Um Tom a Mais escrita por Benjamin Theodore Young


Capítulo 9
- T de Tom ou T de Tito -


Notas iniciais do capítulo

Este ficou bem comprido galera, espero que gostem! Bjos ;)



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(Bon Iver – Love More)

Chained to the wall of our room
Yeah you chained me like a dog in our room
I thought that's how it was
I thought that we were fine
Then the day was night
You were high you were high when i was doomed
And dying for with no light with no light

Tied to my bed
I was younger then
I had nothing to spend but time on you
But it made me love it made me love it made me love more
It made me love it made me love it made me love more

Do what you said the words she said left out
Over unto the sky where i'll soon fly
And she took the time
To believe in to believe in what she said
And she made me love she made me love she made me love more
She made me love she made me love she made me love more

Já havia se passado várias horas desde o ocorrido na casa do Tom, e também desde aquele momento, eu já tinha ouvido essa música mais de cem vezes, literalmente. Eu estava em estado de silêncio absoluto comigo e com qualquer um, minha mãe já me havia chamado para tomar o café da manhã, para o almoço, para a janta e nada de eu levantar da cama, fazendo ela em determinado momento vir me dizer que se eu quisesse ir embora ela iria comigo, neste momento, nesta pergunta preocupada e sincera dela, eu então me manifestei, dizendo que não, que não eram eles, o lugar, que era eu mesmo, que se ela estava bem, pelo menos nessa parte, ao que lhe referi-a, eu também estaria. Minha mão então verteu uma lágrima e me abraçando disse:

– Mas eu sou sua mãe, você não entenderia jamais o que uma mãe sente vendo um filho assim, e por mais que você esteja contente por eu estar bem, eu não conseguiria ser feliz sem poder dar essa felicidade a você. Eu então retribui o abraço mais forte ainda e chorando junto com ela, disse-lhe:

– Mãe, eu queria te falar tanta coisa! E me silenciei em seguida.

– Fale quando você estiver pronto. Como se ela já soubesse de alguma coisa, há muito tempo. Foi quando Sammy entrou no quarto dando uma leve batida na porta e dizendo, que havia um moleque, nas suas palavras, querendo falar comigo.

...

Já era noite, o céu estava aberto exibindo uma cortina branca de estrelas como se fossem diamantes, brilhavam intensamente enquanto eu caminhava com Tom ao meu lado pelo gramado extenso que circundava a casa de Charles.

– E aqui estou de novo, Crispin, Pim ou Pimmie. – Disse ele desenvolvendo um sorriso de canto de boca, com as mãos atada aos bolsos do moletom verde que ele usava, fazia uma brisa fria naquela noite, nada invernal, mas o suficiente para ele usar aquele moletom. – E dessa vez, o que foi?! Eu então olhei para ele e já lacrimejando os olhos ia falar, quando fui interrompido por sua rispidez incisiva. – Para! Sem choro, sem lágrima, você só faz chorar e se lamentar de si próprio! Me fala, o que foi, faz tempo que eu estou te perguntando isso Crispin! – foi a primeira vez que ele havia me chamado pelo nome corretamente – Eu sinceramente estou tentando te entender – e aquele nome falado de forma correta por ele, entrou uma faca no meu estomago, era como se eu tivesse levado uma pesada na boca do estomago – Mas com você tendo atitudes assim, fica difícil. Cara... Sei lá, fazem três semanas que a gente se conhece, e olha só, estamos aqui do nada brigando como se fossemos melhores amigos de uma década. Isso porque realmente eu, estranhamente me importo com você! E acho que esta na hora de nós coincidirmos algumas verdades aqui. Ou to errado? Ele me olhou, era aquele olhar, - eu já sei que você é gay – mas ainda sim, eu não tive coragem de dizer, de se fazer sair da minha boca. Eu olhei para o lado e avistei a praia adiante e disse em voz baixa, quase que levada pelo vento, de tão baixa.

– Você esta certo! E silencie-me.

– E o que mais? O que mais Pimmie?

– Eu... Eu...

– Responde porra, fala pra você mesmo! Disse exaltado. Foi quando num ímpeto ele agarrou meu antebraço e perguntou fatidicamente:

– Você apaixonado por mim?! Eu rapidamente olhei ao redor para tentar avistar algum curioso, mas não havia, quando então soltei um riso cínico e dizendo.

Uau, você definitivamente se acha! Ele então soltou o meu braço e me olhando nos olhos e nitidamente nervoso cuspia toda a sua indignação.

