Roses escrita por LS Valentini


Capítulo 19
Infantilidades, Trovoadas e Reconciliações


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado principalmente a Lua Farias (que nunca deixa de comentar), e também a todos os reviews incríveis que recebi.
Mais uma vez eu estou atrasada nas atualizações, mas enfim... BOA LEITURA!



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A loira apenas sentou-se novamente na poltrona - sob um olhar ameaçador da aeromoça -, percebendo que os numerais também não estavam lá, e cruzou os braços de forma infantil. Ela TENTAVA não se incomodar com a presença de Killian, que esperava ansiosamente para ela quebrar o silêncio.

Ele não podia desistir, mesmo querendo gritar aos quatro ventos o quão abalado estava com toda aquela história. Por isso continuou com um sorriso nos lábios a cada momento em que a loira olhava discretamente, o “ignorando”.

– Acha que eu pagaria o dobro da passagem de avião, nessa crise, se não fosse importante? - ele estava tentando descontrair.

– O dobro? - ela franziu o cenho, não era bem a resposta que ele esperava.

– Convencer Robin a não te acompanhar teve um preço. - ele conseguiu tirar um pequeno sorriso dela - Foi um roubo.

– Eu... Eu vou te reembolsar assim que chegarmos a Boston.

– Será que não percebe? - perguntou - Na sua visão das coisas, eu poderia estar comemorando e bebendo rum com a minha assistente Ariel Fish, ou até mesmo...

– Ariel Fish?! - ela quase gritou, e pôs-se a revirar sua bagagem de mão, retirando em seguida uma revista amassada.

– “Les Champs”? - Killian leu o nome - Então é daqui que tirou a brilhante ideia de que eu estava sendo pago pra ficar perto de você. Uma revista de fofocas...

Ela não lhe respondeu de prontidão, apenas apontou um nome no final da matéria, que passaria por despercebido: Ariel Fish.

“Não acredito”, foi a única coisa que ele conseguiu pensar.

Agora, naquele contexto, tudo fazia sentido para Elizabeth: As fotos da revista haviam sido tiradas pela falsa assistente de Killian, que TALVEZ o tivesse enganado também.

– Eu cheguei a pensar que você estava envolvido nisso. - ela corou - Até agora.

– Por que “até agora”?

– Você está aqui tentando me convencer de que está correto, e jamais arriscaria sua preciosa carreira como paisagista numa revista idiota, além disso, está tão surpreso quanto eu. - suspirou - Sinto que há algo de errado em tudo na minha vida, desde os últimos meses. Então, conte-me a sua versão, Sr. Jones.

– Isso pode demorar algumas horas. - ele sorriu.

– Eu tenho todo o tempo do mundo, afinal estou “presa” numa poltrona de avião.

Killian recostou-se no assento para que ficasse mais confortável. Era hora de fazer Emma voltar.

– Era uma vez uma garotinha que tinha medo do futuro, talvez fosse um pouco jovem pra isso, mas a vida tinha sido horrível com ela...

Elizabeth, nesse momento, sentia que a garotinha da história estava mais perto do que ela imaginava.

...

FLASHBACK ON

Chá de maçã.

Killian ficou horas sorvendo pouquíssimo da bebida, com o intuito de agradar a irmã mais nova, Regina, que ardia em febre desde a noite anterior.

Talvez ele não quisesse relembrar, mas sua mãe ficara exatamente daquele jeito, e morreu dias depois. Não queria perder a irmã também, apesar dela ser mandona, ele a amava.

– Você está melhor? - perguntava o tempo todo.

– Sim, Killian. - ela revirava os olhos - Por que não toma um pouco de chã? Quase não bebeu.

O garoto pegou a xícara novamente, fechou os olhos e prendeu a respiração antes de beber mais um pouco. Quem sabe com aquilo ele não sentia o gosto de maçã? Mas antes que ele tomasse mais um gole, ouviu:

– Crianças, adivinhem quem veio até aqui? - era Henry Mills, o pai deles, que apareceu na porta do quarto.

De trás do senhor, uma pequena silhueta se moveu, mostrando seu rosto. Era Emma, com um enorme sorriso, escondendo algo atrás das costas que mal conseguia carregar.

