo topa? – Perguntou.

Após todos concordarem ficou decidido que iriam naquele dia.

— Uma pena Killian ter ido viajar logo hoje – Comentou Tinker triste – Vai ficar quanto tempo August?

— Duas semanas...

Emma já não prestava mais atenção, mal ouvia a conversa. Estava pensando em Killian, para ser mais exata, no porque dele não ter ligado ou mandado uma mensagem, ainda mais porque fizera com as outras duas amigas.

Não entendia o que tinha acontecido, no motivo que ele não queria falar com ela, porque era isso o que imaginava. Que ele não estava interessado em falar ela.

Não conseguia lembra-se de ter dito ou feito algo que pudesse ter-lo chateado ou aborrecido.  Estavam bem quando ele se despediu no dia anterior... Lembrava-se claramente de ficar admirando seus olhos brilhantes e divertidos, seu sorriso convencido que sempre lhe encantava, a forma como sua boca se movia quando falava, o contorno que sua camisa fazia em seus braços, marcando seus músculos... Arregalou os olhos em puro choque ao perceber o quanto falhara em sua tentativa de disfarçar seus sentimentos, e quase desmaiou quando um pensamento a pegou completamente desprevenida. Mal podia cogitar a ideia que em uma dessas deslizadas infelizes Killian tivesse notado que ela estava vergonhosamente apaixonada por ele. Essa possibilidade a deixou enjoada.

— Emma, tudo bem? – Perguntou August vendo a expressão torturada e um tanto desesperada da amiga.

— Tudo – Respondeu mecanicamente.

— Sei – Estreitou os olhos - Okay... Bem, eu já tenho que ir, e vocês, imagino, trabalhar – Sorriu - As vejo a noite – Despediu-se – Conversamos depois – Sussurrou no ouvido de Emma enquanto lhe dava um beijo na bochecha e lançando-lhe um olhar que deixava claro que aquilo não estava em discussão quando se afastou.

Após alguns minutos de August ter ido Ruby também se despediu deixando as duas amigas trabalharem.

O resto da tarde passou tranquilamente, porém Emma não pode deixar de ser assombrada pelo pensamento de que Killian estava se afastando porque descobriu seu amor por ele.

Killian devia achar que ela tinha algum fetiche em seus amigos. Gemeu de desgosto e recriminou seu subconsciente pela tortura completamente desnecessária.  

A noite chegou e com ela o jantar de comemoração pela chegada de August, o qual ocorreu animado e tranquilo. Emma se sentia feliz por ter o amigo ali, e mais feliz ainda por perceber que ele se dera bem com todos, mas não imaginava como podia ser diferente. August era incrível.

E ela sabia que ele percebera que algo estava errado, de tempo em tempo ele lhe lançava um olhar cheio de significados. Teriam uma longa conversa depois, tinha certeza.

Ao terminarem de jantar ambos decidiriam que era melhor irem, já que teriam que trabalhar no dia seguinte.

Assim que Emma chegou, tomou um banho e se jogou na cama, uma mão acariciando a enorme barriga preguiçosamente, o olhar passeando pelo quarto quase distraidamente, ate que encontrou o relógio e se deteve ali.

— Aqui estávamos nós, maldito amigo... – Comentou encarando-o sem ver. Após alguns segundos seu olhar se ajustou e pode ver os ponteiros e destingir a hora.

Observou seus ponteiros murem, lentamente, mordendo os lábios.

Fosse lá onde Killian estivesse não devia ser tão tarde... Pensou.

Antes que perdesse a coragem, pegou seu celular e discou. Tocou, tocou e tocou ate cair na caixa de mensagens. Desligou e tentou outra vez sem obter resultado, suspirou e encarou o relógio, desanimada.

— Acho que somos só nos dois amigo, como nos velhos tempos... – Sentiu um leve chute na barriga – Não me esqueci de você Henry... – Sorriu e depois suspirou voltando a encarar seu fiel amigo relógio.

— Não vai atender? – Perguntou vendo o amigo desligar o celular pela segunda vez.

— Não. É a Emma – Respondeu encarando a imensidão do mar a sua frente.

— Isso é novo. Achei que sempre quisesse falar com Emma – Provocou Graham.

— E quero. Esse é o problema...

— Okay, acho que me perdi.

