Stronger What Doesnt Kill You escrita por Hugh


Capítulo 40
Dias Bons e Dias Ruins




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/605946/chapter/40

Queridos Pais

Os dias foram se passando, depois da morte de Sally, por incrível que pareça Percy não se mostrou desanimado ou triste. Quando fomos até o orfanato não tocamos nesse assunto com Emma, porque sabíamos que ela já conhecera Sally e ficaria muito mal se descobrisse que ela se fora.

Na faculdade Percy não se demonstrou 'acabado'. Se deu muito bem, nas primeiras provas e participava das aulas com entusiasmo. Clarisse não tocou no assunto, porque ela sabia que ele estava tentando ser o mais forte possível, mas ela nem precisou se esforçar para isso, pois ficava falando sem parar de um garoto que fazia Enfermagem, Chris Rodriguez, era o nome dele. Pelo que ela dissera, os dois saíram naquela semana, e aparentemente tinham sentimentos fortes um pelo outro.

Mas, antes de continuar, queria me desculpar com vocês dois por não ter escrito nenhuma carta por esses meses. Eu sei, eu sei, três meses são muita coisa. E se vocês estivessem aqui com certeza iriam me dar uma bronca, mas a verdade, é que eu estive ocupada esse tempo.

Tenho que estudar para a faculdade, as poucas vezes que vejo Thalia e Nico, aproveito e converso com eles sobre tudo que aconteceu e tals. Todas as sextas eu e Percy vamos no orfanato ver Emma, e as outras crianças, além de ter que levar ela no médico uma vez por mês. E se vocês se esqueceram eu trabalho no Caking, e com sorte eu consegui que meu turno ficasse só pra noite. E também tem Percy, por mais que ele não demonstrasse, ele estava triste com a morte da mãe, então o pouco - muito pouco - tempo livre que tenho, passo com ele.

Sempre vamos na casa um do outro, e isso é bom, mas alguns dias atrás eu pensei que seria legal morarmos juntos. Quer dizer, ele mora sozinho...eu moro sozinha...somos namorados.... então tenho pensado em falar pra ele, mas fiquei com medo que ele não gostasse da ideia, ou que achasse ridícula ou coisa assim.

Mas toda noite tenho pensado como seria bom...

Dormiríamos abraçados, e todos as noites eu me sentiria protegida por seus braços fortes. Poderíamos chamar Emma pra ficar conosco, e brincaríamos o dia inteiro. Nos fins de semana, deitaríamos no sofá e veríamos filmes debaixo das cobertas, abraçados.... ah... isso seria muito bom!

Então eu decidi falar. Afinal, o máximo que pode acontecer é ele falar não.

Quando saímos da faculdade, como era dia de ele dirigir ficaria bem mais fácil falar. Se fosse eu, com certeza o carro capotaria.

–Percy? - chamei

–Hn..- ele murmurou

–Eu estava pensando esses dias... - eu meio que me embolei um pouco pra continuar

–E..? - Percy riu

–E... - sim eu estava com medo dele não gostar. Mas sabe, que se foda! - Eu estava pensando se você não queria morar comigo, assim quem sabe ficaria bem mais fácil de nos vermos, sem ser na faculdade!- esbravejei. Pude perceber que ele não se espantou com isso, só parou o carro, já que já tínhamos chegado na minha casa

–Você quer que moremos juntos? - Percu perguntou sorrindo

–É, eu não sei se você acha uma boa ideia, mas eu acho. Afinal, com a faculdade, fica difícil de ficarmos juntos. Então se morássemos no mesmo lugar, poderia ser mais fácil... - disse nervosa - ...O que você acha?

Percy não disse nada durante uns cinco minutos, na minha opinião muito longos, pra cinco minutos. Então finalmente quando eu achei que ele iria falar alguma coisa, ele saiu do carro, e foi em direção a casa dele. Não sabia o que isso significava, mas a tarde quando eu estava estudando para uma das provas, a campainha tocou, e eu como uma anti-social, não fazia ideia de que maluco iria na minha casa.

Mas quando abri, tive uma surpresa.

Percy...!

Ele estava segurando uma caixa e havia mais umas quatro no chão atrás dele.

–O que está fazendo? - perguntei - E o que são essas caixas?

–Você não queria que morássemos juntos? - falou sorrindo de orelha a orelha - Então! Me ajude a pegar as caixas.

Percy entrou e subiu as escadas, enquanto eu, atônita, ainda olhando para o nada na porta, não conseguia tirar o sorriso do rosto. Moraríamos juntos, e isso era a melhor coisa que havia me acontecido naquele dia.

