Deusa de Pedra escrita por RaiscaCullen


Capítulo 9
Capítulo 9




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Logo após a cerimônia, tinham ido para um hotel, onde houve a recepção. Foi então que Bella ficou conhecendo os outros convidados, cumprimentando um por um. Devido a anos de pratica, conseguiu conservar seu mais belo sorriso, o mesmo que daria a seus passageiros de primeira classe.

Na viagem de volta a Paris, o casal permaneceu em silencio. Ela por não saber o que dizer; ele, por logo depois que entrarem no carro pegou uma pasta com papeis e começou a lê-los e estuda-los.

O avião estava descendo para fazer a aterrissagem numa ilha coberta de vegetação, parecendo uma esmeralda incrustada no mar muito azul. Com um leve toque dos pneus no chão, Edward dirigiu o aparelho para um hangar.

Descendo do avião, eles se dirigiram para um carro que os esperava. Bella constatou que ali estava mais quente do que em Paris.

Entretanto no carro, Edward partiu imediatamente, sem esperar pelas bagagens; ele parecia ter pressa de chegar a casa.

A casa era grande, térrea, quase a beira do mar. Arvores copada forneciam sombra, deixando a temperatura ideal; por todos os lados havia profusão de flores, que não só deliciavam os olhos como perfumavam o ambiente.

Edward parou em frente à porta e, virando-se para Bella, sorriu feliz.

– Seja bem-vinda a Akasia.

Uma das empregadas levou Bella ate o quarto que estava decorado no mais autentico estilo grego. Havia uma cama grande, de madeira trabalhada, e sobre ela uma colcha feita à mão, que devia ser uma peça tradicional.

Assim que a bagagem chegou, Bella trocou de roupa, pondo um vestido leve, pois fazia muito calor. Foi para a sala, onde Edward a esperava; ele também tinha vestido roupas mais esportivas.

– Ainda é um pouco cedo para jantarmos. Gostaria de conhecer o resto da casa? – ele perguntou com um sorriso.

– Gostaria muito.

– Não é muito grande, embora meu pai tenha feito reformas nela. Foi minha avó quem primeiro construiu a casa.

– Sua família é tradicional da Grécia?

– Na verdade, não. Pelo lado do meu pai, há duas gerações atrás eram todos pescadores. Nunca se soube exatamente como ficaram ricos... Dizem que foi por terem descoberto um tesouro no mar. – Edward deu uma gargalhada gostosa. – Meu avo já começou a se dedicar ao transporte de cargas por navios, até que meu pai, então um noveau-riche, casou com uma francesa de família nobre. Isso me faz ser parte pescador, parte aristocrata. Qual das duas metades você prefere?

A pergunta foi tão inesperada que Bella nem sabia o que responder.

– Acho meio difícil dizer... Na verdade, mal o conheço.

– Tem razão. Devo lhe fazer essa mesma pergunta quando chegarmos ao fim do nosso... Contrato.

Edward mostrou a casa toda a Bella. Na cozinha, apresentou-a á cozinheira, uma grega gorda e simpática. Foram até a sala de jantar, cujas janelas se abriram para o centro da ilha, podendo se ver um pouco das elevações suaves e arredondadas. Havia ainda dois outros quartos, num dos quais Bella viu as malas de Edward.

Saíram e caminharam pela areia fofa; depois seguiram por um caminho inclinado que acabava dando numa estrada que seguia paralela a praia.

– Esta estrada leva até um vilarejo, Limani, onde os empregados da casa moram.

– Este vilarejo é aquele que vi do avião cheio de barcos de pesca?

– Não. Você viu a vila de Akasia, muito maior. É um porto de pesca e a maioria doa habitantes da ilha moram lá.

Eles andavam lado a lado e Bella percebeu feliz, a mudança nas atitudes de Edward. Era como se ele tivesse deixado às responsabilidades do lado de fora da ilha; parecia mais jovial, alegre, descontraído.

Passaram então pelas ruínas de um templo. No meio dessas colunas havia uma estatua de uma deusa grega, feita em mármore branco; a deusa tinha os braços estendidos em atitude de suplica e suas roupas deixavam um dos seios descoberto.

– Quem é ela? – Bella quis saber, interessada, enquanto chegava mais perto.