Killian suspirou – Eu sempre quero falar com ela, estar com ela, olhar pra ela, abraçar nela, beijar ela...

— Okay okay! Já entendi! – Graham riu.

— Estou apaixonado por ela – Confessou.

— Isso eu já percebi... E o que tem de ruim nisso? – Perguntou vendo a expressão um tanto desesperada do amigo.

— Não tem nada de ruim em amar Emma – Sorriu – O amor em si que é complicado.

— Sem filosofar Killian – Pediu em tom de brincadeira.

— Emma vem de uma historia complicada... Não vou lhe contar porque não pertence a mim – Começou – Mas ela sofreu muito cara, vem de uma historia meio recente que não acabou muito bem, e sinto que ela levantou barreiras por isso. Não quero pressioná-la e dar mais isso para ela lidar... E ainda tem a gravidez... – Suspirou encarando as luzes refletidas no oceano.

— Isso é um problema pra você?- Perguntou Graham serio, vendo que tudo isso afetava realmente o amigo.

— Claro que não. Você sabe que adoro crianças. E essa amo em especial, amo tanto quando amo a mãe – Sorriu afetado.

— E então qual é o problema? – Perguntou sem entender a que ponto o amigo queria chegar.

— Não quero perde-la. Sinceramente, tenho medo de confessar meu amor e ela... surtar – Soltou uma leve risada – Tenho notado que ela vem demonstrando sentimentos por mim, mas não tenho certeza se isso é real ou só fruto da minha mente... Acho que ela tem uma certa dificuldade em assumir sentimentos. E não sei se ainda nutre algo pelo pai de Henry – Suspirou por fim.

— Isso tudo é meio complicado – Concordou Graham.

—E para completar o quadro, recebi aquela proposta de trabalho que me obrigaria a me mudar de New York.

— Não brinca cara, e o que vai fazer?

— Há um ano mais ou menos, aceitaria em hesitar... Mas hoje, sinceramente, não estou muito inclinado a isso – Contou.

Ficaram alguns minutos em silencio, cada um preso em seus pensamentos.

— Quer ouvir minha opinião? – Perguntou Graham.

— Estou esperando ela desde que comecei a falar – Brincou sorrindo levemente.

— Acho que devia contar a ela – Começou – Você mesmo disse que ela demonstra sentimentos por você...

— Eu disse que não tenho certeza...

Continuou Graham sem ligar para a intromissão – Talvez ela esteja receosa porque pensa o mesmo sobre você. Sobre te falar de sentimentos e te perder – Explicou vendo o olhar perdido do amigo.

Killian ponderou aquilo por alguns segundos – E se estiver errado?

— Ai você terá que se fazer a pergunta que muda tudo. Vale à pena lutar por Emma?

— Vale por toda uma vida – Respondeu sem hesitar.

— Então acho que já tem sua resposta – Sorriu – Agora vá lá e conquiste sua garota.

— Vai ser fácil, sou diabolicamente lindo e irresistível – Disse sorrindo para o oceano. Decidido. Falaria com Emma, apostaria tudo.

— Repita isso mais vezes e quem sabe se torna verdade – Sugeriu Graham revirando os olhos batendo os ombros nos de Killian – Já vou – Disse levantando-se – Não fiquei muito tempo ai babando pela Emma – Provocou enquanto se afastava arrancando um revirar de olhos e um sorriso descontraído de Killian.

Segundos depois Killian sentiu o celular vibrar de novo e sorriu – Também sinto saudades Swan

— Capitão Jones! - Alguém chamou ao longe

 Desligou o celular mais uma vez, guardou no bolso e se levantou – Em breve nos falamos... – Sussurrou para a madrugada estrelada.

— Estou indo! – Gritou sumindo no interior do navio.

Após a terceira ligação fracassada Emma jogou o celular em um canto qualquer, frustrada.

 Depois de alguns segundos ouviu batidas na porta e soltou um suspiro de desgosto. August - Entre! – Gritou. Sabia que ele iria e já deixou a porta destrancada.

August entrou, trancou a porta e sentou-se ao seu lado na cama – Então?

— Então o que? – Desconversou.

— Vamos lá Emma, estou esperando. Tenho a noite inteira – Soou mais como uma ameaça do que um simples comentário.

— Estou preocupada – Disse se rendendo.

— Isso eu percebi. Com o que exatamente?

— Com Killian.

— E?