– Eu soube que você estava doente, Regina. - ela se aproximou - Por isso eu trouxe alguns brinquedos pra gente.

A garota loira entregou uma boneca para a mais nova, e em seguida, duas espadas de plástico. Killian rapidamente se livrou da xícara de chá, e escolheu a espada de cor azul.

– Vou deixar vocês brincarem em paz. - o senhor se afastou.

O garoto estava cheio de si, com o ego inflado, e a pose de superior.

– Acha mesmo que consegue me derrotar?

– Com toda certeza. - ela empunhou a espada - Apenas tente não perder, Capitão.

Killian desferiu o primeiro “golpe”, mas a garota era esperta demais para não se esquivar e derrubá-lo na mesma hora. O sorriso dela só não era o maior de todos pela cara que ele fez ao se levantar. Estava totalmente envergonhado.

– Da próxima você consegue, só precisa melhorar a sua defesa.

– Ou não. - Regina ria copiosamente.

– Então é assim que me agradece? - Killian correu pra cama e começou a fazer cócegas na irmã - Elizabeth me ajuda!

A garota loira quase não gostava de bagunças...

– Ei vocês!!! - Regina gritou, mas continuava gargalhando - Isso são modos de tratar a monarca?

– Desde quando você é rainha? - Elizabeth e Killian pararam.

– Vejam bem, queridos... - ela assumiu uma postura diferente - Eu estou sentada em meu trono, e vocês dois são apenas dois piratas “brincando” de lutar.

Ambos franziram o cenho quando a resposta da menor veio à tona. Ela tinha mesmo cinco anos de idade? Sim, ela tinha.

– Isso não me impede de fazer cócegas em você... - o irmão a “atacou” novamente.

As três crianças passaram o restante do dia brincando, e a outra parte comendo bolinhos que o Sr. Mills assou. Mal sabiam os mais velhos que pegariam catapora e uma semana depois ficariam na mesma situação que Regina.

...

Pela manhã, Emma se distraía novamente com as conversas entediantes da Sra. Miller enquanto tomava seu café, mas quando avistou da janela que o carteiro estava com um pacote em mãos, aquilo tirou totalmente sua atenção.

Não demorou muito até que o Sr. Miller surgisse pela porta com seu inseparável jornal, e o pacote misterioso.

– O que é? - Emma interrompeu a mais velha, que resmungou baixinho.

O senhor sentou-se ao lado da menina, afagou os fios dourados dela. Ele tinha que admitir: Estava realmente gostando de ter uma filha.

– Abra, é seu. - ele lhe entregou o pacote - Está um pouco pesado.

A garota afastou todo o porcelanato da mesa, a fim de evitar certos problemas com a Sra. Miller, e assim que abriu com cuidado o embrulho, percebeu que era algo que ela sempre sonhara em ter: um telescópio.

– Agora você vai poder olhar as estrelas bem de perto. - ele sorriu diante da alegria da filha.

– Obrigada, pai! - ela o abraçou, sem perceber o que havia dito - Q-Quer dizer... Sr. Miller.

– Pode me chamar de pai, se quiser.

– Eu quero. - ela sorriu - Mas agora eu tenho que mostrar isso pros meus amigos.

A garota correu em disparada para o jardim - arrancando um suspiro de reprovação de sua mãe adotiva -, mas não parou até que encontrou Killian e Regina.

– Gente, olha o que eu ganhei! - ela gritou - Agora podemos ver as constelações.

– Legal. - a mais nova tomou o telescópio das mãos da outra, e tentou ver as estrelas - Isso está quebrado?!

Killian revirou os olhos, pegou o objeto da irmã, e o entregou novamente para Emma.

– Não sei se percebeu Regina, mas as estrelas não são visíveis ao dia.

– E como é que eu ia saber disso??? - ela se irritou e foi embora para a outra parte do jardim, onde já não podiam mais vê-la.

– Agora podemos ver a constelação de cisne. - Killian sorriu.

– Não achei que gostasse de estrelas. - ela retribuiu o sorriso.

