The last love escrita por Ingrid Lins


Capítulo 31
Capítulo 29: O herói do momento


Notas iniciais do capítulo

Sei que tô em falta com vocês, tem séculos que eu não posto MAS minha internet finalmente voltou e agra vou voltar aos trabalhos com regularidade! Prometo não deixá-las na mão novamente :)



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Já tinham se passado horas e Jeremy não tinha aparecido ainda. Meu coração parecia que iria sucumbir a qualquer momento, parecia que uma hora eu morreria de coração apertado. O medo de que alguma coisa acontecesse me sufocava, e as lágrimas desciam sem parar. A essa altura, eu já tinha perdido a conta de quantos copos de água com açúcar ou calmantes já tinha tomado. Nada poderia acalmar a mim ou Caroline que estava pior que eu, porque naquela situação, ela sabia que a culpa era dela.

De repente, Alex rompeu pela porta seguido de Liv, ambos completamente molhados. Uma chuva inesperada havia caído sobre Mystic Falls, e tudo que eu podia pensar era em como meu filho estaria perdido em algum lugar, embaixo daquela chuva torrencial.  Agradeci mentalmente que ela tivesse ajudando a procurar pelo meu bebê, mas parecia que nada acontecia. O tempo parecia congelado, os minutos não passavam, nada acontecia e Jeremy não chegava. O desespero tomava conta de mim.

—Nós não encontramos nada. Nem sinal de Jeremy!

Caroline voltou a chorar audivelmente, e por um segundo, tive vontade de jogar a culpa toda nela. Tive vontade de acusá-la de ter escolhido Klaus ao invés de nós, e que meu filho estava pagando pelo seu egoísmo, mas guardei o rancor só para mim. Minha melhor amiga já estava pagando por suas escolhas, sofrendo sozinha.

—Tá muito escuro lá fora, e com essa chuva não dá pra enxergar nada. — a voz de Liv era aflita. A mesma aflição que corria nas minhas veias. Damon andava de um lado para o outro, me deixando ainda mais nervosa.

—Já tá muito tarde, não podemos esperar mais! Tá chovendo muito, ele vai ficar doente. Eu quero meu filho comigo! — minhas lágrimas desciam quentes e desesperadas. O choro tomou conta do meu corpo, e tive medo de não aguentar. Olhei pela janela, e meu peito apertou. Meu menino estava perdido em algum lugar, debaixo daquele dilúvio, com frio e com medo. Eu estava com medo, um sentimento tão grande em várias dimensões e avassalador que eu nunca tinha sentido na vida.

Damon caminhou até mim e envolveu meu corpo num abraço apertado. Nem mesmo o cafuné que ele fazia no meu cabelo poderia me acalmar. Antes mesmo que eu dissesse mais alguma coisa, vi Caroline levantando do sofá e pegando o celular na mesa da cozinha. Se ela ligasse para Klaus, eu a expulsaria da minha casa. Todas as energias daquela egoísta tinham que estar concentradas em achar meu filho, já que a culpa era totalmente dela. Caroline suspirou antes de pôr o aparelho no ouvido.

Meu coração acelerou em expectativa sobre quem estaria do outro lado da linha naquele momento. Minhas lágrimas atrapalhavam a passagem do ar nos meus pulmões, e eu sentia que a qualquer momento desmaiaria. Minha cabeça pesava como se tivesse um peso morto dentro dela.

—Mãe... er, eu preciso de... a-ajuda. O Jeremy sumiu e a culpa é minha! — a loira voltou a chorar e então fui tomada por um sentimento de compaixão e compreensão. Andei até onde ela estava encostada na mesa, e a abracei. Tomei o celular da mão dela e respirei fundo antes de colocá-lo na orelha.

—Liz... por favor, me ajude. Tem umas cinco horas que o Jeremy saiu correndo e não voltou para casa. Estamos desesperados, nos ajude por favor!

—Elena, fique calma. Ok? Tá me escutando? — respondi que sim tentando fazer o que ela me disse — Eu colocarei viaturas a procura dele, nós vamos encontrá-lo onde quer que ele esteja.

