Acho que vai nevar. escrita por Lolla


Capítulo 13
Nevasca diurna.


Notas iniciais do capítulo

Chegamos ao fim dessa estória. Essa foi uma das que mais mexeu comigo de verdade, eu me via nas cenas, me via como alguns personagens e em cada um deles, dos mais presentes aos que menos apareceram havia um pouco de mim, e da minha personalidade neles. Então, ao fim dela, espero que quem leu, tenha sentido o que senti também, que tenha se identificado e aprendido qualquer coisa que seja, porque eu aprendi muito e cresci muito em diversos aspectos. Agradeço por cada leitura, comentário e até indicação ( coisa que nunca tive), porque isso me dá forças e ânimo para seguir cada vez mais fazendo o que amo fazer. Escrever. Obrigada !



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Eu vi o sol nascer aos pouquinhos,e pela primeira vez estava sóbria quando isso aconteceu. O barulho do hospital voltando a ativa, me animou, era como se eu adquirisse forças para seguir em frente e deixar meu finalmente ir. A primeira visita do dia foi de um médico, como todos os outros, ele me analisou, fez os Check Ups e finalmente disse que eu poderia ir para casa.

Meu coração vibrou de alívio e alegria, mas parte de mim sentia medo do que eu teria que enfrentar ao chegar em casa, mas com certeza nada seria pior do que tudo que já passei durante essas últimas semanas. Duas horas depois Mel apareceu para ver como eu estava, pensei em dizer que poderia ir para casa, mas havia outra coisa em mente que eu precisava deixar para trás antes de seguir.

Eu a abracei, pedi desculpas por tudo, e contei como foi a conversa com a mamãe ontem, ela ficou até assustada com as coisas que ouviu de mim e da mãe, jamais achou que nós dirigiríamos a palavra uma a outra. Então ela foi embora, disse que precisava entregar alguns documentos na universidade e que antes de ir pro café viria novamente.

Victor chegou quase vinte minutos depois, quando ele entrou, eu senti tudo se aquecer ao meu redor, pela primeira vez, eu associei ele com uma temperatura completamente diferente da real. Quando ele se sentou e abriu mais uma página do seu quase infinito caderno eu o olhei e sorri.

– Preciso de um favor.

– Tudo bem, qual ?

– Eu tive alta hoje mais cedo, posso ir quando quiser, mas terei de ir em cadeira de rodas, então preciso que me leve a um lugar e em segredo. Nem mesmo a Mel pode saber.

– Não sei se concordo.

– Victor decida-se ou darei um jeito em alguém que faça isso, ainda tenho um cartão de crédito e aparentemente as pessoas cobram pouco por favores a quem não pode andar.

Ele entendeu o recado, mas no fundo acho que concordou por medo de eu querer me levem a um bar novamente. E então, mais rápidos do que o carro que me atropelou, juntamos nossas coisas e saímos rumo ao fim de um medo. As trepidações do caminho eram como agulhas perfurando meu joelho, mas nada me impediria de chegar lá, de qualquer maneira eu seguiria em frente. Usamos táxi e depois fomos sozinhos, eu queria entrar lá sozinha. Pedi para que Victor parasse de empurrar e fui sozinha, até o portão de entrada.

– Tem certeza que quer fazer isso ?

– Ou eu acabo com isso, ou isso acaba comigo.

Admito,sou fã de filmes de ação e sempre quis dizer isso, e não teria oportunidade melhor e épica do que esta.

As pessoas me olhavam com um misto de pena e " Bem que ela mereceu", Victor permaneceu do meu lado, segurando seus livros e meus exames, ele não parecia assustado desta vez, parecia tão confiante quanto eu. Para minha sorte, a minha prova era no térreo, e antes de entrar na sala, chamei-o para que me desse um abraço, sim, já tínhamos essa intimidade, e eu mal podia esperar para minhas pernas melhorarem, se é que você me entende. Ele se aproximou de mim e eu segurei com seu rosto com toda força e o beijei, sim eu fiz isso, deixei de sentir pena dele e pena de mim mesma, e se ele quisesse ficar comigo, teria de ser tão firme quanto eu, e aparentemente ele soube disso, porque retribuiu e parecia ter um nível de decisão até mesmo em sua língua que jamais tinha percebido

Com a minha situação com ele plenamente resolvido, entrei na sala chutando a porta com o meu pé de gesso e tudo, ninguém me diminuiria mais, exceto a balança em alguns dias de recaída na TPM. Todos me olharam assustados, como eu esperava, antes de ir rodando até a meu lugar, peguei eu mesma uma cópia da prova na mesa do professor.

– Saíam da minha frente, ou estão tão drogados assim que não podem se levantar.

Sim, se eu sofro, todos devem sofrer, pelo menos um pouquinho. Achei que tinham feito de propósito, a prova era exatamente sobre o que victor tinham me lido. E então tudo fez sentido, ele, Victor tinha feito a prova, ele sabia o que ia cair, e me deu isso de bandeja. Eu tinha o cara mais, frio,engraçado, atrapalhado e amável do mundo.

Terminado a prova,fomos pra casa, ele me deu um sorriso do tipo que diz " viu o que eu fiz?", que mal pude esconder minha alegria, minha mãe estava em casa, junto com a Mel, quase ligando pra policia me procurar, achavam que eu estava em um bar, ela me disse então que decidiu ficar conosco e deixou seu braço direito cuidar da empresa, ia apenas uma vez por mês ver como tudo estava, a Mel passou e estava formada em Medicina. E ai soltou a bomba, dizendo que estava noiva, e sim, o noivo era o dono do café, se chamava Vicente,era Brasileiro e era um livro de piadas ambulante.

Eu e o Victor? Bom, minhas pernas melhoraram, sabe como é né, e agora estamos como posso dizer ... CASADOS! Somos professores, na universidade em que nos conhecemos, e cada segundo que passamos juntos, era como se cada memória sobre a morte do meu pai se apagasse e uma melhor fosse construída, era como se na minha cabeça, eu só lembrasse dele e eu felizes, comendo e jogando juntos.

As vezes tudo que precisamos na vida é de um belo dia de neve.


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