O sol já havia nascido há algumas horas, quando Emma Overland saiu de casa, estava um pouco frio o que possibilitava ela de usar o seu vestido preferido, por mais que ele traga más lembranças. Algumas pessoas já estavam fora de suas casa para trabalhar ou pegar algo para o café da manhã, ela cumprimentava todos, sempre foi bastante educada e alegre, mesmo que nunca mais tenha dado o sorriso verdadeiro que encantava a todos.

Já fora dos limites de sua pacata e humilde vila, ela seguiu por uma trilha já bem conhecida por ela.

Emma e seu irmão o percorriam todo inverno para patinar em um lago congelado. Chegando ao lago, lembranças começaram a invadir sua mente, enquanto ela sentava na beira da água congelada pelo frio e abraçava os joelhos.

O irmão brincando de pega-pega com ela e suas amigas quando tinha 10 anos, agora ela tinha 15 e não conversava tanto com as antigas amigas. Lembrava também de quando seu irmão contava histórias às crianças da vila, igual a mãe quando mais jovem; e enquanto narrava os contos incríveis tentava imitar os personagens.

E então a lembrança, a memória, o episódio mais doloroso de sua vida, o que deixou Emma depressiva por semanas, até meses.

*FlashBack On*

Ela e o irmão estavam saindo de casa, este último com patins de gelo, os dois iam ao lago que ficava congelado no inverno, o que dava um belo espaço de patinação.

-Tomem cuidado! – pediu a mãe os olhando de modo carinhoso.

-Pode deixar mãe. – falou em resposta sorridente, ele amava neve e gelo, Emma não sabia como, o irmão era indecifrável.

Todo inverno percorriam o mesmo caminho e este não foi diferente, logo já estavam no lago, depois de calçar os patins o irmão ajudou ela a se levantar, já ele estava descalço, dizia que os patins apertavam seus pés.

Depois de andar foram patinando e brincando até o centro do lago. O irmão distraído com alguma coisa a deixou patinando perto dele, quando escutou o som de algo se rachando, preocupado coma caçula ele olhou em sua direção vendo o gelo se partindo abaixo dos pés da irmã.

-Tá tudo bem, ta tudo bem. Não olha pra baixo, olha pra mim. – ele falou olhando-a preocupado.

-Jack, eu to com medo. – Emma fala olhando pro seu irmão mais velho e rapidamente para o gelo, que rachou mais.

-Eu sei, eu sei. – ele respondeu dando um passo em sua direção, mas o gelo trinca abaixo de seu pé, ele dá um sorriso tranqüilizador. – Mas você vai ficar bem. Você não vai cair... Ah, em vez disso a gente vai se divertir.

-Não, não vamos. – Emma exclama.

-Já enganei você?

-Sim, você ta sempre me enganando. – grita chorosa.

-É, é, m-mas, mas não dessa vez, não dessa vez. Você vai ficar bem. Acredita em mim. – ele fala calmo. – Você quer brincar comigo? Vamos pular amarelinha, que nem a gente faz todo dia!

-É fácil olha! Um. – ele continua a frase e dá um passo pro lado, rachando o gelo, ele faz uma cara preocupada, mas disfarça fingindo se desequilibrar e roubando um riso da irmã. – Dois. Três!

Ele já estava em uma parte segura e pegou um pedaço de madeira encurvado na ponta.

-Sua vez,vem, eu vou pegar você.- ele se posiciona para pega-la. – Um, dois, três!

Ele rapidamente a pega pela cintura a jogando com força. Ela levanta o rosto enquanto ele fica de pé, eles começam a rir, e antes que possam fazer algo, o gelo em baixo de Jack cede.

-JACK!

*FlashBack Off*

Com essa última lembrança Emma levanta, seca as lágrimas que banhavam seu rosto e vai embora.

60 anos depois

Uma idosa andava pela trilha que levava a um antigo lago de sua infância, essa idosa era Emma, que aos 75 anos estaria saudável, se não estivesse doente, os curandeiros da vila não conheciam a doença. Mesmo fraca Emma continuou seu caminho, precisava visitar seu irmão, sozinha pela última vez.

Passou em frente ao lago e o momento veio em sua mente, junto de quando trouxe sua filha ali pela primeira vez. Ela continuou andando, até ser possível avistar um pequeno morro e em seu topo uma lápide.

Ela subiu esse morro e se ajoelhou em frente ao objeto, lágrimas já lhe invadiam os olhos, em cima ao nome do falecido a imagem do cajado que ele usou para salva-la, e o que mais tarde se tornou a maior arma de Jack Frost nas histórias em que a garota contava para as crianças. Com 20 anos Emma já contava histórias para as crianças igual a mãe e o irmão, estas cujo eram sobre os Guardiões, aqueles que protegiam as crianças de todo o mau, e também sobre o seu novo integrante, um garoto de cabelos brancos e olhos azuis, que levava a diversão, além dos narizes congelados dos rapazes que tentavam se aproximar de Emma, daí as crianças falavam que deviam se agasalhar.

Emma em sua cabeça imaginava que o irmão estava em um lugar melhor; quando percebeu já era noite, mas não queria ir embora precisava passar mais um tempo com o irmão. A lua já aparecia no céu e o frio estava presente, assim como a neve, e se abraçando, tentando espantar o frio percebeu que o frio a encobria, mas não de forma cruel e mortal, e sim de forma carinhosa e fraternal como se quisesse a esquentar, mas ainda era frio.

E assim se lembrou de seu último diálogo verdadeiro com o irmão, quando ele ainda ara vivo, quando ele falou algo para acalmá-la.

“-Você vai ficar bem. Acredita em mim.”

E se abraçando mais ela disse:

-Eu acredito em você Jack.

E segundos antes de fechar os olhos ela viu olhos azuis como o mais puro gelo e cabelos tão brancos quanto a nave ao seu redor. E em cima do morro, encostada na lápide de Jackson Overland, sendo abraçada por Jack Frost seu irmão renascido pelo Homem da Lua.

Emma Overland Frost deu seu último suspiro.