Queridos Pais

A semana havia se passado depressa, Percy já tinha saído do hospital. O médico falou que o que ele teve não foi nada comparado a todos os jovens que viviam no hospital por conta de drogas e bebidas, o que me deu vontade de socar a cara dele. Como ele podia falar uma coisa dessa?! Eu havia tido um mini ataque cardíaco quando me falaram que meu namorado estava sendo levado para o hospital por conta de uma overdose!

Mas é claro que eu me comportei na frente dele, mesmo não querendo.

Enfim, hoje era segunda -feira e eu estava na cozinha preparando meu café da manhã. Hoje seria meu primeiro dia na faculdade, e eu estava morrendo de medo de não estar a altura dos outros alunos. Afinal quem não tinha bolsa integral lá, era só filhinhos de papai, podres de tão ricos. É... com certeza eu não estaria a altura.

Mas sinceramente, isso era a menos das preocupações, e na verdade eu nem tinha muitas, afinal o que poderia dar errado? É só uma faculdade.

Fui tirada dos meus pensamentos assim que ouvi a buzina do carro de Percy na minha rua. Peguei um saco de batatas fritas e a coloquei na mochila. Corri até o carro de Percy, e entrei, como sempre recebi um beijo e um bom dia. Acho que nunca vou conseguir entender como ele pode ser tão positivo, afinal, esse era nosso primeiro dia na faculdade, e eu, aparentemente estava apavorada.

–Percy? - chamei

–Sim? - respondeu sem tirar os olhos da estrada

–Você não está nem um pouco nervoso? - perguntei - Quer dizer, esse é nosso primeiro dia na faculdade! Como você está tão calmo?

–Annabeth.. - ele suspirou - É claro que estou nervoso, mas o que adianta ficar assim? É melhor ficar animada com isso tudo, afinal, hoje é um grande dia não é?

–Por que? - perguntei confusa

–Você não se lembra de que dia é hoje?

Engoli o seco, com medo que hoje fosse um dia especial, aniversário de alguém? Dia de algum santo? Não... Percy não se importa muito com isso, então resolvi chutar.

–Seu aniversário? - perguntei com um sorriso amarelo entregando o fato de que eu não fazia ideia da importância que uma simples segunda - feira tinha.

–Annabeth, não acredito nisso! - ele diz com um tom brincalhão e irritado ao mesmo tempo - Hoje ás cinco vamos com Emma no médico, lembra agora?!

–Ahh, é claro que eu lembro! Com esquecer dela, eu só estava brincando, pra ver se era isso que você queria dizer! - menti na cara dura, óbvio que eu não lembrava, eu estava super nervosa com a faculdade.

Percy riu, e continuou a dirigir, não trocamos muitas palavras pelo trajeto, só escutamos um pouco de Kelly Clarkson (N/A:cantora de Stronger, nome da fanfic), e quando chegamos, fiquei de boca aberta. A estrutura do lugar era incrível, é claro que eu havia visto a Cornell em fotos, e tinha achado maravilhoso, mas ao vivo, era mais ainda.

Percy me chamou e avisou que iria a secretária, e pegaria todos os nosso horários. Concordei e comecei a andar pelos compridos corredores que haviam lá. Estava tão impressionada com o lugar que mal percebi quando esbarrei em alguém que foi de encontro com o chão, junto com os livros que a pessoa segurava. Quando me dei conta do que aconteceu olhei pra baixo e vi uma garota de cabelos castanhos, corpulenta, e com uma bandana preta prendendo os cabelos espatifada do chão.

–Ah, Deuses me desculpe! - pedi enquanto ajudava a garota a se levantar

–Tanto faz. - ela disse seca, e pegando seus livros no chão

–Ahn... como se chama? - perguntei tentando puxar conversa

–Clarisse, Clarisse La Rue. E você ?

–Annabeth, Annabeth Chase, prazer. - apertei sua mão - E de novo, sinto muito por ter derrubado seus livros. Além disso, eu vi a capa, e parece que você gosta de engenharia, não é?

–Sim, estou cursando engenharia. - pela primeira vez ela sorriu - É meu primeiro ano aqui, e você, o que cursa? Pela sua cara, posso ver que é uma nerd! - ela disse fazendo uma careta engraçada

–Também é meu primeiro ano aqui, e estou cursando arquitetura e.... - eu ia dizendo quando ela interrompeu

–Disse que era uma nerd!! - Clarisse esbravejou rindo

–Não, não sou uma nerd, apenas gosto de estudar, e desde pequena sempre gostei de arquitetura. Então eu sou inteligente e sábia, não uma nerd que nunca foi a uma festa, ou que usa óculos estilo Harry Potter e passa dias e noites na biblioteca estudando.

