In The Music Road (Na estrada da música) escrita por Thatha97


Capítulo 16
Capítulo 14 - Decidindo




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POV TK

Assim com era esperado que acontecesse, logo que as palavras deixaram meus lábios, a cozinha inteira se encheu de vozes, enquanto todos falavam ao mesmo tempo, até mesmo Ty e Lysandre cochichando no canto, Castiel falando às minhas costas com Belle, os únicos em silêncio sendo eu... E Dake.

Ele me encarava profundamente e fui capaz de ler seus olhos como se tivesse ali um livro cuja história eu já havia decorado. Não falava, apesar de Lívia ter tentado coloca-lo na discussão, e percebi que não iria fazer ali, com todos. Tinha algo realmente importante para tratar comigo, e nesse olhar peguei forças para tomar a próxima decisão. — Silêncio, por favor. — pedi, só sendo ouvida realmente por Castiel, que se calou e apertou minha mão na dele.

Seu gesto foi um alerta aos outros, e em alguns segundos o silêncio voltava a reinar. — Me desculpe por organizar essa reunião aqui, mas acho melhor nos separarmos por um momento, bando e banda, para decidirmos com nossos amigos. — para minha surpresa meu pedido foi acatado, todos concordando com a cabeça, Castiel sendo o único a discordar inicialmente, mudando de ideia quando viu meus olhos. Imaginei que a tristeza que havia me atingido depois de nosso momento na oficina começasse a transparecer.

Agora já nos encontrávamos na sala, eu sentada no sofá menor, com Dake ao meu lado, Nia, Ken e Min no outro, maior, e Ty em pé, encostada na parede, de frente para mim. — TK, você não tem que fazer isso, eu sei como você se sentiu quando ele foi embora. — Dake finalmente falava, e mesmo que eu não o encarasse, tinha a cabeça baixa, sabia que ele me olhava, que buscava meus olhos, que precisava de alguma pista do que eu sentia. Suspirei e então o encarei, tentando esboçar um sorriso enquanto esticava minha mão até ele. — Eu sei, e essa é realmente uma decisão difícil, e o motivo de que não conseguirei fazer nada sem vocês. — desviei meus olhos para os outros na sala, que me encaravam com pena reprimida, eu odiava esse sentimento, então voltei a encarar Dake, as lágrimas ameaçavam brotar novamente de meus olhos. — Eu sei que você o odeia, eu mesmo senti vontade de ir apenas para mata-lo, mas então pensei em Castiel, e em Min, e até mesmo em você Dake. — ele engoliu em seco, e percebi que tinha atingido meu ponto, mas ainda continuei. — Não sei se sabe, mas Castiel e Lívia perderam os pais à alguns anos, assim como você perdeu seu tio, e Min que nunca conheceu os pais. Por fim, minha mãe o amava, e nunca ia querer nos ver separados, mesmo se ela soubesse o que ele fez. — mordi o lábio e esperava Dake falar algo, mas um soluço chamou minha atenção.

Levantei os olhos e encontrei Ty, que tinha o rosto encharcado de lágrimas e tentava conter o choro sozinha. Nos colocamos em pé imediatamente, mas ao primeiro passo que demos ela desencostou da parede, e para a surpresa de todos, correu até mim, me pegando um um abraço. Como sou mais alta sua cabeça se encaixou em meu pescoço, sem saber o que fazer a abracei firmemente contra mim, tentando consola-la enquanto passava a mão em seus cabelos, seus soluços parando aos poucos, até que se sentiu confortável para se afastar, e se sentando no sofá onde eu estava antes, começou a falar.

POV Felicity

Eu não planejava chorar, não acho que alguém planeje algo assim, mas ver TK se segurando para não desabar havia destruído uma parte do meu alto controle. Eu a amava tanto, e sempre a vira como uma rocha para mim, para todos nós, nunca parecendo se abalar com nada, sempre pronta para todos, sempre no controle da situação, e agora se deixando levar por quem parecia ser a única pessoa que conseguia destruí-la, ou melhor, a primeira pessoa que fazia isso, já que agora o ruivo começava a demonstrar ter essa mesma habilidade. Não consegui me controlar, mas agora precisava explicar, sentia em meu peito que meus amigos, aqueles que eu amava como família, mereciam uma justificativa decente.