Encerrei a ligação e a impressão que eu tinha era que estávamos todos estáticos em nossas posições. Nem a respiração era muito nítida. As coisas estavam ficando completamente fora de lugar, e acabando com meus nervos.

Já estava quase amanhecendo quando fui despertada do meu cochilo por uma dor incômoda no ventre. Ainda desorientada, olhei em volta. Damon dormia no sofá, Caroline estava sentada numa cadeira de frente pra janela, olhando pra algum ponto especifico lá fora; estava completamente alheia. Não prestava atenção em nenhum movimento dentro da casa, uma coisa muito assustadora se tratando de Caroline. Alex e Liv estavam enrolados no chão, dormindo de mal jeito.

Levantei com cuidado, olhando pelo chão pra não pisar em ninguém. Me arrastei até a cozinha, enchi uma xícara grande de cerâmica com um chá morno que estava na chaleira, e entreguei a Caroline. Ela nem me olhou, mas não me ofendi; minha amiga estava tão devastada quanto eu. Segui pelo corredor e entrei no banheiro. Meu coração deu um solavanco como se quisesse sair de dentro do peito quando vi a mancha enorme de sangue nas minhas roupas. Subi a roupa novamente, andando o mais rápido que podia com as pontadas no meu baixo ventre.

—Caroline, eu preciso de ajuda. Acho que tô tendo um aborto.

Foi como se a loira tomasse uma carga de eletrochoque diretamente no coração. Seus olhos me avaliaram rapidamente, as órbes verdes percorrendo todo meu corpo com urgência como se quisesse ter certeza que eu não estava inventando. Meus olhos marejados devem ter denunciado a verdade, já que ela levantou num instante pegando a chave do carro na mesinha do telefone ao lado do sofá onde Damon estava todo encolhido. Entramos no carro devagar, e corremos pro hospital.

Não demorou muito pro meu celular tocar com a foto de Damon e Jeremy piscando na tela do smatfone. Meu coração apertou quando vi meu garoto naquela foto, e pensar nele perdido no meio daquele temporal acabava com meu psicológico. Deslizei a tela com o dedo trêmulo.

—Onde você tá? Não me diga que foi procurá-lo no meio dessa tempestade! — sua voz era urgente como se fosse demais pra ele me perder também.

—Não, eu não fui. Caroline tá me levando ao hospital.

Senti meu corpo todo chacoalhando diante das dores que apertavam cada vez mais. Reprimi um grito de dor, respirando fundo e não emitindo nenhum som com minhas lágrimas rolando. Caroline apertava o volante como se fosse esmagá-lo, a tensão se tornando cada vez mais palpável.

—O que?

—Eu... tô sangrando. E com dores.

—Eu tô indo pro hospital agora!

Ao ouvir aquela frase senti o sangue batendo no cérebro.

Não! Você tem que ficar em casa, Damon. — chorei de verdade. — Nosso filho pode aparecer a qualquer momento, ele precisa chegar e ver alguém. Prometa!

O silêncio abateu qualquer sentimento que pudesse sufocar aquela ligação. Ele não falou nada como se ponderasse se deveria me ouvir e ficar em casa. Pela primeira vez na vida, Damon deveria me ouvir sim.

—Por favor, prometa — implorei, num fio de voz.

Ele suspirou.

—Ok, mas me mantenha informado, por favor. — eu estava pronta pra concordar, quando ele me interrompeu. — Elena, em qualquer hipótese me avise, por favor.

Quando estacionamos na calçada do hospital, Caroline saiu e pegou uma cadeira de rodas pra mim. Algo sobrenatural parecia ter se apossado do corpo de minha melhor amiga traidora, uma força impulsionava seus músculos superiores fazendo com que ela me empurrava rampas e corredores acima com a velocidade que não teve nem em seus melhores tempos de academia. Se as circunstâncias não fossem aquelas — meu filho perdido, e eu podendo estar perdendo outro — eu diria que levaríamos uma multa por velocidade nos corredores do hospital. Mas o clima não permitia piadas naquele momento.

Me assustei quando ouvi a voz de Meredith atrás de mim, e antes que eu pudesse dizer alguma coisa, Caroline foi logo disparando que provavelmente eu estava tendo um aborto. Foi a vez da Doutora Fells correr comigo. Ela fez todos os procedimentos e, então, antes que eu pudesse protestar, perdi a consciência.