– Cala a boca, cala a sua boca, quem é você pra entender de mim, você não conhece nem você mesmo! Eu não te fiz uma pergunta fútil ou de alguma maneira maliciosa e intencional, eu te fiz uma pergunta sincera, a fim de esclarecer isso aqui – nesse instante ele marejava os olhos de lágrimas, mas sem as deixar cair firmemente – Eu, Eu não posso te oferecer essa paixão, eu não posso te retribuir – tentei dizer algo, porém ele foi incisivo – eu ainda não terminei de falar caralho, eu quem falo agora, já que você sempre me expõe essa cara de deixa pra lá, deixa pra lá uma porra, eu não posso te retribuir nisso, nesse seu sentimento, mas se você quiser um amigo, com isso você pode contar! Foi quando eu num impulso me joguei para cima dele, segurando-lhe o rosto com as duas mãos, e tascando-lhe um beijo, o beijo. Que por alguns segundos senti quase que retribuídos, não fosse pelo belo empurrão que ele me deu, me fazendo cair na grama olhando para ele assustado e sem resposta.

– Por que você fez isso?! E abaixou a cabeça como se uma decepção profunda lhe tivesse acometido, e saiu me deixando no chão, alguns passos à frente, virou-se me olhando com repreensão, mas sem dizer uma palavra. Deixou cair uma lágrima a qual ele limpou rapidamente, como se jamais ela pudesse ser exposta para mim novamente e saiu.

Naquele instante eu me levantei, e corri, corri o mais rápido que pude, eu queria sumir, eu corria enquanto chorava e meu fôlego mal se aguentava, foi quando num instante olhei para o lado e avistei a casa da Genie, e resolvi ir até lá, eu precisava de consolo, ainda que com ela fosse o menos certo. Cheguei até porta e antes mesmo de tocar a companhia fui atendido por Tito, que estava do lado de fora da casa observando as ondas, e ia se retirando para a casa de piscina quando disse ter me avistado.

– Cadê a Genie. Perguntei ofegante.

– Saiu pra jantar com os meus pais! Tá tudo bem?!

– Que porra, será que todo mundo deu pra perguntar isso hoje pra mim?! Quando dei por mim, já havia respondido dessa maneira.

Hey, calma, sem mordidas, eu só te fiz uma pergunta sincera! Eu então abaixei minha cabeça envergonhado e pedi-lhe desculpas.

– Foi mal, e, não, eu não estou bem. Tito então se aproximou de mim e me abraçou forte, era um abraço confortável, cheiroso, e cheio de ternura, me fazendo sentir naquele momento a pessoa mais amada do mundo, quando involuntariamente eu lhe disse – Aquele beijo que você ia me dar valendo ainda? Ele então olhou para mim e sorrindo passou com o dedão no meu lábio inferior beijando a ponta do meu nariz e em seguida me entregando o seu beijo, antes negado por mim. E que beijo, era terno, calmo, cheio de vontade e carinho. Para o meu primeiro beijo, era aquele, ainda que com a pessoa “errada”, maravilhoso.

...

– Vou colocar uma música pra gente ouvir enquanto conversamos! (Kings of Leon – Beautiful War)

Estávamos em seu QG eu diria, a casa de piscina, era como se tudo ali fosse armado para cenas iguais aquela, para presas iguais a mim, as velas acesas, a música linda, o cheiro dele, era de um frescor e uma intensidade sem igual para mim, eu nunca havia sentido aquilo. Ele era bonito, era atraente, não tinha a beleza ridícula do Tom, mas tinha um charme, cabelos curtos, bem curtos, como se fosse para guerra, uma pele sugestivamente bronzeada, denunciava o elástico da sua cueca branca por baixo do jeans, quando ele fazia algum movimento brusco e fazendo a camiseta estruturada aos seus músculos se movimentar. Eu que estava deitado no sofá, foi-lhe como um convite para se deitar em cima de mim com toda aquela força e corpo pesado, sentia-me prensado sobre o peso do desejo, fui tomado de forças e vontades que nunca imaginei sentir um dia, mas ao mesmo tempo em que fazia aquilo, em que eu lhe entregava meus beijos, tocando-lhe a sua nunca com as pontas dos meus dedos, vinha involuntariamente flashs do Tom na minha cabeça, aquele beijo roubado, as suas palavras, comecei a beijar Tito com mais intensidade para tentar apagar àquilo, mas quanto mais força eu fazia para esquecer, mais eu lembrava e mais excitado Tito ficava, já me fazendo evidenciar sua ereção. Foi quando eu então decidi que aquilo precisava parar, já havia sido o beijo, não seria ali, tão descompromissadamente, o sexo também, que, aliás, eu alcunhava de “fazer amor”. (Kings of Leon – Tonight)

– Me desculpa, mas eu não posso fazer isso agora. Disse-lhe como uma virgenzinha indefesa, vergonha, não exprimi metade do que eu sentia ali.