— Eu... Sinto muito TK, não queria chorar, mas agora... — engoli o nó que tinha na garganta, era minha hora de falar e tinha que fazer isso quer eu gostasse ou não. Mesmo assim me peguei querendo que Lysandre estivesse aqui, ele me dava a força que eu precisava e nem sabia. — Eu te amo TK, e lembro dos dias que te ouvia chorar, quando seu pai havia ido embora e você não sabia o que fazer, como conduzir sua vida. Eu estava aqui, assim como Dake, e nós nunca saíamos do seu lado por muito tempo, acho que por medo de como você reagiria. Porém você superou, um dia após o outro você foi se tornando nossa rocha, foi dando rumo à sua vida e quando começou a correr e decidiu que arrumaria a casa para todo mundo morar junto, abriu mão de parte do seu conforto para ter todos confortáveis... — engoli o nó novamente e encarei TK, ela tinha lágrimas no rosto, mas me olhava com tanto carinho que me segurei para não a abraçar novamente. — Eu acho que você é forte o bastante para encarar seu pai sozinha, mas nós vamos estar lá para você. — conclui, e para minha surpresa, o abraço que recebi veio de Dake, que me segurou em seus braços por um tempo.

E então todos estávamos nos abraçando, em uma roda gigante, onde eu era o centro. Fechei os olhos, guardando esse momento na memória, guardando o fato de que o amor podia ser assim e não doer ou machucar, às vezes eu precisava dessa confirmação. — Gente, esse é um dia histórico, acho que nunca vi a Ty falar tanto. — Armin soltou, o que fez todos começarem a rir e se afastarem, voltando para os sofás, dessas vez me sentei entre TK e Dake, e ela segurou minha mão em seu colo. — Bem, acho que decidimos ir então? — ela perguntou, e todos assentimos em resposta, mas ao invés de um sorriso, como eu esperava, seu rosto se transformou em uma careta. — Só temos um problema. O casamento é no sábado, e a temporada de corridas começa no domingo, vamos ter que nos planejar, as primeiras sempre valem mais. — assentimos e então iniciamos outro assunto, sobre as corridas, e voltei a ficar em silêncio, pensando.

Não precisei de segundos para que olhos bicolores surgissem, Lysandre, sempre em meus pensamentos desde que nos conhecemos. Já havia passado um mês praticamente, eu não o tirava da cabeça, pior, não conseguia me distanciar, mesmo que tudo dentro de mim temesse por uma paixão. Ainda me lembrava do quanto o amor podia nos machucar, mas ainda assim, aqui estava eu, amando minha amiga, que sem que soubesse me ensinou que sentimentos assim devem ser sentidos e não evitados, mas então porque eu tinha tanto medo do que sentia por Lysandre? Porque parecia que se eu me deixasse levar me magoaria, ao mesmo tempo que essa era a coisa que eu mais desejava? Pensei na noite do show, quando me levou até a sala de música e ficamos lá, conversando, sobre poemas, músicas, livros... Nada pesado, nada de família, só assuntos leves, só coisas que me atraiam mais.

E então teve o beijo, o toque lento e macio de seus lábios contra os meus, seus dedos acariciando a pele de meu rosto, como se sentisse medo que eu quebraria. E logo depois veio o fogo, que ardeu em minha pele me fazendo afastar rapidamente, arrebentando meu vestido no caminho. O fogo não existia, não mais, mas o medo quase o tornava tocável, quase capaz de me incendiar, de acabar com a minha existência. Lembro que seus olhos se encheram de medo, mas então, para minha maior surpresa, ele me abraçou, forte, e por alguns segundos esqueci que existia um passado, um futuro, um presente, eramos só nós dois.

A camiseta que me emprestou estava agora guardada em minha gaveta, e seu cheiro parecia impregnado não apenas nela, mais também em mim, como se nunca conseguisse me ver livre de sua presença enquanto eu vivia. — Ty, precisa ficar sozinha? — a voz de TK me chamou de volta, e encarei seus olhos azuis, que me olhavam preocupada. A reunião já havia acabado e todos se retirado da sala, só restando nós duas. Percebi que vozes vinham da cozinha e ao pensar em encara-las o desconforto me atingiu, só queria ficar com ELE, não com os outros.

Me coloquei de pé e assenti rapidamente, mas antes que alcançasse a escada, TK pegou minha mão e me forçou a parar. Virei para encara-la e encontrei um sorriso. — Obrigada, por hoje, por tudo, eu amo você. — meu sorriso veio involuntariamente, e então a abracei, retribuindo seu amor. — Vou pedir para que ele te encontre. — não precisou falar mais nada para que eu entendesse, mesmo sem saber como ela fazia isso e adivinhava quem mais queríamos ver. Assenti e andei até meu quarto, parando ao alcançar o topo das escadas, me decidindo no ato que preferia sair à ficar ali, passando do cômodo para pegar minha chave e voltar em seguida, encontrando Lys me esperando.

POV Lysandre

Mais cedo naquele dia eu havia passado o dia escrevendo canções, mas em nenhuma conseguia deixar o nome Faelicity de fora, parecia impossível para meu cérebro não pensar nela, não desejar tê-la ali, nem que fosse para ouvir sua voz ou sentir seu cheiro, nem que não conseguisse realizar minha vontade de toca-la, esse sendo meu maior desejo, poder tê-la em meus braços, leva-la até o esquecimento, limpar sua mente para que só minha imagem restasse, minha com ela, uma imagem de nosso corpos unidos em um só.

