Uma rosa, Um caminho, Uma vida escrita por Oscuridad
Notas iniciais do capítulo
Se quiserem, para dar um toque a mais, escutem Sonata ao Luar de Beethoven.
Sara se levantou aquela manhã com as lembranças em sua cabeça. Era aquele dia, iria fazer cinco anos desde o acidente. Aquele terrível acidente.
Se levantou, vestiu-se e foi para o jardim, assim que passou pela porta de madeira velha do chalé outra lembrança veio a sua cabeça.
Ela tinha apenas seis anos e perseguia uma borboleta em meio as gardênias do jardim, seu pai estava sentado recostado no salgueiro, rindo das tentativas da filha de pegar o invertebrado tão lindo.
- Não ria papai - dizia ela - vai espantar a borboleta.
Hoje tinha milhões de borboletas para enfeitar aquele quintal florido, mas ninguém estava rindo. Caminhando a passos lentos, vestida com uma calça jeans, blusa branca e botas, Sara foi até o canteiro de rosas. Coincidentemente elas floresciam naquela data e a morena não podia deixar de pensar que eram para ele. Assim que colheu a rosa lembro-se de quando a roseira fora plantada...
- Agora é só colocar a mudinha no buraco, cobrir a raiz com terra e esperar florescer - dizia seu pai enquanto baia as mãos para se livrar da poeira.
Sara, agora com dez anos, tomava todo cuidado com a muda em suas mãos. Fez o que o pai disse e fitou os galhos finos e espinhentos.
- Quando florescer eu vou fazer um buquê lindo para o senhor - dizia feliz, sorrindo para o pai.
Ela não pode deixar de sorrir com a lembrança. A rosa em sua mão emanava um perfume fraco, doce e gentil.
- Espero que o senhor goste dessa papai - disse para si, levantou-se e foi em direção a rua de sua casa.
Caminhou por um tempo, até chegar a pracinha que ficava a dois quarteirões do local onde morava. Olhou para os balanços abandonados...
... Com os cabelos negros voando pelo rosto, as mãos segurando firme as correntes, e um grande sorriso, Sara balançava de um lado para o outro no balanço. Seu pai a empurrava cada vez mais alto e parecia se divertir com a empolgação da filha amada.
- Mais auto? - Perguntava.
- Sim! - Respondia Sara, que se imaginava voando.
Sentada no balanço fitando o céu, Sara, imaginava como adorava se sentir nas nuvens. A morena fechou os olhos e lembrou-se de cada sensação, Do vento embaraçando as madeixas lisas, do sorriso, de seu pai.
Abriu os olhos, levantou-se e continuou seu caminho. Ao passar em frente ao lago, parou e fitou a paisagem linda.
Ela correu até a borda do dique, soluçando e chorando muito.
- Sara - chamou seu pai. Ele vinha atrás da filha - o que aconteceu?
- Eles ficam me chamando de sem mãe - disse a menina abraçando o pai - eles me julgam e se afastam de mim.
- Shiii - seu pai acariciava seus cabelos - eles não sabem o quanto você é especial, não se preocupe, você vai arranjar amigos.
- Não papai - dizia ela, ainda soluçando - eu não quero voltar para a escola nunca mais.
- Não diga isso - falava o homem mais velho calmamente - você só tem doze anos, tem que estudar para aprender coisas novas... Além do mais, se você não voltar para a escola não vai aprender sobre química que você tanto gosta.
- O senhor tem razão - dizia - mas eu não que encontrar aquelas pessoas.
- Sara - seu pai segurou seu rosto e fitou os olhos azuis que a menina herdara da mãe - você não tem motivos para fujir, você é incrível, é amada, é linda, muito inteligente... Ignore eles, essas pessoas só fazem isso porque sabem que você é muito especial - ele sorria e isso sempre a acalmava - e lembre-se, eu sempre vou estar aqui.
- Ah, papai, acho que eu não mereci você - uma lágrima escorreu pelo rosto de Sara.