Sai do meu transe, e fui pegando as caixas, onde estava os pertences de Percy. Roupas, retratos, cadernos, violão, essas coisas.

Subimos juntos rindo, e conversando. E quando acabamos de colocar tudo no lugar, nos jogamos na cama, olhando para o teto, somente ouvindo a respiração um do outro.

–Por que não me respondeu, quando perguntei se queria morar aqui?

–Porque eu queria te fazer uma surpresa, e pelo visto, deu certo não deu? - perguntou sorrindo

–Sim! - respondi feliz - Agora vamos, porque se você não lembra, ainda tem várias coisas na sua casa.

–Ok, vamos corujinha! - ele levantou e juntos fomos até a casa de Percy, que depois daquele dia, não era mais.

***********

–Por que não colocamos essa caixa no porão? - Percy perguntou e eu me assustei. Ele não podia ir no porão...não!

–Não, eu...acho que posso achar um lugar pra ela ficar, o porão não! - respondi rápido e pela sua cara, eu tinha certeza que ele havia desconfiado de alguma coisa.

–Ok, então porque não procura algum lugar pra por essa caixa? -questionou e eu assenti, levando a caixa nas mãos e subindo as escadas.

Eu me senti um pouco mal por esconder uma coisa dessas dele, mas o que tinha no porão? O piano, nunca havia falado disso com ninguém, nem com Percy, o piano tinha um grande significado para mim, e ele praticamente fez parte da minha vida. Mas essa parte já havia passado, e eu não devia pensar mais em tudo que aconteceu, seria ruim para mim. Percy podia estar até desconfiado, mas.... espere, eu havia o deixado lá em baixo sozinho. Argh! Como pude ser tão burra?!

Desci as escadas, rezando para encontrar Percy lá em baixo. Mas ele não era tão burro assim, ele havia descido até o porão. Me culpei mentalmente por ter caído nessa enquanto ia para o andar de baixo, onde havia o porão.

Quando cheguei, pude ver Percy sentado no banquinho, tocando algumas notas no piano.

–Não sabia que você tinha um piano! - exclamou surpreso - Por que nunca me contou?

–Por que... - travei - ..é que.. é meio difícil de explicar porque dele estar aqui...

–Tudo bem, não precisa me contar agora. - ele afirmou

–Não! - exclamei - Acho que você deve saber. - sussurrei ainda insegura e comecei - Quando eu era pequena, eu adorava ouvir minha mãe tocando piano na casa da minha avó. Ela não sabia que eu ficava a escutando, mas quando descobriu, ela me ensinou. Desde então eu tocava todos os dias, sempre tentando aperfeiçoar.

"Mas aquele piano não era nosso, e depois de um tempo, eu não conseguia ir lá todos os dias. Então um dia, especificamente, no meu aniversário, quando cheguei em casa, havia uma coisa grande coberta por um pano vermelho no meio da sala, e quando meus pais, que estavam cada um de um lado da 'coisa', retiraram o pano, eu quase desmaiei. Havia um piano, um piano novinho, perfeito. E literalmente todo santo dia, eu e minha mãe tocamos. Mas... ouve um dia em que meus pais viajaram, e como eu não queria ir, fiquei na casa da minha avó."

"No outro dia, eles ainda não haviam chegado, e quando eu estava vendo televisão, estava passando sobre a forte nevasca que havia tido em Washington, e eu lembrei que era pra onde meus pais haviam ido, mas eu não pensei que talvez pudesse ter acontecido com eles. Só á tarde, quando um policial veio nos avisar que o carro deles havia capotado, por causa da neve, e não conseguiram resistir. Desde então, eu nunca mais toquei piano, porque quando eu tentava, parecia que faltava alguma coisa. Porque eu não tocava se minha mãe não tocasse junto comigo, então, eu não toco mais."

Quando acabei, meus olhos já estavam um pouco úmidos, por lembrar de tudo aquilo, mas Percy continuava o mesmo de sempre. Não expressava absolutamente nada. Parecia processar tudo que eu havia dito.

–Nem sei o que dizer.... depois disso....tudo - ele disse derrotado. Eu ri.

–Achei que os dez minutos que você ficou aí, pensando, dariam alguma coisa - falei rindo de lado e ele também soltou uma risadinha

–Não é que, você nunca tinha me contado isso, então eu meio que fiquei surpreso - falou baixo e ficamos em silêncio - Sabe... - Percy pegou minha mão -..... eu não vou falar que sinto muito nem nada, porque acho isso muito falso, em vista das pessoas que falam isso. Mas quem sabe, você não possa me ensinar a tocar, quem sabe agora você não se sinta tão sozinha enquanto toca, quem sabe eu não complete esse espaço que falta?