Mas esses foram apenas os pensamentos que me distraiam de tudo, já que nem ao menos mensagens nós trocávamos, ela parecia se recusar a me ver, ao menos que realmente sentisse minha falta. Por dentro meu desejo era me irritar, mas por fora, só de ler as palavras que escrevia já me colocava a caminho de onde é que fosse requisitado, apenas para que conversássemos, dessemos as mãos ou nos abraçarmos, até mesmo beijos sendo raros. Por dentro desejava poder cura-la, tirar de si os pensamentos obscuros, preenche-la com a luz que dizia ver em mim. Se ao menos fosse possível...

— Lys, posso falar a sós com você? — era Cast, nós estávamos na casa do bando, o lugar que mais me animei de visitar na vida, e a pequena reunião havia acabado, a decisão de ir sendo unanime, apenas por um pequeno porém: eu precisaria de um convite à mais. Não havia dito nada antes da reunião, mas assim que me vi cercado pelas pessoas que mais confiava contei sobre Leigh, meu irmão mais velho, que havia acabado de voltar de Londres, depois de dois anos estudando moda, o verdadeiro motivo de sua partida sendo para esquecer a ex-namorada. Castiel havia me orientado à falar com TK, mas agora que todos saíam me chamava de volta, o encarei confuso. — Está tudo bem? — perguntei atravessando a cozinha para encontra-lo.

Ele tinha os olhos tristes, escondidos por uma máscara típica de Castiel, que refletia os sentimentos dos outros à sua volta. Essa máscara nunca havia funcionado comigo, e desde que conheceu TK não o vi usando, mas agora parecia precisar. — Quando for falar com TK pode explicar que tive que sair? — pediu, e minha expressão se tornou mais confusa, ele suspirou. — Tenho que resolver uma coisa com Liv, eu havia planejado contar para TK hoje, mas acabei me perdendo nos assuntos. Agora... — ele não precisou falar mais, eu sabia sobre o que tratava, e até mesmo me amaldiçoei por não ter pensado sobre isso, a turnê sendo um assunto de extrema importância, então assenti com a mão em seu ombro, uma forma de lhe mostrar meu comprometimento com o simples pedido, e o avistei sair pela porta dos fundos.

Nem um minuto depois TK entrou na cozinha, seu rosto se iluminando ao me ver, o que surpreendeu. — Preciso falar com você. — Ela pediu, andando em minha direção, arrancando um sorriso de meus lábios involuntariamente, pela expressão doce que tinha no rosto. — Eu também, mas pode começar. — expliquei, e seus olhos expressaram confusão. — Talvez seja melhor falar antes então, eu pretendo despacha-lo. — apesar disso sorriu divertida, e por um segundo entendi o que Castiel havia visto nela, já que nunca encontrei alguém que conseguisse me deixar mais à vontade em um lugar que não era meu. — Não é nada, só Castiel que pediu para avisa-la que saiu com Lívia. Acho que para resolver algo dos shows. — expliquei rapidamente ao ver sua expressão se fechar.

Não queria contar sobre a turnê, mas ao mesmo tempo que não gosto mentir, então deixei que tirasse as próprias conclusões. Ela então pareceu surpresa. — Tem razão, eu não havia pensado nisso, vocês tem shows no fim de semana não é mesmo? Eu entenderia se não fossem, não era preciso fazer isso por mim. — sorri para ela e toquei em seu braço, tombando a cabeça para o lado quando me encarou. — Tenho certeza que ele não se importa de fazer um simples sacrifício por você, nenhum de nós na verdade. — ela assentiu lentamente, um sorrisinho voltando ao seu rosto, imaginei que ao pensar em meu amigo. — Obrigada.— sussurrou para mim, e então olhou por sobre o ombro, como se lembrasse que tinha um tempo para falar, sorriu para mim novamente. — Ty esta te esperando lá em cima, ela acabou de fazer algo incrível na sala, então acho que precisa de um momento com alguém que a acalme. — falou finalmente, respirando fundo antes de continuar. — Eu vejo o bem que tem feito para ela, e sou eternamente grata por isso, mas por favor, se não sentir que não da conta de ter alguém tão... Incrível como minha amiga, não a iluda, é alguém muito especial, e merece apenas o melhor que os sentimentos se pode ter por alguém. — seu pedido/bronca me pegou de surpresa e não me contive em abraça-la, a soltando em seguida. — Não se preocupe, sei o quanto Ty é amada, e não quero nada além do bem de sua amiga. — minha palavras pareceram acalma-la, então assentiu e apontou com a cabeça para a passagem para fora da cozinha. — Ela está te esperando, vai lá. — sorri e a deixei, encontrando Ty no topo da escada. Ela sorriu ao me ver e me mostrou suas chaves. — Pronto para conhecer um lugar importante? — assenti e a segui para fora.


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