Passei as últimas aulas dormindo graças a um documentário inútil que a professora de história resolveu passar. Quando finalmente o último maldito sinal tocou eu já me preparava para ir embora, quando me lembrei de que pela primeira vez na vida eu tinha companhia pelo trajeto que fizera por tantos anos sozinho. Paramos no caminho para buscar uns filmes que Mikey havia reservado, e combinamos assisti-los juntos a noite já que Mikey e Gerard estariam sozinhos em casa.
Cheguei em casa exausto e fui direto pra cama, afinal depois da noite de insônia passar o resto do dia dormindo era a única garantia de não dormir durante o filme.
Eram 18 horas quando meu celular despertou, eu deveria estar na casa dos Way às 19 em ponto, então levantei de sopetão e corri para o banho, afinal eu não iria querer me atrasar no nosso primeiro encontro. Passei pela última vez a mão naquele espelho embaçado para garantir que estava tudo em ordem; nunca fui de ter vaidades mas naquele dia eu senti uma vontade a mais de me arrumar, e até admito que gostei da combinação harmoniosa que consegui com meu nike classic branco, skinny preta e moletom riscado.
Cheguei a casa dos Way cinco minutos adiantado e bati na porta.

G:Frank! Que bom que você veio!
F:Não deixaria de vir por nada -sorri.

Gerard estava lindo como eu jamais o vira; seus cabelos ainda molhados estavam bagunçados e jogados sobre seus olhos, e ele usava uma skinny como a minha, acompanhada de uma camiseta do Motorhead e all star preto, sem mencionar no perfume que exalava de seu corpo a cada movimento que fazia. Eu simplesmente não conseguia parar de fitar aquela calça apertada que exaltava o tamanho privilegiado de sua "comissão traseira" e o belo formato de sua coxas.

F:Cadê o Mikey? -perguntei ao notar que estavamos sozinhos na sala.
G:Ele já deve estar descendo.
M:Cheguei. -disse apontando na escada, vestido exatamente como o irmão mas com uma camiseta do Anthrax.

Mikey se sentou numa poltrona que ficava do lado esquerdo na sala, e Gerard e eu num sofá duplo que ficava no centro.

M:Tentem não se agarrar durante o filme porque os barulhos realmente me encomodam. -brincou
G:Ah não sei não, hem, o Frank com esse look sexy... mas prometo me esforçar -retribuiu a brincadeira me deixando corado.

O filme começou e cerca de 30 minutos depois Mikey já estava dormindo.

G:Esse filme é um saco.
F:Sério? Mikey parece estar adorando -rimos.
G:Ele sempre faz isso.
F:É...
G:Frank você parece estar meio tenso, sei lá, tem alguma coisa errada?
F:Não, não, porque estaria? -disse dando um sorriso amarelo.
G:Não sei, é como se você estivesse querendo me dizer alguma coisa... -ele me olhou e eu não consegui encará-lo.
F:Não, é só que eu fiquei meio curioso com o que você me disse ontem, sobre aquela "pessoa" que você tem, tinha, algo assim. -engoli seco.
G:Ah, tá. Se era isso porque não me perguntou antes? -sorriu
F:Eu fiquei, sei lá, com medo de estar me metendo -sorri de volta.
G:Ela era apenas um caso sem importância.

Ela. Sim, Frank, era uma garota. Decepcionado?

F:Ah tá...
G:Mas sabe, o que você me disse ontem também me deixou um pouco intrigado, mas eu já te disse isso hoje.
F:É... eu entendo que seja lamentável.
G:Ah também não é pra tanto. Sabe que eu até acho muito legal, quero dizer, é tão... inesperado. Eu achei muito legal, de verdade. -sorriu.
F:É legal porque não é você. Daria tudo para me livrar disso, sabe, só pra sei lá, passar adiante.
G:E porque você ainda não o fez?
F:Porque ainda não encontrei a pessoa certa, acho. Isso soa muito gay mas eu realmente ainda acredito nessas coisas. -rimos.
G:Bom... eu não me importaria em ajudar alguém com um problema parecido.