— Eu... Acho que talvez ele possa ter notado.

— Emma, frases inteiras, por favor – Pediu.

— Você não esta com sono August? – Perguntou tentando fugir.

August apenas esperou pacientemente até que ela continuasse.

Emma suspirou. Não sabia por que ainda tentava – Estou preocupada que Killian tenha notado que estou apaixonada por ele.

— E por que acha isso?

— Bem, ele não me ligou, não atende minhas ligações...

— Emma, você sabe que isso não quer dizer nada, não é? – Perguntou calmamente.

— Qual outro motivo seria? – Questionou um tanto desolada.

— Pode estar ocupado, a bateria pode ter acabado, onde esta não tem sinal, celular caiu no oceano...

— Okay okay, entendi! – Gemeu.

— Ou pode ser que ele percebeu que tem uma louca apaixonada por ele, fugiu pro oceano pra evitar ela, não ligou porque não quer nem conversa, e não atende suas ligações porque esta na linha com outra garota menos burra que não tem medo de dizer que o ama.

— Cruzes August! Veio aqui para me torturar? Conseguiu!- Queixou-se meio desesperada.

— Achei que um choque de realidade fosse ajudar – Desculpou-se nem um pouco arrependido.

Ficaram alguns segundos em silencio ate Emma se pronunciar receosa – Você acredita sinceramente nisso?

— Pelo amor de Deus Emma – Exclamou enervado.

— Ta bom, okay! – Desculpo-se suspirando em seguida – Eu sinto a falta dele – Choramingou.

— Isso é porque esta apaixonada. Vem no pacote – Disse carinhosamente.

— E o que eu faço pra isso passar? – Perguntou chorosa.

— Se afaste dele

— Não – Responder sem pensar. Não podia nem cogitar a idéia de não vê-lo mais, Isso não era tolerável, muito menos suportável.

— Então já sabe o que tem que fazer.

— Não quero sofrer... – Lamuriou.

— Emma, você já esta sofrendo – Lembrou amavelmente.

— Eu te odeio August – Disse encostando a cabeça em seu ombro.

August apenas riu circulando seus ombros com o braço – Isso quer dizer que vai falar com ele? – Questionou.

— Sim – Suspirou.

— Estou orgulhoso de você – Sorriu.

— Se isso acabar mal...

— Eu estarei aqui – Prometeu interrompendo-a.

— E vai aguenta a choradeira.

— Toda ela – Concordou contendo um sorriso.

— Eu te amo August.

— Achei que me odiava – Provocou.

— Eu estou grávida, não pode levar o que eu digo em consideração.

— O que estar grávida tem a ver? – Perguntou divertido.

— Acho que nada. Mas é uma boa desculpa pra tudo.

— Vá dormi Emma! – Riu levantando-se – Boa noite – Despediu-se lhe dando um beijo na testa.

— Boa noite Gus.

Gostaria de dizer que teve uma noite tranquila, que dormira bem e acordara descansada, mas isso não ocorreu, já estava quase impossível encontrar uma posição confortável com sua enorme barriga, e para completa seus sonhos foram preenchidos por dois pares de olhos que se agastavam gradativamente, ate serem apenas borrões.

Abriu os olhos para a claridade e rapidamente os fechou arrependida.

Não tinha intenção alguma de levantar, faltar a faculdade um dia não mataria ninguém. E de qualquer forma há alguns dias atrás havia conversado com Killian e decidiram que já estava na hora de trancar o curso. Henry nasceria a qualquer momento.

Killian.

Abriu os olhos para a claridade de novo e varreu o quarto com o olhar procurando seu aparelho celular. Encontrou em um canto próximo ao guarda-rouba, possivelmente onde o atirou noite passada em seu ataque de frustração. Gemendo levantou-se e pegou-o voltando ao conforto da cama.

Ligou-o e encarou sua tela em expectativa frustrada ao perceber que não havia nada de Killian, nem uma ligação, uma mensagem, absolutamente nada.

Fixou o olhar na tela por um momento, ponderando, e antes que percebesse seus dedos já estava discando. Dessa vez nem ao menos tocou, caindo direto na caixa de mensagens.

Suspirou e abriu suas mensagens. Digitando.

“Killian? Esta tudo bem? Estou preocupada!

Me ligue assim que ver isso, por favor”

Enviou e esperou. Nada.