– Afrodite, a deusa do amor e da fertilidade; a mesma que os romanos chamam de Venus. – Edward olhou para Bella enquanto ela dava a volta na estatua, examinando-a de todos os ângulos. – Ninguém sabe quando essa estatua foi colocada aqui, mas presume-se que tenha sido ha centenas de anos. Existe uma lenda que diz que, se um homem ou uma mulher ama alguém sem ser corespondido, basta fazer uma oferenda a Afrodite, que seu amor será retribuído. Há outra lenda, ainda que diz que se um casal fizer amor aqui, aos pés da deusa, eles terão um filho no prazo de um ano. Claro que isso é inevitável! – ele acrescentou em tom seco.

– Aposto que foi um homem que inventou essa ultima lenda. – Bella comentou sem olhar para ele.

Edward deu uma de suas gargalhadas gostosas. Como ele parecia diferente daquele homem serio e prepotente que ela conheceu há tão pouco tempo em Paris. Talvez estar na Grécia o deixasse mais a vontade, em Paris ele tinha que conservar sua imagem de executivo poderoso e consequentemente ser mais sofisticado.

– Vamos voltar? – ele sugeriu.

Com muita pena, Bella deixou o templo.

Jantaram a luz de velas e Bella não conseguiu relaxar; Edward parecia estar atento a cada um de seus gestos e isso a deixava preocupada.

Será que ele esta me examinando, para ver se minhas maneiras a mesa estão de acordo com seu padrão de vida?; ela se perguntava. Edward mantinha o copo dela sempre cheio do delicioso vinho grego, mas Bella mal se dava conta do que comia ou bebia; o ambiente lhe parecia tenso e hostil.

– Que espécie de reunião você costuma dar? – ela perguntou para iniciar uma conversa.

– Na maioria das vezes dou jantares, em que são convidados de dez a vinte e cinco casais.

– Isso vem a serem cinquenta pessoas! Mas em seu apartamento de cobertura não cabe tanta gente para um jantar com lugares a mesa. Faz jantares tipo americanos?

– Não, para essas reuniões eu tenho uma casa nos arredores de Paris. E tenho uma casa também aqui na Grécia, perto de Atenas, onde recebo os amigos.

– Compreendo. – Mais uma vez, a imensidão das posses de Edward eram superiores ao seu poder de imaginação. Por um momento ela ficou quieta, depois continuou. – Onde é o lugar em que realmente mora?

– Não tenho um lar permanente, minha casa é onde estou. Prefiro ter uma casa em cada um dos lugares onde tenho que estar do que ficar em hotéis, onde tudo é tão impessoal. Se pudesse escolher, aqui seria o meu lar. Mas só em raras ocasiões consigo tempo livre para ficar aqui.

– O que é uma pena! Tudo aqui é tão lindo!

– Parece que notei um pouco de tristeza em sua voz! – Havia ironia em sua maneira de falar.

– É que me pareceu que sua vida é um tanto solitária!

– Guarde sua piedade para si mesma. – seu tom era duro. – Levo a vida que quero viver e jamais, entendeu bem, jamais ela é solitária. Tenho sempre a companhia que quero e quando eu quero.

– Acho que você tem razão. – ela respondeu, pondo um fim no assunto que ameaçava se tornar desagradável. – Se me der licença, vou para o meu quarto. Foi um dia bastante agitado e gostaria de descansar.

Enquanto ela se levantava e se dirigia para a porta. Edward permaneceu sentado, revirando o copo entre os dedos.

Bella apagou as luzes, deixando somente o abajur da cabeceira ligado, abriu bem as cortinas e ficou olhando o mar enquanto escovava os cabelos.

Nesse instante, Bella ouviu uma batida na porta do quarto, devia ser a empregada.

Ela. – disse, dando ordem para que a moça entrasse. No mesmo instante ficou gelada, vendo que quem abriu a porta era Edward.

Devagar ele entrou e fechou a porta as suas costas; estava de pijama e tinha por cima um robe de seda azul-marinho.

– O que quer? – Bella perguntou num fio de voz.

Edward levantou as sobrancelhas e num tom muito cheio de malicia disse:

– Pensei que isso fosse obvio.

Ela sentiu que o chão sumia sob seus pés; não conseguia nem falar de tão indignada.

–Não pode imaginar que...

– Não só imagino como tenho certeza! – Ele foi ate o terraço, pegou-a pela mão e a fez entrar, fechando a porta.

