Cinco Minutos escrita por Tonksine


Capítulo 1
Cinco Minutos




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/606044/chapter/1

- Você tem cinco minutos. - O guarda olhou para mim com reprovação enquanto proferia aquelas palavras, todos que sabiam da minha relação com o prisioneiro me olhavam com reprovação nos últimos dias. A guerra mudou muitas coisas, amizades foram desfeitas, famílias foram destruídas e eu, bem, eu me apaixonei por quem não devia. Aqueles minutos talvez seriam os mais difíceis da minha vida. Respirei fundo e entrei na cela.

Cinco minutos, um tempo muito curto, porém um filme passava em minha mente. Tanta coisa já tinha acontecido em apenas cinco minutos, mas seriam esses poucos minutos o suficiente para que eu expressasse tudo o que eu sentia? Teria que tentar, ser forte e prosseguir com minha missão. Olhei para o homem que estava deitado no chão, seus olhos estavam fechados, mas eu sabia que ele não estava dormindo, ele não dormia nem comia há dias e as consequências disso eram visíveis. Dei um passo a frente, ele abriu os olhos e sentou-se no chão. Seus olhos estavam sem o brilho que um dia tiveram e ele fitava o chão tentando não olhar pra mim.

- O que faz aqui? - seu tom era frio, senti meu coração de despedaçar um pouco.

- Queria te ver antes do julgamento. Precisava te ver. - Tentei me aproximar mais e tocá-lo, mas ele se afastou.

- Não precisava me ver. Saia. - Ele estava magro e pálido, os dias sem comer e dormir o deixaram com uma aparência terrível, olheiras profundas contornavam seus olhos cinzentos e seus músculos definidos não estavam mais lá. Eu sabia que seria doloroso vê-lo daquela forma, tão vulnerável, mas eu percebi que quem mais sofria com aquilo era ele. Não era fácil para ele me deixar vê-lo fraco e abatido.

- Draco, eu... Me desculpa. - Lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto.

- Não é sua culpa Weasley, nada disso é. Estou nesta cela por culpa minha, apenas minha. - Weasley, ele só me chamava assim quando queria esconder o que estava sentindo, quando me queria longe dele.

- Não me chame de Weasley, não depois de tudo que vivemos. Eu sou sua Gina, você é meu Draco, somos um do outro. Nós nos amamos. - Eu sempre o amaria.

- Por favor, me esqueça. Vá viver sua vida e esqueça o que um dia aconteceu entre a gente, volte para o Potter, ele é o melhor para você. - Mais lágrimas escorreram dos meus olhos.

- Eu sou a única que decide o que é melhor para mim, o que me fará feliz. Você me fará feliz Draco, eu sei. É você quem amo, não o Harry, não mais. - Era a realidade, meu coração pertencia a Draco Malfoy agora, um dia ele pode ter batido mais forte pelo Harry, mas quando tento pensar nisso parece ter acontecido num passado bem distante. Claro que seria mais fácil ficar com o Harry, ele me amava e minha família o aceitava, mas não era o que eu queria.

- Eu sou um homem morto, Gina. - Eu já não conseguia enxergar, meus olhos estavam embaçados com as lágrimas. Me encostei na parede e escorreguei até sentar no chão enquanto lutava inutilmente contra mais lágrimas. - Sou um comensal da morte, meu pai foi um comensal da morte, você acha que tenho chance? Porra, eu me envolvi diretamente com a morte do Dumbledore, eu não tenho salvação, desista de mim de uma vez e sofra menos.

- Por favor Draco, não diga isso, - falei em meio aos soluços - papai vai interceder por você, o Harry também, todos reconhecem que você mudou. Todos sabem que não teríamos ganho a guerra sem sua ajuda. Você é um herói nessa história, não um vilão.

Draco riu com amargura e pela primeira foi capaz de olhar nos meus olhos. Enxuguei as lágrimas que finalmente pararam de cair e o encarei. Muitas coisas podem ser ditas apenas com um olhar, principalmente quando há uma conexão entre duas pessoas e eu podia sentir que ainda estávamos conectados. Ele ainda me amava e sabia que eu sentia o mesmo, mas sofria com isso tudo. Draco estava arrependido de ter feito escolhas erradas, de ter tentado agradar o pai da pior maneira. Ele sofria pela mãe que ele acreditava estar em outra cela como aquela aguardando julgamento. Ele sofria por ter me feito promessas que não poderia cumprir, por ter me feito amá-lo.

- Gina, eu errei. Mereço ser punido por isso, quero ser punido. Não sei qual será minha sentença, mas pretendo cumprir sem reclamar. Causei dor a muitas pessoas, agora eu que terei que sentir dor.

- Não tem que ser assim… - Voltei a chorar. Era difícil evitar, eu sabia que nosso tempo junto estava acabando e que talvez nunca mais pudesse vê-lo. Abaixei o rosto, não conseguia mais olhá-lo.

- Infelizmente é assim que deve ser, Gina. Me desculpa, por tudo que fiz de errado com você. Queria poder voltar no tempo e mudar o passado, mas não posso. Terei que conviver com as consequências das minhas escolhas. - Me surpreendi quando seus dedos tocaram meu rosto, ele estava tão próximo de mim, queria poder congelar aquele momento para sempre.

- Draco, eu te amo, saiba sempre disso.

- Eu sei. - Ele me beijou, um beijo simples, rápido. O suficiente para eu saber que ele me amava também.

- Draco… - Respirei fundo, tinha que reconfortá-lo de alguma maneira - Eu sei que está preocupado com sua mãe, mas não precisa. - Ele ficou confuso por uns segundos. - Sua mãe foi julgada ontem a tarde, ela foi considerada inocente.

- Inocente? Como isso é possível? - Ele ainda estava confuso, mas parecia que um peso saíra dos seus ombros.

- Não importa como, só importa que é a verdade, sua mãe é inocente e você também. - Ele riu mais uma vez.

- Eu não sou inocente, minha mãe é, mas eu não. Fiz tudo que me trouxe até aqui por escolha, não fui forçado a nada. Serei considerado culpado, você não pode evitar isso. - Eu não tinha mais forças para segurar as lágrimas, chorei feito um bebê, solucei, fiquei com falta de ar, só consegui me sentir bem quando ele me abraçou. - Ei, ruivinha, não chora, vai ficar tudo bem. Mesmo que eu morra ou que tenha que ficar em Azkaban para sempre você ficará bem.

- Não ficarei bem longe de você. Nunca. - Seus olhos estavam cheios d’água, ele tinha mais sucesso em segurá-las que eu.

- Fique bem, por mim. Vou precisar de você para cuidar da minha mãe enquanto eu não puder. Você faz isso por mim? - Eu confirmei com a cabeça. - Prometo que se eu não pegar prisão perpétua ou pena de morte me manterei forte por você.

- Promete? Você vai se alimentar direito? Se manter saudável?

- Vou sim, mas você me promete uma coisa também? Promete que não vai me esperar? Promete que vai seguir sua vida independente do que aconteça comigo?

- O tempo acabou. - O guarda abriu a porta da cela bruscamente, os cinco minutos chegaram no fim. Me levantei sem tirar os olhos dos olhos dele. Não sei como iria conseguir viver sem aqueles olhos cinzas que uma vez me encheram de esperanças, não sei como conseguiria viver sem meu loiro irritante, mas teria que tentar, por ele.

- Vou tentar, meu amor. Prometo. - Saí da cela chorando. Se eu iria voltar a vê-lo algum dia era uma incerteza, mas meu coração dizia que a história de Gina Weasley e Draco Malfoy não estava terminada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!