Frustrada, deixou o aparelho sobre a cama e levantou-se, decidida a fazer algo de produtivo de seu dia.

Tomou um banho, arrumou-se e foi ate o quarto de August. Bateu e poucos segundos a porta se abriu revelando um August de cabelos bagunçado – Emma? Tudo bem? – Perguntou sonolento dando passagem para que ela entrasse.

— Sim. Vim ver se quer ir comigo a faculdade, vou trancar o curso – Disse sentando-se em sua cama.

— Acho que já esta na hora mesmo – Concordou olhando sugestivamente para sua barriga – Me de um minuto para tomar um banho e já vamos – Disse pegando algumas coisas e sumindo pela pequena porta do banheiro.

Enquanto esperava Emma ligou a TV em um canal qualquer, e poucos minutos depois já estavam no carro, rumo a universidade.

— De quem é esse carro? – Perguntou August enquanto dirigia.

— De Killian. Ele deixa comigo quando esta viajando.

— E falando em Killian, algum sinal de vida? – Virou uma esquina sendo guiado por Emma.

— Não – Suspirou – Nem de morte, graças a Deus.

— Acordamos bem-humorados hoje?- Perguntou divertido.

— Não mesmo.

August apenas riu e continuaram o resto do caminho em silencio.

Após trancarem o curso resolveram passear pela cidade. Emma se distraiu mostrando cada parte da cidade e lugares que gostava para August.

Ficaram nisso grande parte da manha, almoçaram e seguiram para a biblioteca.

Assim que chegaram Emma foi ao banheiro e quando voltou August e Tinker estavam enganchados numa conversa animada sobre musica.

Sorriu e sentou-se atrás do balcão, ficar em pé já estava quase impossível.

Em todo esse tempo, apesar de estar distraída mostrando tudo a August, uma parte inconsciente de seu cérebro estava ciente do pequeno aparelho celular em seu bolso.  E assim que o sentiu dar o menor sinal de vida seu coração perdeu uma batida.

Pegou-o ligando em expectativa.

“Não se preocupe comigo, esta tudo bem!

Desculpe por não ter ligado para me despedir, precisava pensar em algumas coisas...

Como está? E Henry?”

Assim que terminou de ler sentiu uma grande onda de alivio que foi rapidamente substituída por confusão.

“Você sabe que sempre me preocupo...

Estamos bem, melhor agora!

Sobre o que precisava pensar?”

Killian não pode evitar o sorriso. Realmente estava apaixonado por aquela agora.

“Sim, eu sei. E fico feliz com isso!

Você saberá quando eu voltar.

Emma, precisamos conversar.”

Emma franziu a cenho. “Precisamos conversar” Não soava nada bom. Se ele pedisse para se afastarem, não sabia se iria sobreviver.

Antes que perguntasse sobre o que exatamente se tratava outra mensagem chegou.

“Não posso mais falar.

Nos vemos em breve.

Se cuide!”

Ficou encarando por um bom tempo o aparelho, ate que suspirou e guardo-o temerosa.

Os dias passaram rapidamente, aproveitou ao máximo a presença de August, e apesar de ter mais alguns dias antes de sua partida já sentia saudades do amigo.

Finalmente o dia que Killian voltaria chegou. Emma acordou eufórica e ansiosa. Tentara não pensar sobre o que Killian queria conversar, ou acabaria enlouquecida. Mas obviamente foi uma tentativa inútil. Conforme o dia passava e não tinha noticias dele sentia aquele Q de irritação e preocupação que sentia quando partira sem dar noticias.

Pensou em ligar, mas não faria isso. Eras amigos, e apesar de amá-lo ele não lhe devia nada, nem mesmo uma explicação.

Esperou pacientemente, se que aquilo se podia chamar de paciência.

— Esta tudo bem Emma? – Perguntou Tinker observando a amiga soltar repetitivos suspiros batucando os dedos sobre o balcão irritantemente.

— O que? – Perguntou confusa.

— Perguntei se esta tudo bem.

— Claro. Sabe se Killian já chegou?

— Já sim. Ele e Graham chegaram no começo da manha. Por quê?

Estou apaixonada por ele, acho que ele sabe, e não estou lidando muito bem com isso. Pensou em dizer, mas parecia patético ate para ela – Ele disse que precisava conversar comigo – Sim, isso estava bem melhor.