– Eu vou precisar delas quando navegar pelos sete mares - ergueu uma sobrancelha - Se lembra?

...

Os raios atingiam o solo numa fração de segundos, juntamente com as trovoadas, iluminando o quarto da filha adotiva dos Miller. Aquela era a pior noite de todas depois que seus amigos haviam ido embora. Agora ela estava sozinha, tanto naquela tempestade quanto pelo resto de seus dias.

A menina encolheu-se em sua cama, fechou os olhos e pôs-se a imaginar os momentos bons em que vivera ali quando tinha acabado de chegar.

“- Então vamos nos ver outra vez, não se preocupe”, ele havia dito.

Com essas palavras, a garota conseguiu deitar sua cabeça no travesseiro e dormir. Foi a primeira vez em que ela conseguira enfrentar uma tempestade.

FLASHBACK OFF

...

Por quatro horas a loira ouviu atentamente ao seu vizinho de poltrona, interrompendo-o vez ou outra, achando aquilo loucura até o momento em que tudo começara a fazer sentido: O acidente.

A Sra. Miller havia dito que ambas discutiram, e a loira pegou seu carro, dirigindo sem rumo para o norte do país e se acidentou. Só isso, sem mais explicações e detalhes. Agora, ela sabia sobre o casamento arranjado com Neal, e pensava que aquilo realmente poderia ser o motivo de sua fuga.

Em seguida, lhe contou sobre a perda de memória, e em como eles ficaram próximos - dos bigodes de café até os beijos -, mas ocorreu a volta de Milah. O nome daquela mulher lhe dava arrepios e uma pontinha de raiva. Talvez fosse porque Killian sorria ao pronunciar o nome dela. E ainda possuíam um filho juntos.

– Quer dizer que você me enganou? - Elizabeth parecia confusa.

– Eu não tinha ideia de que Liam existia. - ele contou - E você não acreditou, e foi embora com a sua mãe assim que teve oportunidade. Ligou uma vez pra mim, mas desligou em seguida. - tinha um pesar em sua voz - Depois disso eu não tive notícias suas até Paris. Isso é tudo.

– Está mentindo. - loira estava agitada e confusa, mas ainda sim conseguia perceber que faltava algo - Termine de contar.

– Só estou omitindo a verdade por um tempo. - ele a encarou - A próxima conversa você terá com a sua família, e eu não posso interferir.

– Killian, se eles forem os verdadeiros culpados pela minha perda de memória recente, já não existe “família”. - as mãos de ambos se entrelaçaram - Só existe você... Isto é, se você quiser e eu pro...

Talvez devesse ter ouvido as palavras dela, e quem sabe a loira ficasse furiosa depois que ele uniu seus lábios num ato desesperado e desconfortável por estarem num avião. Aquele beijo era semelhante ao primeiro deles em Storybrooke: trêmulo e medroso, mas ainda sim apaixonado até o seu fim. Quando se separaram, estavam ofegantes e ambos com um sorriso no rosto.

– Isso foi um “sim”?

– O que você acha? - Killian lhe respondeu com outra pergunta.

Passaram alguns instantes e nada foi pronunciado, mas não chegava a ser um silêncio constrangedor, apenas incômodo.

– Quer saber de uma coisa? - a loira sorria enquanto apoiava sua cabeça no ombro dele - Pode me chamar de Emma.

Ela estava acreditando na verdade. Ela estava voltando a ser SUA Emma.

“Eu posso ver todas as lágrimas que você chorou

Como um oceano em seus olhos

Toda a dor e as cicatrizes que te deixaram frio

Eu posso ver todos os medos que você enfrenta

Por meio de uma tempestade que nunca vai embora

Não acredite em todas as mentiras que lhe foram ditas

[...]

Eu estarei bem aqui, pra te segurar quando o céu cair

Serei sempre aquele que se porá em seu lugar

Quando a chuva cair, eu não te deixarei

Estarei bem aqui”

Right Here - Ashes Remain


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Notas finais do capítulo

Espero que estejam gostando, os flashback´s forma complicados de se escrever!
Ah, leitores fantasmas, apareçam!
Bjos.



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