Beyond Kingdoms: The Lemniscus Crystals escrita por Lhama Medieval


Capítulo 1
POV Elke - Prólogo "Timeless Mind"


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo foi feito por Nina Bulfinch (http://fanfiction.com.br/u/507345/)Os prólogos serão vindos em dias seguidos! Esperamos que gostem, e fiquem por aqui ;)Boa leitura!
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Quando o objetivo é entrar em um consenso, as raças e etnias abrem mão de suas crenças, tanto religiosas quanto culturais, para adequar-se ao padrão de tempo usado na maior potência de Agália, o país de Andor. As estações (quatro por ano) são contadas a partir da ascensão da última família que comanda o país (atual Família Torgu). Os Ciclos da Lua (meses) são dados na seguinte sequência:
— Parval
— Ra
— Tempar
— Mohdir
— Dekin
— Raiho
— Boltar
— Myckpar
— Sly
— Lhone
— Terug
— Phanor
Cada semana tem a duração de uma fase da Lua (Nova, Crescente, Cheia e Minguante).



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◊ 780 estações após a ascensão da família Torgu, décima terceira Lua do Ciclo Mohdir

O Rei andava por sua sala privada, suas pernas ardiam com todo o seu caminhar. Nervoso, foi ao armário perto da grande varanda, que tinha vista para um dos vários jardins do Castelo Real, o abriu e examinou as opções de bebidas, vinhos, hidromel, uma variedade admirável de garrafas com conteúdo alcoólico do grande adega de carvalho, que possuía buracos para as garrafas serem guardadas apropriadamente; escolheu uma garrafa empoeirada, provavelmente de dois ou três invernos atrás, e bebeu do recipiente, sem se servir em uma taça.

O Reino estava prosperando, o solo de seu país era fértil, apenas uma pequena parte ao leste e sudeste de sua província que havia um deserto, chamado de Lehorte, mas era banhado pelo grande rio Wasscrsehlange, que além de banhar seu Reino, Andor, descia rumo ao sul para os reinos de Endra e Barka. Os habitantes viviam bem, comerciantes, criados, camponeses...

A dinastia de sua família, que reinava havia 800 estações, era um reino essencialmente militar, pois fazia fronteira com os outros quatro reinos de Agália – Barka, Endra, Íria e Enebora –, e forçando seu reino se proteger na extensão de seu grande território; mas mantinha alianças estreitas e amigáveis com todos os vizinhos.

Mas a consciência de Arturo estava pesada, sua amante, Anna, havia anunciado sua gravidez quando se recusou a dormir com ele, o deixando irritado, e decidiu se explicar. Ficou feliz com a notícia, gostava da ideia de sua amante tendo muitos filhos com ele, mas naquela noite, fazia horas que as parteiras a estavam ajudando com o parto.

Ouviu a porta se abrir, uma das parteiras entrou, pálida, seu grande vestido ensanguentado, a mulher estava horrorizada, isso só poderia significar uma coisa...

– Qual dos dois?

A mulher não respondeu, olhou para o chão fixamente.

– QUAL.DOS.DOIS? – o Rei rugiu – DIGA!

– Sua amante, meu senhor... – a mulher sussurrou, tremendo.

– E a criança? – o Rei também tremia, mas não de medo, raiva, cólera talvez, a tristeza o apunhalou no peito, seus membros ficaram pesados como se carregasse grandes pedras e sua cabeça doía. Sua amante estava morta...

– É um menino, Sua Graça, a Srta. Anna o chamou de Elke, senhor... Ele esta bem.

– Leve-me até ele, agora – disse Arturo em tom firme, a parteira fez uma reverência desajeitada e saiu da sala, sendo seguida pelo grande Rei.

+++

A criança dormia nos braços gordos de uma ama de leite, era pequeno, com lábios rosados, mãos miúdas e gorduchas, o rosto era estranho, miúdo e franzido, mas ficaria normalizado com o tempo, como acontecia com todos os recém-nascidos.

– Saiam, me dê a criança. – disse, a ama o obedece, relutante em entregar a frágil criança para o monarca, que parecia desequilibrado por causa de sua recente perda, todos sabiam que ele amava sua amante tanto quanto sua rainha.

O Rei tomou-o e o alinhou em seus grandes braços para não machucá-lo ou acordá-lo, e o girou pelo pequeno quarto, não havia sido o local do parto, não havia bacias, panos, tudo estava arrumado e limpo, o brasão da família Torgu na parede acima da cama, à esquerda da pequena janela de vidro, que iluminava o quarto com uma luz fraca.