— Bem, então logo ele aparece. Onde esta August?

Chegou o relógio – Deve estar chegando – Informou enquanto o mesmo passava bela porta.

— Hey garotas! – Cumprimentou.

— Por onde andava? – Perguntou Emma afastando-se com a cadeira para que ele pudesse sentar ao seu lado.

— Comprando um presente para meu afilhado - Sorriu entregando-lhe o embrulho que nem tinha notado.

— Não precisava Gus! – Comentou desembrulhando o pacote.

— Bobagem.

Levantou a peça no ar para que Tinker pudesse ver. Tratava-se se um pequeno macacão verde e azul e um par de sapatinhos da mesma cor.

— Oh, é lindo Emma! – Comentou Tinker.

— Obrigada! – Agradeceu ao amigo dando-lhe um abraço.

Soltou-o e ergueu a peça para que pudesse ver novamente. Foi quando o viu, parado a porta, encarando-a com uma expressão ilegível, os olhos impossivelmente mais azuis que antes. Ficaram se encarando por uma fração de segundos que pareceu durar uma eternidade.

— Killian! Entre – Disse Tinker reparando o amigo.

— Boa tarde – Cumprimentou-os normalmente e Emma percebeu como sentira falta de sua voz.

— Boa foi a viagem? – Perguntou Tinker abraçando-o de lado.

— Produtiva – Sorriu encarando Emma que involuntariamente lhe devolveu o sorriso.

—Killian, queria lhe apresentar August – Começou Emma sorrindo amplamente – August, Killian.

— Iae cara – Cumprimentou August.

Killian encarou-o e apesar dos ciúmes que sentia estava determinado a tratá-lo cordialmente. Sabia que era uma pessoa importante para Emma, e tentava constantemente lembrar-se que Emma dissera que eram apenas amigos. Iniciaram uma conversa que Emma mal entendera do que se travava, só estava feliz por aparentemente terem se dando bem.

Alguns minutos depois Killian encerrou seu assunto com August e caminhou ate Emma que arrumava alguma coisas com Tinker.

— Emma, podemos ter aquela conversa?

— Agora? –Perguntou um tanto temerosa e curiosa – Não sei se posso sair.

— Tudo bem, pode ir. Eu seguro as coisas por aqui. Está calmo mesmo e qualquer coisa August me ajuda – Interveio Tinker.

— Tem certeza?

— Claro. Pode ir – Sorriu.

—Okay – Virou-se para Killian – Um minuto.

— Aonde vamos? – Perguntou Emma enquanto Killian dava partida.

— Á praia – Sorriu.

Seguiram o resto do caminho em silencio, e o clima no carro era uma mistura de temor, ansiedade, curiosidade, determinação e nervosismo quase palpável.

 Estavam caminhando beira mar há algum tempo. Ambos temerosos em dar o primeiro passo, ate que Killian revisou os olhos. Não era nenhum moleque, e a muito perto deixou de ser um adolescente.

— Recebi uma proposta de trabalho – Começou do modo mais fácil, imaginou.

Emma levou um segundo para assimilar a informação, não era aquilo que esperava, mas pego-a tão de surpresa quanto.

— Onde? – Perguntou insegura.

— Uma base na Irlanda.

Ouve um minuto de silencio.

— E você aceitou? Vai embora? – Questionou um tanto desesperada encarando o mar, evitando encará-lo.

— Isso quem vai me disser é você.

Emma voltou o olhar em sua direção confusa.

— Lembra sobre a conversa que precisamos ter? – Esperou ate que assentisse – Antes de tudo, quero que saiba que não estou pressionando-a, e não espero uma correspondência imediata.  Tudo bem?

— Tudo bem – Franziu o cenho.

— Eu sei que não faz muito tempo que nós conhecemos, e isso realmente não me importa. Nesse pouco tempo você se tornou uma das pessoas mais importantes do mundo pra mim, uma amiga incrível – Começou – E eu sei por tudo o que você passou, por tudo o que esta passando, e que isso possa ser um pouco difícil para você, mas peço que confie em mim...

— Eu confio em você – Interrompeu-o.