– Esta muito enganado! Ficou combinado que teríamos apenas um compromisso de negócios e isso não inclui ir para cama com o chefe!

– Não seja tão ingênua! Achou mesmo que eu não ia consumar o casamento? Já deve ter andado muito por ai, por isso pare de bancar a inocente.

Bella tentou fugir, correndo em direção à porta. Mas Edward foi mais rápido e a segurou-a pelo braço, fazendo-a encara-lo.

– O que é que há? Não estou sendo bastante romântico para você? Ou é do tipo que precisa ouvir de um homem dizer o quanto a ama antes de ir para a cama com ele? Gostaria de ouvir, mesmo que isso não signifique nada? Se for isso o que quer...

Ele abraçou-a, segurando-a firme com uma das mãos enquanto a outra procurava a curva macia de seus seios.

Chérie... – ele começou – je t’adore.

– Não! – Bella gritou, indignada, sentindo-se ultrajada. – Não quero você, não é capaz de entender isso? Meu deus acha mesmo que teria concordado em casar com você, se soubesse que era isso o que pretendia? – ela procurou falar com a voz macia, calma e fazê-lo compreender que estava com a razão: - Edward, por favor! Lembre-se de que sou apenas a pessoa a quem contratou para receber seus amigos e clientes. Só isso! Lembre-se de que aceitei casar com você apenas para pagar a divida de Jasper! Casei porque seriamos marido e mulher só no papel, sabe disso! E pretendo que o casamento se limite a isso!

Edward olhou-a com raiva nos olhos.

– Espera que eu acredite nisso? Ou você é muito ingênua, ou então uma atriz excelente, e estou achando que é a ultima hipótese é a mais certa!

Deu uns passos pelo quarto, para depois parar perigosamente perto dela. Bella começou a recuar até que teve que parar, pois já estava com as costas contra a parede. Edward se aproximou mais, segurou-lhe o queixo entre as mãos e forçou sua cabeça para trás ate que ela foi obrigada a olha-lo.

– Pensa que não sei o que esta tentando fazer? Achou que eu não ia consumar o casamento e que assim você teria uma oportunidade excelente de tirar bastante dinheiro de mim, não é? O que é que tinha em mente? Esperar umas semanas e depois criar um escândalo, dizendo que eu não agira como homem e não tinha sido capaz de consumar nosso matrimonio? O que ia fazer? Chamar a imprensa e prestar declarações? – com ódio na voz e nos olhos, ele prosseguiu: - Você é tão desonesta e vigarista como seu irmão!

– Não é nada disso! Nada do que falou é verdade! – seus olhos estavam arregalados. Como ele podia pensar coisas tão horríveis a seu respeito? – Edward, por favor, me acredite! Nunca me passaria pela cabeça fazer esse tipo de coisa contra você. Juro que jamais agiria assim. – as lagrimas transbordaram de seus olhos e escorreram pelo seu rosto, enquanto ela ficava em frente ao marido, em atitude de suplica.

Vagarosamente Edward a soltou e ficou um pouco afastado, a respiração rápida e irregular. Parte do ódio parecia ter desaparecido, mas ele permanecia frio e distante.

– Acredite ou não em você, não vou me arriscar a um escândalo. Preferia que viesse para mim, por vontade própria, mas, se não quiser, serei obrigado a possui-la a força.

Bella permanecia encostada na parede, as lagrimas rolando, pequenos soluços assustados partindo de sua garganta. Como ela não respondeu, Edward continuou:

– Vou lhe dar até amanha a noite, para se acostumar com a situação. Mas não pense que vou mudar de ideia, Bella. Quando eu vier procurá-la, não quero ser recusado.

Assim que Edward saiu do quarto, Bella correu para a porta para tranca-la; mas, para seu desespero, não havia chave. Ela ficou olhando para a porta, sem poder acreditar. Nunca se sentira tão desprotegida na vida. Foi até a cama, sentou-se, mas tinha os ouvidos atentos para não permitir que ele entrasse outra vez. Nem que tivesse que ficar encostada na porta, não o deixaria entrar. E isso adiantava alguma coisa? Edward era muito mais forte do que ela e só com um empurrão já estaria dentro do quarto. Bem, precisava acreditar na palavra dele de que naquela noite não tentaria nada.


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