Arregalei os olhos por um instante. Eu nem podia acreditar que le havia dito aquilo. Seria apenas um comentário ou uma indireta pra mim? Quero dizer, ele tinha uma namorada, o que deveria significar que ele não ficaria com um garoto.

F:Então eu acho que devo me lamentar por não ser uma garota. -olhei-o nos olhos pela primeira vez.
G:Eu nunca disse que esse alguém deveria ser uma garota. -retribuiu meu olhar me fazendo corar.
F:Você...é... -indaguei-o mais com o olhar do que com palavras
G:...Digamos que eu não tenho essa resposta ainda... se é que você me entende.
F:Eu acho que etendo... mais até do que você imagina -rimos.
G:Olha Frank, o fato é que eu notei, okay?
F:O quê? -corei naquele instante. Eu sabia muito bem do que ele estava falando.
G:Eu notei o modo como você me olha, e como fica nervoso perto de mim, e o que eu queria dizer é que eu não importo, okay, na verdade eu até acho que gostei disso.
F:Sério? Quero dizer, você não me odeia pelo fato de estar loucamente atraído por você? -disse finalmente o que estava engasgado na minha garganta.
G:Não, e sabe porque? -disse se aproximando de mim
F:Não. -naquele momento nós estávamos tão próximos que eu quase podia sentir sua respiração
G:Porque eu também estou.

Ele colocou uma de suas mão no meu rosto me obrigando a fitá-lo nos olhos me deixando ofegante. Eu não sabia o que dizer, o que fazer, como agir mediante aquilo. Tentei desviar meu olhar, mas ele virou meu rosto, me forçando a olhá-lo novamente. Aquela hora eu senti que me faltava o ar, na verdade eu já nem sabia se ainda estava respirando, e isso só piorou quando percebi que ele nos aproximou ainda mais. A essa altura eu já podia sentir sua respiração quente e ofegante; meu coração estava quase saltando pela boca, e a medida que ele se aproximava, mais e mais ele acelerava, então ele puxou meu moletom colando nossos corpos me fazendo tremer. Eu já não conseguia esconder tamanho desejo que sentia, e em uma fração de segundos meus lábios foram se abrindo, como se fossem balbuciar alguma coisa, e a frase que eu mais queria e precisava dizer finalmente saiu:

F:Me beija. -olhei no fundo de seus olhos e ele sorriu maliciosamente para mim.
G:Pensei que não fosse pedir, e se fosse esse o caso, eu acho que teria que roubar -riu.

Ele nem precisava ter respondido, afinal, seus olhos deixavam mais do que claro que ele desejava aquilo tanto quanto eu, e naquele momento olhei bem fundo dentro deles. Estavam diferentes, como se pudessem expressar tudo que ele não conseguia falar, como se pedisse um consentimento para ir adiante, consentimento no qual não lhe foi negado, claro, então ele finalmente selou nossos lábios. Eu não sabia o que fazer, então simplesmente me entreguei, deixando todo o trabalho para ele. Senti ele abrindo de leve sua boca, e fiz o mesmo logo em seguida, e finalmente pude tocar sua tão desejada saliva. Senti sua língua quente e úmida adentrar delicadamente minha boca e ele me puxou mais pra perto, se é que isso era possível, e me agarrou pelos cabelos. Aquilo era tão novo, mas ao mesmo tempo tão maravilhoso que eu nem sentia meus pés no chão. Eu realmente não tinha como comparar, mas se tivesse com certeza concordaria que aquele era o melhor beijo de todos. No momento eu nem lembrei de me preocupar com Mikey que estava dormindo ao nosso lado. Nossos lábios finalmente se descolaram, e quando abri os olhos pude vê-lo já de olhos abertos me olhando, com um sorriso malicioso estampado naqueles lábios que antes beijavam os meus. Não sei como reagi, mas certamente retribuí o sorriso, porque ele então duplicou a malicia do primeiro. Olhamos para o lado e vimos um Mikey em choque nos observando com os olhos arregalados.

M:Isso foi realmente nojento.
G:Sério? Porque peloe menos no que diz respeito a mim essa idéia não é recíproca.
F:Nem me pergunte... -rimos.