– Relaxa a gente não vai fazer nada que você não queira, aliás, eu é que peço desculpa se te forcei a algo.

– Você não me forçou a nada, eu que estou me sentindo um filho da puta por ter te usado dessa maneira. Foi então que ele soltou uma gargalhada muito, mas muito alta.

– Você acha que realmente esta me usando?! E mais gargalhadas – Be cool kiddo! Não tem ninguém usando ninguém aqui! Foi então que o meu constrangimento havia aumentado mais ainda. – Vem cá, e me puxou para cima dele, me fazendo encostar minha cabeça no seu peito enquanto me acariciava os cabelos.

– Eu sei que pra você isso possa soar piegas, sei lá, essas tretas de primeiro beijo, primeira vez, é meu jeito! E comecei a acariciar o seu rosto com as pontas dos meus dedos.

– Eu não te julgo garoto! Pelo contrário, eu te apoio. Se talvez eu tivesse agido com essa firmeza, talvez a minha experiência tivesse sido bem menos traumática.

– Nossa, parece grave. Respondi curioso.

– Grave? Não, foi uma infelicidade. Assim como você eu também estava apaixonado pelo meu melhor amigo hétero!

– Como você sabe do Tom?!

– Tá na cara garoto! (risos)

– Enfim, eu estava apaixonado por esse amigo, era um amigão mesmo, de longa data, e eu queria de alguma forma ficar com ele, mas não sabia como chegar nele, me expor, algumas vezes brincamos de circle jerck e o máximo que rolou foi uma pegadinha no pinto um do outro. Mas os anos passaram e eu estava ali, completamente apaixonado por ele, até que um dia nós tínhamos ido a uma festa de uns amigos, ele já tinha armado umas putinhas lá, mas na hora do vamo ver as meninas desistiram deixando ele putasso com a cena, aí fomos para minha casa, ele ia posar lá naquela noite, pois seus pais tinham ido viajar, quando chegamos conversamos e conversa vai, conversa vem, ele então disse, “nossa eu vou dormir mesmo sem dar uma trepada? Juro se tivesse alguém disposto agora, eu ia”, abrindo aspas para mim, como se eu pudesse dizer para ele, então vem, e o que fiz foi exatamente isso, ele sem pressa veio para cima de mim, me arrancando a bermuda e a cueca e me jogando na cama, de bruços, e começou a bombar sem dó, era minha primeira vez e aquilo doía que era o caralho, e continuou forte, mas então a pior cena do mundo foi quando ele pegou um travesseio que estava do lado e colocou sobre minha cabeça, aquilo foi a morte para mim, humilhante, eu já não queria mais nada ali, mas deixei ele terminar, quando ele gozou eu fiquei em silêncio, não fiz um barulho sequer, mas os meus pulmões e olhos pareciam que iam explodir de tanto que eu segurava para não chorar. Ele se levantou e dormiu, como se nada tivesse acontecido, no outro dia quando acordei e ele já tinha ido embora. E partir dali, além de formais “olas e tudo bem”, nunca mais nos falamos. Eu de certa forma havia achado que se eu fizesse aquilo, ele ficaria comigo, mas engano meu. Às vezes se apaixonar por amigos, nos requer esses tipos de frustrações, não estou dizendo que isso vai acontecer com você, mas seria uma rara exceção! Eu estava chocado com o que ele havia me dito, a história era triste e pesada demais, o que foi aquilo, um estupro praticamente. (Robyn – Dancing On my Own – Kings of Leon cover)

– Me desculpe te fazer lembrar-se disso!

Kiddo! Nós temos três anos de diferença de idade, não é muito, mas eu já conheço algumas coisas que você ainda não, e tudo o que estou te falando não é para convencimento, mas sim para esclarecimento, porque se eu conseguir te alertar de certas coisas, talvez você não tenha que sofrer e passar por elas como eu já sofri e passei. Eu então levantei olhei para ele e cedi mais um beijo, ele passou a mão em meus cabelos e me trouxe novamente para o seu peito.

Aquele era um momento diferente daqueles em que eu havia estado com Tom, por melhor e mais agradável que fosse, eu ainda por alguma maldição gostaria que os braços e beijos fossem do Tom, não eram, e aquele momento prazeroso com Tito, tinha efeito de traição para com Tom! Tinha efeito de traição para comigo mesmo. Mas aquele rapaz estava sendo tão bom comigo, que não pude deixar de lhe retribuir. A noite foi longa, voltei para casa estasiado pelos beijos consolidados e bem dados, ao mesmo tempo em que carregava um sorriso maroto de canto de boca por me lembrar dos beijos, também martelava na minha cabeça Tom, Tom, Tom, Tom, quando de repente metros antes de chegar na frente de casa, avistei-o, sentado na soleira da porta me esperando.


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