–Uou, tudo bem, já vi que não é uma nerd. - ela disse e nós duas rimos, e sem perceber já estávamos andando pelos corredores da faculdade - Você está com alguém?

–Sim, meu namorado Percy, está na secretaria, pegando nossos horários. E você, também está com alguém?

–Não, eu estou sozinha, vou na secretaria agora, quer vir junto?

–Claro! - responde e fomos andando e conversando sobre coisas da faculdade.

Quando chagamos a secretaria, Percy estava olhando para uma folha que eu julgava ser nossos horários. Ele estava tão distraído que mal viu quando peguei meu horário da sua mão e continuou olhando para o seu.

–Percy?! - chamei

–Hm? - ele olhou para mim, como se nem tivesse percebido que eu estava ali

–Estava olhando para o seu horário? - perguntei e ele assentiu guardando a folha de papel na mochila. Fiz o mesmo e esperei Clarisse, que estava com a secretária pegando o seu horário.

–Quem estamos esperando? - Percy questionou

–Minha nova amiga. - respondi sorrindo, e antes de Percy falar alguma coisa, Clarisse apareceu com um papel em suas mãos, e sorrindo timidamente, para Percy.

–Percy, essa é Clarisse, minha amiga, e Clarisse, esse é Percy, meu namorado. - eu disse ele eles se cumprimentaram.

Depois disso fomos cada um para sua aula. E tenho que admitir, que tive ótimos professores minha vida toda. Mas nenhum tão bom quanto o Sr. Carlos, ele tornou a aula divertida e interessante e mesmo assim, rendemos muito, atividades, e por mais que ele fosse um pouco bravo com alguns alunos que ficavam fuçando nos celulares durante a aula, ou alguns palhaços que eu não fazia ideia de como haviam entrado em uma faculdade tão importante, Sr. Carlos era o melhor professor que eu já tive.

Assim, que o sinal bateu, segui para as outras aulas, mas nenhuma foi tão boa quanto a dele. Fiquei aliviada quando o sinal do intervalo bateu. Praticamente todos os alunos saíram da sala voando, só não foram todos, porque alguns que ficavam nas carteiras de trás, estavam dormindo.

Quando cheguei ao campus, onde haviam várias mesas, muitas cheias. Achei Percy e Clarisse almoçando, e conversando alegremente em uma das mesas. Peguei meu almoço e me dirigi até eles, conversamos bastantes, e Clarisse não perdeu uma chance de zoar os professores.

Mesmo que fossem bons, ela sempre tirava um defeito do além.

Engenharia também não era um curso fácil, realmente era difícil, e por mais que não parecesse, Clarisse era uma das pessoas que mais estudavam na classe. Percy também a reprendeu, ele não era um aluno nota dez, perfeito e exemplar, mas havia gostado do método de estudo da Cornell tanto quanto eu.

Quando Clarisse avisou que iria a biblioteca, Percy avisou que precisava saber uma coisa muito importante.

–Annabeth, o que exatamente você havia dito para Emma no primeiro dia que fomos ao orfanato? - ele perguntou do nadda, tenso

–Por que quer saber? - respondi no mesmo tom

–Por que na última vez que fomos lá, quando Emma falou comigo, como ela falou meio embolado, foi um pouco difícil de entender, mas tenho certeza que ouvi alguma coisa como adotá-la, papai e mamãe, e depois ela me abraçou e agradeceu por eu dar a ela uma família. Bom, eu acho que foi isso, não entendi muito bem, mas você sabe de alguma coisa assim? - ele perguntou confuso e eu engoli o seco

–Tudo bem... - eu decidi que iria contar a verdade - .... da primeira vez que fui lá, Emma me disse que ninguém nunca a adotaria porque ela era estranha, e eu meio que senti ligada a ela. Emma é especial para mim, e eu senti isso e sinto até hoje, então eu prometi que quando acabássemos a faculdade nós dois iríamos adotá-la... - eu disse de cabeça baixa, com medo que ele fosse ficar bravo ou zangado comigo por prometer a uma garota como ela que iríamos adotá-la.

Mas ao envés disso, ele ficou em silêncio alguns segundos e segurou minha mão a apertando forte. Quando levantei a cabeça ele sorria de uma forma absurdamente maravilhosa, como se fosse a melhor coisa que já escutara.

–Não está bravo? - perguntei nervosa

–Por que estaria? Eu tenho é que estar orgulhoso de você, isso já prova que será uma ótima mãe.

Ele falava de um jeito tão doce que eu não podia imaginar o que faria sem ele. Jurava que Percy ficaria uma fera comigo, mas não, ele não era esse tipo de garoto. Ele ficou orgulhoso de mim, por ter encarado que Emma era especial, tanto por sua dificuldade, quanto por ser quem ela é comigo e com ele.

É... Percy seria um ótimo pai....

Com amor, Annabeth