O brasão era formado por um círculo com dois triângulos apontados para baixo, em volta do círculo havia os dizeres: anrhydedd, teulu a famwlad, que significa honra, família e pátria.

Elke acordou após meia hora, Arturo esperou que ele chorasse, mas ele não emitiu nenhum som, encarou o pai da maneira mais intensa que um bebê pode olhar para alguém, os olhos cinzas tão claros que parecia cego, tinha também poucos fios de cabelo em sua mole cabeça.

– Você será um grande guerreiro. – disse o Rei, imaginando o filho treinando, escondido da rainha e dos outros servos, com ele e um professor de esgrima; uma imagem fixa do menino montado em um cavalo, sendo uma versão mais jovem do próprio Rei, talvez também parecido com a mãe...

O monarca lembrou de como conheceu Anna, ainda era um rapaz, dezessete anos, foi para a grande cozinha do castelo, para preparar um saco com comidas para a caçada que faria sozinho mais tarde, mas viu uma bela jovem perto da lareira, costurando uma blusa azul velha. Descobriu, após poucos minutos de conversa, que ela não sabia ler, mas adoraria poder ler ou escrever futuramente, os dois passaram horas conversando, noites e mais noites se passaram desde aquela noite, ciclos lunares se passaram, Arturo se casou com uma mulher que não amava, e Anna... Anna aprendeu a ler, escrever e havia aprendido a pintar, era uma mulher inteligente e doce, não demorou muito tempo para fazerem amor em segredo pela primeira vez, então ela ficou grávida, e tudo estava maravilhoso, então... Tudo o que restava para o Rei fazer era cuidar da criança como Anna cuidaria.

+++

Após sete invernos, Elke cresceu, e era uma criança magrela. Tinha condições de se alimentar melhor, sendo filho de quem era, mas se sentia deslocado quando via os filhos e filhas dos criados, que em sua maioria eram muito magros, e tinha medo de que se fosse muito diferente, não faria amigos; Elke também sabia que não podia fazer amizade com crianças de berço nobre, pois nunca seriam amigos de criado, e fora proibido por seu pai de contar quem era para qualquer pessoa, não ligava, os filhos dos nobres faziam suas amizades como alianças de poder, pois usavam as relações dos pais como exemplo.

Seus amigos eram Vilkas e Meekos. Se conheceram logo após Elke ter ganhado uma espada de madeira de seu pai, que correu pelos jardins do castelo com ela, se encontrando por acidente com os meninos, que também tinham uma espada de madeira, mas de qualidade inferior. Elke dividiu sua espada feita por um carpinteiro experiente com os dois meninos, e logo se tornaram amigos, todos os três tinham sete invernos de vida.

– Elke. – a voz de seu pai soou clara, o menino olhou para baixo, pois estava escalando um dos muros do sul do castelo, tinha competido com Vilkas e Meeko mais cedo de manhã para ver qual dos três subia mais alto, e perdeu quando subiu apenas dois metros, com medo de ir mais alto. Então estava tentando novamente. Pela segunda vez.

Elke desceu do muro, colocando as mãos e os pés entre as grandes pedras usadas para constituir a muralha de 20 metros.

– Hoje é a 12ª noite de Dekin, aniversário de sua mãe, foi ao túmulo dela para deixar flores? – Elke parou de sorrir, sempre se sentia triste ao lembrar-se de sua mãe, bem, se tivesse qualquer lembrança de como ela era.

– Tenho que ir? – o olhar de Arturo endureceu com o comentário.

– Sim. Ela é sua mãe e deve ser respeitada no dia de seu aniversário e...

–... e no de sua morte. Eu sei. – o menino suspirou de frustração. O Rei lhe entregou uma moeda de ouro, mandou comprar flores para a mãe, e disse que poderia fazer o que bem entendesse com o dinheiro que sobrasse.

+++

Elke andou pelo cemitério, deixou as flores no túmulo de sua mãe, enquanto comia dois pães de canela e açúcar.

De repente, lembrou-se do rio que passava perto do cemitério, e correu por todo o cemitério, o que não levou muito tempo, já que era um cemitério bem pequeno, o menor em toda Etalo, quase fazia parte do pequeno vilarejo de Markateron.

Logo na margem, percebeu algo brilhando, uma pequena pedrinha talvez, que estava suja de terra. Pegou com a mão direita, e limpou, o que parecia ser um pequeno cristal, na calça velha que usava.