Ela voltou para seu percurso, quando passou em frente ao Host Club, a boate da cidade, mais lembranças inundaram sua mente.
Sara entrara na casa batendo a porta, foi em direção ao quarto e o trancou.
- Querida - chamava seu pai - abra a porta, vamos conversar.
- Desencana pai - respondeu a garota passando delineador. Em seus dezesseis anos Sara era uma verdadeira rebelde. Estava vestino a blusa decotada que roubara de uma loja, prendera o cabelo e passara o batom.
Ao abrir a porta passou direto pelo pai.
- A onde você vai? - perguntava ele a seguindo, Sara nada respondia, ele segurou o braço da filha a fazendo parar - estou preocupado com você!
- Não me impor Jack - ela sabia o quanto seu pai ficava magoado quando ela usava o primeiro nome dele para se comunicar - eu já sou de maior¹, você não manda mais em mim - Ela puxou o braço, mas ele continuo segurando.
- Eu sou seu pai, nunca vou deixar de me preocupar com você - ele a olhava de forma significativa.
- Ah, qual é? Vê se me deixa em paz - dessa vez ela conseguiu soltar o braço - eu não mais aquela garotinha idiota e que nunca conheceu a mãe.
Dito isso, Sara saiu da casa em direção a festa que acontecia na boate.
Sentada no Starbucks, bebericando seu café expresso, Sara fitava a rosa que deixara sobre a mesa. Limpou mais uma lagrima que insistia em cair por sua bochecha,
- Se eu soubesse, jamais teria tentado magoar você - falava sozinha.
Depois de tomar o café, pegou a rosa e continuou em sua rota. Chegou a uma arvore grande em um terreno abandonado. Se aproximou da arvore lentamente, cada passo era uma lembrança diferente...
- Eu te odeio - ele gritou para o pai - escutou Jack, eu te odeio!
- Não diga isso - ele ralhou com ela - só porque esses amigos que não se importam com você usam essas coisas - ele balançou o saquinho com as pirolas - não que dizer que você vá usar. Não vê que isso faz mal para você.
- Você não gosta dos meus amigos e fica criando birra - disse - a verdade é que você é um idiota - ela cuspia as palavras, chorando cada vez mais - você é incapaz de esquecer a mamãe, ela era linda e você um grande frouxo,nunca se conformou dela ter abandonado você... - Nesse momento ele deu-lhe uma bofetada na cara, pela primeira vez perdera o controle, mas logo se arrependera.
- Me desculpe Sara - ele tentou ajudar a filha, mas a mesma o afastou.
Ela colocou a mão no rosto e chorando cuspiu mais uma vez - eu te odeio - saiu correndo e se trancou no quarto.
- Sara! - seu pai chamava e esmurrava a porta.
- Me desculpa papai - murmurou ela, dando mais um passo.
Depois de ligar para Skarlety, Sara saiu do quarto correndo, empurrou o pai e saiu desgovernada pela rua, seu pai atrás dela. Passou pela praça, pelo dique, pela boate, pelo Satarbuks e quando passou pelo carvalho olhou para tás.
Seu pai vinha correndo em sua direção...
- Me desculpa!? - implorava ela, soluçando e passando a mão pela casca grossa da arvore.
Um carro dobrou a esquina, nesse momento ele estava a dois metros da grande arvore, o carro perdeu o controle e o atingiu nas costas, sem conseguir para, ambos, o carro e o pai da menina, bateram na arvore.
- Eu nunca te odiei - dizia ela, ainda chorando, se lembrando de cada detalhe do acidente - a verdade... A verdade, é que eu sempre te amei - ela se ajoelhou e colocou a rosa aos pés da arvore - eu sinto a sua falta.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
1. Nos Estados Unidos a maior idade é 16 anos, a estória se passa no EUA.
Espero que tenham gosta, se sim, comenta. Se não, comenta. Não seja um fantasma, deixe sua marca pro autor.