Eu podia ouvir as vozes muito longe, como se estivesse no fundo d'água. Aos poucos, as vozes foram se intensificando, e então pude distingui-las. A voz de Caroline parecia aflita, insegura.

—Ele já voltou? — Meredith sussurrou, tentando manter a voz baixa.

—Não, e essa chuva tá acabando com minha sanidade. Mas eu tenho fé que ele vai aparecer logo. E os bebês?

Minha médica suspirou:

—Ela vai ficar bem, o que aconteceu é normal em gestações gemelares. Às vezes um embrião acaba por agregar o outro, mas as coisas vão ficar bem. Não se sabe bem porque isso acontece, os médicos acham que seja uma questão genética. Se um embrião for mais fraco que o outro, ele pode ser absorvido pelo outro embrião.

Um sentimento de pavor se apossou de mim. Eu tinha perdido um dos gêmeos? A vontade de chorar tomou meu coração, e antes mesmo que eu pudesse abrir os olhos, os monitores ligados a mim dispararam sem aviso prévio. Os alarmes denunciavam minhas emoções, e antes de registrar, mãos e lanterna de Meredith estavam sobre mim. Sua lanterna me obrigava a abrir os olhos, enquanto ela examinava minhas retinas, e mesmo assim eu não conseguia pensar em me manter alerta. A onda de tristeza só fazia me afogar. Os alarmes não paravam, e por mais que não pudesse ver nada, podia sentir a movimentação ao meu redor.

—Elena? Você tá me ouvindo?

Eu tentava mas não achava minha voz. Meu sangue queimava pelas substâncias que sabia que Meredith injetava no meu equipo, mas tudo não passava de uma reação psicológica, eu sabia. Era como uma reação em cadeia; só o que precisava fazer era me concentrar e controlar meu corpo. Imediatamente a imagem de Damon e Jeremy vieram à minha mente, e foi como se magicamente os remédios fizessem efeito. Demorou bastante até todos os alarmes pararem, e eu finalmente conseguir abrir os olhos. A primeira coisa que enxerguei foi a luz forte na minha direção. Pontos brilhantes dançavam na minha frente, e a reação — divina — de Meredith foi apagar a luz e me servir um copo de água. Agradeci a água, embora soubesse que não estava tanto tempo apagada. Meus olhos pousaram sobre Caroline e por um segundo, me perguntei o que seus olhos queriam dizer. Estavam indecifráveis, como uma bola de cristal nublada. Respirei procurando coragem pra perguntar:

—Notícias de Jeremy?

Damon Salvatore

Eu sabia que se continuasse andando de um lado pro outro, iria fazer um buraco no chão, mas naquela situação, o piso que fosse pro inferno. Eu não lembrava de ter sentido tanto medo durante toda minha vida até aquele momento. Elena estava no hospital podendo perder nossos bebês que nem tinham nascido ainda, e nosso filho mais velho estava sumido. As patrulhas da Xerife estava nas ruas a procura de Jeremy, mas naquele instante, tudo que eu queria era dar umas boas palmadas dele por causar aquela preocupação toda. A garrafa de uísque já tinha acabado e o buraco no chão ia cada vez mais fundo.

—Ela tá bem? — perguntei assim que vi a chamada de Caroline na tela do telefone.

—Sim, ela tá acordada. Meredith tem algumas coisas pra explicar a vocês, mas tá tudo bem. Jeremy chegou?

—Não. Mas vai aparecer nem que eu tenha que virar essa cidade de cabeça pra baixo.

Caroline não respondeu nada, só desligou a ligação. Quando voltei do banheiro, Alex tava mexendo nas panelas, provavelmente com fome. Àquela altura, eu nem sabia mais o que era vontade de comer, tudo que tinha no meu sangue era adrenalina e vontade de bater em alguém. Nem percebi de onde veio o impulso até que joguei o punho na direção da parede, abrindo um buraco no gesso. A namorada de Alex acordou com o barulho do impacto, e pedaços de reboco caindo no chão, mas não me importei. Também não me importei com o sangue que manchava minha mão. Foda-se, tudo que eu queria era Jeremy em casa, e Elena onde pudesse ver!  