Tudo ocorreu rápido demais, quando menos percebeu, seus dedos queimaram, Elke ficou sem ar e caiu no chão, e viu algo assombroso que nenhuma criança deveria presenciar em sua vida; seu pai dormia em uma grande cama, quando sua mulher, a rainha, o apunhalou no peito.

Elke gritou, horrorizado com a cena, seu pai morreu, a rainha o matou, por quê, por quê?

O garoto desmaiou segundos depois, sendo sua última visão, um grande homem barbudo em sua frente, o olhando com preocupação.

+++

– Senhor, eu não sei o que causou o desmaio do menino, poderia ser por falta de comida, ele é bem magro... Senhor... Se não for incômodo...

– Apenas pergunte, Hernesto. – o Rei andava pelo castelo após a visita inesperada de um grande homem segurando seu filho, desmaiado em seus braços. O boticário atendeu o menino, agora parecia curioso por algum motivo, ou apenas confuso.

– Por quê quis saber sobre o estado em que a criança se encont...

– É filho de um criado que morreu, apenas queria saber se estava sendo bem cuidado no castelo. – disse o Rei sem rodeios, deixando claro que não falaria sobre o assunto novamente.

Ninguém, nunca, deveria descobrir sobre Elke. Ajudaria o filho a entrar para o exército, ou com qualquer outro trabalho que fosse de sua preferência, mas nunca contaria a ninguém sobre o menino. Deuses o protegessem se a sua esposa soubesse sobre a existência do menino.

+++

– Sua Graça, o menino acordou, e deseja falar com o senhor. Disse que gostaria de agradecer por chamar o boticário para ajuda-lo a se sentir melhor. – disse uma criada, menino esperto.

O Rei seguiu para o quarto onde o filho estava. O encontrou deitado na cama, ainda pálido e com aparência fraca. Após todos os criados terem saído do quarto, Elke não demorou para falar.

– Pensei que estava morto, vi o senhor morrer, pai.

O Rei riu com tal pensamento.

– Era apenas uma ilusão filho, eu estou bem.

– Não, não morreu porque está velho, a rainha o matou enquanto o senhor dormia, eu vi, juro que vi.

O Rei paralisou por poucos segundos, e logo após o choque inicial, não tardou a brigar com o filho por tal acusação contra sua esposa. Mas o menino era persistente, falou e falou, até que o Rei ordenou que parasse, que mais uma acusação contra Cressida, resultaria em sua expulsão da capital do país, por traição a sua rainha. O Rei não achou que o menino iria tão longe...

Três noites se passaram e Elke não mudava de ideia sobre a madrasta, então o Rei cumpriu com sua promessa, e providenciou que o menino morasse em Markateron, a pequena vila perto da capital.

Elke seria criado pelo mesmo homem que o levou para o castelo no dia em que desmaiou, Argis Lanke, um ferreiro que não possuía nenhuma família, e disse que não seria incômodo algum se o menino morasse com ele, se aprendesse seu ofício.

+++

Elke foi ao vilarejo com uma pequena sacola de couro, com algumas roupas dentro, Markateron era um pouco mais distante do que imaginou, mas o criado que o levava sabia o caminho perfeitamente.

– Pensava que Markateron era perto do cemitério pequeno, perto do rio. – comentou.

– Um erro comum, o cemitério também é usado pelos moradores da vila, para enterrar seus entes queridos, mas não é perto, como disse, um erro comum...

Quando chegaram na casa do ferreiro, viu o grande homem barbudo parado na porta. Quando chegou mais perto, apertaram as mãos em cumprimento. Argis tinha olhos inteligentes, ombros grandes e mãos calejadas, parecia um gigante feio e mal, mas Elke tinha a impressão de que o ferreiro era apenas rabugento. O criado, que era magrelo e alto, parecia não gostar do homem, o olhando de maneira desconfiada, sem tirar uma das mãos do ombro direito do menino.

– Sabe cozinhar? Caçar? Talvez, fazer uma espada? – Argis Lanke sempre foi conhecido por ser curto e grosso.

– Não senhor. – disse Elke ao homem grande.

– Bem, você vai aprender tudo isso, entendeu?

– Sim senhor.

– Pode soltar o menino, rapaz. Eu não vou mordê-lo. – falou Argis ao criado, que foi embora com ar ofendido. O ferreiro pegou o pequeno menino de apenas sete invernos de vida e o trouxe para dentro.

E assim, Elke começou sua nova vida no pequeno vilarejo de Markateron, sem ao menos imaginar o que o futuro lhe aguardava.


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Notas finais do capítulo

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