O olhei incrédula. Percy parecia tão calmo em relação a isso. Não era fácil decidir isso, será que ele achava fácil....?!

–Acha que isso é fácil? - falei baixo mas com um pouco de nervosia - Pode parecer mas não é, e ninguém nunca vai tomar o lugar da minha mãe! - continuei no mesmo tom e subi as escadas em direção do quarto

Quem ele achava que era? Seu namorado!– minha consciência dizia. Mas não, eu não deixaria ele falar uma coisa dessas - sim, eu sou possessiva - a única pessoa que tocava comigo era a senhora, mamãe. Mas se estivesse aqui, com certeza diria que eu estou errada em descontar em Percy. Mas...porra.... ele praticamente se ofereceu para ocupar o lugar da mamãe! Não sua idiota, ele se ofereceu pra ficar ao seu lado quando tocasse piano, pra não se sentir tão sozinha!

Quando eu iria reprimir minha própria mente, Percy entrou no quarto e se sentou ao meu lado na cama.

–Ei, me desculpe por isso...- ele começou - Eu não deveria ter falado nada daquilo, só achei que você se sentiria melhor sabe? Não achei que te magoaria, então me desculpe. - Percy terminou e abaixou a cabeça.

–Tudo bem. - eu falei depois de um bom tempo - Sei que não falaria isso pra me magoar, fui eu que pensei em outras coisas, e praticamente coloquei as palavras na sua boca para culpá-lo. - falei e ele deu risinho fraco.

–Mas mesmo assim.... - Percy pediu - ...não quer me ensinar?

–Oque?

–Tocar piano! Sempre quis aprender. - falou entusiasmado

–Hmm, está bem. Eu te ensino. - disse e seu sorriso apenas aumentou mais ainda - Mas... você vai me ensinar a tocar violão, ok?

–Ok - Percy respondeu e sorriu, me beijando logo em seguida.

E continuamos assim até a noite. Não tocamos no assunto do piano nem nada, apenas ficamos deitados, ele com os braços em torno da minha cintura e eu com a cabeça escondida em seu peito. Era melhor do que tudo ficar assim com ele, nunca trocaria esses raros momentos que estou tendo com ele por nada. E por enquanto, eu não tinha nada do que reclamar da minha vida.

________________________________________________________________________________

Minha vida não podia estar melhor, a semana havia se passado, e hoje eu estava caminhando por um dor grandes parques de Nova York de mãos dadas om Percy. Ele também estava muito feliz, tanto quanto eu! Hoje visitaríamos Emma, não que la precisasse ir ao médico, mas sim porque mesmo não fazendo nem duas semanas que vimos ela pela última vez, estávamos com saudades.

Quando chegamos, havia um carro estacionado na porta, e pelo que senti, Percy também ficou tenso, quando percebeu o carro.

Entramos no orfanato, e vimos Emma. Ela estava com sua típica bermuda jeans, blusa azul de borboletas, e a presilha que dei a ela no Natal, mas a diferença era que que seus olhos, verdes, sempre alegres, estavam transbordando em lágrimas.

–Emma? - chamei-a. Foi quando ela se virou para mim, e seu rosto se iluminou de....esperança..!

–Mamãe! Papai! - ela gritou e veio correndo nos abraçar. Percy a peou no colo, e a garota envolveu as pernas no seu quadril e escondeu seu rosto na curva do pescoço de Percy.

Ela chorava, e chorava muito alto, as vezes sussurrava em meio aos soluços coisas como: não deixa ou não quero ir, tudo meio embolado. Ouvimos um barulho vindo da porta da sala, e de lá veio a Sra. Stonem junto a um casal. De cara já não gostei deles, a mulher esboçava um sorriso maléfico no rosto, o homem também não estava diferente. Eles olhavam para Emma, embrulhada no colo de Percy, como se fosse um objeto, ótimo para uso.

–Ah, Annabeth...Percy, acho que precisamos conversar um pouco - disse nervosa - vocês podem vir aqui na minha sala e....

–Não! - exclamei a interrompendo - Pode falar o que tem de falar aqui! - eu disse com um tom autoritário e ela suspirou.

–Bom, resumindo, esse maravilhoso casal, veio aqui terça, querendo adotar uma criança e sinto muito por vocês, mas... eles escolheram Emma. Ela vai embora hoje.