Killian lhe deu um sorriso doce – Que bom – Piscou - Peço que confie em mim e acredite quando digo que prometo nunca magoá-la... Demore o tempo que for, se você permitir, farei o que estiver ao meu alcance para conquistá-la, mas já não posso guardar isso para mim. Guardar sentimentos faz mal Emma, seja qual for – Aquilo soava como um lembrete para Emma – O que estou querendo dizer é que estou apaixonado por você Emma Swan – Confessou encarando seus olhos.

Emma permaneceu em silencio, absorvendo cara informação, cada palavra, cada emoção que passava por seu corpo.

—Killian, eu...

— Tudo bem, Emma – Sorriu – Eu já esperava algum tipo de surto – Brincou tentando descontrair.

— Não – Começou nem se deixar levar pela brincadeira – Não boa nisso, então não me interrompa – Pediu – Eu cheguei aqui devastada, desesperada e conheci pessoas incríveis que me ajudaram muito, e você esta no topo delas. Em pouco tempo se tornou umas das pessoas que mais confio no mundo, um dos meus melhores amigos – Sorriu – Apesar do medo de me machucar, o de te perder é maior ainda. Ainda estou um pouco quebrada, e um pouco assustada, não estava nos meus planos deixar isso acontecer novamente, mas  ai apareceu você e... Estou apaixonada por você – Sentiu todo peso sendo tirado de suas contas.

— Swan – Sorriu Killian aproximando-se, encararam-se por um segundo ate Emma levar uma mão ate sua cabeça puxando-o levemente para mais perto, olhou em seus olhos uma ultima vez antes de colar suas bocas. Killian envolveu sua cintura com um braço trazendo-a para mais perto, colando seu corpo ao dela, fazendo-a ficar nas pontas dos pés, a outra mão segurando sua cabeça delicadamente. Emma prendeu os dedos entre seus cabelos macios, acariciando. Ao fundo o por do sol, o som das ondas quebrando na praia, um navio distante, o cantar de um pássaro qualquer, dava ao momento um toque mágico. Separaram-se um pouco em busca de ar olhando um ao outro com um sorriso antes de recomeçar. Fora um beijo intenso e delicado, um misto de sentimos, mas o mais predominante era o amor que ambos sentiam, e faziam questão demonstrar em cada toque. Separaram-se lentamente, encostando suas tentas, ainda de olhos fechados.

Ficaram assim por um tempo, ambos ouvindo sentindo o coração acelerado um do outro.

— Killian – Começou Emma. Estavam sentados no píer, observando a imensidão do oceano. Ela com as penas balançando sobre ele, e Killian de lado, voltado para ela, uma perna apoiada sob o píer e a outra balançando acima do oceano – Eu estou apaixonada por você, quero mais que tudo que isso funcione, não quero te perder em hipótese alguma, mas...

— Seu coração está quebrado – Entendeu Killian. Ele sabia disso, e estava mais que disposto a concerte-lo.

Emma suspirou irritada, estava cansada disso, queria só esquecer tudo, não queria em momento algum magoar Killian por suas merdas – O coração de muita gente esta partido, Killian – Disse ironicamente. Mais para si mesma do que pra ele.

— Mas o único que me importa é o seu – Sorriu

Emma lhe sorriu de volta. E mais uma vez pensou em como Killian era apaixonante.

— Às vezes me sinto tão perdida – Comentou.

— Perde-se também é caminho – Sorriu – E tipo feliz que tenha pego um caminho errado

Emma encarou-o confusa.

— Ele te trouxe ate mim. Esse maravilhoso capitão diabolicamente bonito.

Emma riu, e apesar de não dizer em voz alta para não aumentar seu ego, concordava com ele.

— Você acha que isso vai dar certo? – Perguntou Emma. Suas experiências no amor não acabaram muito bem.

— Eu sou eu, e você é você. É lindo, é vasto. Vai durar – Piscou. Emma sentiu que aquilo era uma promessa, e silenciosamente prometeu também.

— Enquanto isso...

— Me olhe e me ame – Interrompeu Killian a fazendo rir – Assim como te amo cada vez que te olho – Completou olhando em seus olhos intensamente.

Emma desceu o olhar para sua boca, observando a respiração passar entre seus lábios.

— Acho que você esta flertando comigo, Swan – Disse levantando uma sobrancelha, um sorriso brincando nos lábios. 

— Acho que você está errado – Desconversou brincando.

— Acho que estamos achando muita coisa – Disse Killian se aproximando e a puxando para um beijo, que foi intensamente correspondido.