Subi as escadas com raiva, e entrei no quarto. Enrolei a mão com uma camisa qualquer e me encarei no espelho. Parecia que tinha envelhecido dez anos em menos de vinte e quatro horas e tudo por causa de um moleque de menos de um metro e meio. Minha mente ainda debatia sobre minha impotência diante das coisas de mal que atingiam minha família, quando escutei um carro encostando perto da casa. Desci as escadas correndo, pulando os degraus de dois em dois, e escancarei a porta num puxão só. Eu sabia que Alex e sua loirinha estavam me observando perto da porta, mas não era isso que importava. Não naquele instante.

A caminhonete do meu pai estava parada no meio fio do outro lado da rua, quando de repente, Jeremy abriu a porta. O garoto estava ensopado, molhados dos pés à cabeça, mas tinha uma toalha grande enrolado ao redor de seus ombros. Giuseppe saiu em seguida, segurando na mão de Jeremy, o guiando até mim. Jeremy correu até se jogar nos meus braços, sendo esmagado no abraço mais apertado do mundo. Finalmente pude respirar aliviado. Assim que tomei notas que ele estava bem apesar de tudo, a raiva floresceu: a quem ele tinha puxado tão impulsivo daquele jeito?

—Moleque o que te deu pra sumir desse jeito?!

Ele pareceu envergonhado por um segundo.

—Minha dinda vai embora, pai. — seus olhos verde água encheram de lágrimas no momento que se justificou. Um nó cresceu na minha garganta. — Você sabia?

—Filho, ela não vai embora pra sempre. São só seis meses, vai passar rápido, eu juro.

Apertei a toalha ao seu redor, e o levei pra dentro. Alex e a namorada — droga, por que não lembro o nome dela? — ficaram com Jeremy na frente da lareira, enquanto voltei à porta. Aquele tempo todo meu pai não tinha se pronunciado nenhuma vez desde que tinha entregado o garoto a mim, e naquela situação de gratidão eu não estava nenhum pouco confortável. Fechei a porta atrás de mim, o convidando a sentar no balanço que tinha na varanda.

Ficamos em silêncio por um tempo até que não tinha outro caminho. Precisava agradecer de uma vez e assim ele iria embora logo.

—Como você o achou?

—Ele tava andando pela vizinhança. Eu também tava, e nos esbarramos.

Era ruim pra mim que meu pai tivesse salvado meu filho daquele jeito, porque agora eu estava devendo a ele, e só o que eu queria dever a Giuseppe era umas boas porradas. A traição do velho ainda estava atravessada na minha garganta.

—Hum... obrigado por trazê-lo.

—O que você queria que eu fizesse? Não sou o monstro que você acha, Damon. Esse menino é sangue do meu sangue, eu vou protegê-lo tanto quanto fiz com você uma vida inteira.

Meu sangue ferveu na mesma hora. O que era aquilo de proteção? Será que ele achava que poderia me convencer com aquele papo? Não, Giuseppe não era um homem que protegia alguém, aquilo era puro cinismo que ele usava pra se convencer.

—Você quer mesmo falar de proteção? E quanto a proteção de seu outro filho? Enzo. Ele sabe quem você é?

Meu pai não disse nada, mas seus olhos diziam tudo. Ele estava cansado, estava na cara. Talvez mais cansado que todos nós depois daquela merda toda. Levantei com raiva, e bati a porta o deixando do lado de fora. Quando cheguei na sala, Jeremy estava apagado no sofá, enquanto Alex olhava pela janela e sua namorada massageava os cabelos do meu filho. Sorri pensando no quanto aquela visão me trazia uma sensação de segurança. Saber que meu garoto estava em casa e nada mais poderia atingi-lo; tudo ficaria bem. Aproximei-me do móvel, e beijei sua testa. Ele finalmente iria ficar bem.

Andei devagar até a cozinha, e peguei o telefone; foto de Caroline apareceu na tela poucos segundos depois.

—Oi, como estão as coisas aí? Jeremy tá em casa.


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews?



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