–Oque?! - Percy gritou, me entregando Emma, e indo raivosamente até a Sra. Stonem - Você não pode fazer isso, sabe tudo que fizemos por Emma, sabe tudo que prometemos a ela. Olhe pra ela! Emma parece feliz agora?! Não, então mande esse casal embora, porque você sabe o que fizemos por ela, e sabe o que ainda vamos fazer!

Percy praticamente explodiu na frente da Sra. Stonem. O casal que antes tinham sorrisos malvados na face, agora, encaravam a mim e Percy com raiva. Sra. Stonem não expressava surpresa, apenas tristeza.

–Vamos até minha sala, por favor? - ela disse baixo, aparentemente, segurando as lágrimas - Podem levar Emma. - assentimos e fomos até a sala. Nos sentamos, e Percy ainda com a cara de carrancudo, segurou Emma.

–Olhem, esse casal está ajudando muito Emma, quer dizer...vai ajudar, eles falaram que conhecem um lugar que ajuda muito as crianças com autismo, na Austrália e...

–Austrália?! - exclamei espantada - Como assim, vão levá-la pra Austrália?!

–Me escutem. - ela pediu ainda calma - Sei que amam muito Emma, mas ela precisa de um tratamento, e o que temos não é dos melhores, então eu acho uma boa ideia, além disso, aquele casal é super legal, e acharam Emma um amor.

–Como pode confiar neles? - Percy perguntou - Eles tem cara de quem sequestra criancinhas. - por mais que não fosse a hora, ri com o comentário

–Vamos resolver isso amanhã tudo bem, vou pedir a eles para esperarem mais um pouco, porque temos uns probleminhas, tudo bem? - assentimos - Se vocês quiserem podem levar Emma para a casa com vocês hoje. Já que hoje é sexta, podem trazê-la no domingo.

–Obrigada. falei antes de ir atrás de Percy que segurava Emma nos braços, como se tivesse medo dela ficar longe dele.

Saímos pela porta, sem mesmo falar nada com o casal, mas Percy foi bem pior, foi pisando duro e "sem querer" (querendo), esbarrou no homem que bebia um copo de café com leite, mas que logo já estava encharcando seu terno azul marinho escuro.

No carro ficamos calados. Eu não falava nada, Percy continuava ainda com raiva, e segurava no voltante com tanta força que seus dedos ficavam bracos, perdendo a circulação do sangue. Pelo que vi no retrovisor, Emma estava apreensiva.

–Mamãe. - ela chamou - Vocês vão fica coigo não é?

–Emma, eu não posso te dar tudo, mas vou dar tudo que puder. Então se conseguimos....

–Sim, Emma, vamos ficar com você. - Percy me interrompeu, e falou seguro

Quando chegamos, em casa peguei Emma, e a levei para tomar um banho enquanto Percy fazia o jantar.

–Mamãe.. - ela me chamou, enquanto eu dava banho nela

–Sim?

–O papai tá com raiva de mim?

–Emma, ele não está com raiva de você, e sim do que está acontecendo com você, mas só te falo uma coisa.

–O que?

–Os dias bons chagam. - falei sorrindo para ela.

Terminei de dar banho em Emma, e dei uma das minhas camisetas mais velhas, que já estavam pequenas, e davam como uma camisola para ela. Tomei um banho curto também, e descemos para jantar.

Percy ainda continuava na mesma, não olhava para nenhuma de nós duas, comia calado, e de cabeça baixa. Estava com as sobrancelhas franzidas, com certeza, estava indignado, mas eu sabia que por trás daquela cara raivosa, ele queria chorar, por talvez não conseguir que Emma não ficasse conosco.

O resto do jantar foi bem perturbante, sempre que eu tentava puxar assunto nenhum dos dois respondia, até porque Emma já estava distraída, mexendo com o capo que continha suco de laranja. Quando acabamos, Percy se ofereceu para lavar a louça e eu não neguei, apenas puxei Emma, e a coloque no meio da cama, deixando de forma que ela ficasse entre mim e Percy, mesmo que ele não estivesse aqui agora.

Tentei esperá-lo, mas aos poucos o sono foi me vencendo. Emma já havia adormecido fazia tempo, e quando eu estava quase cedendo, Percy apareceu, na porta. Eu continuei com os olhos fechados, o sono estava me consumindo. Mas antes disso, ouvi Percy dizer, enquanto abraçava Emma e a mim.

–A vida me ensinou a lutar pelo que é meu. - sussurrou .

E antes de cair completamente no meio dos sonhos, eu sorri, e pensei em Percy....

"É.. ele é realmente o tipo de pessoa apaixonável...."

Com amor, Annabeth


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem, tomara que gostem!
Bjs ♥
Ana



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Stronger What Doesnt Kill You" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.